Contato escrita por Aleksa


Capítulo 7
Primeiro Contato




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Capitulo 7 – Primeiro Contato



O dia de prova passou rápido, acredito que tenha me saído bem apesar de estar um tanto dispersa, mas, eu não conseguia parar de pensar que em algum momento, eu iria perder o que eu tenho com Yura, seja lá o que for que eu tenha com ele...

– Vai fazer o que durante a tarde Alice? – Cristine perguntou na saída do colégio.

– Eu vou passar num lugar antes de ir pra casa, você pode ficar com a chave Cristine?

– Posso, mas, você não quer compania?

– Não. Quero ir sozinha, avise as outras, está bem?

– Certo... É algo serio?

– Não, não se preocupe, eu volto logo.

– Está bem então...

No caminho da casa de Yura eu pensei sobre o que eu diria a ele, o que eu estava indo fazer afinal?

– Yura? – eu disse na porta da casa de Yura.

– Entra, a porta nunca está trancada.

Assim que entrei vi Yura com uma roupa muito estranha, muito diferente de como ele se veste todo dia, e ao que parece estava saindo do banho, o cabelo dele ainda estava úmido ele não estava de sapato, sua camisa estava aberta, o que me fez notar, ele tinha um minúsculo ponto prateado brilhante no umbigo, um piercing, com uma correntinha curta e uma pedra vermelha na ponta.

– Oi, não estava te esperando.

As roupas pretas e azuis escuras, Yura parecia gostar de roupas escuras, essa era diferente, era mais justa e tinha uma longa linha cruzada no lugar de botões, com dois pingentes prata na ponta, detalhes em azul escuro e veludo. A linha estava sobre o sofá e a camisa estava aberta, com os pequenos buraquinhos por onde a linha passa nas bordas da frente da camisa, o que fazia Yura parecer mais adulto.

– Eu queria conversar.

– Está com fome? Eu ia jantar agora.

As roupas escuras destacavam os olhos claros de Yura, e a gargantilha tinha a aparência de uma coleira de cachorro, feita de couro.

– Ah, claro... Yura que roupas são essas?

– Você não acha que eu me visto como criança o tempo todo, não é?

– Na verdade, eu achava...

– Bem, agora você sabe.

– Hum...

– Chocante? – ele disse rindo com o mesmo tom maldoso e irônico de sempre.

– Tudo sobre você é chocante. – eu disse convicta.

Ele virou até mim, caminhou através da sala, se dependurou no meu pescoço e sussurrou em meu ouvido num tom sedutor:

– Espera só, você ainda não viu nem a metade...

Depois me soltou sorriu amigavelmente e disse:

– Vamos jantar?

– Eu estou com sérias duvidas se você não tem mesmo nenhum desvio de personalidade...

Ele sorriu me pegou pela mão e me levou até a cozinha

– Espero que não se importe.

– Com o que? – eu disse procurando alguma imperfeição seja lá qual fosse, e não obtendo nenhum sucesso, obviamente.

– Quem cozinhou fui eu.

– Você cozinha?

– Uma das coisas que me diverte.

A menção de “uma das coisas” me assustou muito, mas decidi não fazer nenhum comentário.

– Não se preocupe, como eu disse não estava te esperando, não deu tempo de envenenar a comida. – ele disse rindo de como eu encarava a mesa de jantar.

– Eu não disse nada.

– E nem precisa. – ele disse enquanto colocava mais um prato e talheres sobre a mesa.

– Tem gente em casa.

– Está me traindo, é?

– Ah, é, estou, com a Sarah, a Cristine e a Castel...

– Isso é terrível pra minha auto-estima... – ele disse rindo.

– Enfim, elas estão me esperando, eu disse que ia voltar pra jantar...

O meu celular tocou, provavelmente era Cristine querendo saber onde eu estava, eu disse a ela que não era nada sério...

– Viu? – eu disse olhando pra Yura.

– Me da o telefone. – ele disse estendendo a mão.

– Pra que?

– Vou te dar um motivo pra ficar.

– Hum?

Yura pegou o telefone e atendeu.

– Alô?

– Yura? – Cristine disse do outro lado do telefone, surpresa de eu estar na casa de Yura à uma hora dessas, já tinha escurecido, mas de qualquer maneira, quando as aulas acabam, o Sol já está se pondo...

– É, eu pedi a Alice que me ajudasse em literatura, tem algumas coisa que eu não entendi, eu estou interrompendo alguma coisa?

– Oh, não Yura, não se preocupe, só queria saber onde ela estava, ela pode ficar.

Hump, eu nem estava sendo negociada, mas tudo bem, posso fingir que não ouvi nada...

– Lili-chan, Cristine quer falar com você...

– Oi Cristine.

– Oi Alice, você vai ficar?

– Acho que sim, Yura quer ajuda, e se eu for embora quando acabar de explicar já vai ser muito tarde da noite, não quero voltar de madrugada, é muito tarde.

– É pode ser perigoso, é melhor ficar ai mesmo.

– É, então agente se vê amanhã na escola.

– Tá bom, boa noite Alice.

– Boa noite Cristine, manda boa noite pra Sarah e pra Castel também.

– Ok, tchau.

– Tchau.

Cristine desligou, eu fechei o celular, Yura estava já estava sentado.

– Eu não acredito que eu concordei com isso.

– Ai, como eu sou uma má influencia...

– Não brinque com isso, e você é mesmo.

– Me odeie... De novo...

– Hump, convencido.

Eu me sentei na cadeira em frente a Yura, me servi, e observei, ele parecia cozinhar bem, mas eu não me sentia confortável jantando com Yura, parecia tão... Pacato...

– Onde fica o banheiro? – perguntei depois de algumas garfadas.

– Porta em frente, fim do corredor à direita.

– Obrigada.

– De nada. – ele disse me observando por baixo.

Eu caminhei até a porta, no fim do corredor, e tinham duas portas. Alias, qual direita, a minha ou a dele?

– Bem, vamos chutar...

Eu abri a porta da minha esquerda, e acabei em um lugar... Bem, que não era o banheiro...

– Direita errada... – ele disse sussurrando em meu ouvido, surgindo de algum lugar, ele sabia ser sorrateiro, nem o ouvi se aproximar.

– AH! – eu disse me jogando na parede atrás de mim.

– Isso é o meu quarto... – ele disse se apoiando no batente.

– Ah, sinto muito...

– Nem disse nada. – ele disse olhando pro lado.

– Hum, eu já volto. – eu disse correndo pra dentro do banheiro.

– Como quiser... – ele disse sorrindo.

Dentro do banheiro eu achei que fosse ter um ataque cardíaco, que humilhante, ele é mais novo que eu, e EU que quase infarto... Ridículo.

Não me leve a mau, eu não sou santa, eu não sou mais virgem, nem tenho algum tipo de trauma ou sei lá, só que... Eu não sei se estou psicologicamente preparada pra isso...

– Que humilhação... – eu disse pra mim mesma no espelho.

De fato, eu sabia que esse dia chegaria, se tratando de Yura, era só uma questão de tempo até que ele decidisse fazer alguma coisa, eu disse a mim mesma que aceitaria seja lá o que fosse, que viesse junto com essa “relação”, então, será que não seria melhor se eu simplesmente me conformar? Afinal, eu sei que gosto dele.

– Que seja. – eu conclui afinal.

Saindo do banheiro, Yura estava encostado na parede em frente a porta, com um sorriso tranqüilo, eu sei o que isso quer dizer, ele já decidiu o que vai fazer, agora só me resta esperar...

– Alice...

– S-Sim? – eu disse com medo do fim da sentença.

– Tenho a sensação de que você está nervosa, você é virgem por acaso?

– Não, mas...

– Mas?

– Sei lá, acho que não estou psicologicamente preparada pra tudo isso.

Yura começou a rir, rir muito, ele parecia estar se divertindo com as minhas reações.

– Ai, eu nem sei por que eu ainda conto...

– Relaxe. – ele disse ainda rindo. – Eu só acho interessante que toda essa insegurança seja só por minha causa.

– Já disse, você é a fonte de preocupação e discórdia na minha vida, eu não faço idéia do que esperar...

– Já te passo uma idéia...

Yura caminhou até mim através do corredor, entrelaçou os braços no meu pescoço, e me beijou, novamente, como da ultima vez em que estive aqui, molhado, doce, quente, terno, suave, amável... A língua de Yura era quente e doce como o resto de sua boca, e me impedia de respirar, o ar simplesmente não entrava em meus pulmões, não por que me atrapalhasse, mas por que eu gelei inteira por dentro, eu senti a minha vontade de ir embora sumindo, junto com a minha noção de tempo, tudo o que eu conseguia pensar, era como eu conseguiria respirar de novo...

Os braços de Yura enroscaram no meu pescoço, e assim, ele devagar, me guiava através do corredor. Minhas mãos estavam tremulas, e eu não sabia por que. Ele abriu e fechou a porta de seu quarto, onde a imensa cama de casal com um lindo dossel vermelho de rendas escuras estavam pendurados.

Meus braços envolveram a cintura de Yura e o arrastaram pra mais perto, senti as mãos dele junto com a minha, o que me passava uma confiança que eu não tinha, mas aquele efeito dominó não seria interrompido por mim,, pra ele tudo isso parecia natural, já não me importava mais...

– Tudo bem? – Yura perguntou, finalmente me deixando respirar.

– Por quê? – eu perguntei tentando associar as palavras.

– Suas mãos estão tremendo...

– Eu gostaria de saber por que, mas...

– Por mim tanto faz...

Minhas mãos se estenderam até a gargantilha dele, tirando a fivela prateada e abrindo a faixa de couro preta e aveludada, enquanto isso, ele se ocupava desabotoando minha blusa, os olhos de Yura esboçavam desejo e tranqüilidade. Os fios da camisa de Yura pareciam assustadoramente difíceis de tirar, mas para a minha surpresa, ao puxar o lado direito, a fita foi se soltando, aquela camisa me lembrava de um corset, só que masculino, com as mãos eu tirei devagar a camisa de Yura, eu não tinha coragem de olhá-lo nos olhos, tinha medo do que veria neles, o que me fez notar uma grande cicatriz nas costas dele, que vinha desde de a cintura até o ombro esquerdo.

– O que ouve? – eu disse encaminhando meus dedos pela longa cicatriz em linha reta que ocupava quase toda a extensão de um canto a outro das costas de Yura.

Eu o senti arrepiar conforme meus dedos gelados desciam por suas costas, o que era bastante interessante.

– Acidente. – ele disse numa voz tremula.

A voz tremula de Yura soou suave aos meus ouvidos, ele se encaminhou devagar até meu pescoço e me beijou, descendo devagar, até parar em meu umbigo onde soprou suavemente, eu me deixei arrepiar, seria mais fácil se eu deixasse todos esse impulsos se manifestarem normalmente, seria hipocrisia se depois de tudo, eu simplesmente fingisse que não sentia nenhuma espécie de atração por Yura, mesmo que ele fosse mais novo, mas sinceramente... Eu não ligo pra isso.

Existia um calor atraente e gentil na pele de Yura, o som doce de sua respiração, ou somente o olhar sempre transparente... De certa forma, me fazia feliz saber que eu era uma das poucas pessoas que conheciam esse olhar, me fazia sentir... Especial, mesmo que talvez eu não fosse...

– O que foi? – Yura perguntou observando o divagar distante dos meus pensamentos.

– Nada, bobagem minha...

– Eu adoro as suas bobagens. – ele disse sorrindo.

– Sabe... É que... Me deixa feliz saber que eu sou uma das poucas pessoas que sabe quem é você de verdade...

– É fácil fazer você feliz. – ele comentou com um olhar tranqüilo.

– Acho que eu sou uma pessoa de alegrias simples... – eu disse rindo.

– Talvez.

Naquela mesma noite, eu dediquei parte do meu tempo em observar Yura dormindo, depois de tudo aquilo, seria sensato dormir, mas a aparência inocente dele enquanto dormia era relaxante, mesmo que eu tenha acabado dormindo...





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