Até que o sobrenome pese... escrita por Gabs


Capítulo 23
Capítulo 22




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Meses Depois

 

Astoria já estava com um barrigão. Segundo Steve o parto estava próximo, provavelmente dentro de um mês.

Rose estava receosa. Quanto mais se aproximava do parto, mas ela ficava nervosa. Todos os testes com o dna da pequena Malfoy foram positivos, mas nenhum deles demonstrava se a poção a manteria viva por muito tempo.

...

A bolsa estourou em um encontro familiar.

Hermione estava tentando conectar as duas famílias. Sabia como era importante que tanto Scorpius quanto Rose se sentissem confortáveis com suas famílias.

Ronald e Scorpius continuavam na mesma. Ele não odiava o genro, mas não conseguia dissocia-lo da família Malfoy.

Hugo e Scorpius por outro lado estavam avançando, principalmente após Scorpius ajudar o cunhado a conquistar Emily - sua secretária.

Draco tentava ao máximo ser amigável com Ronald, mas o velho Weasley parecia não conseguir esquecer os erros do passado. Hermione por outro lado era sempre amistosa com ele.

As relações estavam em construção, porém Rose estava feliz. Quantas vezes brigou com Scorpius temendo encontros como aqueles, em que suas duas famílias estivessem juntas.

—Quero fazer um brinde a Rose. Nossas famílias se odiaram por bons longos séculos, nós três – Draco apontou para Hermione e Ronald – tivemos um passado com muita raiva, mas fico feliz que essa rivalidade, essa rixa morra conosco.

Draco declarou.

Ronald engoliu em seco. Sabia bem que aquele tipo de declaração por parte de Draco exigia dele uma reação parecida e por mais que ele quisesse não conseguia engolir seu orgulho, por sorte foi salvo por Hugo.

—Cuidado, senhor Malfoy. O divórcio pode causar ódio também.

—Hugo!

Exclamou Hermione claramente envergonhada, mas Astoria e Draco não pareceram se importar com o comentário.

—Querido – retrucou Astoria – quando você casar vai descobrir que o casamento causa ódio.

Ela gargalhava com sua própria piada quando sentiu a primeira pontada. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa para Rose, a ruiva já corria para o seu lado.

—Astoria!

—Uma pontada...

Tentou explicar ela para Rose, mas estava com muita dor.

—Vai ficar tudo bem, querida.

Draco lhe disse docemente segurando sua mão.

Mas os dois – Draco e Rose – se olharam de forma preocupada quando notaram o sangue descendo das pernas de Astoria.

Rose girou seu anel de medibruxa e sussurrou um feitiço.

Todos os medibruxos recebiam um anel daqueles para usarem em casos de emergências. Ele possuía uma espécie de portal que os levava com o paciente imediatamente para o hospital e aciona um pequeno alarme no hospital para avisa que chegaria um paciente em grave estado.

—Encontrem-me no St. Mungus.

Exclamou ela antes de sumir.

...

Por sorte Steve estava de plantão quando escutou o alarme. Ele correu para a entrada do hospital com o resto da sua equipe. Quando viu Rose com Astoria e percebeu o sangue percebeu que a situação era grave. Ela – o bebê – estava muito adiantada.

Rapidamente informou a equipe que seguiriam o plano Black – como ele havia apelidado os procedimentos que envolveriam o parto de Astoria.

Draco e os demais chegaram no momento em que Rose e Steve levavam Astoria para a sala de cirurgia. Em situações normais a levariam para um consultório e tentariam manter o máximo possível o feto com a mãe, mas aquela não era uma situação normal.

—Rose...

Draco tentou chama-la.

—Sala de cirurgia, Draco. Sala de cirurgia.

Gritou ela enquanto corria com o resto da equipe.

...

Ronald nunca pensou que veria Draco Malfoy tão abatido, mas ali estava ele. Quase não parecia aquele garoto arrogante que conheceu quando tinha 11 anos. Ainda lembrava de como Draco o olhou de cima a baixo com nojo naquele dia e disse: “Cabelos ruivos, vestes de segunda mão… Você deve ser um Weasley’.

Porém, aquele pequeno garoto tinha se transformado em um homem diferente. Sua filha pelo menos parecia pensar isso e quando o viu desolado não conseguiu sentir raiva ou ódio de Draco, sentiu pena. Por breves instantes ele perguntou pra si mesmo o que faria se fosse Hermione e Rose naquela situação. Provavelmente Ronald estaria do mesmo jeito. Talvez, pensou o ruivo – ele não fosse tão diferente daquela versão do Draco.

Um assustado Scorpius sentou-se ao lado de Draco e o consolou. Alguma coisa na forma como os dois estavam vez Ronald pensar que não era a primeira vez que aquela cena acontecia.

Hermione foi a primeira a agir, saiu atrás de alguma notícia com enfermeiras e pediu que Hugo buscasse café e água.

—Eles vão tirar o bebê. As enfermeiras disseram que Arturo e o resto da equipe de Rose foram designados com urgência.

Hermione comentou com Ronald.

—O que isso significa?

—Que talvez nenhuma das duas sobreviva.

Ela respondeu para que só Ronald pudesse ouvir. O olhar de Hermione entregava que as probabilidades disso acontecer são muito grandes.

—Será que eles sabem?

Ronald perguntou ao perceber como os dois – Draco e Scorpius – estavam abatidos deste que chegaram no hospital. Hermione notou o olhar do marido.

—Não sei. Talvez Draco saiba mais que o Scorpius. Mas deve ser um sentimento, infelizmente, comum para eles. Astoria teve Doença Black por boa parte da vida.

Ronald assentiu, mas nunca havia se tocado no quanto aquilo havia transformado as vidas de Draco e Scorpius. Quando pensava na doença que Astoria teve só pensava que ela sobreviveu em razão de uma cura milagrosa, mas nunca pensou sobre quantos anos ela viveu sem saber se veria o filho e o marido novamente. O mesmo com os dois, sem saber se teriam mãe ou a esposa.

—Vocês deveriam tomar um pouco de água.

Disse Hermione quando Hugo retornou. Draco pegou um copo e bebericou.

Scorpius sentou-se no chão. Ele sentia-se como se carregasse um mundo inteiro nas costas. Era incrível como tinha esquecido aquela sensação de extremo pavor. Sua mãe estava novamente passando por uma cirurgia de alto risco. E sua irmã também.

...

Steve ficou surpreso com Rose. Temia que a colega se sentisse sobrecarregada com toda a situação, afinal ela estava cuidando da sogra e da cunhada, a vida das duas dependia dela. No entanto, Rose estava agindo como sempre agia em uma sala de cirurgia, estava impassível, não se deixou abater e coordenava a equipe com maestria.

Felizmente eles conseguiram tirar a pequena bebê com vida. No mesmo instante Rose a levou para a sala ao lado. A equipe dela já tinha deixado tudo preparado.

Steve ficou cuidando de Astoria. Ela ainda estava instável e ele temia que pudesse existir complicações.

...

Rose pegou a pequena Malfoy em seus braços e com extremo cuidado a colocou na pequena cápsula que a ajudaria a respirar. Arturo se posicionou ao lado dela. Ambos estavam sincronizados, como se tivessem ensaiado diversas vezes.

Prontamente, assim que verificou se a cápsula estava ajudando com o oxigênio Arturo tratou de pegar a varinha e fez uma verificação no coração.

—Coração está estável. Podemos começar o procedimento.

Anunciou ele.

Em seguida fez um pequeno furo com a varinha no braço esquerdo da recém-nascida. Duas mulheres da equipe de Rose se revezaram para retirar uma amostra de sangue e a um liquido com tons violeta.

—Poção da Doença Black retirada com sucesso.

Arturo comunicou.

—Batimentos cardíacos?

—Caindo.

Informou-o.

Rose respirou fundo. Não havia nada que fazer a não ser esperar. Ela precisava conseguir sobreviver sem a poção da Doença Black no sangue.

Enquanto aguardam, as mulheres analisam a poção Black e o sangue retirados.

...

A pressão de Astoria estava baixa, sua temperatura estava perigosamente gelada. Steve estava começando a ficar desesperado. Geralmente quando algo do tipo acontecia em suas cirurgias Rose assumia, mas naquele momento ela estava em uma tarefa ainda pior.

Vamos lá, Astoria. Você já sobreviveu até aqui, pelo amor de Merlim não morra nas minhas mãos – Pensou ele quando criou um feitiço para aquecê-la, torcendo para a poção que administrara a pouco começasse a fazer efeito.

....

—Dna retirado.

—Batimento cardíaco ainda instável.

Arturo anunciou começando a ficar preocupado. Se os batimentos não estabilizassem logo eles a perderiam. O Dna não ficaria estável por muito tempo e eles estavam declarando a morte da recém nascida se aplicassem a poção com o dna inconstante.

—Rose, você precisa ver isso.

Chamou a Medusa - a assistente que analisava a poção retirada.

Rose ficou surpresa com o que via. Ela já havia analisado a poção Black de todas as formas possíveis, antes, depois e durante sua utilização, mas sua estrutura nunca esteve daquela forma. Aparentemente o núcleo da poção havia sido alterado. Provavelmente a poção era mais volátil do que ela pensava e sofreu mutações junto com a evolução da doença da recém-nascida.

Acontece que a doença começava de modo pequeno, atingia somente uma célula e aos poucos tornava-se mais forte e atingia novas células. Como a poção estava agindo desde o início ela acompanhou a evolução das células. É claro que ela não conseguiu inibir todos os pontos malignos, mas a forma como ela agiu causou uma mutação em seu núcleo.

—Arturo... a poção.

—Mas ela está instável.

—A poção.

Repetiu ela de forma mais firme.

Arturo pensou que o emocional finalmente tinha vencido e todo o semblante impassível de Rose havia se perdido na medida em que o bebê não tinha esperança. Ele achou e as outras pessoas da equipe também que aquela atitude dela era um ato de desespero.

Mas para a surpresa de todos eles Rose não juntou o dna retirado do sangue na poção ela misturou a poção da doença Black.

De repente, para a surpresa de todos a poção ficou roxa e parecia brilhar.

Rose sorriu como se finalmente tivesse entendido tudo e sua equipe percebeu que não havia desespero em seus atos, ela sabia o que estava fazendo e porquê fazia.

—Faço o furo?

Perguntou ele.

—Não. Vamos aplicar a poção diretamente nas partes afetadas.

Todos a olharam sem entender.

—Lance a versus punctum oppugnatum.

Ele sorriu entendo onde ela queria chegar.

Lançou o feitiço. E, logo todas as partes do corpo da pequena Malfoy foram iluminados, a parte mais afetada era o coração.

“Ele nunca ficaria estável”. Percebeu Arturo, admirando mais ainda sua chefe.

Com extremo cuidado Rose aplicou a poção em cada um dos pontos indicados. O que sobrou ela aplicou no sangue.

Agora eles tinham que aguardar. Torcer para a cápsula e a poção trazer algum resultado.

De repente, Rose percebeu o que mais o núcleo da sua poção significava e saiu correndo em direção a sala de Astoria.

...

Ao contrário do que imaginou ela estava surpreendentemente estável. Parecia muito cansada, mas ela tinha quase morrido.

—Ela está bem?

Perguntou Astoria quase sem forças.

Rose ainda estava a avaliando detalhadamente Astoria e percebeu que ela estava suando. A pressão dela havia abaixado?

 Pegou no braço se Astoria e sentiu a pressão dela. Lenta demais.

—Ela está bem?

Perguntou Scorpius.

Rose levantou o olha e pela primeira vez percebeu que Steve havia liberado que Draco e Scorpius entrassem para olharem Astoria.

—Não sei.

Respondeu Rose com sinceridade. A notícia devia ter elevado a pressão sanguínea de Astoria, mas ela ainda estava diminuindo.

—O que você deu pra ela?

Perguntou Rose par aSteve.

—Realizei o procedimento padrão para pressão e temperatura baixa.

Disse ele sem entender o comportamento de Rose.

—Preciso de Arturo. Agora.

Rose disse para uma enfermeira com certa urgência.

—Rose, o que está acontecendo?

Draco e Steve perguntaram.

—Ela está morrendo. Doença Black. A pressão dela não está baixa pelo parto. Ela está com os batimentos instáveis porque a doença atingiu o coração. Eu assumo agora. Preciso que você cuide dela. Observe os batimentos. Qualquer alteração me chame.

Quando escutou o que Rose dissera Arturo já começou a ajeitar uma mesa com todos os ingredientes para a poção.

—Mas isso é impossível!

Exclamou Draco.

—Draco, eu não tenho tempo para explicar agora. Eu preciso de vocês fora daqui.

—Eu posso ajudar, Rose. Sou medibruxo.

Ela suspirou fundo. Não queria mostrar para sua equipe que estava sim abalada com toda aquela situação. Havia um motivo muito claro para que medibruxos não atuassem nos casos de seus familiares.

—Pai, vamos deixa-la trabalhar.

Scorpius disse. Ele a conhecia demais. Rose evitou ao máximo não olhar para ele, sabia que não ia conseguir fingir para ele o perigo real que a mãe e a irmã dele estavam correndo naquele momento.

Assim que os dois saíram Arturo e as enfermeiras tentavam manter o ritmo cardíaco de Astoria o mais estável possível. Rose precisava correr contra o tempo.

A poção Black era uma das mais difíceis de fazer. Se eles não estivessem em um hospital provavelmente estariam perdidos. Infelizmente, a parte mais difícil não era a preparação dos ingredientes, mas o procedimento da própria poção.

Ela respirou fundo. Conhecia aquela poção como conhecia a palma da mão. Merlim, ela havia criado aquela poção. Respirou fundo novamente e começou. Torcendo que o tempo a ajudasse.

...

Quando Hermione viu Scorpius e Draco voltada percebeu o olhar desesperado de Draco.

—O que aconteceu? Elas estão bem?

Draco não disse nada, apensa sentou-se no chão e encostou a cabeça no joelho.

—Não sabemos. Minha mãe parecia bem. A neném nasceu, mas ela estava em outra sala com Rose. Depois Rose chegou, ela parecia... bom, ela disse que minha mãe estava com a doença Black novamente e nos pediu para sair da sala.

—Se tem alguém que vai fazer o possível e impossível para salvá-la é Rose.

Hermione disse tentando tranquilizá-lo.

—Hugo, vamos pegar alguma coisa para vocês comerem.

—Eu vou com vocês. Preciso sair um pouco daqui.

Scorpius disse.

—Mereço isso. Mereço perdê-las. Não fui uma boa pessoa. Você melhor que todo mundo sabe.

Draco declarou com lágrimas nos olhos.

—Você criou um bom garoto. Ele se orgulha de você. Meu pai diz que nem todo mundo pode ser só trevas. Ninguém é uma boa pessoa o tempo todo. Isso não tem nada a ver com os erros que já cometeu.

—Como pode ter tanta certeza disso? Como, logo você, pode dizer que isso não é um castigo do universo pra mim?

—Porque você nem de longe foi o pior comensal. Segundo, por mais que você acha que mereça seu filho e sua esposa não merecem. Além disso tudo, Rose gosta de ti. Ela não gostaria se fosse tão ruim como está pintando. Ela vai salvá-las. Eu sei disso. Tenho fé nisso.

...

— Versus Punctum Ppugnatum.

Lançou Rose. E como esperado o coração de Astoria estava completamente iluminado.

Com cuidado ela repetiu o mesmo procedimento que tinha feito minutos antes.

Mas como os efeitos da poção da doença Black já tinham efeitos conhecidos pelos anticorpos de Astoria a ação foi mais rápida e logo ela começou a se estabilizar.

...

—Como estamos aqui?

Rose perguntou para Steve.

—Acredito que ela está se estabilizando. O coração, o mais atingido, provavelmente ainda vai ficar assim por alguns dias. Enfeiticei a cápsula para ajudá-la também na circulação sanguínea, mas vou colocar enfermeiras verificando de tempo em tempo. Mas, após a poção surtir efeito teremos que procurar o sangue dela com o do pai e do irmão, provavelmente vamos precisar do sangue deles. Precisaremos tirar uma amostra do sangue...

—Já temos. Não utilizei o dna na poção.

—Suas assistentes me informaram. Como está Astoria?.

—Estável. A colocamos para dormir, ela precisa descansar.

—Você também precisa, Rose.

—Preciso informa-los.

...

Rose sabia que Steve estava certo, ela precisava descansar. Sentia a exaustão em seu corpo. Sua cabeça estava cansada, mas ela não iria conseguir descansar nem mesmo se quisesse, pois não conseguia deixar de pensar em Astoria e na recém nascida.

Quando encontrou Draco e Scorpius e contou que as duas estavam estáveis notou um suspiro aliviado do seu noivo e as lágrimas de esperança no rosto de Draco. Os dois a abraçaram agradecidos e emocionados. Rose nunca se sentiu confortáveis com os abraços dos seus pacientes, mas eles não eram meros pacientes eram sua família.

Pediu que Draco fosse com Arturo pra que testassem o sangue dele e foi com Scorpius para outro laboratório.

Scorpius nunca tinha conhecido a medibruxa Rose. Ele já tinha ouvido ela contar inúmeras histórias sobre seus pacientes e percebia a paixão pelo trabalho que havia nela, mas aquela era a primeira vez que de fato conhecia seu lado medibruxo e ele estava fascinado.

—Aurora, os preparos para testagem e análise sanguíneo.

Rose pediu para uma enfermeira morena quando chegaram à sala.

Scorpius sentou-se na frente de Rose, os dois ainda estavam em silêncio.

Ela estava usando todo seu autocontrole naquele dia, quase perdeu sua sogra e cunhada diversas vezes, no fundo o que ela mais desejava era deitar no colo de Scorpius e ficar lá até que tudo ficasse resolvido, mas naquele momento era ela quem estava resolvendo tudo.

Aurora observa os dois com curiosidade. O relacionamento entre os dois havia caído como uma bomba no hospital ninguém sequer suspeitava. Na verdade, a ideia de que Rose tinha uma vida pessoal era vista como absurda, afinal ela trabalhava muito e havia boatos que eles estavam juntos desde Hogwarts.

Todos adoravam Rose, ela era uma ótima chefe, sempre centrada, não se abalava com nada, mas muitos temiam que talvez ela não resistisse aquele grande teste... salvar sua sogra e cunhada seria (e provavelmente) estava sendo uma tarefa insuportável. Aurora presenciou a discussão entre Steve e Rose sobre a participação da ruiva na cirurgia.

Mas, ali estava os dois – Rose e Scorpius – aparentemente não havia nada de estranho, se Aurora não conhecesse a medibruxa provavelmente diria que se tratava de mais uma testagem como qualquer outra, mas ela – Aurora – trabalhava com Rose há muito tempo e sentia a tensão entre os dois,  provavelmente – deduziu Aurora – estavam loucos para se jogarem nos braços um do outro e percebendo isso ela saiu discretamente da sala.

Scorpius só percebeu que os dois estavam sozinhos quando Rose levantou-se para analisar o sangue dele. Sentia-se receoso em atrapalhar a concentração dela tal como nos velhos tempos, em Hogwarts, quando tinham prova e ela passava horas a fio estudando.

—Seu sangue não é compatível para realizar a transfusão.

Declarou após alguns minutos.

—Isso é a prova de que sou adotado?

Tentou descontrair Scorpius. Ela sorriu.

—Você é Malfoy demais para ser adotado.

Aquela frase proferida por qualquer outra pessoa soaria como um insulto, mas não por Rose. Quando ela dizia aquilo não se referia a todo o mal que a família dele um dia havia feito, mas nos pais dele, na sensibilidade e força de vontade de Astoria; na inteligência e ambição de Draco; e, principalmente no amor que Scorpius tanto recebeu dos pais.

Pela primeira vez desde que chegaram no hospital Scorpius acariciou o rosto de Rose, ela fechou os olhos apreciando a carícia.

—Não faça isso, Scorp. Estou tentando ser uma fortaleza aqui.

Confessou ela baixinho.

Os dois se encaram e ele entendeu o que ela quis dizer, eles sempre se entendiam.

—Não importa o que aconteça nós ainda seremos nós, apesar de tudo apesar de todos.

Scorpius declarou-se. Rose assentiu desejando dizer alguma coisa, mas sabia que qualquer coisa que falasse a faria chorar, ela estava por um fio.

O loiro lhe deu um demorado beijo na testa e quando se afastou, com intenção de deixar a sala para que ela pudesse se concentrar sentiu ela o puxando de volta.

Os dois se encararam mais uma vez. E ela o beijou.

...

Astoria despertou assustada. As últimas horas tinham sido intensas... lembrou-se da pontada, do sangue, do nascimento, de escutar choro da sua filha e principalmente lembra-se do aperto no peito.

Steve despertou do seu pequeno cochilo. Uma das enfermeiras foi informa-lo de que Astoria havia acordado

—Ela está bem? Por favor, diga que ela está viva, que funcionou...

Astoria perguntou chorando.

—Ela está estável. Houve complicações e não sabemos como ela vai reagir ainda, mas está estável.

—Graças a Merlim!

Exclamou ela sentindo-se aliviada, não totalmente, mas pelo menos ela ainda está viva.

—Eu preciso vê-la. E Draco, Scorpius...

—Calma. Vocês não podem vê-la ainda. Mas Draco e Scorpius já pedi que alguém os chamassem.

Astoria se acalmou e esperou pelo seu marido e filho enquanto Steve fazia uns exames de rotina para verificar se de fato tudo estava bem.

Assim que a viram Draco e Scorpius correram em direção a Astoria, os dois a encheram de beijos. Draco comentou sobre todo o medo que sentiu de perde-la e Scorpius confessou ter esquecido em como era ficar tão assustado por causa dela. Os três pareciam tão presos dentro da sua própria bolha como se já tivessem passado situações como aquelas várias vezes. E de fato haviam.

Astoria viu Rose os admirando na porta antes dos demais. As duas sorriram cúmplices.

—Como você está?

Rose perguntou em um tom doce ao mesmo tempo em que apertava às mãos de Astoria.

—Tão bem como poderia estar alguém que quase morreu.

—Quase. Ela não pegou você ainda.

Disse Rose para Astoria.

—Graças a você. Sempre você. Sei que não tenho o direito de pedi nada para você, mas eu poderia vê-la?

—Vou verificar o que posso fazer por você.

Rose disse baixinho para que se Astoria pudesse ouvir.

..

—Não.

Declarou Steve. Ele também não gostava da regra, mas tinha que respeitá-la era uma das normas do St. Mungs.

—Eu sei que é contra as regras, mas qual é... aquela criança é um milagre que não sabemos quanto tempo vai durar. Ela tem o direito de vê-la. Ela foi a única que acreditou desde sempre que chegaríamos nesse estágio.

—Você está tomando uma decisão baseada no seu lado emocional e sabemos. Foi exatamente por isso que eu não queria que participasse da cirurgia.

—Isso é injusto e sabe disso. Em nenhum momento desde que coloquei meus pés nesse hospital eu os tratei como minha família.

—Exceto agora.

Steve retrucou.

—Agora não é um momento crítico. As duas estão estáveis. A única coisa que eu vou fazer é mostrar pra Astoria a filha dela. Não faço isso porque ela é minha sogra. Ok, isso pode contribuir um pouco. Mas, não faço só por isso. Ela é uma mãe que acabou de ter uma filha impossível não é um ato humano impedi-la de ver a filha. Eu sei que pensa assim.

Steve sabia que Rose estava certa.

—10 minutos, Rose. 10 minutos.

...

Astoria não podia acreditar. Ela tinha conseguido! E, aquele pequeno serzinho era a prova daquilo. Os olhos dela se encheram de lágrimas.

Draco estava um turbilhão de emoção. Aquela bebê era sua filha. Scorpius não conseguia esconder sua felicidade quando viu sua irmã, ela era tão pequena, tinha poucos fios de cabelos loiros, parecia tão quebradiça, como se qualquer coisa pudesse machucá-la.

—Já escolheram um nome?

Perguntou Scorpius.

Astoria sorriu para o filho.

—Ela se chama Mary. Mary Malfoy.

...


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