Rain escrita por LyaraCR


Capítulo 5
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Gente, depois de séculos sem atualizar, estou tomando vergonha na cara e retomando Rain. Andei relendo essa fic e bom, acho que ela merece seguir em frente, não só pelo roteiro e para finalmente terminar, mas sim por todos os fãs que estavam acompanhando, inclusive eu xD Espero que gostem do quinto capítulo!



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Já estava claro lá fora. As cortinas fechadas faziam a atmosfera da noite ainda pairar sobre eles. Estavam ainda se acariciando, agora com menos voracidade. Apenas toques leves, beijos macios, cheios de sentimentos. Não queriam dormir, e não, não haviam consumado tal pecado. Não totalmente. Não consideravam pecado tocar os corpos até derramarem-se um pelo outro. Tom acolhia Bill contra o seu peito, quem com os olhos fechados dedicava-se aos outros sentidos, como gravar o cheiro do mais velho, como gravar a textura de sua pele, como gravar os contornos de cada músculo.

 

Era estranho. Fazia com que temesse um fim, com que sentisse como se fosse a última vez de algo que para ele valia sua vida. Deixou de pensar nisso quando o telefone tocou. Abriu os olhinhos castanhos que ainda demonstravam certa luxúria e os deixou sobre Tom, quem atendia não muito interessado.

 

— Sim...

 

A voz sonolenta o bastante para espantar toda e cada intenção daquele quem estava do outro lado da linha, fosse quem fosse.

 

— Tom... Sou eu.

 

Os olhos do mais velho arregalaram-se por segundos, antes do mesmo refrear suas emoções e agir normalmente.

 

— Eu sei quem é. O que quer a essa hora?

 

— Eu não sei... Talvez... só falar com você.

 

— Não acha que está cedo demais?

 

— A única coisa que não acho, é que você não está em posição de ser rude dessa forma...

 

Isso fez com que Tom repensasse. Bill o olhava estranhado. Era raro ver o gêmeo assim, e algo dentro de seu peito dizia que as coisas não estavam bem... A mesma coisa estranha que sentira quando estava vindo embora com o mais velho na noite anterior. Respirou fundo e levantou-se. Estava completamente nu, o que fez o mais velho por um momento parar de falar, de concentrar-se no maldito aparelho e no maldito amigo do outro lado da linha... Não tinha como evitar... Aquela pele de porcelana completamente arrepiada por causa do frio, os cabelos longos, disformes, soltos, caindo contra as costas um pouco largas... Bill parou na porta, apenas para olhar por cima do ombro e sorrir de canto. Talvez malicioso, talvez não. Desapareceu dali.

 

— Você por um acaso está ouvindo?

 

— Não.

 

Foi sincero.

 

— Então acho bom que escute. Quero que converse com ele, quem provavelmente passou a noite nos seus braços, e venha até o estúdio hoje, no horário de sempre, contar para o Gustav.

 

— Como?

 

— Você ouviu o que eu disse. Sem segredos entre nós, querido.

 

— Que merda você pensa que tá fazendo? — Tom exaltou-se — Você não tem esse direito!

 

— Acho que na situação em que nos encontramos, sim, eu tenho. Você não quer que seu romancezinho pecaminoso se acabe e vá para a mídia, quer?

 

Tom sabia do que ele falava. Isso causou um calafrio desconfortável em seu ser. Droga... Era mestre em se enrascar. Principalmente quando isso incluía o simples fato de ser ameaçado.

 

— Certo Georg... Se é o que deseja...

 

Finalizou a chamada e perdeu mais alguns minutos ali, torturando-se perdido em pensamentos. Não sabia o que fazer. Estava realmente em maus lençóis. Talvez Bill não quisesse compartilhar o segredo ou o que quer que estivessem tendo, talvez fosse má idéia contar à Gustav, quem provavelmente surtaria com isso...

 

---

 

Estava no banheiro. Colado à porta. Algo lhe dizia que aquela conversa de Tom ao telefone não acabaria bem para nenhum dos dois.. Temia. Suspirou e deixou-se caminhar até o chuveiro. O ligou, e então, mais uma vez, estava se banhando enquanto pensava no irmão. Era doloroso em certo ponto não saber. Não queria pressionar, não queria intrometer-se nos assuntos dele, mas era assustador ficar de fora dos mesmos... E.. sobre tudo o que vinha acontecendo.. Quando será que Tom tomaria coragem de falar com ele? De ao menos pensar em definir o que estava se passando entre eles? Era estranho. Queria que fosse normal, queria que ele tirasse ao menos um momento para dizer o que estava acontecendo, para definir o que era aquilo, o que estava se passando. Certo que sabia que Tom não iria chegar e pedi-lo em namoro como se fosse uma garota, ainda mais pelo fato de serem irmãos, mas mesmo assim, no fundo, no fundo, desejava que o fizesse...

 

Suspirou e concentrou-se em terminar seu banho depressa... Estava ansioso em sair logo dalí e poder abraçá-lo. Talvez até mesmo conseguir o que queria, conseguir que conversassem de modo sério...

 

Surpreendeu-se minutos depois, quando terminava de amarrar o roupão, dessa vez preto, com o outro adentrando o banheiro, já de banho tomado, vestido com uma roupa de ficar em casa, os dreads soltos, molhados, adornando seu ser.

 

— Tomi...

 

— Bill, precisamos conversar.

 

Foi tudo o que disse. Ao mesmo tempo em que o mais novo sentiu-se feliz, seu pobre coração acelerou como um carro desenfreado, temendo que, pela expressão de seu gêmeo, as coisas não fossem... tão agradáveis. Tom parecia tenso demais. Assuntos irritantes, perigosos como este que decerto queria tratar o deixavam assim, diferente.

 

Afastou-se apenas o bastante para voltar-se à qualquer lugar que não fosse seu gêmeo, olhando para o nada, completamente atordoado. “Melhor que doa de uma vez...” Pensou, enquanto suspirava e, mais uma vez, insistia mentalmente consigo mesmo para que sumisse dali.

 

— Bill, é importante...

 

— Tudo bem, pode dizer...

 

Voltou-se ao mais velho. Ele então se aproximou. Tomou os dedos delicados entre os seus, como se quisesse transmitir uma segurança que nenhum dos dois tinham naquele momento.

 

— Olha... Georg me ligou reclamando... e... dessa vez foi sobre nós, sobre o fato de mantermos essa... coisa toda em segredo. Quer que contemos à Gustav.

 

— E-eu sei Tom, mas... nem mesmo nós sabemos o que tá acontecendo...

 

Olhou para baixo, exasperado. Tinha medo exatamente do que, sabia, viria à seguir.

 

— Bill, me escuta... Você sabe que o que rola entre a gente é errado o bastante para nos destruir de uma só vez, não sabe? Tanto a banda quanto nossa família, ou o pouco que resta dela...

 

— Eu sei...

 

— E mesmo que a gente tentasse manter em segredo, não duraria muito... Tanto pelos fãs, ou por nosso comportamento... Eu não sei... Então, mesmo que a gente não saia por aí se exibindo como a gente faz aqui, você sabe que a gente precisa contar para o Gustav...

 

— Eu entendo Tomi! Mas o que quer que a gente conte se nem mesmo definimos o que tá rolando?

 

— É simples Bill... Ele quer uma definição, e eu acho que nós temos que dar isso para ele. Então, eu vou perguntar uma vez: O que a gente tá tendo Bill?

 

O mais novo deixou-se tremer nas bases. O que diabos era aquela pergunta? Seus olhos se arregalaram levemente e sem nem mesmo perceber, seu corpo esquentou por dentro, um temor forte e perigoso demais para seu pobre ser.

 

— V-você quer que eu defina isso?

 

O mais velho apenas fez que sim com a cabeça. Bill sentiu-se imensamente feliz com tudo o que estava acontecendo, ao mesmo tempo em que se sentia amedrontado o bastante para querer, mais uma vez, sair correndo dalí.

 

— E-eu... — hesitou por um instante, até sentir a mão de Tom acariciar seu braço de forma sutil, como se o incentivasse a prosseguir — Não sei Tomi... Talvez... Olha, eu não posso dizer que nós estamos tendo um caso, soaria estranho demais, mas também não posso dizer que somos mais que... eu não sei, irmãos...

 

— Bill, por favor, decida ou não decida, mas não deixa as coisas continuarem assim... Ele tá me pressionando, acho que você entende...

 

O mais novo respirou fundo mais uma vez naquele pouco tempo...

 

— Tudo bem... Olha Tomi... O que eu vou dizer pode soar quase impossível, pode ser a personificação clara e evidente do pecado, mas se ele quer uma resposta, acho que deve dizer que estamos juntos.

 

— Bill, ele sabe que estamos juntos... Eu queria dizer talvez que... a gente... — diante daquela situação, de Tom completamente embaraçado, Bill não pôde deixar de rir. O outro o olhou estranhado. Mesmo assim, teve que continuar — Está namorando...

 

O riso do mais novo cessou na hora. Por que diabos se sentia tão feliz e ao mesmo tempo tão chocado por dentro? Tinha certeza de que sua cara mostrava a confusão que passava dentro de seu ser. Precisava falar qualquer coisa, caso contrário, Tom poderia entender de forma negativa e, de uma só vez, a coisa toda que parecia estar se acertando desabar.

 

— T-tudo bem... E-eu.. Não posso ir contra isso. Eu também quero, e sei que a gente, mesmo que você não queira, precisa de uma palavra pra acalmar os ânimos do Georg...

 

Tom apenas se aproximou e o abraçou. Um abraço forte, inundado de sentimentos, dentre eles, alívio, felicidade e até uma espécie de amor, diferente de todas aquelas já experimentadas. Bill, por sua vez, sentiu-se na posição de protetor. Acariciou as costas do mais velho, sussurrou algumas coisas doces em seu ouvido e em pouco tempo, estavam bem mais uma vez, calmos, em um mundo só deles.

 

---

 

Em seu quarto, Georg cantava vitória sozinho. Tinha certeza que aquela coisa entre os gêmeos não duraria o bastante nem mesmo para chegar aos ouvidos de Gustav. Pegou-se pensando um instante... Por que estava agindo assim? Por que se auto-incitava a parecer tão ruim quando na verdade não o queria ser? Era difícil entender o que estava acontecendo dentro de seu peito. Estava claro como água que seu problema não era com Tom, muito menos com a relação que o mesmo levava com o irmão. Isso não era problema seu, e na verdade nem mesmo incomodava. Talvez só fosse necessidade de encontrar algo como aquilo, algo proibido e bom o bastante para ocupar sua mente durante todo o tempo, como fazia com os Kaulitz.

 

Talvez só quisesse um amor como o deles, mesmo que difícil. Era valioso demais para não se querer. E, pelos céus, não queria reconhecer, mas sabia que em certa parte invejava aquilo. Como podia haver um sentimento tão feio como aquele dentro de seu ser? Jamais fora disso... Certo que tinha todas as coisas materiais que queria, o fato era que, um amor, jamais. E doía ter que conviver com os olhos sobre algo que parecia tão bom, tão perfeito...

 

— Droga... isso é doentio!

 

Reclamou consigo, se levantando. Teria que pedir desculpas à Tom mais tarde. Não queria perder o amigo por ter agido de forma tão impensada... E se justificaria sem medo. Se foi capaz de sentir inveja, se julgou nesse mesmo momento, capaz de mostrá-la, mesmo tão ruim, aos outros, àqueles que eram praticamente sua família. Mas por outro lado... — sorriu malicioso — poderia prender Tom àquilo que ainda tinham se conseguisse levar todo o seu ímpeto malvado adiante... precisava moldar a situação a sua maneira, e sim, conseguiria! Ou não se chamava Georg Listing.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que continuem seguindo! E juro que a continuação não vai demorar mais meio século! Beijos!