Um Conto de Natal escrita por FireboltVioleta


Capítulo 5
O Espírito dos Natais Passados - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!
Aqui está o novo capítulo do nosso Conto para vocês! ♥
Boa leitura!



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"Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo."

Martin Luther King

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Acordei em meio á escuridão.

Pisquei os olhos, irritada. Odiava acordar durante a noite.

Virei para o outro lado da cama com um resmungo impaciente. Voltei a me encolher na coberta, bocejando.

No entanto, quando fiz menção de baixar as pálpebras, um som estridente invadiu meus ouvidos.

Ergui-me no colchão, fitando a janela, enquanto as badaladas de um sino ressoavam fora da mansão.

O som me lembrou do medonho e bizarro sonho que eu havia tido, horas antes, com o velho Howard Ogden.

Esta noite, três espíritos lhe visitarão em seu leito, um á cada batida do sino.

Balancei a cabeça, revirando os olhos.

Pura coincidência... havia sido apenas um sonho. Nada ia acontecer.

Abraçada ás minhas pernas, eu esperei as batidas do sino morrerem ao longe.

Quando a última badalada soou, muxoxei, com um sorriso vitorioso.

– Pronto – murmurei comigo mesma.

O sino havia batido, e nenhuma coisa assustadora havia acontecido. Ali estava a prova de que eu apenas havia tido um pesadelo muito ruim e absurdo.

Por um momento insano, quase acreditei que o que ocorrera podia ter realmente sido real. Que idiotice a minha...

– Bobagem – funguei, aliviada.

Voltei a deitar o corpo na cama, com um suspiro cansado.

– Psiu.

Reabri os olhos.

– Psiu. Ei, moça.

Vinquei a testa. Nem havia percebido que já adormecera. Já estava sonhando outra vez?

– Ei. Acorde. Você não ta dormindo.

Incomodada, virei em direção á vozinha que em chamava, decidida á espantá-la e fazer aquele sonho irritante acabar.

Quando enxerguei a origem da voz, porém, quase caí da cama de susto, tentando, em vão, apanhar a varinha do criado-mudo.

Havia uma menininha minúscula parada diante da cama.

Parecia uma criança, mas era muito menor do que uma. Tinha olhos grandes e azuis, e cabelos cacheados dourados. Estava descalça, e trajava um vestido branco que ia até os pequenos joelhos nus, onde pequenas bolinhas cor de ouro decoravam-lhe as abas. Segurava um pequeno galho de ponta afiada, como se fosse uma varinha, embora fosse perceptível que era apenas um graveto.

Infelizmente, a luminosidade pulsante ao redor dela tornava definitivamente obvio que não era uma criança comum.

E, sendo assim, eu só podia estar dormindo ainda.

– Que droga... ainda estou sonhando – arfei, aborrecida, colocando a varinha no bolso do roupão.

A menininha balançou a cabeça, com um sorriso que quase lhe partiu o pequeno rosto ao meio.

– Não está não, Helena Ogden. Está acontecendo sim.

Ergui-me na cama, encarando-a surpresa.

– Como sabe meu nome? – ergui a mão, me impedindo de continuar – ah, não. Não importa. É tudo um sonho... é, estou ficando maluca.

– Não é um sonho, Helena – a figurinha bateu um pé despido no chão de madeira, impaciente – você está acordada. Não está maluca.

– Aham – estreitei os olhos, curvando o corpo para o outro lado – prove.

Os olhinhos da pequenina criatura ficaram tão estreitados quanto os meus.

Só tive tempo de guinchar quando a menininha acertou meu braço com uma rajada de algo brilhante, que me golpeou com a força de uma goles.

– Ai! – ofeguei, mais espantada do que raivosa – sua pestinha!

Aquilo doera... de verdade. Como isso podia acontecer num sonho?

O pânico começou a percorrer meu corpo aos poucos, quando eu finalmente percebi.

Aquilo era real.

– Não, não, não – falei, segurando o rosto entre as mãos – isso não pode estar acontecendo... não pode. Howard... – estremeci – não... não pode ser. Isso é loucura.

– Pode sim – a menininha suspirou – Howard te avisou, lembra?

Engoli em seco.

– Então... – afaguei o ombro, abalada – foi tudo verdade?

– Tudinho, Helena – respondeu a menina, me observando.

Minha cabeça girava. Como aquilo podia acontecer? E por quê? Como?

Voltei minha atenção para a pequena garotinha.

– Quem é você?
A menininha faz um meneio com o corpinho, segurando a barra do vestido, como uma princesa medieval.

– Sou o Espírito dos Natais Passados – ela sorriu – ao seu dispor, Helena.

“Espírito dos Natais”? Arfei, pasma. Que palhaçada era aquela?

– Se está ao meu dispor, podia ir embora – gaguejei, com o desespero desmanchando meu falso tom de raiva – não quero nenhum de vocês aqui. Ainda mais falando sobre Natal!

– A gente sabe – o Espírito riu – e se você quer que eu vá embora, vai ter que me deixar te mostrar o que eu quero, viu?

Ergui uma sobrancelha. Já que tudo estava realmente acontecendo, talvez fosse melhor acabar logo com aquilo, e fazer o que aquela pirralha maluca dissesse. Assim, ela logo iria embora, e eu poderia voltar a dormir em paz.

Fechei os olhos, tentando controlar a espiral em minha cabeça. Levantei da cama, calçando os chinelos e cruzando os braços.

– E o que você quer me mostrar?
O Espírito me encarou, e vi, no rostinho miúdo, o tipo de determinação que criança alguma já havia demonstrado.

– O seu passado, Helena.

Ela ergueu uma mãozinha gorducha em minha direção, me fitando sugestivamente.

– Mas como...? – arquejei, confusa.

– Você vai ver – a menininha assentiu – segure minha mão.

Pensei por um momento. Se eu segurasse a mão do Espírito, poderia comprovar que era só uma manifestação disforme e confirmar que aquilo realmente era um sonho, um fruto da minha imaginação.

– Vamos, Helena. Segure – ela trinou – ta tudo bem.

– Está bem - decidi, erguendo meu braço e segurando a minúscula mão do Espírito.

Para meu absoluto aturdimento, era sólido.

Ainda maleável, com uma textura quase esfumaçada, mas era sólido.

Minha nossa... aquilo era absurdo. Nada natural... era uma completa maluquice. Era como se eu tivesse em tornado subitamente psicótica, sem saber agora o que era ou não real.

– Isso – a menininha deu outra risadinha – agora feche os olhos.

– Tem idéia do como isso é idiota? – grasnei, mas fiz o que ela pediu, suspirando.

– Muito bom – senti o espírito pular ao meu lado – vamos lá!

Uma vertigem estranha tomou conta de minha cabeça, e o espaço ao redor de nós pareceu girar.

Meus pés deixaram o chão, e a escuridão tomou conta de tudo.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam do nosso primeiro Espírito?
Comentem o que estão achando da fic! *-*
Beijinhos e até o próximo! :3



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