Antes de entrar em casa, ele escreveu o nome de Letícia no céu cheio de estrelas para que ela tivesse o sonho de voar , voar para longe.

Era o melhor sonho para ser sonhado.

Pedro abriu a porta de casa e sentindo cheiro de baunilha, açúcar de confeiteiro e chocolate. Aquele cheiro era bem-vindo depois de ter lidado com o ar venenoso de Melissa .

A casa estava toda iluminada. Só poderia ser uma única pessoa, e  que já sabia do seu estado de espírito arrependido e amargurado  : Ariel!

Fora aquela cobra , ele imaginava  o que Letícia estava fazendo,que  talvez   já estivesse dormindo no seu quarto , completamente sozinha. 

Exatamente como ele sempre esteve ...

Sozinho.

Dês dos  meados do século 19.

Pedro sabia que não iria conseguir dormir  porque sua cama estava estofada de medo ,  ameaças , de arrependimentos e de lençóis tão frios   das coisas que fizera a muito tempo . Muito além do tempo.

— Amigo Pedro ! – saudou Ariel , surpreso e segurando um vaso de porcelana com um ramalhete de rosas colhidas da gruta.

Ariel havia trazido as rosas da gruta com intenção de que elas trouxessem boas novas  e bons sonhos ao dono da casa , e também esteve rezando muito para  os arcanjos por ele .

—Obrigado por ter vindo , meu amigo. E pelo carinho dessas rosas lindas e perfumadas.

—De nada. Desejo-te uma boa noite e  durma com os anjos

—Boa noite! E que eles estejam com você. – Ariel não pode deixar de sorrir quando fechou a porta e desapareceu no ar.

Pedro se sentou no sofá inalando o perfume  das rosas que veio com o vento agradável da noite.Contraiu a dor incomoda das costas , relaxando, parecia tão vulnerável  e  imperfeito se sentir assim vendo seu irmão casado feliz e com uma família  parecia que   ele  ser o solteirão da família não era uma opção para ter a verdadeira felicidade. E isso fez ele se lembrar de algo que o corroia pior que o ciúme - verme  que sentia pelo seu irmão.

Isso aconteceu no dia em que Felipe e Lívia anunciaram para a família  que estavam esperando um bebê e que queriam que ele fosse o padrinho dele .

—Padrinho? – perguntou mais para si naquele dia  do que para o casal  achando uma decisão muito estranha vinda de Felipe .  Não estava certo de que ser padrinho da criança seria uma boa idéia, mas era algo que o faria sentir uma nova forma de amor.

—Sim, aceito. – aceitou depois de um tempo com o seu melhor  sorriso . Felipe abraçou o irmão feliz.

Depois foi pegar uma garrafa de espumante para comemorar a decisão do irmão . E deixou o Pedro sozinho com Lívia.

Naquela época , Pedro tratou de ser como um bom amigo para Lívia tentando ganhar a sua amizade , mas ela  desconfiava dele ,  e de tudo o que ele fazia . Principalmente depois daquela declaração de amor fervorosa.

—Você está brava ? – perguntou,  achando uma pergunta  realmente estranha para fazer para   Lívia .

— Sim – admitiu. E estava . Ela queria que fosse o Afonso o padrinho do seu filho que carregava no ventre, mas ela não queria discutir com o Felipe um acordo que já tinham feito.

Isso machucou muito o Pedro . Ele estava tentando ter o seu perdão depois de ter se declarado para Lívia  , mas ela respondia sempre brava e desconfiada  de uma  forma que Pedro notava sempre o seu grau de raiva.

— Algum dia você irá me perdoar? – quis saber.

Ela respondeu com um silêncio longo.

— Algum dia você irá me perdoar ? – disparou de novo , olhando – a diretamente nos olhos aflito esperando uma resposta.

—Não. – respondeu sem olhar nos olhos dele. Fria.  – Talvez isso faça de mim uma má cunhada  , mas não sei se consigo . Não importa o que o Felipe diz sobre o quanto você é bom e compreensivo, você sempre esteve envolvido nos meus pesadelos , Pedro. Sempre sendo mau com nós dois .

A verdade é que o que se planta é o que se colhe . Nesta e em outras vidas.

Então ele se sentiu derrubado  aos dez metros do chão. Então no fundo ela se lembra do que aconteceu com eles . Enquanto  pensava sentindo o golpe frio daquela resposta,   ela se levantou em silêncio com ares de rainha indo atrás de Felipe . Não se virou nem para ver o quanto foi o estrago provocado. Apenas deixou ele sozinho na sala com os seus pensamentos.

—Sinto muito. – disse baixinho para ele mesmo. – Sinto mesmo. Eu vou fazer de tudo para conseguir o seu perdão. Eu não acabei ainda de pagar as coisas que fiz no passado , mas eu prometo a mim mesmo que farei de tudo para não sentir mais esse amor e conseguir o seu perdão, não importa o que acontecer comigo.

—Lívia e Pedro precisam abrir o coração ... - disse o Mestre para o Ariel no plano espiritual  -   Por que se não eles irão se reencontrar  em outras vidas !  Eles já vêm cometendo erros a várias vidas .