Percy Jackson Filmes escrita por JkTorçani


Capítulo 13
Torneio de Outono - Última Parte




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Ponto de Vista de Percy

Caótico? Uma manhã ótima que se tornou excelente transformando-se em uma tarde péssima e dolorida para terminar com um anoitecer romanticamente platônico.
Muito confuso? Acho provável, mas talvez.

Tudo começou com um sonho, um lindo sonho. O primeiro sonho remotamente voluptuoso que já tive. Super embaraçoso. Sério.


No sonho, eu tinha acabado de retornar da missão atrás do Raio, caminhava para a área de treinamento onde encontraria Annabeth lutando com alguns campistas. Procurei por sua fisionomia no meio de tantas pessoas vestidas em armaduras, mas nenhuma garota de lindos cabelos castanhos e olhos azuis como tanzanitas se apresentava por ali. Mas onde ela estava?
Andei pelo Acampamento mais um pouco, ainda procurando por ela. Nada. Ela não estava na Casa Grande e nem na enfermaria. Nem estava em sua cabana. Eu queria tanto vê-la, mas não sabia onde encontrá-la. No céu, o anoitecer acontecia e todos já estavam indo em direção ao refeitório, a hora da janta havia chegado. Todo campista que abordei para questionar sobre o paradeiro de Annabeth não sabia dizer onde ela estava. Minha mente imaginou algumas possibilidades. Ou ela estaria em um lugar que eu não havia procurado ainda, ou ela fugiu do Acampamento, ou ela nem sequer existia porque era muito boa para ser verdade. Essa última possibilidade poderia valer, mas muitos campistas a conheciam para ser apenas minha imaginação.
Ir até Quíron era uma opção, se ele não soubesse onde ela estava, avisá-lo de seu desaparecimento parecia certo. Mas o Acampamento parecia ser grande demais, então ela tem que estar aqui. Pensando nisso, caminhei até o meu chalé, precisava tirar a armadura de treino.
Meu chalé é extraordinário, todo construído de madeira com cortinas brancas nos lugares onde ficariam as janelas e portas. A vista do mar é impagável, no fundo do chalé tem um cais onde estive com Quíron no primeiro dia. Um lugar ótimo para admirar o pôr do sol, principalmente acompanhado de alguém especial como...

– Annabeth?

Annabeth Chase estava sentada na minha rede de balanço lendo um dos pergaminhos que estavam na mesa de madeira. Ela ergueu os olhos do pergaminho para fixa-los em mim. Um sorriso presunçoso surgiu em seus lábios.

– Sabia que apareceria agora – disse ela, levantando-se da rede e caminhando até mim – A hora em que todos vão se trocar para o jantar.

Estava surpreso de encontrá-la aqui. De todos os lugares do Acampamento, meu chalé.

– Por que está aqui? – perguntei um pouco confuso. Tirei minha armadura, ficando apenas com a calça jeans e a camiseta azul de manga comprida.

– Estava treinando hoje pela manhã, vim para cá depois do almoço. Pensei em esperar você chegar – respondeu ela, fitando meus olhos, sem piscar uma única vez enquanto falava. Ela estava cada vez mais próxima de mim...

– Você estava me esperando? É algo sério? – questionei. Ela sorriu, ainda mais presunçosa. Nunca gostei de pessoas arrogantes, mas a arrogância deixava essa bela garota na minha frente ainda mais bela.

– Espero que seja, vamos ver – argumentou ela, para depois roubar o primeiro beijo da minha vida. Louvada seja Afrodite.

O beijo era calmo, nenhum de nós estava com pressa. Havia língua, mas não muita. A única coisa que havia de monte naquele momento eram as borboletas no meu estômago. Minhas mãos estavam no rosto dela, uma de cada lado. Uma das mãos dela estava nas minhas costas, a outra na minha nuca acariciando meu cabelo de vez em quando. Desci uma mão nas costas dela e puxei seu corpo para encostar no meu. Não tenho experiência para avaliar exatamente como é um beijo na boca, mas poderia dizer que Annabeth sabia beijar muito bem, porque ou ela era profissional ou eu estou tão caído por essa garota que qualquer coisa que ela faça comigo seja perfeito. Como por exemplo, tentar me matar em um jogo de Capture a Bandeira.
Senti a mão de Annabeth deslizar do meu ombro para o meu peito. Ela parou o beijo e recuou a cabeça espaço suficiente para olhar nos meus olhos, mas o primeiro lugar que olhei foram seus lábios, por motivos de deseja-los mais uma vez e para observar o quão vermelho estavam. Em um segundo fui empurrado para a poltrona de couro que existia ali, em dois segundos Annabeth estava no meu colo sentada de frente para mim, no terceiro segundo suas mãos estavam nos dois lados do meu rosto e seus lábios movendo-se nos meus. Quatro segundos, aquelas borboletas no estômago haviam se reproduzido.

Nos outros segundos, as coisas ficaram lascivas, bem carnais. Mantive minhas mãos nas suas costas o tempo todo. Ela fazia maravilhas no meu colo, suas mãos iam do meu rosto para o estômago. Digamos que eu tenha começado a endurecer. Se ela sentiu, eu não sei, mas continuou me beijando muito, até mordendo de leve meu lábio inferior. Ela sabia o que estava fazendo. Não achei que tinha algo a ver com ela ser filha da deusa da sabedoria. Mas antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa, seus lábios deixaram os meus, ela havia recuado de novo, e a última vez que ela fez isso viemos parar aqui, agora minha mente imaginou, sem querer, uma cama. Só que ela apenas segurou meu rosto com suas mãos e me observou com aqueles olhos deslumbrantes.

– Percy – chamou ela.

– Annabeth – respondi.

– Percy... – chamou ela de novo – acorde.

– Annabeth, amor... – comecei dizendo a ela. Senti uma pontada leve na barriga.

– Percy! Acorda.

Algumas coisas desapareceram, como o céu escuro que ficou claro, a poltrona em que eu estava jogado se transformou em uma rede de balanço e o cabelo castanho de Annabeth coloriu-se de loiro.

Um sonho. Foi tudo um lindo, maravilhoso, delicioso, incrível sonho.

Encarei Annabeth que estava de pé do lado da rede. Agora teria que voltar para a realidade onde fui distraído e perdi minha espada para a sagaz filha de Atena no dia que retornei ao Acampamento.

– Ah, oi. Você voltou – disse para Annabeth. Ela parecia bem. Mas por agora, depois daquele sonho, estar em sua presença seria um total embaraço, mas faria um esforço.

– É, voltei. Tudo bem? Estava sonhando? – perguntou ela. Primeira regra quando precisa mentir para alguém: responda rápido.

– Ah – comecei, mas pensei no sonho e lá se foi a segunda regra da mentira: não se atrapalhar com as palavras - não, foi só... não, nada. Nenhum sonho. Por quê? – perguntei, apenas no caso de ela ter o poder de ler mentes.

– Não é nada. Você deveria lavar o rosto, escovar os dentes e se concentrar na sua luta de hoje, tome café da manhã. As oitavas de finais são onde tudo começa a ficar mais complicado – disse ela. Quase me esqueci que hoje teria que lutar nas oitavas. Mas antes, coisas importantes primeiro, como abraçar a amiga que não vejo há uma semana.

– Certo – disse eu, indo até ela. Com o abraço, eu podia sentir seu perfume, o mesmo que sinto toda vez que a abraço - que bom que voltou, já sentia sua falta, vou até o refeitório, vem comigo?

– Sim, espero você lá fora enquanto troca de roupa – respondeu ela. Sorri.
– Legal – disse eu.

Ela se retirou do chalé, esperando lá fora, como disse que faria, enquanto eu trocava de roupa e me arrumava. Quando tirei a calça de moletom percebi que ainda sofria dos efeitos causados naquele sonho. Não recordo a última vez que fiquei sexualmente estimulado, na verdade não recordo se alguma vez já fiquei estimulado. Acho que Annabeth não notou isso quando me acordou, e tentei decidir se achava isso bom ou ruim. Decidi achar que tenho que tomar café, porque meu estômago roncou.


No Torneio de Outono, cheguei até a final para apanhar feio de Clarisse. Isso mesmo. Não só apanhar e perder a final da competição como também ficar inconsciente sabe se lá quantas horas. Momento péssimo. Seria mais péssimo se acordasse na enfermaria, um poço de momentos péssimos. Mas apenas senti o chão duro embaixo das minhas costas, e não havia som de nada em volta. Esquece o que disse sobre acordar na enfermaria. Acordar no chão da arena, sendo deixado por todo mundo depois de perder a final do Torneio seria humilhantemente péssimo. Pouco tempo depois senti alguma coisa deslizar em meu rosto, pescoço e depois no estômago, onde senti dor a ponto de gemer. Percebi que meu corpo havia ficado úmido onde o pano deslizou. Alguém estava ali, cuidando de mim, e como não era um cara tão amado assim por tantas pessoas presumi que Annabeth se apiedou da minha situação e me ajudou. Achei que se fingisse continuar desmaiado seria pior, então devagar abri meus olhos para encontrar os dela...

– Ann... – tentei, mas minha voz não conseguia sair – o que...

– Você está melhor – disse ela em um sussurro. Sentia sua mão passear pelo meu rosto, isso me estimulou a abrir os olhos totalmente e perceber onde estava: arquibancadas da arena. Tossi, meu estômago já havia curado, mas o ego demoraria muito tempo.

– Droga. Eu... eu... – droga mesmo, já que nem conseguia falar direito. Sentei ao lado de Annabeth.

– Você lutou bem – disse ela. Bem mal. Olhei para o chão, conforme esperado eu fui uma decepção total para mim, mas queria tanto vencer isso por Annabeth, sentia que ela havia desperdiçado o tempo dela me apoiando.

– Me desculpe – ouvi Annabeth pedir. Olhei para ela. Essa fala deveria ser minha, não?

– Por que? – perguntei confuso.

– Por ter... machucado você, quando chegou no Acampamento – respondeu ela.

A lembrança de uma linda garota de cabelos castanhos em uma armadura de bronze na beira de um rio passou pela minha cabeça. Nosso primeiro contato físico, embora Annabeth quase fez ser o último. Mesmo que tenha sido um momento doloroso, guardo ele como um dos melhores da minha vida. Não diria isso para Annabeth, não ainda. Mas não queria que ela se arrependesse de ter lutado daquele jeito comigo. Uma coisa é lutar com a Clarisse, outra coisa é lutar olhando para os olhos azuis de Annabeth. Admirar aqueles olhos faz com que apanhar seja perfeitamente aturável. Sorri com o pensamento.

– Não se desculpe. Passaria por aquilo de novo se precisasse – afirmei com a cabeça baixa, não poderia permitir que ela decifrasse meu rosto, apoiei os braços nas minhas pernas, ainda sorrindo.

– É mesmo? Posso saber por que? – perguntou Annabeth, curiosa. Olhei para ela e suspirei. Não, não podia saber. Ela não podia saber que perder uma luta para ela não importava para mim desde que seus olhos brilhassem e um sorriso aparecesse. Isso deixaria seu ego mortal do tamanho do ego de uma deusa.

– Ainda não. Você cuidou de mim? – perguntei, olhando meu corpo que já não havia mais marcas do fiasco que foi a última luta. Ela assentiu.

– Todos os seus ferimentos sumiram, vantagens da água, mas você está bem? – perguntou ela. Acho que ela queria saber se meu ego e autoestima estavam bem, mas não tinha certeza.

– Defina bem – pedi a ela. Ela pareceu entender como eu havia interpretado sua última pergunta.

– Olha, você perdeu, mas e daí? Você é muito melhor do que a Clarisse – afirmou ela. Exatamente, eu perdi. Ela é melhor do que Clarisse. Ela já ganhou esse Torneio mais de uma vez antes. Como seria se ela estivesse no meu lugar e sido derrotada? A resposta para isso veio na hora: ela é Annabeth Chase, uma filha de Atena, não perderia uma batalha contra a filha de Ares.

– É mesmo? Então por que perdi? – perguntei. Amo o apoio que ela me dá, mas tem horas que precisamos ser realistas.

– Nem sempre ganhamos todas as batalhas, Percy. Mas você não pode ficar mal por isso, vai ter outra chance, e se você quer algo para se orgulhar, então é só lembrar da nossa primeira missão, você salvou o Olimpo – respondeu ela. Percebi que Annabeth não iria desistir de mim tão fácil.

– É, mas porque eu tinha você e o Grover – disse a ela. A mais pura verdade, me pergunto se teria saído do covil da Medusa se não fosse por eles. Fala sério, até o Luke me ajudou naquela missão dando o mapa das pérolas. Apesar de que por culpa dele a missão se fez necessária.

– Todo mundo precisa de amigos Percy – disse Annabeth. E como não havia mais nada que eu pudesse fazer para convence-la de que sou um perdedor, só restou a vontade de beijá-la por ser tão maravilhosa comigo. Antes que eu pudesse preparar minha mente e lábios para isso, fomos abordados pela pessoa que eu menos queria ver.

– Nem todo mundo – disse Clarisse. Senti raiva, ela já me derrotou, não quero saber de Clarisse La Rue até... a próxima luta. Onde eu venceria. Além da raiva, eu senti outra coisa totalmente oposta: uma mão deslizando minha coxa. Annabeth havia tentado localizar meu braço, mas só encontrou a minha perna. Considerando a situação atual, foi mais um ato de demonstração de apoio do que outra coisa. E Clarisse estava ali, pronta para zombar.

– De novo – reclamei.

– Não pude deixar de ouvir. Mas você, Jackson, não contou só com amigos, foi mais sorte de principiante do que qualquer coisa – disse a filha de Ares. E como eu sabia que suas provocações não parariam, resolvi ignora-las, me importaria com isso outra hora.

– E você Chase, devia parar de mentir para o seu namorado. Melhor do que eu? Você viajou alto, companheira – Clarisse direcionou a Annabeth. Como eu estava de cabeça baixa, apenas ouvia tudo.

– Sabe, eu cansei de dar ouvidos a você, Clarisse, e não vou deixar Percy fazer isso – disse Annabeth encerrando o que seria uma discussão. Ela tentou encontrar meu braço, achando-o e me levando para fora da arena.

Tive que fazer com os filhos de Ares que estavam lá fora o mesmo que fiz com Clarisse. Ignorar a zombaria, risadas e qualquer comentário.

Caminhando com Annabeth não pude deixar de pensar. Minha primeira missão foi sorte de principiante? A Clarisse é realmente melhor que eu?
Perguntas sem respostas.

Em dez minutos já havíamos chegado na entrada do meu chalé. Se Annabeth não fosse uma semideusa ela seria um anjo. A forma como ela cuida de mim, como alguém pode não se apaixonar por ela?

– Obrigado por... tudo Annabeth. Sério – disse a ela. Deixando de lado a minha queda por ela, sua amizade era muito importante. Estou contente de ter Annabeth e Grover. Se não fosse por eles, eu estaria completamente sozinho. Eu até conhecia os outros campistas, mas nada como esses dois. E não me importava, ter amigos verdadeiros é bem melhor do que ter muitos amigos.

– Você não tem que me agradecer – disse ela. Mas eu queria agradecer. Queria muito. Eu ri com tal vontade. Me aproximei dela. Se eu fizesse o movimento certo, talvez hoje fosse o dia que teria uma chance.

– Quer entrar? – perguntei a ela, indicando o meu chalé com a cabeça. Se estivéssemos lá dentro, só nós dois, sozinhos...

– Hoje não, mas quem sabe um dia, quer dizer, depois. Depois – respondeu ela. Não foi dessa vez, mas não fiquei chateado. Ir com calma só deixaria as coisas melhores.

– Certo – disse a ela. Então a abracei, percebendo o quanto precisava dela em minha vida. E a visão dela e eu de mãos dadas caminhando na praia fez meu coração acelerar. Um dia eu namoraria essa garota, e provavelmente quando esse dia chegasse não saberia como agir, porque nunca namorei na minha vida. O abraço chegou ao fim.

– Eu tenho que ir, nos vemos amanhã, tchau – disse ela tocando meu ombro.

– Tchau – devolvi.

E fiquei observando minha paixão secreta não-tão-secreta partir.


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