Um Conto de Natal escrita por FireboltVioleta


Capítulo 2
Infortúnios


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!
Aqui está o novo capítulo de Um Conto de Natal!
Esqueci de avisar... vou postar semanalmente, e, se puder, talvez antes ;)
Espero que gostem!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659831/chapter/2

"O preconceito está na maldade dos olhos de quem vê, e na ignorância de quem acha que sempre está com a razão."

– Leo Cruz

______________________________________________________

– Que dia é hoje, Murray?

– Vinte e quatro de dezembro, madame.

Bufei, revirando os olhos para a silhueta encurvada do velho zelador do prédio onde se produziam as garrafas.

– Nem acredito que vou ter que agüentar toda essa besteira de novo.

O velhote piscou para mim, com o rosto confuso.

– Que besteira, madame?

– E isso lhe interessa, Murray? – exclamei, irritada – pois eu lhe digo o que é besteira, por que não me custa nada enfatizar o quanto essa baboseira é ridícula. Natal – cuspi a palavra.

Murray me encarou mais alguns segundos, mas pareceu ter o bom senso de não reabrir a boca, e continuou a cuidar da mesa puída em que trabalhava.

Dei um muxoxo de impaciência, batucando a pena de pavão na minha própria mesa. Detestava fazer aquelas cartas. Por mim, mandava um da11, mas eram elas que garantiam que os investidores bajuladores se reunissem uma vez por ano na Ogden, para alavancar os negócios.

A porta do meu escritório se abriu de supetão, me fazendo erguer a cabeça e já lançar um olhar fuzilante para o infeliz que estivesse entrando.

Para meu azar, não era um infeliz qualquer.

– Bom dia, prima Helena!

– È senhorita Ogden para você, Aline – ralhei, bufante.

Estreitei os olhos para a figura de Aline Seyfield, minha irritantemente escandalosa e otimista prima.

Balancei a cabeça quando percebi que aqueles cabelos acaju e os olhos mogno não haviam mudado nada. Ainda queria saber como ela podia ser minha parenta... nada tinha á ver comigo.

Eu só a vira uma vez, quando ela era criança, quando o velho Ogden trouxera uma foto rasgada dela e a deixara ao meu alcance.

Mesmo depois de o velhote morrer, eu evitava rever aquela garota e a família, que vivia me enchendo para passar o Natal com eles.

O problema é que ela fazia questão de vir me perturbar todo fim de ano. Como se eu fosse mudar de idéia um dia.

– Ah, pare de formalidades, prima – Aline algavariou, batendo palmas e me deixando ainda mais aborrecida – ainda vou te convencer a ir para nossa ceia de Natal.

– Pega sua ceia e enfia naquele lugar – grunhi – bobagem! É isso que o Natal é.

– Ah, não fala assim, Helena – Aline não perdia aquele sorriso importuno de modo algum – a vó Willow está louca para te conhecer.

– E vai continuar louca. Igual o resto da família – fitei-a – desperdiçar um dia em que poderiam trabalhar e fazer algo de útil para festejar sem motivo algum! Que tenham um motivo real para comemorar antes de gastar dinheiro com babaquices!

Aline deu sua primeira bufada desde que entrara no escritório.

– Ai, Helena. Você não tem jeito, garota – ela fez menção de segurar a maçaneta, mas continuou virada para mim – mas o convite ainda está de pé. Se decidir ir, é só mandar uma coruja.

– Vou garantir que todas estejam mortas antes de te mandar uma carta, Aline – revirei os olhos – agora me deixei trabalhar e só volte para me importunar o ano que vem, como sempre faz – acrescentei, esperançosa - se puder, nem volte.

– Ainda está de pé – Aline repetiu, gracejando – feliz Natal, prima!

– Bobagens – resmunguei, aliviada quando Aline finalmente saiu porta afora.

O silêncio agradável que se seguiu só foi quebrado quando o aborrecedor velho resolver dar seu bedelho outra vez.

– A jovem senhorita tem certa razão, madame – murmurou Murray.

– Não, não tem – insisti – e se você tivesse um pingo de juízo, cuidaria da sua própria vida, Murray. Agora volte ao seu trabalho.

Suspirei, voltando á carta que escrevia.

Aqueles dois estavam loucos. Natal, uma coisa importante. Que bobagem...

__________________O_________________

Os funcionários já estavam no término do expediente quando fui supervisionar a saída deles para fora da Ogden, como fazia todo dia.

Infelizmente, não podia dar essa responsabilidade á qualquer um daqueles pés-rapados; a fiscalização era importante e minuciosa demais para que outro qualquer a fizesse. E depois, era o único modo de garantir que nenhum funcionário resolvesse burlar seu horário.

Puxei um dos meus cigarros e o acendi, aguardando a saída dos trabalhadores.

No entanto, quando quase todos já haviam saído, um deles ainda se manteve ao lado da porta, como se hesitasse acompanhar os colegas de trabalho.

Era a primeira vez que Weasley ficava além da sua carga horária, desde que começara a trabalhar na Ogden.

– Boa tarde, senhorita Ogden.

Funguei, desdenhosa,

– Só se for para você, Weasley – guinchei, dando outro trago em meu cigarro – por que ainda não saiu?

Weasley entrelaçou as mãos uma na outra, num gesto nervoso.

– Eu queria... conversar com a senhorita – ele olhou para o chão – bem... é que neste próximo dia vinte e cinco... é Natal.

– Percebi, Weasley. Minha prima fanfarrona já me avisou... de novo – arremessei o cigarro na lixeira mais próxima, agoniada – diga logo o que quer dizer, e vá embora. Preciso fechar a fábrica, se não percebeu.

– Não, tudo bem – ouvi Weasley ofegar – eu só queria saber, senhorita... se podia...

– O que?

– Bem... faltar meio período amanhã... para passar um pouco da ceia com minha família.

Ergui a cabeça, espantada. Aquele maltrapilho estava mesmo pensando em faltar no dia de maior demanda da fábrica para fazer uma festinha em casa?

– E o que te faz pensar que poderia estar faltando na Ogden neste dia, Weasley?

– Eu ficaria sem metade dos nuques do pagamento diário – ele falou rápido – se precisar, posso ficar sem pagamento, senhorita. Só neste dia... por favor.

Eu já era benevolente o suficiente para lhe pagar um emprego em extinção. O que aquele preguiçoso pensava em fazer?

Dei uma risada para ocultar minha indignação.

– Se você se atrever a faltar neste dia, Weasley, não vai ficar só sem o pagamento do dia – granei – você já ganha demais para o serviço patético que faz . Quer passar o Natal em casa? Que passe – ameacei-o – mas se fizer isso, garanto que nem precisa voltar para cá no dia seguinte. Sinta-se livre para procurar outro emprego, por que não vai por os pés na Ogden outra vez. Pense bem se quer sacrificar isso para festejar com seus amiguinhos.

– Senhorita Ogden..! – ele arquejou.

Dei as costas para ele, acrescentando em seguida, enquanto subia os degraus que levavam ao saguão da mansão.

– Espero te ver amanhã, Weasley. Ou não vou querer vê-lo em nenhum dia seguinte. Esteja avisado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? *-*
Sim, eu sei. Helena só parece cada vez pior... :P
Mas calma lá, gentes. O mundo dá voltas... O_O rsrsrs
Ah, sim. Quem desconfia que esse Weasley é o Rony, acertou em cheio!
Bem, por essa semaninha é só, pipous :3
Beijinhos e até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Conto de Natal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.