Noite de Halloween escrita por LittleHobbit


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Eu consigo escutar a Secret brigando comigo...
Era pra ter postado isso ontem, mas eu simplesmente demorei uma eternidade pra terminar de escrever!
E pra mim ainda é o mesmo dia já que não dormi ainda u.u
Sim, eu fiquei acordada até agora só pra postar o quanto antes!
Link da música que deu inspiração para o capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=0pkkiez_4Qg
Espero que goste!



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As casas estavam enfeitadas com teias de aranhas, e abóboras cercavam os jardins iluminados por figuras fantasmagóricas. O vento frio do outono batia em seu rosto com leveza e Lucas sentiu um arrepio subir por suas costas.

Ele e Nicolas andavam pela rua movimentada por pequenos monstrinhos cheios de doces. E quando o irmão viu a concentração de seus colegas de escola em uma das casas, ele correu até lá, segurando o vestido no meio do calcanhar para não acabar tropeçando.

Lucas suspirou impaciente e recostou-se em um poste próximo. Seria uma longa noite afinal.

O loiro sempre tivera dificuldade em entender porque o irmão tentava com tanto afinco se enturmar com aquelas crianças.

Olhou a figura ruiva ao longe e pensou em como queria que ele realmente arrumasse amigos de verdade. Amigos que não o fizessem chorar por ser diferente.

Ele acreditava que um dia o irmão acharia um lugar pra si. Ele precisava acreditar naquilo.

Mas apesar de tudo, Lucas via a si mesmo quando olhava para seu irmão.

Antes que pudesse continuar com seus devaneios, sua mão foi agarrada por uma pequena figura ruiva com cachos revoltos.

Foi puxado com violência por Nicolas. Seus olhos estavam vermelhos, mas ele tinha uma expressão irritada no rosto rosado.

–Ei – chamou confuso. – O que houve?

–Nós vamos até o casarão – Nicolas fungou com o nariz, mas sua voz era firme.

–Quê? – questionou perplexo. – Isso fica a uma quadra daqui!

–Nós vamos lá mesmo assim – disse ainda puxando a mão do irmão. – Preciso provar que não sou uma menininha.

Óbvio.

Lucas respirou fundo e puxou Nicolas para o seu lado, diminuindo o passo.

–Tudo bem – respondeu. –, mas eu vou na frente. E não solte a minha mão. Não quero que você se perca.

O casarão. Dizia à lenda que ela era assombrada pelo espirito de um velho homem que se matara em plena noite de Halloween. Ele vagava nas noites frias de outono, procurando crianças pra brincar.

Na opinião de Lucas aquilo era só mais uma história clichê com um toque estranho de pedofilia.

Mas Nicolas sempre tivera medo daquele lugar.

Andaram por alguns minutos, observando como o número de crianças diminuía conforme se afastavam.

Lucas olhou seu celular. A tela marcava 10h12min p.m. Seus pais estavam em uma festa em um dos vizinhos, mas sabia que não podiam demorar para voltar. Se seus pais descobrissem que haviam ido tão longe...

Nicolas segurava com força em sua mão, hora ou outra afastando a peruca dos olhos escuros.

Quando as ruas se tornaram silenciosas e macabras, Lucas sabia que eles haviam chegado aonde queriam.

No fim da rua havia um casarão de três andares que fora abandonado há anos. Suas paredes eram cobertas de tinta branca descascada. As várias janelas eram cobertas com folhas de jornal e algumas tábuas de madeira velha. O jardim era terrivelmente mal cuidado, havia plantas secas e ervas daninhas crescendo aos tufos por todo o terreno. A cerca que envolvia a casa estava quebrada, seria fácil passar por ela.

Não era a toa que diziam que aquele lugar era mal assombrado.

Nicolas tremia ao seu lado sem dizer uma palavra.

–Podemos ir pra casa quando você quiser – tentou tranquilizá-lo.

Nicolas apenas balançou a cabeça em negativo de maneira nervosa, dando um passo incerto em direção da casa caindo aos pedaços.

Sorriu à coragem do irmão, passando a caminhar até a cerca podre.

Quando passaram para o jardim, Lucas sentiu algo que não deveria ter ignorado. Seu estômago revirou em sua barriga e um arrepio como nunca havia sentido ultrapassou todo o seu corpo. Sentiu um enjoo estranho, mas preferiu culpar a comida da irmã, que inventara de cozinhar mais cedo.

Uma pena.

A porta destrancada também deveria ter servido de dica para o loiro, mas ele estava distraído demais para ter notado esse detalhe.

Entraram no que deveria ser o hall, escuro e úmido. Um silêncio assustador envolvia todos os cantos escuros do lugar e Lucas perguntou-se se ali não estava muito silencioso.

Diante de todo aquele silêncio, Lucas sentiu o medo crescer em seu peito.

–A- acho que já podemos voltar – Nicolas sussurrou, as mãos agarradas no braço de Lucas.

A escuridão gigantesca encarou-o com olhos cegos e hipnotizantes. O medo continuava ali, mas ele não se importava mais. Ele queria continuar.

Andou pelo breu como se já conhecesse o caminho que traçava. Ignorando os protestos de Nicolas, ele subiu a escadaria empoeirada sem nenhuma cautela. Ele não precisava disso.

A única luz de toda a casa vinha do último quarto no final do corredor. A luz pálida cortava o chão empoeirado em um feixe que escapava da porta entreaberta.

Lucas entrou no cômodo enquanto era seguido por Nicolas. O quarto estava completamente vazio. Ao menos ao que parecia.

Quando recuperou-se do estado de transe em que se encontrava ele virou-se para encarar, confuso, o rosto do mais novo. Demorara um terço de segundo para notar a figura alta atrás de seu irmão.

–Podemos descartar a criança – a voz doce disse, tocando a cabeça ruiva de Nicolas.

–Não! – exclamou em desespero, assistindo a figura cair inconsciente no chão sujo.

Lucas ajoelhou-se ao lado do irmão, sentindo que seu coração ainda batia em seu peito. O corpo frágil de seu irmão jazia inconsciente cercado por doces ao lado de uma sacola.

Apesar disso o desespero ainda estava com ele. Ele fitava o rosto de Nicolas, mas sua visão periférica podia ver o par de pernas longas quase ao seu lado.

Lucas congelou sem saber o que fazer. Não sabia porque continuara em frente, mesmo com seu irmão implorando para que parasse. Ele queria ter parado, mas simplesmente não conseguiu. Era como se algo tivesse controlado seu corpo.

Continuou com o rosto baixo. Quem era aquele estranho e como ele conseguira desacordar Nicolas com um toque? Um fantasma? Mas fantasmas não faziam isso, faziam?

–Notei vocês quando apareceram na esquina – o estranho tinha uma voz aveludada que fazia seu estômago revirar. – Não sabia que viriam pra cá, mas foi muita sorte a minha, não foi?

Seu rosto foi levantado com violência, fazendo com que fosse obrigado a encarar o rosto pálido do estranho.

–Gosto que olhem pra mim enquanto eu falo – seus olhos eram frios.

–O que você fez com o meu irmão? – perguntou desvencilhando seu rosto da pele fria.

A figura sorriu, enquanto pensava.

–Acredite, ele não vai querer estar acordado quando eu for fazer o que quero com você.

–O que? – engoliu em seco. – O que é você?

O estranho trouxe a mão até o seu pescoço, acariciando a pele com os dedos finos. Antes que Lucas pudesse ter chance de indagar o que ele estava fazendo, ele sentiu sua traqueia ser segurada com uma força delicada sobre a sua pele.

De imediato Lucas começou a puxar o ar com dificuldade, se debatendo, tentando fazer com que o outro o soltasse.

–Olhe dentro dos meus olhos e diga o que você vê – ele disse com a voz aveludada, encarando seus olhos com um olhar frio. – Consegue ver? Consegue ver o demônio que eu sou?

Ele o soltou, fazendo com que Lucas caísse ao lado do irmão. Respirou fundo, com dificuldade, puxando o quanto pudesse de ar.

Ele não conseguia pensar ou raciocinar. Queria que tudo aquilo fosse só um sonho ruim.

–Talvez você não consiga ver dentro de mim – ponderou o outro. –, mas eu vi dentro de você.

A figura elegante caminhou até uma velha cadeira na sala, sentando-se.

–Eu gostei de você – disse com certa zombaria. – Tem pureza no seu coração.

Lucas arrumou coragem e o olhou.

–O que quer?

–Acabar com toda essa pureza – disse simples. – Você foi um golpe de sorte, mas acho que vai ser muito divertido te ter comigo por um tempo.

Seu olhar era cheio de gana e de maldade e tudo o que Lucas pode fazer foi tremer no chão cercado de balas e doces.


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Notas finais do capítulo

Huhuhu'
Estou gostando de escrever isso, mesmo que seja difícil!
Até o último capítulo!



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