I bet my life escrita por hidechan


Capítulo 2
Capítulo II: Fear


Notas iniciais do capítulo

AoKise AoKise Aok- #apanha.

Saindo da zona de conforto no meio da postagem de uma fanfic OIQ autora está maluca uahauhauhauahauh.



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– Uh? Então vai mesmo para Tóquio é?

– É... irei _o entusiasmo de antes agora se esvaia lentamente junto com a cerveja e os petiscos _tudo indica que vai ser isso mesmo.

– Achei que estaria mais animado.

Kise observou Daiki baixar a latinha de cerveja até o chão, ao lado do sofá, ficou sem saber o que responder.

– Vou pegar mais uma _o moreno se levantou atravessando a sala em direção à cozinha _quer?

– Ainda tenho, obrigado _disse no automático sentindo o calor do álcool subir no rosto, eles mataram juntos quase três litros, seria uma madrugada horrível para dormir sem queimar tudo aquilo.

O loiro estava decidido a ter uma noite agradável com o amigo enquanto tivesse tempo, não era rotineiro entre eles saírem sozinhos para fazer alguma coisa. No fundamental estavam sempre acompanhados pelo time e após a mudança de escolas, mal se encontravam quando o assunto não era basquete; talvez aquela fosse a primeira vez que o moreno passava por sua porta. Ficou surpreso quando Daiki aceitou seu convite e mais surpreso ainda pela animação do amigo quando a Sexta-Feira estava chegando, infelizmente estavam passando pelo limite chato de horário e logo menos a visita acabaria. Queria ele poder arrancar daquele momento uma lembrança mais concreta, deixar seus desejos serem realizados uma única vez em sua vida.

– Quando vai ser o vestibular?

– Hn... daqui duas semanas... Aominecchi, você e o Taiga vão continuar juntos? _a pergunta quase indiscreta tirou do moreno uma reação ruim, ele meneou a cabeça para os lados.

– Não sei ainda, espero que sim. Acho que não vamos para o mesmo lugar, mas tranquilo por que ele ficará aqui por perto mesmo.

– Ah... então de boa.

Kise sorriu e deixou a conversa morrer, consultando o relógio pela terceira vez Aomine resolveu se despedir. Juntou suas coisas espalhadas pela mesinha de centro com relutância, a preguiça de sair no frio em plena 1 da madrugada fazia doer até sua alma.

– Até outro dia, Kise, valeu pela companhia _estendeu o punho para o toque costumeiro.

– Volte com cuidado... _o loiro abriu e fechou a boca sem dizer mais nada, deixou que o moreno seguisse pelo corredor.

Ryota Kise não queria admitir, óbvio, era totalmente dono de si e com a cabeça no lugar. Orgulhoso. Maduro. Com amor próprio beirando o egoísmo. Porém Aomine Daiki era o homem pelo qual demonstrou interesse pela primeira vez, em sua vida todos que passaram vieram e foram sem que se preocupasse com seus próprios sentimentos. “Sempre aparecerá um melhor” é o que dizia para si mesmo a cada relacionamento errado. Como reagir ao ver aquela pessoa passando por sua porta e deixando nada mais do que um sorriso para trás? Queria ao menos ter o poder de tentar um beijo, uma declaração, arrancar aquela expressão sossegada de sempre e fazê-lo se entregar aos seus delírios.

Aomine esperava pelo elevador antigo, deu uma última olhada para o amigo antes de ouvir as portas se abrindo automaticamente.

– Até mais _resmungou.

Kise respirou fundo soltando o ar de forma exagerada em seguida, cerrou os punhos antes de decidir chamá-lo de forma quase desesperada.

– Aomine! Espera... _olhou para os lados assustado consigo mesmo, o moreno deixou que o elevador voltasse a fechar.

– ...o que foi?

– Ainda tenho algo pra te dizer.

O clima se tornou pesado, temendo seu vizinho de frente reclamar pelas vozes altas, Kise se afastou num pedido silencioso para que Daiki retornasse para o interior do apartamento e amigo obedeceu fechando a porta atrás de si, ficou parado no hall de entrada com o olhar fixo para o outro, sua expressão não era amigável ainda assim se via um risco de curiosidade por trás.

– Eu... _ todas as coisas que teria que dizer, vinham e iam embaralhadas então tudo o que conseguiu fora gaguejar _e-eu des-culpe.

– Relaxa _pediu esperando pacientemente.

– É egoísta e... sei que gosta do Kagamicchi, eu sei que não vai valer nada amanhã e sei que não pareço ter orgulho nenhum _começou engolindo palavras e comendo virgulas _mas... já não tenho como segurar isso. Eu gosto de você, Aominecchi. Gosto muito de você.

A confissão fora ouvida com atenção, Aomine já sabia que Kise era apaixonado por si – há tempos, diga-se de passagem – mas seu coração era de outra pessoa; claro que isso não o impedia de ser pelo menos gentil.

– Tudo bem, não é egoísmo são apenas os seus sentimentos _afagou os fios loiros rapidamente _fico feliz por gostar de mim. Obrigado, porém... ah eu amo meu namorado. De verdade, isso não vai mudar.

– ...eu sei, só não podia ir embora sem te dizer isso _admitiu.

– Tóquio é?... _deixou o silencio reinar por alguns segundos _Kise, boa sorte.

– Hn _concordou com um aceno _pode ir agora, ou melhor, vai por favor.

O moreno apenas girou o corpo e se voltou de frente para a porta, ficou um segundo ou dois, ainda pensativo, até se decidir dar um rápido abraço no amigo.

– Boa sorte _sussurrou. Em seguida o deixou sozinho em passos largos até o bendito elevador.

O loiro largou o corpo pesado no sofá, em sua boca o gosto de álcool.

– Merda... _riu de si mesmo sem seguida, mal podia acreditar que tinha dito aquelas coisas tão vergonhosas. Era óbvio que Aomine não precisava ouvir uma confissão, ele sempre soube de tudo e o rejeitou dia após dia _ressaca moral _ergueu o dedo em direção ao teto _a pior de todas.

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Não era comum Taiga receber visitas de madrugada, mas ver o namorado na porta de seu apartamento realmente o deixou animado. Deu um beijo estalado em seus lábios e um espaço em sua cama, dormiram quase instantaneamente – Daiki não dissera onde estava ou por que resolvera aparecer sem avisar. Taiga da mesma forma não perguntou. Só foram se falar sem a embriaguez do sono horas mais tarde quando o ruivo se espreguiçou acertando sem querer o rosto de seu namorado, conseguiu acordá-lo depois de muitos resmungos a partir dali tudo em sua mente se voltou para seu exercício preferido: Basquete.

– Amor, vamos? _Taiga coçou a cabeça com a chave enquanto olhava impaciente para Daiki caçando algo na cozinha.

– Estou pegando água para nós _se justificou agora com 1 litro em mãos, deu a volta no sofá indo de encontro com o namorado.

Eles saíram para o jogo rotineiro na quadra do Magi Burger, jogariam como sempre até tarde, depois uma leva de 20 lanches e muito sexo para fechar a noite. Normal como deveria ser. No segundo tempo de jogo, com Taiga na vantagem de três pontos, os garotos perceberam um homem do outro lado da grade, ele observou por mais alguns minutos antes de bater com o anel na porta de ferro e chamar a atenção de ambos.

– Prazer, meu nome é Joey _disse num japonês porco, em uma das mãos o cartão de visitas _o que acham de uma oportunidade única?

O jovem americano Joey Mitchell estava a procura de grandes talentos para sua equipe. Durante todo aquele ano, a notícia de um time realmente bom de basquete estava ganhando atenção na América, não tinham um nome de impacto, financeiramente instável e sem nenhum jogador de glamour, porém a temporada começou e o pequeno time saiu da penúltima posição da tabela para a primeira, como um milagre. Ao saberem que tudo era comandado pelo técnico de 24 anos, as noticias correram rapidamente, disse que viajava pelo mundo em busca de talentos ainda desconhecidos e que o segredo para o sucesso era permanecer com a mente focada na vitória. Assim como os outros dez integrantes de sua trupe, eles conheceram Joey de surpresa, enquanto jogavam em escolas ou nas ruas, seja da América, seja da Europa.

Taiga segurou o cartão sem saber o que dizer, obviamente acompanhava as noticias daquele meio, mas não acreditou que poderia enfim acontecer consigo.

– Venho os observando por algumas semanas, na verdade a geração dos milagres ficou um pouco conhecida nessa região, então estou a par sobre vocês faz um tempo _começou a tagarelar animado _de todos os integrantes, vocês são os melhores sob o meu conceito! Se adaptariam bem aos monstros americanos e poderíamos ganhar o campeonato. O time principal está comigo no Japão, nós buscamos juntos jogadores diferentes para nunca deixar de ter uma estratégia, entendem? Se vocês toparem podem jogar conosco esse mês. Sei que estão ocupados, mas...

– Espera, espera! _Daiki levantou uma das mãos _então sabe quem somos nós, certo?

– Aomine Daiki, ás da Toou e _virou o rosto para a esquerda _Kagami Taiga, ás da Seirin.

– E está querendo novos talentos para o seu time que vem conquistando o campeonato?

– Sim!

– E quem nos garante que nos daremos melhor com vocês do que no time base da seleção nacional? E se for uma armadilha? Copiar nossas habilidades, nos descartar depois. Irá nos pagar para isso?

A chuva de perguntas fez o menor desfazer o sorriso, já tinha sido avisado que os japoneses não costumavam ser muitos amigáveis. Ele pensou por um segundo ou dois antes de sustentar novamente a boa expressão, se curvou minimamente oferecendo um café e mostrando sua pasta com os contratos.

– A única que importa é o amor pelo basquete _disse antes de indicar a saída da quadra _lembrem-se disso.

A conversa rendeu horas, Joey deixou os garotos quando a lua já estava alta. A proposta animou a ambos, saíram de lá cheios de planos para as próximas semanas; jogariam com o time para testar suas habilidades, se tudo desse certo ganhariam um banco vago e logo no campeonato de inverno uma chance de acordo com o adversário. Estariam nos jogos de rua também, a cada vitória um passo a frente. Taiga se despediu do namorado com um sorriso imenso.

– Então até amanhã! Cara, estou muito animado _afagou os cabelos macios do moreno.

– Oe! Pare com isso _mordeu sua bochecha _até amanhã.

O abraço durou mais do que o esperado e a vontade de se separarem diminuiu.

– Não quero ir _lamentou o mais alto.

– Dorme em casa. Sua mãe está trabalhando?

– Não dá, prometi que ia voltar para ajudar a pregar as cortinas da sala _Taiga riu ao imaginar a cena.

– Amo você.

Daiki engoliu o embaraço, isso só acontecia quando o ruivo estava muito animado e gostava de aproveitar para guardar o momento com o máximo de cuidado possível. Kagami Taiga era o tipo de pessoa que não ligava para palavras ou romantismos, era desligado e muitas vezes não dava o devido valor aos momentos importantes. Para ficar com um cara como aquele a pessoa precisava ter, necessariamente, uma enorme autoestima conjunta com total segurança. O moreno ficou bem assustado no começo, uma hora tudo parecia bem e de repente as duvidas enchiam seus pensamentos; se acostumou, ainda não tinha total certeza de seus conceitos em relação ao ruivo, porém estava decidido a passar tudo aquilo a limpo em breve e seguir com o relacionamento.

O casal trocou mais uma leva de beijos e por fim cada um seguiu seu rumo, Daiki sentiu vergonha, entretanto não pode refrear a vontade de correr até sua casa com as boas novas, como se tivesse enfim tirado 10 no boletim. Passou pelo portão o batendo sem querer, tirou os sapatos no hall de entrada e passou ainda no mesmo ritmo pela cozinha minúscula.

– Mãe?! Tenho algo para te contar! Onde você está? _olhou de relance pela janela da cozinha, já estava saindo quando algo chamou sua atenção _MÃE!

O coração falhou uma batida, ele saiu pela porta do fundo em direção ao quintal. Dinah estava caída ao lado do varal, as roupas limpas espalhadas no chão e seu rosto ferido na grama macia.

– O que aconteceu?!

– Oe, não precisa dessa gritaria, estou bem _disse fraca passando a mão com cuidado na altura da bochecha _recolha as roupas por favor, querido. Me desculpe pelo susto.

– Como caiu?... tá certo, precisamos trocar essa luz fraca. Tropeçou? _a cada peça de roupa, batia para tirar a poeira.

– Hum, sim _fez sinal para ambos entrarem _vou fazer um curativo.

– Pode deixar que eu faço! Ah... é _olhou para a lâmpada fraca, o cesto em mãos e para o rosto de sua mãe _espere só um segundo.

Dinah sorriu e balançou a cabeça, seu filho apesar de ter o gênio forte era extremamente calmo diante situações surpresas como aquela. Rapidamente ele deixou as roupas no quarto e voltou com esparadrapos, fez os primeiros socorros ao seu modo e enquanto a mais velha lavava suas mãos, a lâmpada do lado de fora estava sendo substituída por uma nova.

– Queria eu ter como problema uma lâmpada _murmurou desanimada, tirou da geladeira dois potes e os apoiou na pia _cuidado ai fora.

– Já terminei _ligou o interruptor _cheguei um pouco tarde hoje para colocar as cortinas... ah! Mãe, tenho algo para contar.

– Diga meu amor.

Ele repassou toda a conversa indo do sério para o sonhador em questão de segundos, a mulher ouviu apreensiva cada palavra enquanto preparava o jantar. Ao final de muito falatório fez alguns segundos de silencio.

– Bom, é claro que isso é uma ótima notícia _acariciou seus cabelos curtinhos _boa sorte e mostre pra eles como é forte.

– ...mas mãe, não temos condições para isso agora. Não estou sendo inconsequente.

– Eu sei, mas também sei que vivemos sempre fazendo escolhas e que você é meu filho, vai dar um jeito _olhou de relance para o próprio pulso esquerdo que no momento estava adornado por uma fina pulseira prateada _Daiki, quando vai ser o jogo de estreia?

– Ah... hum... _ponderou enquanto terminava de mastigar _começa amanhã, vamos conhecer os outros.

– Tem mais batatas na panela... _comentou distraída _se eu sentir que está caindo em alguma furada, vou ser obrigada a intervir.

– Claro, mãe! Não se preocupe que eu vou te contar tudo o que acontecer lá. Vá aos jogos! O Taiga vai ficar feliz em te ver.

– Eh, faz tempo que ele não vem aqui.

– Taiga... o que dou pra ele de presente de Natal? _disse para si mesmo.

Uma inquietação pesou em seu peito e na hora deixou sua atenção esvair do assunto principal no jantar, estava pensando em pedir o ruivo em namoro definitivamente. Claro que não usariam aliança nem nada do tipo, porém resolver aquela situação seria mais do que um presente.

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Taiga acordou cedo na manhã seguinte, a primeira coisa que fez foi consultar o whatsaap para responder o namorado uma vez que acabou dormindo no meio da conversa. Eles estavam eufóricos, mas o cansaço da semana tomou conta de si perto das duas da manhã; como previra deixou o moreno contando sobre o acidente de sua mãe.

Aquela era sua melhor oportunidade até agora, muito mais do que todas as escolas que consultou e contatos de sua ex-treinadora Alex, não queria voltar para o país de origem, sentia que ali era o seu lugar. Se conseguisse agarrar-se àquele time, em breve olheiros acabariam o convidando para times maiores. Uma ambição que não seria barrada tão facilmente.

Se arrumou rapidamente enquanto ainda sonhava com seu futuro, a escola e o vestibular ficariam esquecidos por enquanto, então deixou os livros fora de sua mochila. A única coisa que ainda o tirava do ritmo frenético do basquete era seu – quase – namorado, estavam juntos e ele não queria mudar nada no relacionamento, porém estava amadurecendo e acreditava ser melhor conversar sobre o futuro deles. Esperaria a noite de Natal, depois que a poeira abaixasse, para passarem uma noite especial juntos e guardar boas lembranças; não precisava de muito, só cada vez mais ter o carinho dele. Alcançou no fundo da mochila um panfleto sobre os fogos de artifício no bairro ao lado, um show de luzes perfeito para um encontro romântico.

Seu sorriso veio junto com as bochechas carmesins.

– Hey brother... do u still belive in one another?

Cantarolou sua musica preferida e, perdido na arrumação da casa, mais uma vez deixou o celular esquecido com as mensagens de Daiki.

2 meses depois.

Joey Mitchell se mostrou promissor, eles treinaram e ganharam muita força durante o período de avaliação, ficaram animados com o sorriso maior do que o rosto. Daiki não se esqueceu de suas responsabilidades e prestou a prova para a academia de polícia conseguindo passar na primeira fase com sucesso. Taiga continuou no time, depois da vitória no campeonato regional o próximo passo era uma rápida passagem na capital para um jogo não oficial contra a seleção de base; o sucesso enfim batera em sua porta. Naquele dia porém ambos não estavam preocupados com isso, a única coisa que fazia o ruivo sentir borboletas no estomago no dado presente se chamava Aomine que de fato estava atrasado. O show de luzes começaria em breve, tinham combinado se encontrarem um pouco antes da meia noite; véspera de Natal. O ruivo subiu o morrinho encoberto pela grama rasteira e se sentou, dali conseguia ver todo o lago e a parte mais baixa do bairro, o vento gelado que perpetuou durante toda a semana agora dera uma trégua deixando o clima ameno. Ao redor alguns casais, todos num murmurinho gostoso de expectativa, os sorrisos eram contagiantes.

Retirou o celular no bolso e discou mais uma vez para o moreno, a ligação caiu na caixa de mensagens.

– Onde você está? _disse por fim para o vento atraindo alguns olhares.

Não muito longe dali Daiki corria afobado por entre as inúmeras pessoas da estação de trem, a mochila presa num ombro só escorregava a cada passo mal calculado e mesmo para um atleta, o ar parecia rarefeito. Passou pela lateral do lago e avistou Taiga sentado um pouco acima, acenou.

– Taiga! _respirou fundo antes de abrir um sorriso _me desculpe... de verdade! _largou o corpo ao lado dele _os trens estão lotados... achei que seria rápido.

– ...trem? _o ruivo que já o olhava agora chegou mais perto inclinando o tronco para frente. Da casa do moreno até ali eram 10 minutos andando, não precisaria pegar trem nenhum.

– Antes de vir pra cá, passei na casa do Kise. Não achei que tudo viraria o caos em menos de meia hora. Ah cara... amassei _alisou a sacola de papel que estava segurando desde então, aproveitou também para roubar um selinho rápido _estava um verdadeiro pandemônio.

– Ah sei _olhou de canto para o embrulho _o show vai começar em 15 minutos, pelo menos chegou a tempo.

O tom de voz foi um tanto desagradável.

– Me desculpe, isso é pra você e como eu disse, amassou...

– I-isso é pra mim? Obrigado _se esqueceu instantaneamente de sua irritação, abriu o pacote com ansiedade encontrando dentro uma caixinha.

– Espero que goste... ah, feliz Natal.

Daiki não esperou o namorado descobrir o que tinha dentro da caixinha, o puxou pelo colarinho para um beijo apaixonado e entre carícias os fogos começaram tomando momentaneamente a atenção de ambos. Enquanto o moreno matinha os olhos fixos nas explosões coloridas, Taiga retirou a pulseira de aço e colocou em si mesmo, era bonita e leve. Gostou. Daiki tinha bom gosto para presentes, não era raro ganhar mimos dele apesar de saber que o dinheiro nunca fora muito em sua família. Gostaria também de saber o que o levaria a visitar Ryota Kise na véspera de Natal, afinal diferente de outros países essa data servia somente para casais, achou estranho e mesmo confiando totalmente nele não faria mal começar a noite com explicações mais detalhadas.

– Hey, me dá mais um beijo ao invés de ficar com essa cara fechada _murmurou o moreno em seu ouvido, o arrepio percorreu sua espinha.

A segunda parada da noite acabou sendo no apartamento do ruivo, com as ruas lotadas e a falta de paciência de Aomine, decidiram terminar tudo na cama de casal mais confortável do mundo. O sexo não foi afoito como geralmente acontece na primeira rodada, o misto de carinho e atenção deu a eles uma nova visão de sentimentos; não precisavam de palavras para se entenderem afinal. A conversa poderia ficar para amanhã.

– Amo você... _Daiki repetiu baixinho admirando o pulso do namorado, agora decorado com seu presente. Escolheu quando passava em frente a uma loja famosa perto da Toou, se lembrou que o americano era cheio de gostar de penduricalhos; dentro de uma gaveta, na cômoda, tinha anéis e correntes.

– Ops, cochilei _resmungou ao sentir os dedos do outro brincarem com seu cabelo.

– Pode dormir, amor.

– Hn... minha mãe ligará daqui a pouco...

– Onde está seu celular? _tateou o colchão _te acordo quando ela ligar.

– Obrigado _se aconchegou no peito de Daiki aproveitando para puxar a coberta _você está quentinho.

– ...é... seres humanos são assim.

A resposta vaga fez a mente do ruivo dar um leve estalo, chegou a erguer os olhos por alguns instantes antes de se render ao sono. Do que ele estava falando?

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O telefone fixo que estava sobre o raque era um dos únicos objetos ainda fora das caixas de mudança. Kise ligou a tv com o controle, mas seus olhos caíram sobre o aparelho inerte, se ficasse em silencio corria o risco dele tocar, certo? Por nada naquele mundo gostaria de ouvir o som traumatizante e insistente. A programação era um filme qualquer, se aconchegou dentre dois cobertores macios e muitas almofadas postas no sofá horas mais cedo. Fitou sem animo o vilão dar uma risada longa, o tédio sempre se tornava pior em dias como aquele.

Aomine tinha ido até sua casa para lhe dar condolências assim que soube da morte recente de uma tia, não foi nada que mexesse com o loiro de forma profunda apenas um aviso e que sua mãe esperava que ao menos enviasse um envelope. Ele estava voltando do velório quando topou com o amigo na estação, a roupa formal chamou a atenção de Daiki e foi assim que acabou sabendo do ocorrido; prometeu que voltaria no dia seguinte para conversarem melhor uma vez que estava extremamente atrasado para seus compromissos na Toou – como sempre. Daiki fora embora com o coração acelerado, pela primeira vez deixando de pensar em seu próprio mundo: se sua mãe viesse a falecer não seria nada, será que aquela mulher era alguém para o loiro? No dia seguinte não pensou duas vezes antes de parar na estação ao lado. Como esperado, seu rosto ainda estava abatido, explicou que sua tia nunca fora ninguém para se preocupar, entretanto o ambiente fúnebre o deixou apreensivo.

Uma mentira aqui, outra ali... que mal faria? De fato fora ao velório, o que decidiu guardar para si é que o encontro com sua família foi a causa de tanto sofrimento. Mãe, pai, irmã, primos. Não tiveram a menor compaixão.

Kise fechou os olhos por um instante, não importava o numero de cobertores, a sensação de calor do abraço de Daiki ainda percorria em seu corpo queimando cada pedaço de sua pele. Quando o viu parado na portaria as lágrimas brotaram no canto dos olhos e estendeu os braços mecanicamente, realmente não imaginou que seria capaz de tal ousadia e muito menos que o amigo corresponderia com tanto bom gosto.

– Daikicchi _murmurou ficando com as bochechas rosadas em seguidas, nunca o chamara pelo primeiro nome.

Depois de sua confissão, simplesmente o orgulho lhe subiu à cabeça. Não insistiu e voltou a falar com o amigo da forma mais normal possível mesmo que seu coração implorasse por humilhação.

Porém...

Porém ao vê-lo na portaria, com o rosto repleto de preocupação, deixou ser levado pelos sentimentos e mostrou seu lado fraco. Eles ficaram por alguns poucos minutos conversando, Kise jogou todo seu conflito na desculpa do velório se fazendo passar por um alguém realmente desesperado com a situação. Aomine o confortou como pode e partiu, estava atrasado para encontrar o namorado. Ao voltar para dentro do apartamento a solidão envolveu sua alma, queria sim ter seu amor correspondido e esse pensamento lhe dava raiva. Queria esquecer.

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– Gostou da pulseira? _Daiki perguntou o óbvio, pegou Taiga admirando o presente assim que abriu os olhos na manhã seguinte.

– Amei! Desculpe não ter comprado nada pra você _desviou o olhar por um momento, sempre que se sentia culpado fazia tal gesto.

– Deixa isso pra lá. Esses americanos insensíveis... _rolou os olhos na intenção de perturbá-lo.

– Idiota!

Taiga pulou em cima do outro e começou com uma pequena guerra de cócegas, ficaram na feroz batalha durante alguns segundos até o mesmo desistir. Ofegantes, o moreno o abraçou o forçando a encará-lo nos olhos.

– Agora me diga... uma coisa... _puxou o ar com mais força, Taiga sentiu que o aperto se intensificou _é sério agora, nós vamos continuar com isso?

– ...isso? Isso não é isso, é um relacionamento _se livrou de seus braços para encará-lo melhor.

– Namora comigo?

O ruivo sorriu.

– Claro, nunca pensei em voltar atrás com você. Só não gosto muito de dar nomes às coisas, sabe disso.

– Eu sei, mas... tipo, me sinto mais confortável assim. Sabe, as vezes parece que você não liga, outras vezes é super receptivo, fico meio confuso.

– Me desculpe, não quero que pense nisso ok? Podemos nos tratar como quiser.

Daiki suspirou, tão simples assim a mente daquele idiota? Mas ele não podia negar, estava apaixonado afinal e para sempre repetiria isso.

Taiga o tomou em seus braços chupando a lateral de seu pescoço, sentiu o ar quente em seu ouvido junto a um gemido de satisfação.

– Amo você, Daiki _resmungou _meu Daiki.

– Hum... amo você _respondeu embriagado pelas carícias .

A primeira transa do dia não pode ser mais demorada, só foram se recuperar perto do almoço quando os estômagos pareciam a beira de um colapso. Enquanto o moreno se distraia com os infinitos canais da tv paga, Taiga ficou responsável pelo almoço – Daiki até entendia de alguns assuntos domésticos, mas tinha mãos de ogro para a cozinha. Resolveu testar sua nova receita de strogonoff, já podia sentir o cheiro gostoso do alho.

– Meu cacete, que fome _resmungou.

– Amor, pega umas bolachas pra gente.

– ...hn, ah estão no meu quarto _largou a colher sobre a tábua de carne _calma ai vou lá pegar. Se não me engano tem um pacote na mochila.

– Isso está com um cheiro ótimo _bisbilhotou a panela onde o molho borbulhava calmamente.

– Pois é! Mas essa calmaria não condiz com a nossa fome _gritou do quarto _...Daiki vem aqui um pouquinho.

– AH?

– Vem aqui! _o chamou impaciente.

O moreno deu meia volta e rumou para o quarto.

– Que?

– Dá pra você vir até aqui? _colocou as mãos na cintura, fora obedecido com um resmungo.

– Que cara chato, o que você quer encosto? _e apesar da provocação, ambos sorriam.

– Me dá a mão _estendeu a sua própria, sem entender, o outro continuou seguindo suas ordens _...é usado, mas é de coração ok? Feliz Natal namorado.

O anel de prata não chegava a ser uma aliança, claro, porém serviu bem para o propósito. Daiki não soube como reagir de imediato, admirou a joia captando seu significado.

– Gostou?

– ...ah, lógico! Sério mesmo?! Que maneiro!!... ei, tem seu nome gravado no anel.

– Eu sei, mandei gravar, comprei em Los Angeles ano passado. Eles dizem que é moda ter o nome do lado de fora do aro, agora é seu.

– O-obrigado, vou usar _mordeu o lábio tentando refrear o sorriso besta que surgiu nos lábios.

– Americano insensível _ironizou enquanto o agarrava pelo colarinho.

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Notas finais do capítulo

Pra quem não abriu o link, ai está a capinha original



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