CAPÍTULO I – I NEED DO SOMETHING

O salão principal já estava apinhado de rostos sonolentos, alguns sorriam fracamente enquanto outros mal abriam a boca, a não ser para comer ou beber, de tão mal-humorados que estavam. Nas longas mesas de mogno haviam desde pães e leite, a bolos de chocolate e sucos de abóbora, e todos se deliciavam com aquele maravilhoso café da manhã.

— Afinal, o que você foi fazer na Grifinória ontem a noite? E como você sabe a senha? — Alvo Severo ainda tentava processar tudo o que seu amigo havia lhe dito sobre o que acontecera na noite anterior.

— Meu querido Alvo, isso é o que menos importa. — ele dizia ao amigo — O que importa agora é que a sua queria prima acha que nunca cairia aos meus encantos. E como se isso não fosse o suficiente para diagnosticar o estado de loucura mental dela, ela ainda disse que eu, Scorpius Malfoy, não sou bom o suficiente para ela.

— Entendo. — murmurou simplesmente.

— Oi?? — questionou incrédulo com a falta de reação do amigo — Como assim “Entendo”? Fala sério Alvo, isso é loucura. Ninguém resiste a mim.

— Pode até ser Scorpius, mas se esqueceu de que estamos falando da minha querida e amada prima Rose Weasley, conhecida por ser a ruiva mais marrenta e orgulhosa de toda Hogwarts, e embora eu ame ela eu não posso dizer que não concordo com isso. — o lembrou — Eu estaria surpreso se ela estivesse caída aos seus pés.

— Pois então você ficará surpreso logo, logo. — disse tomando um bom gole de suco de laranja.

— O que acha que vai fazer? — perguntou cauteloso para o loiro ao seu lado.

— Eu não sei no momento, meu caro amigo. — disse sorrindo malicioso olhando em direção a mesa da Grifinória, onde Rose conversava animadamente com Dominique. — Mas eu preciso fazer alguma coisa, isso é uma questão de honra.

Alvo sabia que nada que Scorpius pensasse em fazer acabaria bem, mas ele o conhecia o suficiente para saber que não importasse o quanto ele tentasse fazê-lo mudar de ideia funcionaria, então ele apenas negou descrente com a cabeça, já prevendo o que viria e voltou-se para seu café da manhã.

Já em outro lado do salão, na mesa da Grifinória, Rose Weasley conversava com Dominique sobre o que havia acontecido na noite anterior.

— Sabe Rose, não acho que o que você tenha dito foi algo bom.

— O que queria que eu dissesse? Que eu precisava ir dormir e fazê-lo pensar ingenuamente que conseguiria algo comigo? — sugeriu ironicamente. — Até parece que não me conhece.

— Seria melhor do que ter dito isso, porque não precisa ser nenhum gênio para saber que agora que você disse isso ele vai fazer de tudo para provar que você está errada. — Rose a olhava como se ela estivesse muito enganada, o como se aquilo não fizesse a mínima importância — Você feriu o ego da pessoa mais egocêntrica de toda Hogwarts, minha amiga.

— Ele pode tentar fazer o que quiser Domi. Ele não vai conseguir, sou imune aos “encantos” dele. — fez aspas no ar.

— Se está dizendo... — deu de ombros.

— Sim, eu estou. — reforçou — Bem, vou indo, minha aula é de poções e até eu chegar as Masmorras... Enfim.

Rose levantou pegando suas coisas e começou a ir em direção as Masmorras, ainda tentando guardar um livro dentro de sua bolsa, virou o corredor e trombou com alguém caindo no chão.

— Me desculpe. — disse a pessoa que tinha a derrubado.

Ela já ia dizer que não havia sido nada e que a culpa fora toda dela, mas ao levantar a cabeça para a mão que estava estendida para ela, viu que o dono era ninguém menos do que Scorpius Convencido Malfoy.

— Que tal olhar para onde anda? — sorriu cínica ignorando sua mão e levantando sozinha, arrumando suas vestes em seguida.

— Sabe Weasley, acho que você quem deveria olhar por onde anda. Afinal você que estava preocupada guardando seu livro em sua bolsa, e não eu. Eu apenas fui educado ao pedir desculpas. — disse com as mãos no bolso e sorrindo de lado, o que faria qualquer garota derreter, menos a ruiva a sua frente.

— No entanto, se você estivesse prestando atenção por onde anda não teríamos esbarrado e eu não teria caído. — completou olhando para o teto como quem se lembra de algo.

— Mas eu pedi desculpas. — lembrou.

— Não fez mais do que sua obrigação. — rebateu.

Ele apenas deu um riso olhando para o chão, e em seguida levantou o olhar para ela. E tudo, desde seus olhos acinzentados, ao seu sorriso era muito galanteador.

— Qual é Weasley? Não precisa se fazer de durona.

— Posso saber do que está falando? — indagou confusa.

— Você sabe, você fica me tratando assim porque tem medo do que possa acontecer se deixar a guarda baixa.

— Não, na verdade eu te trato assim porque tenho clemencia e acho que todos merecem nem que seja um milésimo de respeito. — sorriu cinicamente.

Claro que ele já esperava uma resposta como aquela, por isso não desmanchou seu sorriso sacana, apenas aproximou-se lentamente dela até que ela ficasse encostada na parede. E embora ela não demonstrasse alteração nenhuma em sua expressão ele jurava que estava indo no caminho certo, por isso colocou o braço na parede, bem perto a cabeça extremamente ruiva de Rose e sussurrou:

— Acha mesmo que vai resistir por tanto tempo?

— Não estou resistindo, você está se iludindo. — respondeu calmamente.

— A única pessoa que está se iludindo aqui, é você Weasley. — sussurrou em seu ouvido e saiu, seguindo seu caminho antes interrompido por ela.

Rose Weasley, no entanto, nem se abalou. Claro que sentiu um pequeno arrepio quando ele falou ao pé de seu ouvido, mas isso se dava devido a corrente de ar que havia passado naquele exato momento. Ela apenas revirou os olhos e seguiu seu caminho para a sala de aula.

Já Scorpius Malfoy, sabia exatamente que ele estava no caminho certo e que não tardaria para que a ruiva caísse aos seus pés. Mas ele ainda teria que bolar um plano para facilitar as coisas para ele, ele sabia que ela não se deixaria levar tão fácil assim, mas ele também sabia que ela estava apenas lutando para resistir.

Ele correu até seu dormitório e pegou suas coisas para as aulas do dia, pois ao acordar estava tão desorientado que por pouco não saiu apenas de cueca para o salão principal, no entanto para sua sorte e azar das garotas de Hogwarts, seu amigo Alvo o avisou a tempo dele não abrir a porta que dava para o corredor e ele voltou para se vestir. Quando pegou tudo o que iria precisar voltou correndo para a sala de poções, onde teria sua primeira aula juntamente com a Grifinória.