Rain escrita por LyaraCR


Capítulo 8
Capítulo Oito


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, mais uma vez atrasando por vários motivos. Um deles foi o fato de que minha mãe cortou o olho - mas está tudo bem, o oftamologista garantiu - e meu peixe Betta, Auron, andou bem doente... Ah Deus, isso é mais difícil do que criar histórias... Primeiro Íctio, depois Oodinose - a doença do veludo - e agora a Doença do Algodão.. Imagino se um dia eu tiver um filho e ele adoecer... É sério, não tenho o mínimo controle sobre o pânico que certas situações me causam, mas fazer o que não é mesmo? Ir em frente e ver no que vai dar!

E S P E R O Q U E G O S T E M D O C A P Í T U L O !



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Seus batimentos eram lentos, ao mesmo tempo que pareciam rápidos demais anunciando a perdição. Doces paradoxos, doces mãos que o guiaram até o quarto escuro o bastante para esconder seu medo, sua vergonha de estar desejando mais que nunca profanar aquele corpo... E sim, estava deixando-se levar demais. Tomou os pulsos finos do outro com apenas uma mão, dominando-o, beijando-o com selvageria o bastante, sentindo uma das pernas dele se levantar e atrever-se a incitar movimentos, enlaçando-se em sua cintura... Droga, não teria como se perdoar por isso, assim como não teria por que parar agora, não teria um motivo convincente o bastante.

— Tomi... Te quero...

Ele disse, aqueles belos lábios de cetim longe dos seus, mas por pouco tempo. Colou-se a ele, e como corpos sem autocontrole, tombaram. A cama estava macia demais, mas não tanto quanto aquele corpo que tinha o prazer de se sujeitar aos seus toques.

Mordeu o pescoço pálido, de um modo voraz o bastante para deixar uma marca assustadora. Ele gemeu e arqueou o corpo sob o seu... Nada agora o faria parar... Parecia estar se incendiando pouco a pouco, se fosse possível queimar ainda mais.

Levantou-se por um instante, assentando-se sobre os quadris dele enquanto arrancava sua camisa. O ar gélido do quarto fez seus pelos eriçarem, e logo estava sobre ele novamente, deitado entre as pernas abertas, convidativas, beijando-lhe a boca, o pescoço, escutando-o gemer de um modo praticamente contido... Não havia mais mundo do lado de fora daquela situação. Os corpos desfrutavam, ambos, da mesma febre, da mesma respiração descompassada, da mesma e imensa excitação.

As mãos delicadas foram em direção ao pouco que restava de suas vestes, incitando-o, fazendo com que se desfizesse delas, de um modo rápido, modo que o levou a queimar quando os corpos se encostaram do modo proibido, daquele que vinha tentando evitar, afastar, dada sua carga de erros, de pecados.

Deus, se sentia tão sujo ao beijá-lo, ao saber que aquele momento era o momento e que não tinha como salvá-lo de sua pessoa, não mais...

Ousou tocá-lo, enquanto beijava a boca do mesmo, mordendo, acompanhando a selvageria quase que descabida do mesmo. Não tinha como sequer imaginar antes que ele seria assim numa hora dessas. Pelo que sua mente insistia em dizer, ele seria calmo, e mereceria amor puro, romance, não o que ele parecia clamar por agora.

Quis que as coisas fossem do modo mais doce, mas logo se viu impedido.

— Não... Eu quero sentir...

— Bill.. M-mas..

— Por favor, Tomi... Quero que me marque como seu, e quero que faça isso como eu quiser.

Bastou. Se ele queria, mesmo que no interior de seu peito ainda houvesse relutância, nada podia fazer, e enquanto aquelas unhas longas insistiam em arranhar sua pele, adentrava seu corpo devagar, contrariando certa parte das ordens dele, tentando poupá-lo de ainda mais dor. Sabia o quanto ele estava sentindo, mas sabia também pela expressão na face perfeita, que ele estava gostando, que ele queria mais, mais e mais.

As pernas ao seu redor o prendiam a realidade, porque podia senti-las. Era como mais um de seus sonhos rotineiros, perfeitos, seus contos de fadas que todas as noites vinham passear por detrás de seus olhos fechados, com a diferença de que agora, era real. Ele estava ali, os olhos lacrimejantes, a expressão levemente dolorosa, o corpo quente, a voz baixa clamando por mais… Estava pertencendo. Estava gostando de pertencer, ao mesmo tempo que tomava de assalto toda a alma, todo o coração do gêmeo mais velho...

E ambos podiam jurar... Aquele momento seria eternizado em suas mentes, em seus corações...

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Já estava escuro do lado de fora, e depois de muitos dias, podia-se enfim ver um céu estrelado. Tom estava assentado no sofá da sala, uma garrafa de whiskey em sua frente e o maior arrependimento do mundo corroendo seu ser; Deus, como pôde?! Se sentia como um assassino agora. Era a inocência de seu irmão que havia tirado com seu corpo imundo de pecados, com sua mente perversa... E ele... ainda havia dito que o amava!

Algumas lágrimas escorreram por sua face; Só esperava que as coisas não piorassem, só esperava que Bill não descobrisse de seus problemas com Georg... Já era perigoso demais antes do que fizeram hoje. Agora, podia destruir a vida dele junto a sua ao mínimo sinal, bastava uma palavra. E sabia, agora Georg seria uma ameaça ainda mais poderosa. Por Deus! Onde estava com a cabeça quando se deixou levar? Queria deitar no asfalto e ser atropelado por um caminhão ou coisa parecida. Certamente se sentiria melhor do que agora... Doeria menos do que se olhar no espelho e saber que todo esse tempo estava enganando Bill, omitindo o que, se caso houvesse contado, não estragaria com tudo, porque sim, tinha certeza: ao menor sinal de revolta, ele contaria para Bill... e de repente, tudo pareceu se tornar ainda pior... se lembrou do fato de mais cedo... contariam para Gustav, e Gustav havia passado o dia ao lado dele... Deus... Se Georg quisesse, agora poderia manipular toda a banda, e sim, ele parecia um ditador, um monstro, o Deus de seu próprio mundo...

“Por que Deus, por que eu fui tão impotente a ponto de deixar as coisas chegarem a esse extremo?” Questionou-se em pensamento. Se sentia doente por dentro, débil o bastante para ser capaz de apenas ver as coisas desabarem ante seus olhos, ver Bill desabar em pouco tempo ante seus olhos, ante suas mãos atadas.

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A noite estava perfeita, além de todo o seu dia, claro. Há muito não se sentia como agora... Sua vida sob controle, do jeito que sempre desejara... Ah, tudo estava tão bom... Mas podia sentir, ainda faltava algo...

Olhou a sua volta. Suas mobílias de luxo estavam tão vazias! Ele havia ido embora há pouco. Viera até sua casa, intenções tão puras quanto as do próprio diabo... Sorriu. Precisava fazer algo que o deixasse ainda mais feliz.

Assentou-se na cama imensa como uma princesa o faria. Soterrado dentre alguns edredons, alcançou um dos CDs da própria banda. Observou a capa. Seu transtorno compulsivo por realização de idéias mal-intencionadas se fez presente mais uma vez... Aqueles olhos expressivos pareciam, mesmo numa foto, tão cheios de vida! Eram tão diferentes dos do outro... Tão... promissores ao mesmo tempo que angelicais... Não, não podia pensar nisso... Já lhe bastavam os problemas com o outro irmão. Já lhe bastava Gustav. Já lhe bastavam todos os outros problemas disponíveis em seu caminho.

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Se deitou. Ele estava tomando banho. Mesmo que querendo manter-se afastado, era claramente impossível, porque o cheiro doce que se desprendia do mesmo era tóxico, conseguia hipnotizá-lo apenas por um olhar. Nem mesmo palavras e ações eram necessárias. Estava nervoso, batimentos acelerados e descompassados. Podia ouvir a água cair sobre a pele de porcelana e Deus, como queria ver isso ante seus olhos, como queria tocar naqueles cabelos negros enquanto molhados, como queria fazer com ele agora, justo onde ele estava...

Se levantou. Seus passos foram lentos, imprecisos, indecisos. Queria parar, queria ter forças o bastante para se controlar, mas ele era como o sol, você pode até viver sem ele, mas chega uma hora, você sucumbe a todo o brilho e calor, sua vida depende disso...

Tocou a maçaneta. A porta não estava trancada. Era como se estivesse esperando, e isso o fez sorrir de canto, enquanto via a imagem do mesmo ser revelada pouco a pouco, atrás daquele vidro escuro, dentre uma densa camada de vapor, dentre todo aquele aroma doce, provocativo.

O viu olhar por cima do ombro como num convite subentendido. Seu corpo se arrepiou ao ver uma cópia de seu próprio sorriso escarninho na face do mais novo. Ele o estava chamando apenas com o olhar, e mais uma vez, deixou-se sucumbir com todo o prazer do mundo, sem nem mesmo se lembrar quem era naquele momento, ou ao menos quantos problemas o cercavam.


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Notas finais do capítulo

Continua...