–Ah! Sim. –riu suavemente.

–Que legal! Olha só, o senhor pode me deixar aqui mesmo... –disse com vontade de pular pela janela do carro.

–Por quê a pressa? –perguntou –Eu não salvei você do vampiro assustador, afinal?

Fiquei boquiaberta. Quem era aquele homem?

–Sabe ,Beatrice, todos temos um destino... –disse olhando nos meus olhos com voz baixa e macia –Mas o seu é bastante intrigante!

Eu não entendi nada do que ele disse. Ele estalou os dedos e a limusine parou. Foi um prazer conhecê-la, querida Angeline! Quando aquela porta se abriu eu saí sem olhar para trás e fiquei impressionada por estar na frente de casa!

–Beatrice! –chamou-me – Nos falaremos! – estalou os dedos outra vez e a gaiola de madame Octa, que eu deixara para trás, voou para mim do carro dele. Agarrei-a e entrei no meu quarto pela janela. Tive uma dificuldade terrível para pegar no sono, pelo menos era sexta e eu não teria que ir à escola no outro dia.

Acordei com minha mãe batendo na porta.

–Levante Beatrice! Jhon está ligando pra você a manhã toda! –eu morava com meus pais e um irmão mais novo, Nicolas, de sete anos. Nick era a alegria da casa e estava batendo na porta junto com mamãe.

–Tris você prometeu que ia me levar para passear na praia se não estivesse chovendo! –advertiu-me ,Nick.

–Eu já vou! –respondi ainda confusa e sonolenta. Abri a porta e Nick entrou no meu quarto.

–Ficou lendo aquelas histórias em quadrinhos até tarde outra vez? –perguntou minha mãe, se ela soubesse...

–Sim! Foi mal... vou me arrumar e já desço. – disse sorrindo.

–Certo! Seu amigo te ligou umas três vezes e eu disse que você retornaria.

–Tudo bem! –disse e fechei a porta. Olhei para Nicolas que estava sentado em minha cama com os olhos cheios de curiosidade –ele sabia que eu tinha saído para ver o espetáculo, éramos muito amigos, e o passeio na praia era para compensar o fato de não poder levá-lo – pisquei para ele e entrei no banheiro sem dizer-lhe nada.

Quando saí ele parecia ainda mais desesperado para saber como foi. Eu contei-lhe tudo, exceto a parte da aranha e do vampiro, e dei-lhe de presente o boneco que Jhonatan comprou para mim.

–Que legal! –ele estava encantado e me fez prometer que da próxima vez ele iria, eu prometi, mesmo sabendo que não deveria por os pés naquele circo nunca mais. –Mas então? Vamos?

–Claro! –respondi – Vá pegar seus brinquedos e eu vou ligar pro Jhon por enquanto. –ele saiu correndo, Nick adorava o mar e apesar de morarmos perto da praia quase nunca íamos.

Liguei pra Jhonatan e disse para me encontrar na praia. Após isso, lembrei-me de madame Octa, eu a tinha escondido dentro do meu armário e fui ver se estava tudo bem com a aranha. Fiquei um bom tempo olhando para aquele enorme aracnídeo multicolorido, que parecia imóvel desde a noite anterior. Tinha olhos grandes e parecia que podia me compreender, o que era loucura, mas antes de sair disse que daria um jeito naquela confusão, afinal, Jhon nos meteu nessa e ele terá uma ideia para nos livrar.

NA PRAIA

–Fique por perto Nick! –adverti, antes que ele se empolgasse e fosse para muito longe.

–Tudo bem! –gritou correndo pela areia.

–Oi Bê! –disse Jhon, chegando por trás de mim. –Liguei a manhã toda, fiquei preocupado depois que...

–Depois que você me deixou sozinha no armário de um cara que você disse que é um vampiro? –interrompi-o.

–Desculpe! –disse – Eu sai e não me liguei de que tinha te deixado lá!

–Claro que não. Saiu tão transtornado que não sei nem como chegou em casa! –respondi –Que maluquice é essa de vampiro?

–Você não entenderia... – desconversou – Sabe que gosto e sempre gostei de vampiros e que ver um real, foi demais para mim e... espera! Como você saiu de lá? –olhou-me intrigado.

–Nem eu sei direito! Tinha uma saída secreta no fundo do armário e foi por lá que eu saí! –respondi, mas por algum motivo não consegui mencionar a carona estranha. – Pode me dizer o motivo de ter voltado para pegar a aranha do vampiro?

–Ah sim! A aranha... pensei que talvez se eu a pegasse poderia fazer um acordo com ele. – respondeu. –Mas não deu certo e...

–Então... Temos um probleminha! –falei e ele me olhou preocupado – Sabe a aranha?

–O que tem ela?

–Eu acabei ficando com ela na hora do desespero e agora ela está lá em casa! –soltei tudo de uma vez e ele me olhou boquiaberto.

–O que? Beatrice, você sacou que está morta? –gritou, e eu disse para se controlar e falar baixo.

–Ora, Jhon! Lembre-se de quem foi o responsável por essa bagunça. –ele só me olhou como quem diz ‘’odeio quando tem razão’’.

–Vamos para sua casa! Temos que dar um jeito nisso. –concordei e após um tempo voltamos para casa.

NO QUARTO

–O bicho de perto é ainda mais feio! –disse Jhonatan segurando a gaiola de madame Octa.

–Fale baixo! Não a maltrate! –disse trancando a porta. –Então o que vamos fazer?

–Não dá para simplesmente voltar ao teatro e devolver a aranha. O vampiro nos mataria... –disse ele, ainda atormentando Octa.

–Mas não dá pra ficarmos com ela! E se a soltássemos? –perguntei.

–Eu não sei você, mas eu não ficaria a vontade sabendo que esse monstro está por aí.

–Faz sentido! Mas e se... – eu continuaria, mas nesse momento a aranha saiu de seu repouso e , assustado, Jhon deixou sua gaiola cair. Octa saiu e começou a andar de um lado para o outro tentando escapar dali. Eu não podia gritar e Jhonatan estava desesperado atrás de alguma coisa para abatê-la. Eu dizia pra ele parar e peguei um pote onde eu colocava minhas escovas de cabelo para prendê-la. Porém, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ouvi Jhon dar um gemido baixo e quando me virei o vi cair no chão. Fiquei paralisada olhando a calma saída da aranha pela janela.

Fiquei desesperada, pois não senti pulso em Jhonatan e mamãe chamou o socorro e os pais dele. Eu não sabia o que dizer, não podia dizer a verdade, então falei que tinha saído do quarto e quando voltei ele já estava assim! Senti-me a pior criatura do mundo por mentir daquele jeito e depois que disseram que Jhonatan estava piorando pensei que só havia uma saída para ele: Larten Crepsley!