A minha frente tem um caminho, no final tem uma intensa luz, sigo em direção à mesma... Pisco várias vezes para tentar acostumar com a intensa luz... E quando enfim consigo enxergar com nitidez, acho que parei de respirar por alguns segundos...

É uma floresta, uma imensa floresta. Com cores vivas e brilhantes. Um lugar realmente lindo. Há alguns pássaros no céu... E pequeninas pessoinhas com asas, me olham de longe, pessoinhas um pouco maiores agora do tamanho de crianças, com o rosto engraçado... Animais de todos os tipos, e eles estão cochichando uns com outros.

Olho para o animal branco que me trouxe até aqui e o vejo se transformar em um homem, de mais ou menos 19 anos, com cabelos castanhos desgrenhados e uma roupa um pouco surrada.

Ainda estática no mesmo lugar continuo a olhar assustada para tudo. Acho que cai e bati minha cabeça, devo está sonhando não é possível.

O tal homem se aproxima de mim e fala comigo...

– Olá Clarissa, sou Julian! (Ele era um animal, virou um homem e agora ele tá falando comigo, acho que estou maluca.)

– Você fala? E espera... Como você sabe meu nome? Você era um animal agora mesmo, e agora é isso. - Digo apontando para ele - Eu devo está maluca... – Ponho as mãos na cabeça.

– Clara, me desculpe por isso. Você deve estar estranhando, bem é uma longa história... Venha se sente aqui... Eu te explico. - Diz me apontando um toco.

– Julian né? - Ele assente - olha eu gostaria de verdade de saber por que parece que os personagens dos livros da minha biblioteca parecem ter saído e estão todos aqui... – Digo apontando para os demais, que nos olham atentamente.

– Clara esse lugar aqui é escondido do resto do mundo, ninguém ou quase ninguém sabe da existência. É um lugar que podemos chamar de lugar mágico, aqui vive todos os personagens dos seus livros, pessoas como nós viveram aqui e escreveram sobre eles. Eles nunca foram apenas personagens de contos de fadas, eles sempre foram reais, e esse lugar é meio que o refúgio do resto das pessoas. Eu sou o seu guardião, eu te trouxe aqui inconscientemente, te levei até o livro, te guiei pelos túneis e te trouxe. O resto à princesa Gisela vai te contar... - Ele diz me olhando atentamente.

– Então não estou maluca? Não, eu devo está sim. Quer dizer que aqui é um lugar mágico que existem seres mágicos dos mais variados tipos e que os personagens dos livros de contos de fadas existem mesmo? Eu devo ter batido minha cabeça muito forte e agora estou vendo coisas... - Digo para mim tentando assimilar.

– Clara isso aqui é real! Somos reais! - Ele diz me olhando com ternura.

Sento-me novamente, nem sabia que estava em pé, e começo a remoer tudo isso... Não é possível! Ou é possível?

– Princesa Clarissa? - Uma voz feminina me chama.

Olho em direção a essa voz e encontro um mulher de cabelos pretos, com um vestido verde água com uns tons de azul, uma coroa com pedras azuis e duas grandes asas. Ela segura o que parece ser uma varinha, e dela sai um brilho diferente.

– Princesa Gisela? - Respondo me lembrando de que Julian, seja lá quem for ele, havia mencionado seu nome.

– Sim, vejo que Julian já te adiantou algo... - Diz encostando os pés no chão e vindo em minha direção.

– Venha Clarissa, quero lhe mostrar algo! - Ela diz e me ajuda a levantar - Pega sua varinha, e coloca em minha direção, sai um brilho dela, que começa a me rodear, me levanta no ar e depois me põe no chão. Agora estou com um vestido branco e o cabelo meio solto com cachos.

– Não me olhe assim - Ela diz - não podia deixar você com aquela roupa molhada! - Ela diz abrindo um sorriso.

– Obrigado, é lindo! - Digo gentilmente.

– Venha, vou lhe mostrar a floresta!

Caminhamos e ela vai me mostrando tudo, é tão lindo e surreal... Fadas, muitas fadas, coloridas e pequenas, elas me cumprimentam, e uma vez ou outra jogam o pouco do seu brilhinho em mim. Percebo meu vestido mudando de cor...

No caminho Gisela me conta mais sobre o lugar:

– Clarissa, eu nem sempre fui guardiã deste lugar, na verdade é como uma herança... Meu pai era o rei, ele cuidava de todos os seres mágicos dessa floresta, só que ele não gostava de usar mágica e então ele envelheceu e acabou morrendo. Ele me deixou o trono e o dever de proteger estes... Só que assim como nos livros existem alguns que são ruins, e eles tem ameaçado tanto a nossa floresta, como o seu reino. Seu pai te contou o que vem acontecendo com os outros reinos né? Seu reino e essa floresta estão em perigo.

– Sinto muito por seu pai Gisela, entendo... Meu pai me contou sim, ele tem ficado muito preocupado...

– Clarissa, eu não sei quem está fazendo isso, mais achei que deveria alertar a alguém da Monarquia de Hopeland. E como você lê muitos livros, você é a única que entenderia e que acreditaria em mim. - Ela me diz preocupada.

– Gisela entendo sua preocupação, mais meu pai já reforçou a segurança das redondezas... Não vai acontecer nada!

– Clara quem está fazendo isso não é do seu mundo... Digo que não é uma pessoa comum, é uma pessoa daqui. Temo que seja um feiticeiro ou um ogro.

– Existe uma parte da floresta, que chamamos de floresta negra que vivem esses seres, geralmente eles foram banidos para lá e alguns nasceram por lá mesmo. Mas eles são maus e cruéis. - Diz como se pedisse ajuda com os olhos.

– Clarissa, te trouxe aqui porque, você precisava saber disso e saber que essa pessoa está muito perto. Essa pessoa sabe que você é a única que pode impedir ele, mas também sabe que você é o ponto fraco e quer usar isso.

– Eu terei cuidado Gisela... Vou ficar de olho em tudo. - Digo tentando passar segurança.

– Gisela, me tire uma dúvida... Julian me disse que é meu guardião... Guardião do que?

– Ahh Clarissa, Julian foi vítima de um feiticeiro mau que o transformou em um animal... Eu não consegui retirar o feitiço, mas consegui fazer com que aqui ele ficasse como é normalmente. E como ele não é naturalmente da floresta, ele se transforma do lado de fora dela. Eu dei alguns poderes a ele para que ele pudesse te proteger, e ele fez... Até que eu pedi para ele te trazer até aqui e ele trouxe. Sua avó era daqui Clarissa, ela gostava de andar pelo lado de fora da floresta, um dia ela conheceu um rapaz por quem se apaixonou, no caso seu avô, então ela decidiu deixar a floresta mágica para ficar com seu avô, ela voltou para se encontrar e ficar definitivamente com ele e então descobriu que ele era príncipe. O resto você já sabe... Foi amor verdadeiro desde o início... Julian te protege porque você é daqui, e de lá também. Você também corre perigo.

– Isso explica muita coisa, por isso minha avó me incentivava a ler, ela queria que mesmo que eu não viesse aqui eu pudesse conhecer vocês.

– Sim Clara você esteve aqui o tempo todo em pensamentos, e era exatamente isso que ela queria. Por ser da segunda geração depois de sua avó, Christie acreditava que você estava predestinada... E você está.

– Agora tudo faz mais sentido! - Digo sorridente.

– Que bom que entendeu tudo... Espero que agora você tenha certeza que não é maluca! - Gisela diz e dá uma risada.

– Nossa!! Preciso ir embora, já devem ter sentido minha falta! Obrigada Gisela!

– Tudo bem Clara... Vou pedir Julian para te acompanhar!

Voltamos até a entrada da floresta onde Julian estava nos esperando.

– Julian acompanhe Clara até as redondezas do palácio... - Gisela diz para Julian.

– Claro Gisela! Vamos Clarissa! - Julian diz.

Despeço-me de Gisela e de algumas fadas que estavam por ali. E seguimos a caminho de volta. Assim que saímos de lá minha roupa volta à mesma de antes e Julian vira mais uma vez um animal.

Andamos em direção ao campo em silêncio, um longo e torturante silêncio. Decido quebrar o silêncio, e puxo conversa com Julian.

– Julian, como foi possível esse tempo todo você está tão perto de mim e eu nunca ter te visto? - Pergunto curiosa.

– Clarissa, você me via! E me ouvia também... Eu já apareci de várias formas diferentes, até em seus pensamentos eu estou... Quer dizer eu usei esse poder para plantar a ideia de que você estava com tédio. No resto eu só ajudei na parte dos livros e na parte dos caminhos no túnel. O que eu quero dizer é que sempre que você está em apuros eu estou por perto.

– Pensando bem, quando eu estava sozinha eu não me sentia totalmente sozinha! - Digo e dou um sorriso.

– É porque você nunca esteve de verdade... - Diz e me olha nos olhos - Enfim, chegamos!

Quando olho para frente estamos na entrada do túnel

– Nossa chegamos rápido... - Olho para o alto e continuo - e não parece ser tão tarde...

– Esqueci-me de te dizer, dentro da floresta as horas se passam mais devagar, você fica o que parece horas por lá e quando volta parece que foram apenas alguns minutos...

– Ahh... Está explicado! - Digo e do um sorriso - obrigado Julian, de verdade... Por tudo! - Digo e vou para o caminho - Tchau Julian! – Me despeço e nem espero a resposta, logo entro.

Volto o caminho que fiz horas antes, destranco a porta, tomo um banho, coloco um vestido bege com detalhes dourados... Lilian e Marie já estavam a postos para fazer meu cabelo e me maquiar. Com certeza elas sabem que eu sai, outra hora converso com elas. Desço e vou para a Sala das mulheres e vejo minha mãe e sua amiga Duquesa Sandra (mãe de Alana) tomando um chá.

As cumprimento e sou convidada para tomar um chá penso em recusar mas minha mãe me dá uma olhada. Então resolvo ficar.

Um tempo depois Alana chega, conversamos nós quatro agora sobre o baile.

É isso mesmo, nós quatro porque minha mãe faz questão de me colocar na conversa. E eu sendo educada participo, só não garanto que estou prestando atenção.

A noite chega e meu pai e o Duque Bernardo (pai de Alana) se junta a nós para jantarmos. Jantamos, conversamos... E por sorte a hora correu, assim que foram embora fui direto para o quarto, me deitei querendo apenas pensar no quão turbulento foi meu dia, nas coisas que descobri e vi, porém apaguei...