A Galinha Psicocótica escrita por abelho, Jaded


Capítulo 12
Mais vale um Pombal na mão...


Notas iniciais do capítulo

Olá queridinhos! Tia Jaded está de volta trazendo mais um capítulo para vocês, espero que gostem :3 muito obrigada a todos que estão nos acompanhando, mesmo os tímidos que não deixaram comentários, haah ♥



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Jessie teve cerca de uma hora e meia até chegar a casa de Pombal, isso por que o delegado decidiu parar na sua churrascaria favorita, famosa por sempre ter frango assado a qualquer hora do dia (e as vezes até da noite): Zé do Bode. Nossa heroína galinácea reconheceu o cheiro de seus parentescos assando rapidamente, o que só fez com que sua ira e desejo por sangue apenas aumentasse. “Cocó cóco có coo [meu deus, acho que aquela era a Galirtrudes! Minha prima!]” pensou Jessie, de bico aberto de espanto ao pensar reconhecer uma das aves que assavam, a gordura pingando no fogo; “có cóco có! [ele vai ver só!]”, e tornou a se esconder, pois percebeu que Pombal já voltava carregando algum pobre e desafortunado frango embalado numa sacola de higiene duvidosa. Do restaurante para a casa de Pombal eram apenas 15 meros minutos, tempo de sobra para Jessie planejar como faria para aniquilar seu problema com nome de ave e de marquês¹. Durante os sacolejos da estrada, ela acariciou sua Ginsu 2000 e fitou seu reflexo, mexendo a cabeça galinaceamente; ela sabia que a hora iria chegar a qualquer momento e, ela não tardou a chegar realmente.

Pombal desceu do carro rapidamente, deixando-o displicentemente aberto e levando seu delicioso jantar para dentro de casa. Ele já havia decidido o que fazer desde antes de chegar em casa: tomaria um banho, comeria seu delicioso frango assado e ligaria para Prata, informando as novidades do caso e perguntando se ele teria alguma. Na mente do homem ainda era custoso acreditar que uma inocente galinha havia feito tudo aquilo, mas, por mais impossível que aquilo tudo parecesse, as evidências apontavam para uma realidade muito mais estranha do que a ficção. O homem deu de ombros, decidido a só pensar nisso durante a ligação para Prata; era a hora de tomar um bom e merecido banho para tirar aquela inhaca de macaco morto a tabefe². Deixou o jantar em cima da mesa e foi para o banheiro deixando as roupas pelo caminho.

Enquanto isso, Jessie esperava pacientemente no carro, pois sabia que logo Pombal iria se distrair e esse seria o momento: ela não havia se tornado uma galinha assassina fria e sanguinária a toa, paciência era uma virtude e ela sabia, a julgar pelo comportamento de Pombal, que havia sido displicente nos crimes anteriores. Pois bem, não cometeria os mesmos erros novamente. Devagar, ela saiu de trás do banco do motorista, onde estivera se escondendo todo esse tempo, e pulou para a janela aberta do carro, empoleirando-se elegantemente e virando a cabeça para um lado e outro a fim de ouvir melhor: podia ouvir o barulho de água, o que dava algum tempo para ela. Ela voou tranquilamente até a porta de entrada da casa e, com outro gracioso voo, abriu a porta e, desta vez, teve o cuidado de dar uma ciscadinha para trás a fim de fechar a mesma; ela estava séria: não cometeria mais erros, não deixaria pistas. Jessie aproveitou que Pombal estava no banho para conhecer melhor o terreno onde lutaria: examinou cuidadosamente a sala e a cozinha, pensando onde poderia se esconder (não que isso importasse realmente) e como poderia emboscar Pombal o mais rápido possível. Dessa vez o serviço teria de ser limpo e rápido. Porém, foi quando Jessie estava distraída, examinando o terreno, que Pombal saiu do banheiro semi-nu, envolto apenas em uma toalha, e fitou aquela criatura penosa no meio de sua sala.

—Arri ema, uma galinha- ele murmurou para si mesmo, lançando um olhar de estranheza para Jessie, que quase deu um pulo surpresa, por ter sido pega no flagra. Imediatamente, a galinácea começou sua encenação de inocência, ciscando de um lado para o outro e escondendo a faca: se tinha de ser assim, assim seria.

—có cocó có  cóo coo cócó(sim, só uma inocente galinha)

—Mar minha nossa senhora do pepeu³ do socorro, comu é qui esse bixo deu de ví pará aqui? – e ele saiu caminhando displicentemente em direção a seu frango assado, dando as costas para Jessie – Arri, qui devi de tê vindo do sítio... amanhã eu vorto lá e dêxo. Bixo doido.

Pombal preparou-se para jantar, pegou os pratos e os talheres, e Jessie preparava-se igualmente conforme sua vítima de distraía cada vez mais com a sua última refeição.  

Jessie sacou a faca, mantendo-a escondida dos olhos de Pombal, e pôs-se a aproximar-se lentamente, planejando dar um voo baixo e rápido e acertá-lo por trás, bem entre as omoplatas; seria um golpe certeiro e garantiria uma morte rápida (rápida até demais para o gosto de Jessie). Quando Jessie estava próxima o suficiente para dar seu voo o telefone de Pombal, que estava ao lado do frango assado, tocou e ela precisou se conter um instante.

—AAh! Cumpadi Prata! Mais num é qui eu ia ti ligar, minino!- Pombal atendeu, feliz.

—Pombal, é urgente, descobri mais fatos importantes sobre o caso... eu, eu não sei mais o que pensar, Pombal...

—Oxe, mas o que é que ocê discubriu de tão terrívi assim, ômi, disimbuxe!

—Eu revi os dados das autópsias das primeiras vítimas e, Pombal, havia marcas de ciscada na segunda! E a Primeira, a pobre senhora Mugunzá! Eram... eram bicadas, Pombal!

Jessie ouviu a última declaração muito bem, foi quando percebeu que precisaria agir, pois dentro da cabeça lesada de detetive caucaiense de Pombal ele já deveria estar fazendo as contas e chegando ao resultado correto:  ele estava a sós com a assassina. Pombal fez menção de virar-se para ver onde a galinha estava, a adrenalina tomava conta de seu corpo peludo e já suado, porém, tudo o que ele viu o lampejo da Ginsu 2000 vindo contra seu rosto e o farfalhar das penas num voo alto e certeiro: a faca passara por seu rosto, cortando parte de seu nariz e lábios e se alojara firmemente, sendo cravada no meio de seu peito. Ele ainda teve tempo de emitir um “uuaaaaargh” assustador e alto que foi logo sufocado pelo gorgolejar do sangue se esvaindo de seu corpo. Deixou o celular cair e seu corpo pesado obedeceu a lei da gravidade e foi ao chão, espatifando-se em uma poça de sangue que tornava-se cada vez maior.

—Pombal! Pombal! Você está aí, Pombal?!!

Prata ficava cada vez mais preocupado. Nos confins de sua mente já havia imaginado esse desfecho, mas ele nunca imaginou que aquilo seria possível; sim, havia subestimado Jessie e agora sentia o peso de seu erro cair sobre si – e sobre seu amigo morto.

—Pombaaaal! – ele gritava, desesperadamente, ao telefone, esquecendo-se de chamar uma ambulância.

Ele permanece gritando até que, em meio a sua voz trêmula, ele consegue distinguir um som longinguo e conhecido:  os cocós vindos de Jessie... então, ele respira fundo, tentando recuperar a postura e a calma para poder ficar frente a frente com aquele inimigo formidável:

—Galinha, é você?- ele pergunta, trêmulo. Jessie responde apenas com inocentes cocós.

—Eu sei o que você está fazendo, galinha! Eu tenho provas! E quando eu te encontrar, eu vou fazer canja com você! Eu irei atrás de você até o fim do mundo se for preciso!

Jessie soltou uma risada meio humana, meio galinácea, que gelou Prata até os ossos... ela se aproximou do telefone e disse, num tom suave e ameaçador:

—Se me atacar, eu vou atacar.


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Notas finais do capítulo

1) Nome de ave e de marquês: nem preciso falar sobre a ave, né amores? Mas sobre o marquês, estou falando do Marquês de Pombal, protagonistas das reformas pombalinas, que modificou o sistema de ensino no país entre outras coisas (história do Brasil, amorecos).

2) Cheiro de Macaco morto a tabefe: nunca ouviram a expressão? É para dizer que algo fede muito, tipo, insuportavelmente

3) Nossa sinhora do Pepeu do Socorro: Nossa senhora do Perpétuo Socorro e sim, tem pessoas que falam assim :3

4) a Icônica ultima frase



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