Feelings escrita por Bia


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eie, pessoas!!! Voltei! Então, capítulo mais longo até agora rsrs
Mas embora tenha só mil palavras, realmente gostei desse capítulo, é uma lembrança do Sebs, ok? Nos vemos depois ;)



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8 anos.

Sebastian nunca fora considerado desobediente, gostava de fazer as coisas do seu jeito, mas as fazia. O problema era quando o proibiam de fazer algo. Odiava limites, odiava regras, elas não se aplicavam a ele: ele era diferente.
Era uma quinta-feira, seu pai havia saído, nunca avisava para onde ia ou o que iria fazer, sequer avisava que sairia, o garoto apenas notava sua ausência e pouco se importava. Não era como se fizesse muita diferença de quando ele estava em casa: silencioso, pouco se manifestava. Mas nesse dia havia percebido que ele saíra. Não ficou sem fazer nada, no entanto, passou a manhã estudando livros antigos em línguas pouco conhecidas atualmente, e cansou de ficar sentado, precisava se movimentar um pouco.
Saiu da biblioteca, clara e um pouco empoeirada, atravessou o corredor e subiu as escadas até o sótão. Não era um daqueles sótãos velhos e cheio de teias de aranha. Certo, era escuro, mas era limpo e organizado.
Não se demorou para andar até um armário quatro vezes maior que ele mesmo. Era quase um ritual: sótão, armário, armas. Ao menos duas vezes na semana gostava de treinar, gostava de manusear armas em movimentos rápidos e letais, adorava aprimorar seu talento.
Só havia um problema: suas armas favoritas ficavam quase fora de seu alcance: esticou o corpo e, com a ponta dos dedos, puxou a caixa grande e pesada. O objeto teria caído no chão, se não fosse a firmeza com que aquela pequena figura segurava.
Olhou para seu conteúdo, satisfeito, e pegou cerca de três adagas e duas espadas. Ia colocar a caixa de volta, claro que iria. Mas notou algo no fundo do armário, na prateleira tão alta quanto o caixote que acabara de pegar, estava distante demais para alcançar. Subiu na caixa de armas e pegou o objeto que o deixara curioso.
Era um livro, não tão velho, mas também não recém comprado. Colocou-o no chão e começou a ler:

“Livro 1.
Experimento comportamental.

Notas:
Acabar um experimento como esse em um único livro pode ser uma tarefa quase impossível, mas será necessária. O sigilo é essencial ou todo o trabalho será inútil. A droga já está pronta, com todas as substâncias necessárias para obter os resultados.

Capítulo 1:
1. É essencial que a droga seja injetada antes da gravidez, e continue sendo até o nascimento da criança. Faz três semanas que ela está no corpo de Jocelyn, e faz duas semanas que ela está grávida. As substâncias injetadas apenas farão efeito no bebê.
2. Já está com sete meses, Jocelyn está começando a sentir o efeito das drogas também. Mas não posso diminuir a dose, qualquer erro fará a experiência ser em vão, a cada mês, é aumentada a quantidade. Faltam apenas dois meses.
3. Ela já está começando a desconfiar, por sorte falta apenas 1 mês. As chances dela descobrir são mínimas. O feto consome toda a energia dela, há algumas semanas ela sequer se levanta da cama, isso está diminuindo a resistência do feto e impossibilita que a droga espalhe pelo seu corpo.
4. Nos últimos dias antes do parto, convenci Jocelyn a se locomover. A criança é perfeita, espero que se demonstre melhor na infância. Porém, Jocelyn o olha com um certo desprezo, finjo não perceber, ela aprenderá a amar o filho.
5. Nos primeiros meses, Jonathan está impulsivo e agressivo, já percebe o jeito de como sua mãe o trata e age de forma brutal. Possui facilidade em aprender.
6. Jonathan está cada vez pior, fica frustrado facilmente e lida com isso de forma quase inumana, gosta das coisas do seu jeito. Mas sua agressividade vem se destacando, sente prazer em derrubar ninhos de pássaros com ovos e vê-los quebrar. Viu um pássaro com a asa machucada e arrancou suas penas, gostando do barulho que o animal fazia.
7. Jocelyn desapareceu.
8. Jonathan demonstra estar satisfeito, mas não feliz.
9. O garoto está com cinco anos, em um acesso de frustração e agressividade, destruiu um pequeno cômodo: quebrou os vidros, arrancou parte do papel de parede, rasgou as cortinas, etc. Puni-o de forma leve, não é completamente sua culpa.
10. Sem alterações até agora. Jonathan continua sem saber lidar com a frustração e agressividade. Não possui autocontrole.”

O garoto pulou algumas páginas em branco. Encontrou mais algumas informações, inclusive uma foto de uma mulher de aproximadamente vinte e tantos anos: ruiva, pele pálida, olhos verdes, traços belos. Havia um nome ao lado da foto colada: Jocelyn Morgenstern.
Sentiu uma onda de confusão ao ler o livro, mas percebeu o quanto era importante e significativo para seu pai, tanto que ele fez um livro sobre ele, falando de suas experiências com o filho, exceto por ele dizer que o garoto está cada vez pior, Sebastian sentiu uma onda de orgulho: sentia-se importantíssimo para o pai.
Iria passar para outra página, mas a porta abriu com violência e um homem de cabelo prata, com expressão furiosa e passos largos e decididos foi até ele.
...
Sebastian não chorou, quer dizer, derrubou quatro ou cinco lágrimas, mas se conteve. Estava deitado há meia hora, esperando a ardência nas costas passar. Passaria logo.
Suas costas estavam com cortes profundos, como se um animal grande e violento com garras mortais o tivesse atacado: marcas de chicote. Paralelas pela habilidade do pai com a arma. Após isso, Sebastian por si mesmo, foi ao banheiro e passou água oxigenada, para descontaminar, e outro tipo de químico, para curar mais depressa o ferimento.
Não seria fraco, mostraria o quanto resistente era, nascera assim, e assim seria. Tinha ciência do desprezo da mãe, aquela vagabunda. Tudo o que ele é, tinha orgulho disso, seu pai tinha orgulho de seu “pequeno experimento”, e não precisava daquela mulher, nunca precisaria.
Se encarou no espelho, viu o quanto parecia frágil, se odiou por isso. Lembrou-se das lágrimas derramadas e pegou sua lâmina, fez dez linhas finas de sangue em seu antebraço esquerdo: o dobro de lágrimas que havia derramado. E mais duas por parecer fraco. Deixou a lâmina ensanguentada cair na pia, com seu sangue quase negro e olhou para si mesmo, seu reflexo desafiando-o a ser fraco novamente.
As marcas desse dia nunca o abandonaram.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram do capítulo estilo memória ou "Bia, para que tá feio"? Me digam se querem que eu continue com capítulos assim. Beijos, até a próxima :)



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