Percy Jackson Filmes escrita por JkTorçani


Capítulo 12
Torneio de Outono - Parte 2




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Ponto de Vista de Annabeth

Ares não é o meu deus preferido. E não é porque Atena tem rixa com ele, como tem com Poseidon. Assim como minha mãe, Ares é uma divindade da guerra, mas a diferença entre eles é imensa. Atena é a deusa da guerra e do combate estratégico, a parte pensante de uma guerra, o cérebro, é o que traz a vitória para os favorecidos. Ares é um brutamonte bestial, a parte sangrenta da guerra, ele é aquele cara que fica gritando no meio da batalha: “Vamos lá mocinhas, quero ver os inimigos empalados, arranquem as tripas”. Quero ver traçar uma estratégia boa o suficiente para chegar até o inimigo fortemente armado e protegido, e... empala-lo.

Outra diferença, Atena enfrenta o adversário em uma luta justa e limpa. Quando acaba, depois de ela naturalmente ganhar, não se toca mais no assunto, nada de se vangloriar ao oponente, ou zombar de sua derrota. Algo que Ares certamente faria.

E é claro, esses traços estão presentes nos filhos deles.

Há oito dias, recebi um telefonema do hospital de São Francisco. Meu pai estava internado, ele estava dando aulas na faculdade e passou mal. Como a família dele se resume a mim, avisei a Quíron que viajaria para ficar com meu pai. Ele concordou, porém ficou decepcionado, dizendo que eu perderia o Torneio, e que seria lamentável não me ver ser campeã de novo. Disse a ele que para isso Percy estava aqui.

Peguei um voo para São Francisco na manhã do dia seguinte, a viagem durou 6 horas. Ás vezes fico pensando porque meu pai decidiu morar tão longe do Acampamento. Ele diz que o emprego na faculdade de São Francisco é melhor do que o que ele tinha na Virginia, melhor até do que ele poderia encontrar em Nova York. Isso eu não discuto. Mas ele não pode reclamar da distância. E em situações como essa, seria mais fácil ele estar perto.

Cheguei no hospital, já perguntando o que ele tinha, uma médica disse que foi só a pressão alta, e que eu esperasse pelos resultados do exame. Entrei no quarto dele, encontrando-o assistindo o CNN. Quando ele me viu entrar, eu vi o meu sorriso no rosto dele. Era a única coisa que eu peguei dele.

– Tem TV a cabo aqui – disse ele – achei que ficaria entediado.

– Oi para você também – disse a ele, sorrindo.

– Que isso, sente-se aqui, filha. Nossa, quanto tempo eu não vejo você. Você pintou o cabelo, agora consigo diferenciar você da sua mãe – disse ele sorrindo, revirei os olhos divertida. Se me perguntassem, diria que meu pai ainda é apaixonado por Atena. Ele sempre disse que ela foi a mulher mais charmosa e deslumbrante que ele já viu. Eles se conheceram no primeiro ano de Harvard, um lugar natural para a deusa da sabedoria. Eles se apaixonaram e... eu nasci. Atena só ficou conosco por oito meses. E então Zeus decretou a lei que impedia os deuses de manterem contato físico com os filhos mortais. Minha mãe teve que ir embora, e eu não me lembro de nada dela quando era um bebê. Mas...

– É, bem, agora eu sei o que você quer dizer – disse a ele, me sentando em uma das cadeiras de visitantes ao lado esquerdo dele. Ele levantou as sobrancelhas para mim, e depois franziu a testa.

– Como assim, querida? – perguntou ele.

– Eu conheci Atena, pai – respondi sorrindo. Ele pareceu muito surpreso com a informação. Mega surpreso.

– Ah, você está me dizendo que você encontrou Atena? Que falou com ela? Nossa, me diga, como ela estava? Perguntou de mim? – ele fez todas essas perguntas em uma velocidade que eu não consegui interceptar nenhuma para responder ou esclarecer.

– Não, quer dizer... deixa eu explicar isso direito – pedi. E então contei tudo a ele, a chegada de Percy, a missão, o Mundo Inferior, o raio, o Olimpo e minha mãe. E depois de ouvir o relato de uma aventura suicida pelo país atrás da arma mais poderosa já feita, é claro que meu pai... perguntou de Atena.

– Ela só disse que sente orgulho de você? – perguntou ele. Estreitei os olhos, divertida.

– Não é nada demais, não? – retruquei. Ele bufou.

– Eu só esperava que deixassem você conversar um pouco com ela – disse ele. Você não é o único que esperava isso, pai. Naquele dia quando sai do Olimpo, fiquei com uma certa inveja de Percy por conseguir cinco minutos com Poseidon. Se ao menos eu pudesse ter tido a oportunidade de falar com Atena...

– Está tudo bem, pai. Sério. Foi muito se comparado a todos esses anos anteriores, em que a única coisa que eu conhecia dela era a voz – disse eu. Ele fez um aceno mínimo de cabeça, depois se virou para olhar para a TV. Olhei para ele dos pés à cabeça, depois franzi a testa.

– Pai – chamei a atenção dele. Ele demorou uns dois segundos olhando para a TV antes de se virar para mim.

– Hum? – perguntou ele.

– O que você tem? – perguntei, afinal de contas era por isso que estava aqui.

– Na verdade, nada. Foi só a pressão alta, o estresse da faculdade. Graças a Atena minhas férias estão chegando, assim posso descansar a cabeça um pouco. Vou para Nova York, ficar perto do meu bebê – disse ele.

– Mas disseram que fizeram exames em você – disse devagar.

– Hmm, isso é de praxe por aqui, você passa mal, eles fazem exames. Logo o resultado sai. Se acalme. Seu pai está bem. – disse ele – Agora me conte como vai o Acampamento, seus amigos lá, quem são suas companhias.

– Ah, eu tenho o Grover, que é um sátiro, já falei dele para você. O Percy, filho de Poseidon, chegou no Acampamento faz quatro meses, foi com ele que sai em missão...

– Tenho que me preocupar? – perguntou ele me interrompendo. Eu ri.

– Ainda não, pai. – respondi.

– Ainda, né? Certo, continue – pediu ele se ajeitando na cama.

– Quíron, que é o nosso diretor de atividades, ele é muito legal. E tem os meus irm... companheiros de cabine – disse acrescentando a última parte bem rápido. O termo que eu estava prestes a usar era “irmãos”, se bem que o certo seria dizer meios-irmãos. Meu pai sabe deles, mas eu não gosto muito de lembra-lo que não é o único homem na vida de minha mãe. Atena teve, tem e vai continuar tendo filhos semideuses com outros mortais. A maioria dos deuses e deusas são assim. E por mais que meu pai esconda, eu sei que isso incomoda ele.

Meu pai manteve a expressão interessada.

– E o que você pretende fazer agora? – perguntou ele.

– Pretendo tirar você daqui e levar para casa, só estou esperando você receber alta, e os exames saírem – respondi.

– Vai embora depois disso? – perguntou ele, sem esconder a tristeza. Sorri para ele.

– Não. Vou ficar essa semana com você. Nova York não é ali do lado – respondi, segurando a mão dele. Ele sorriu.

Ficamos no hospital até as onze horas da noite. O exame que haviam feito não mostrou nenhuma doença, agradeci minha mãe por isso. Entramos no carro e seguimos até em casa. Seria a segunda vez que eu iria pra lá. A primeira vez foi há três anos. Antes disso, morávamos na Virginia.

Passei a semana toda na casa do meu pai, conversava por mensagens todos os dias com Percy e Grover. Grover estava em Salem, Oregon buscando uma semideusa. E Percy estava no quarto dia de Torneio. Peguei o avião de volta. Chegaria quase de madrugada no Acampamento, mas pelo menos assistiria as oitavas de finais.

Pela manhã do dia seguinte ao meu retorno, fui ao chalé de Percy e encontrei ele dormindo na rede. Fala sério, se a luta de hoje fosse cedo, ele perderia por W.O. Eram nove horas já. Decidi que seria melhor acorda-lo.

– Percy – chamei, tocando o rosto dele.

– Annabeth... – resmungou ele.

– É, sou eu – respondi.

– Annabeth – ele continuou chamando – amor...

Opa. Que? Oi? Hã? Como?

– Percy! Acorda – ordenei, cutucando ele na barriga. Ele abriu os olhos devagar. Olhou tudo em volta, depois me encarou com seus olhos azuis. Ele conseguia ser fofo facilmente.

– Ah, oi. Você voltou – ele disse se levantando devagar, ainda estava sonolento, e isso me fez pensar no que ele disse quando tentava acorda-lo.

– É, voltei. Tudo bem? Estava sonhando? – perguntei tentando parecer displicente.

– Ah – começou ele rapidamente, mas deixou a boca aberta, tentando decidir o que dizer em seguida – não, foi só... não, nada. Nenhum sonho. Por quê?

Meus olhos se moveram sutilmente no corpo dele, analisando. E eu notei. Havia um volume na calça dele na região da virilha, que era ainda mais perceptível pela calça de moletom. Por fora fiquei séria, mas por dentro eu queria sorrir, mesmo que fosse algo embaraçoso.

– Não é nada. Você deveria lavar o rosto, escovar os dentes e se concentrar na sua luta de hoje, tome café da manhã. As oitavas de finais são onde tudo começa a ficar mais complicado – disse a ele.

– Certo – ele veio até mim, e envolveu-me em um abraço que eu deveria considerar amigável, mas com a excitação dele... bem, ele continuou a falar abraçado comigo – que bom que voltou, já sentia sua falta – percebi – vou até o refeitório, vem comigo? - perguntou ele se afastando.

– Sim, mas espero você lá fora enquanto troca a roupa – respondi. Ele sorriu.

– Legal.

Nos dois dias que seguiram, assisti Percy derrotar Harley, e Charles Beckendorf. Hoje, seria a final contra a oriunda de Ares, Clarisse La Rue.

– Você está bem? – perguntei para Percy. Já estávamos na beira da arena, três minutos antes da luta final.

– Estou, só que é a primeira vez que participo de algo assim – respondeu ele, parecia ligeiramente nervoso.

– Relaxa, está tudo bem, estar nervoso é normal na primeira vez em uma final, já passei por isso – disse a ele tentando acalma-lo. Quando cheguei na final do meu primeiro Torneio, foi puro nervosismo, mas Atena me acalmou falando em meus pensamentos, e consegui me concentrar em derrotar o adversário.

– Por que você fez isso parecer uma cena do filme Karatê Kid? – perguntou ele.

– Ótima motivação. O garoto sempre vence no final, não é mesmo? Agora vai lá, herói. Estão chamando você – apontei para o Sr. D no meio da arena. Dei um aceno para transmitir confiança para Percy, ele sorriu para mim e seguiu para a luta. Clarisse foi logo depois. Me sentei na arquibancada, pronta para assistir.

O primeiro minuto de luta foi bom, vi que Percy conseguiu atingir Clarisse no ombro com a espada. Um golpe excelente, porém o último. Na fúria, Clarisse atacou para valer. Percy caiu e foi duramente golpeado no estômago, eu até ouvi um grasnido vindo dele. A essa altura eu já estava de pé como todo mundo que assistia, mas por um motivo diferente. Tudo o que eu queria era chegar até Percy e ajudá-lo, mas só poderia observar Clarisse olhar todos em volta, como se ela estivesse em uma arena de Roma esperando o Imperador levantar o polegar, e assim ela teria permissão de matar o oponente. O Imperador era os espectadores, eles não queriam morte, mas um campeão. E foi assim que Clarisse apagou Percy com um chute.

Assistir a isso me fez lembrar do primeiro dia de Percy no Acampamento. Eu judiei dele no Capture a Bandeira, deixei ele semiconsciente e machucado, mas ele se levantou para lutar e me venceu. Como eu queria que ele repetisse esse feito agora. Que ele se levantasse para voltar a lutar e ganhasse o Torneio. Mas não aconteceu. Ele ficou ali apagado, com os curandeiros avaliando seus ferimentos, as pessoas em volta já levantavam Clarisse para levarem-na a comemoração. Fui até Percy, sentindo meus pés se apressarem quanto mais perto eu estava.

– Acho que não precisam leva-lo para a enfermaria, apenas levem ele até a arquibancada, eu cuido dele, – disse para os curandeiros. Eles ficaram confusos – ele só precisa de água, vai cura-lo.

Não era só porque a água o curaria, mas eu tinha certeza que acordar em uma das camas da enfermaria apenas deixaria ele pior. Os curandeiros assentiram e levaram Percy até a primeira fila da arquibancada, enquanto eles faziam isso, peguei um pano e uma garrafa de água. Voltei para onde Percy estava e sentei perto da cabeça dele, molhei o pano e passei no rosto, no pescoço. Tive que levantar sua camiseta também, uma marca rocha do tamanho de uma bola de tênis se destacava no estômago, a água a fez desaparecer. Ouvi Percy gemer, suas forças se recuperariam em poucos minutos. Continuei a passar água em seu corpo, os olhos deles estavam se abrindo.

– Ann... – sussurrou ele. Dei um pequeno sorriso para ele – O que...

– Você está melhor – sussurrei de volta. Nem percebi que acariciava seu rosto. Os olhos dele abriram totalmente. Ele tossiu.

– Droga. Eu... eu... – ele tentou falar sem força, e se sentou devagar.

– Você lutou bem – disse a ele simplesmente.

Ele olhou para o chão, parecendo mais decepcionado do que dolorido.

– Me desculpe – pedi. Ele olhou para mim.

– Por que? – perguntou ele confuso.

– Por ter... machucado você, quando chegou no Acampamento – respondi. Ele ficou olhando para mim por cinco segundos, depois abriu um sorriso que eu não via a semanas.

– Não se desculpe. Passaria por aquilo de novo se precisasse – disse ele de cabeça baixa, apoiando os braços nas pernas, visivelmente sorrindo.

– É mesmo? Posso saber por que? – perguntei. Ele olhou para mim e suspirou.

– Ainda não – respondeu ele. Já estava pronta para perguntar o porquê dessa resposta quando ele continuou – você cuidou de mim? – perguntou olhando para o próprio corpo.

Assenti.

– Todos os seus ferimentos sumiram, vantagens da água, mas você está bem? – perguntei.

– Defina bem – pediu Percy.

– Olha, você perdeu, mas e daí? Você é muito melhor do que a Clarisse – disse a ele. O que para mim é totalmente verdade.

– É mesmo? Então por que perdi? – perguntou ele. Não queria que ele se tornasse tão competitivo. Vencer nem sempre é tudo, mas devido ao meu histórico de egocentrismo e orgulho próprio, somado ao fato de ser filha de Atena, dizer isso a ele seria inútil e não contextual. Eu conseguia ser mais competitiva que ele. Mas não poderia deixar ele colocar a autoestima no chão.

– Nem sempre ganhamos todas as batalha, Percy. Mas você não pode ficar mal por isso, vai ter outra chance, e se você quer algo para se orgulhar, então é só lembrar da nossa primeira missão, você salvou o Olimpo – disse eu. Sério, Clarisse nunca fez um décimo do que Percy já fez.

– É, mas porque eu tinha você e o Grover – disse Percy.

– Todo mundo precisa de amigos Percy – disse a ele. Se existe uma coisa que aprendi com Thalia e Luke nos velhos tempos, era que não tem como alguém fazer tudo sozinho. Foi um dos motivos de ter acompanhado Percy na missão. Sabia que ele precisaria de ajuda.

– Nem todo mundo – alguém disse atrás de mim. Reconheci a dona da voz. Essa garota não cansa. Me virei para encontrar Clarisse parada ali. Tentei colocar a mão no braço de Percy mas só achei a coxa. Era melhor deixar ela ali, só pra trazer um pouco de conforto, para ele saber que eu estava ali, e o protegeria.

– De novo – Percy reclamou.

– Não pude deixar de ouvir. Mas você, Jackson, não contou só com amigos, foi mais sorte de principiante do que qualquer coisa – disse a filha de Ares.

Olhei para cima. Isso já estava me cansando. Intolerável. A melhor forma era ignorar as provocações.

– E você Chase, devia parar de mentir para o seu namorado. Melhor do que eu? Você viajou alto, companheira – disse ela para mim. Olhei para ela, com uma sobrancelha levantada. Daí eu percebi que Clarisse era só mais uma fanfarrona, e nunca me perguntei porque que escutávamos ela.

– Sabe, eu cansei de dar ouvidos a você, Clarisse, e não vou deixar Percy fazer isso – disse a ela. Procurei o braço de Percy, encontrando dessa vez, e puxei ele comigo. Iriamos sair, beber néctar e conversar sobre qualquer coisa que não envolvesse Clarisse La Rue.

Passamos por um grupo de filhos de Ares, mostrando os músculos e grunhindo. Eles apontavam para Percy e soltavam risadas. Revirei os olhos. Clarisse e o chalé de Ares. Que bando de valentões.

Acompanhei Percy até a entrada do chalé dele. Certificando que ele estava bem.

– Obrigado por... tudo Annabeth. Sério – agradeceu Percy. Ele olhava no fundo dos meus olhos. Eu sorri para ele.

– Você não tem que me agradecer – disse a ele. Ele sorriu olhando para baixo. Depois olhou para mim e se aproximou.

– Quer entrar? – perguntou ele apontando com a cabeça o chalé dele. De repente a lembrança de um volume em uma calça de moletom cruzou a minha mente. Eu ri de leve.

– Hoje não, mas quem sabe um dia, quer dizer, depois. Depois – respondi, minha voz se elevou nessa última parte. Eu estava tentando me referir ao convite para entrar no chalé...

– Certo – disse Percy me abraçando. Um abraço de vinte segundos, percebi que o coração dele estava acelerado. E isso me fez morder o lábio sorrindo. Ainda sentia a tensão entre nós desde o dia que nos conhecemos. Nos afastamos devagar.

– Eu tenho que ir, nos vemos amanhã, tchau – disse eu tocando seu ombro.

– Tchau – devolveu ele.

Me virei e segui para a minha cabine. 15 metros à frente, olhei para trás avistando Percy ainda parado me observando partir.

Isso me fez sorrir.

Como eu gosto desse cara.


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