Rain escrita por LyaraCR


Capítulo 10
Capítulo Dez


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Depois de mais um atraso imenso sem razões ou motivos exceto um bloqueio, estou aqui de novo, tentando fazer que isso ande e que todos continuem gostando! Segue o capítulo...



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Bill estava tomando banho. Seu corpo cansado e ainda quente devido aos momentos anteriores, momentos com Georg. Por Deus, agora começava a pensar... Onde diabos estava com a cabeça? Não que se arrependesse, mas mesmo assim... Caso Tom descobrisse, provavelmente estariam com tudo o que tinham seriamente abalado. Era inadmissível agir desse modo, ainda mais quando Tom não lhe dava motivos... Deus, sua mente estava uma baderna, e sabia, seria muito difícil manter tudo aquilo em segredo, mesmo que precisasse.

Deslizou o sabonete por seu corpo, passando-o por seu ombro esquerdo no processo... Deus, como ardia! Seria do sol? Talvez. Deixou-se observar no espelho... O susto que tomou o fez empalidecer-se mais que o normal... Maldição, agora tinha certeza, estava com sérios problemas... Se Tom, por um acaso, ousasse notar aquela “tão discreta” marca, com toda a certeza do mundo iria querer saber de onde saíra. E sim, depois de tantas coisas, estaria certamente enrascado para saber explicar.
Precisava parar de cometer erros, parar de fazer besteiras, agir de modo inconsequente, arriscando o próprio pescoço, a própria vida, arriscando seu amor com Tom em nome de qualquer coisa luxuriosa e ardente...

— Droga...

Reclamou consigo, olhando em seus próprios olhos através do reflexo. Precisava tomar seu banho e sair logo dalí. O pior de tudo, era que passariam o resto do fim de semana naquele lugar... Lugar onde as pessoas nadavam, onde usavam pouca roupa, onde não usavam roupa nenhuma...

Colocou as mãos contra a face... Droga... Estava realmente enrascado, estava perdido, e precisava arrumar qualquer desculpa para Tom, talvez até mesmo falar que ele era o dono de tal marca, dono de tal absurdo pecaminoso, feito enquanto estavam totalmente embriagados, se amassando num canto qualquer do iate. Pelo que conhecia do irmão, ele pouco se lembrava das coisas que fazia quando bêbado, e talvez essa fosse a sua salvação.

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A noite brilhava em todo o seu esplendor. Todos os outros estavam desaparecidos em um canto qualquer. O som ainda tocava, porém baixo, e as bebidas existiam, agora em pouca quantidade. Logo teriam que voltar para a costa, para a marina. Ainda podia ver as luzes, sinal de que deveria ser por volta de quatro da manhã. Queria ir do lado de fora, mas sabia, o vento do mar castigaria seu pobre ser.

Mesmo assim, deixou-se caminhar. Estava precisando refrescar os pensamentos, que de tantas voltas, haviam esquentado demais sua cabeça. Estava com muito medo de ser descoberto pelo irmão, de ter seus erros usados como arma para destruir o que tinham... Sabia, seria sua culpa caso isso acontecesse. Deixou-se levar, embriagado! Podia ter relutado, sabia, mas não quis. Preferiu sucumbir, e não, não havia sido ruim, muito pelo contrário. Até podia pensar em repetir as coisas... Só não queria que todo o seu conto de fadas desmoronasse por um único erro dentre tanta luta, dentre tantos acertos.

— Bill...

Um sussurro o fez sobressaltar-se. Era Tom. E agora tremia. Precisava agir normalmente, mesmo sem saber como o faria.

Voltou-se a ele. Estava com os cabelos molhados, os dreads exalando o delicioso cheiro doce de sempre... Vestido em uma bermuda escura e em uma camisa de mangas longas, grossa e branca. Estava tão lindo... Bill quis chorar por pensar no que tinha feito a ele... Estava quebrado por dentro consigo mesmo. Como pôde?

— O que foi?

Ele perguntou. Deus, será que estava tão óbvio assim? Será que havia algo em sua face gritando que haviam coisas fora do controle? Coisas que Tom teria que descobrir?

— Nada... Eu só estou... pensando...

Voltou-lhe as costas apoiando-se novamente na grade protetora.. Dentro de sua mente, clamava por qualquer tipo de ajuda, clamava por uma solução. Tudo o que podia fazer agora, era esperar que com o tempo as coisas se ajeitassem, não ficassem gritando tanto sua própria existência a ponto de Tom descobrir sem nem mesmo fazer por onde.

— Bill.. Eu sei que você não está legal, e que não quer falar, mas se for qualquer coisa comigo, eu estou aqui, e não vou sofrer se ouvir. Talvez eu sofra se você continuar agindo assim...

Agora o mais velho o havia abraçado por trás, próximo demais, falando baixinho... Bill teria que ser forte como um titã para não sucumbir e contar todo o seu erro, detalhe por detalhe. Precisava de uma boa resposta em segundos, e, com bastante dificuldade, a encontrou.

— Sabe o que é... Eu estou com medo Tom...

— Medo? De que?

— Medo de certas coisas, porque tudo está bem demais... Sabe quando parece que toda a calmaria é o prelúdio da maior das tempestades?

Dizia, olhando para a costa, desatento no que acontecia a sua volta. Se caso viesse um maremoto justo agora, só o perceberia depois de ser arrastado e triturado por ele.

— Bill... Não é bem assim.. Olha só, você não precisa ter medo. Tudo está bem, e nós estamos aqui... Você não está sozinho. Sabe, às vezes eu também tenho medo, por coisas que fiz e deixei de fazer, mas não posso deixar que isso me afaste da realidade, não posso me deixar afogar nos meus próprios temores, entende?

O gêmeo mais novo apenas sussurrou que sim. Ficaram naquele mesmo local por um bom tempo, curtindo a brisa, curtindo um ao outro. Talvez ambos estivessem sentindo que toda aquela coisa estava por um fio, completamente abalada. Nada podiam fazer a não ser tentar assegurar a si mesmos que cedo ou tarde, as coisas iriam mudar. Para melhor ou até mesmo para pior.

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O sol raiou por sobre o Iate. Era cedo o bastante para que ao abrir os olhos pensassem em continuar dormindo. Mas não era tão cedo assim para Bill, não quando sua cabeça estava inundada de culpa, preocupações e tantas outras coisas.

Desceu da grande cama onde havia passado o resto da noite com o irmão. Seus pés tocaram o chão frio, enquanto andava pouco a pouco até qualquer lugar onde pudesse achar uma bebida e ver o mar. Não era de beber logo cedo, mas a pressão era tanta dentro de sua mente, que distinção de horários não era de todo importante agora. Parecia que seu sexto sentido gritava, anunciando uma tragédia, ou uma avalanche interminável de problemas...

Subiu até o cockpit. Estava vazio. Algumas garrafas ainda continuavam por alí. Até que um Martini agora não seria de todo ruim. Alcançou a garrafa e a levou a boca. O gosto forte do álcool invadindo seus sensos pouco a pouco, deixando tudo mais leve, mais fácil de levar em frente... Queria tomar um pouco de sol.

Os raios da grande estrela dourada tocaram o seu ser. A brisa gélida incomodava um pouco. Deixou a garrafa no chão. Podia ver o interior do cockpit através do grande vidro do mesmo... Suas roupas foram saindo de cena pouco a pouco, enquanto se deixava com o mínimo delas. Prendeu seus cabelos num coque displicente, deitando-se em seguida, recomeçando a beber, devagar, desanimado. Pelo que podia sentir, caso se deixasse, adormeceria em instantes.

Abandonou a garrafa. Seus olhos se fecharam por um momento e pouco depois, um cheiro amadeirado, adocicado e provocativo invadiu seu espaço pessoal. Sabia de quem se tratava. Se deixou levar mais uma vez quando aquela mão suspendeu seu queixo, quando aqueles lábios tocaram os seus. Se deixou sucumbir... Deliciosamente. Assim como da primeira vez.

Seus olhos se abriram, Georg estava a sua frente.

— Bom dia...

Ele disse, antes de tomar a garrafa entre os dedos e leva-la aos lábios.

— Não acha que é cedo demais para beber?

— Não acha que é cedo demais para invadir meu espaço pessoal provocando?

— Você gosta.

— Eu sei...

Bill sorriu, deitando o rosto entre os braços mais uma vez. Sentia o sol aquecer sua pele. Estava cansado, e sabia-se curtindo ressaca. Não tinha como escapar desse círculo vicioso. Sentiu uma das mãos acariciar suas costas.

— Não quer vir pra dentro, deitar um pouco?

— Com você?

— O que acha?

— Tom pode acordar.

— Tom está acordado.

Bill sobressaltou-se no mesmo instante. Seu corpo gelou por fora e aqueceu por dentro. Assentou-se e tentando inutilmente focar a vista o mais rápido possível para procurar o irmão, perdeu-se. Suas mãos foram parar diante de seus olhos.

— Calma... Ele ainda está no banho...

Olhou para Georg. Seus olhos ardiam, o sol incomodava muito, e tinha a certeza de que se precisasse de doses extras de adrenalina de agora em diante, seu “amigo” estaria sempre disponível para provê-las.


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Notas finais do capítulo

Continua...