Um Conto de Natal escrita por FireboltVioleta


Capítulo 3
Howard Ogden


Notas iniciais do capítulo

Hello, pessoinhas lindas!
Aqui está mais um capítulo do nosso Conto de Natal para vocês! :3
Agora que o terror vai tomar conta da nossa anti-heroína... ;) kkk
Boa leitura!



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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz."

Platão

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Fiquei o resto da tardinha debruçada na poltrona, com as vias latejando de raiva.

Como aquele ser desprezível do Weasley achou que seria poupado do trabalho pro causa de algo tão absurdo?

Contra todas as probabilidades, eu lhe dera um emprego, sendo que não tinha nem a menor qualificação para qualquer serviço. E era assim que ele me agradecia, desprezando os interesses da empresa em prol de uma comemoração ridícula?

Esperava que ao menos recuperasse o juízo e me aparecesse no trabalho no dia seguinte. Embora completamente inconseqüente, Ronald Weasley era o único funcionário que poderia continuar cuidando das finanças. Todos os outros eram passíveis de desconfiança. Por mais que a petulância dele tivesse me irritado, tinha que admitir que podia confiar as contas de faturamento da produção àquele garoto. E eu o conhecera pouco antes de deixar a escola, o que era muita sorte da parte dele.

Agora, se ele resolvesse desafiar minha bondade outra vez, não teria outra escolha, á não ser mandá-lo para o olho da rua, e ter que procurar outro ser minimamente igual para substituí-lo.

A campainha tocou, fazendo minhas mãos se fecharem em punho no encosto da poltrona,

Ergui-me, já resmungando. Quem seria a criatura inconveniente que estaria na rua á essa hora?

Teria mandado a empregada atender, mas a mulher havia ficado doente no dia anterior – coisa que eu ainda duvidava, e que a faria ser demitida se fosse mentira -, então tive de descer até o hall de entrada, tamborilando na pequena esmeralda oval de minha varinha.

Quando abri a porta, me deparei com dois homens parados na soleira. Um deles era troncudo e alto, e o outro, magro e atarracado.

– Boa noite, senhorita – cumprimentou o homem maior – com licença... desculpe chegarmos tão tarde da noite aqui... – ele murmurou – sou Stuart, e esse é meu parceiro, Bob. Esta seria a empresa de Howard Ogden?

Vinquei a sobrancelha, irritada.

– Ogden morreu há três anos – cruzei os braços – o que iriam querer com ele?

– Bem, senhorita...?

– Helena – revirei os olhos.

– Senhorita Helena, não seria exatamente com ele – o homem menor sacudiu – com o atual representante da empresa, suponho.

_ Sou eu – ergui a cabeça – se puderem ser mais rápidos, senhores...

_ Ah, sim – Stuart fez um meneio nervoso com a cabeça, remexendo nas vestes, e, de lá, tirando um pequeno saco pardo – estamos recolhendo contribuições voluntárias para arrecadar fundos para as famílias mais pobres.

– Contribuição de Natal – completou Bob.

Fechei a cara com a última palavra de Bob.

Balancei a cabeça, na defensiva.

– Senhores... – bufei – acredito que este seja seu próprio negócio, não é? Ganham a vida recolhendo fundos?
– Sim, senhorita – Stuart sorriu – passamos o ano em trabalho de arrecadação, em vários eventos anuais. No Natal, damos suporte ás famílias que ainda estão em crise. São poucas, mas realmente muito carentes. A quantia de dinheiro necessário sempre é grande.

– Pois bem – cutuquei a palma da mão com a varinha – imagine que alguém resolvesse lhes dar uns vinte mil galeões. Isso solucionaria a vida dessa gente?

– Se solucionaria? – Bob arquejou – resolveria qualquer carência dessas famílias por mais de dois anos, senhorita!

– Imagino – estreitei os olhos – mas então, se isso acontecesse, vocês não teriam mais motivos para trabalhar, já que essa gentinha estaria rica, e nenhum dinheiro seria mais recolhido. E eles também não trabalhariam mais, fazendo com que todos os donos de negócios entrassem em crise.

– Mas senhorita...

– E isso é uma coisa que não posso fazer! - rosnei – não vou arriscar esta empresa sustentando pessoas preguiçosas. E se têm algum interesse em continuarem empregados, acho que irão incomodar outras pessoas bem longe daqui, e espero que elas também tenham o bom senso de não desperdiçar seus galeões com vocês!

Fechei a porta, já virando de costas para não ouvir nenhum apelo dos dois fanfarrões.

Andei pelo hall, novamente aborrecida.

Ouvi o som de patas se aproximando, e levantei meus olhos para Edgar, o crupe velho que pertencera á Howard Ogden.

A prudência deveria ter me levado á expulsar aquela lembrança ambulante, jogando-o na rua. Mas o fato é que Edgar ainda era bem útil quando o assunto era manter prováveis ladrões longe da mansão.

E depois, por mais que eu odiasse admitir, era a única criatura viva realmente útil com quem eu podia conversar naquela casa.

– As pessoas ficam loucas nessa época infeliz, Edgar – rezinguei, abaixando para ajeitar a coleira torta do crupe – gastam dinheiro á toa... fazem festas sem motivo. Cometem as maiores burradas È ridículo.

Edgar fungou, pateando no chão e tentando ficar em pé para lamber minha mão.

– Vou considerar que você concordou – dei de ombros- não, pode ficar aí no chão.

Subi de volta para o quarto, voltando a me aconchegar de frente para a lareira.

Estava quase pegando no sono, quando as velas no parapeito da lareira se apagaram subitamente.

– Mas que droga – grasnei, indo em direção ao candelabro.

Porém, mais duas luminárias de apagaram do outro lado do quarto, deixando-o na penumbra.

E, para minha perplexidade, não havia vento algum.

Empunhei a varinha, enrijecendo o corpo.

– Quem está aí? – exclamei – apareça!

Não houve resposta.

Pelo menos, até a janela do quarto se abrir sozinha, espalhando uma ventania dentro do cômodo, que me fez desequilibrar e cair no tapete.

Fiquei de joelhos e me reergui em seguida, confusa.

Fiz uma rápida listagem do que havia aprendido vagamente em Defesa Contra as Artes das Trevas, tentando lembrar o básico dos feitiços defensivos. Mas o fato era que eu passara tanto tempo com minha varinha confiscada, enquanto Ogden estava vivo, que nunca chegara a praticá-los durante as férias.

E que tipo de feitiço apagava lamparinas e abria janelas, tudo ao mesmo tempo?

Porém, foi nesse momento que ouvi a primeira vez.

Baixo... leve como uma brisa.

Helena...

Ofeguei, sentindo meus nervos se encolherem.

Quem estava chamando meu nome?

Ogden... Helena...

Ergui a varinha.

Lumos! – guinchei, conjurando um feixe de luz para iluminar o quarto – quem é que está aí? – repeti.

O sussurro ficou mais forte, como se estivesse se aproximando.

– Helena... Helena...

O breu no quarto impossibilitava que eu enxergasse além do feixe de luz. Estava tão congelada que mal me passou pela cabeça tentar reacender as lamparinas.

– Quem é você? – recuei – o que quer aqui?

A voz murmurou,a gora alta o bastante para estar de frente para mim.

– Impedir seu futuro... Helena....

Um vulto se aproximou fantasmagoricamente, me fazendo recuar ainda mais.

Eu não teria ficado surpresa se fosse um simples fantasma.

Mas não foi só o fato do vulto ser quase corpóreo que fez minha varinha escorregar da mão, caindo com um estrépido no chão de madeira, ou que um grito escapasse por minha garganta.

Foi reconhecer as feições dele. Os mesmos olhos azuis.

Mesmo com corpo enfaixado com bandagens rasgadas, a pele enrugada e quase apodrecida, mil vezes mais envelhecido, com uma mandíbula que se descolava assustadoramente do crânio conforme andava...

Foi impossível não reconhecê-lo.

Como o encanecido pesadelo de mais de vinte anos...

Mas mil vezes pior.

Era Howard Ogden.


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Notas finais do capítulo

E então?
Já tem gente doido pra ver a sacudida na Helena? Eu sei que tem... kkkk
Já deixo avisado que, futuramente, nos capítulos do Natal Presente, vai ser melhor terem uns baldes para chorar...hehe
Beijinhos e até o próximo capítulo!



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