Meu nome é Beatrice Angeline, tenho 16 anos e há três meses tornei-me assistente de um vampiro chamado Larten Crepsley. A primeira vez que o vi foi quando fui, escondida de meus pais, para um show no Circo das Aberrações que estava de passagem pela cidade. Eu fui com meu melhor amigo Jhonatan Giovan, na verdade a ideia de ir foi dele, eu não costumava sair escondida dos meus pais, mas pensei que não faria mal sair um pouquinho dos trilhos. Eu deveria ter ficado em casa!

Durante uma apresentação Jhon ficou estranho e ao final do show pediu que eu o esperasse fora do teatro por que ele tinha esquecido algo. Eu esperei e quando ele voltou estava totalmente transtornado, não me disse o motivo, mas estava muito estranho.

Então disse que precisava da minha ajuda para recuperar uma coisa. Eu aceitei e voltando para o teatro fomos parar no camarim do artista cuja apresentação deixou Jhon tão tenso : Larten Crepsley e madame Octa –sua aranha adestrada –e foi nesse momento que Jhonatan me disse o que queria fazer. Ele queria levar madame Octa para casa e disse que devolveria em dois dias, mas eu recusei e fiquei assustada com aquela imagem de um garoto transtornado e totalmente fora de si.

-Ora vamos Bê! –ele me chamava assim – Ele nem está aqui...

-Não Jhon. Não é certo roubar nada de ninguém! Você perdeu o ju...

-Não vou roubar, eu vou trazê-la de volta! – disse e pegou a gaiola onde estava madame Octa.

- Jhon! – eu o impediria se na hora não fôssemos surpreendidos pela volta do dono da aranha.

-Entre aqui.- Jhon me empurrou para dentro do armário e deu-me a gaiola, sem deixar que eu protestasse.

Ele cobriu uma caixa com o mesmo pano que cobria a gaiola de madame Octa e a colocou no mesmo lugar. Então entrou Larten Crepsley em seu camarim, com um manto vermelho elegante e seus cabelos estranhamente alaranjados e encaracolados. Parecia apressado e estava junto com outro Homem, que estava vestido elegantemente com um terno de corte fino. Ficou surpreso ao descobrir Jhon ali, e eu via tudo pela pequena brecha entre as portas do armário, na verdade eu ouvia mais do que via...

-O que está fazendo aqui? –perguntou Crepsley olhando fixamente para Jhon que gaguejou. O som da voz dele devia ter deixado Jhonatan com medo, pois era uma voz bem penetrante e forte, mas hoje sei que foi por outra razão e que a voz de Larten não é nada comparada ao seu olhar de ódio.

-Eu sei o que você é Vur Horsten! –respondeu finalmente

-Quem mandou você?- perguntou o outro homem, e pegando-o pelo pescoço o ergueu. –Espero que não tenha sido seu mestre! Por que ele acabou de morrer! – disse e deu uma risada.

-Não eu... Ninguém me mandou! –disse Jhonatan, com bastante pavor na voz. Eu pensei em sair, mas não consegui me mover, não acreditava no que estava acontecendo. –Eu leio livros de vampiro e vi uma gravura dele com uma garota em mil oitocentos e dezesseis e dizia que ela terminou com ele quando descobriu que era um vampiro!

Larten Crepsley começou a rir e disse:

-Viu só Gavner ! Eu sabia que posar para aquela maldita gravura me custaria caro! Larga o garoto.

O tal Gavner largou o pescoço de Jhon e eu não estava conseguindo acompanhar a conversa...Como assim ‘’vampiro’’?

-Qual é o seu problema? –perguntou Crepsley – Se sabe que sou um vampiro por que invadiu meu camarim?

-Por que eu quero ser um vampiro! Quero que me torne um de vocês! –eu não podia acreditar que estava ouvindo aquilo!

-Desculpe garoto, mas crianças nunca viram vampiros! – respondeu Crepsley

-Mas eu nasci pra isso! Você não pode me negar...

-Eu não posso o quê? –perguntou Crepsley mudando o tom de voz, isso fez Jhonatan engolir em seco. –Nasceu para isso? Então provemos seu sangue!

-Não, Larten! – advertiu Gavner.

Ignorando Gavner o vampiro furou um dos dedos do meu amigo e no mesmo instante em que colocou seu sangue na boca cuspiu!

-Quem mandou você? Seu sangue tem gosto ruim! –disse e virou-se de costas. –Você não será um de nós.

-O que disse? Olha você vai me pagar por isso. Um dia vou caçá-los e...

-Vai o quê? Vai matar? –disse Larten Crepsley andando devagar em sua direção, eu que estava escondida morri de medo. –Sabe com que facilidade eu poderia matá-lo?

-Calma ,Larten! Temos muito o que fazer e ele é só um garoto idiota. –interviu Gavner, para meu alivio. –Que já deveria ter ido embora! –disse isso olhando para Jhonatan e o levou até a saída.

-Você tem cada ideia! –riu Gavner. –Pois bem, vou voltar e ajudar Vancha a se recuperar! Ele ainda não sabe da morte do Lord Vampixiita nem da morte de Felipe.

-Sabe que estarei à disposição caso precise! –respondeu Crepsley sentado em sua poltrona. –Não vejo a hora dessa maldita guerra das cicatrizes acabar!

-Trarei notícias! –dito isso Gavner desapareceu!

Crepsley suspirou e olhou para a mesa de canto, onde antes estava madame Octa e foi nesse momento que vi que eu ainda estava lá e me encolhi toda! O que eu faria? Pra minha sorte tinha uma porta secreta no fundo do armário que dava pra tuneis subterrâneos. Eu corri até achar uma saída e quando achei sai correndo, sem olhar para trás. Será que ele tinha me ouvido? Será que notou que a aranha não estava mais lá? Por que eu ainda segurava a gaiola?

Já estava cruzando a esquina quando uma limusine preta surgiu na minha frente – ‘’surgiu’’? Como uma coisa tão extravagante me pegou de surpresa? – a porta se abriu e um homem gordo e aparentemente muito simpático estendeu-me a mão.

-Entre querida! – disse ele, e eu sabia que não deveria entrar em carros de estranhos, mas sabia também que roubar era errado e no momento estava muito nervosa para recusar. Entrei!

-Nossa! Muito obrigada, eu estava precisando de uma carona! –disse ainda ofegante, e foi aí que prestei atenção nele.

-Que isso? Foi um prazer! Encantado! –disse o homem de maneira educadíssima. Ele era estranho, mas parecia muito simpático. Usava uns trajes que me chamaram atenção, apesar de elegantes, eram amarelos e botas verdes. Era gordo e não parecia ser alto. –Você acredita em destino Beatrice?

-Eu acho que... Espera! –eu gelei quando notei que ele sabia o meu nome, e percebi que eu poderia ter me metido numa enrascada muito grande –O senhor sabe o meu nome?