Contato escrita por Aleksa


Capítulo 6
Escolhas


Notas iniciais do capítulo

 
 



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Capitulo 6 – Escolhas

 

Terça-feira, eu estava pronta e certa daquilo que eu queria, e o melhor de tudo, eu CONSEGUI chegar em casa. Agora vem a parte dois, que é bem simples: mergulhar de cabeça no que quer que seja que me meti!

- Bom dia Alice! – Sarah disse caminhando em minha direção com Castel ao seu lado.

- Bom dia.

- Tudo bem?

- Tudo sim.

- Pronta pra ter aula de química? - Castel perguntou.

- Ah, sim. E vocês?

- Claro. – as duas disseram em uníssono.

- Mas o que nós vamos fazer hoje afinal?

- Mexer com uns ácidos e sei lá mais o que... – Castel disse desinteressada.

- Ah, sim. – eu disse rindo. – Bem especifico.

- Também acho. – ela disse rindo também.

Eu estava receosa com o que iria se suceder daqui pra frente, eu provavelmente tinha me metido num problema sem precedentes. E o pior, se desse tudo errado, eu não teria como reclamar, com NINGUEM, afinal, quem acreditaria se eu dissesse. Mas, minha decisão já tinha sido tomada, e eu não voltaria atrás agora.

- Bom dia Lili-chan! – Yura disse acenando inocentemente de um banco de pedra embaixo da sombra de uma das arvores do pátio com um livro de capa colorida, onde estava escrito: “sonhos de uma noite de verão”, fingido, como se ele gostasse de um livro desses, quanta determinação só pra manter essa imagem de bonzinho dele.

- Bom dia Yura. - eu disse sorrindo, pra entrar no esquema do fingimento.

- Que fofo. – Castel disse olhando pra mim. – Vocês têm apelidos.

- Vocês parecem irmãos. – Sarah disse com a mesma expressão abobada de Castel. – Que bonitinho!

Yura deu um sorriso envergonhado e corou discretamente, ele era o MELHOR ator que eu já havia visto! Ele devia ganhar um Oscar! Eu na condição de cúmplice dessa farsa toda, entrei no clima.

- Haha, que dó, tá envergonhando o garoto.

- Ah, mas é verdade. – as duas disseram em uníssono.

Eu ri despreocupadamente, Yura olhou pra mim, parecia surpreso com o improviso, normalmente eu ficaria encarando-o com uma expressão de: “seu mentiroso...”. O sinal tocou e nós tivemos que entrar.

O dia foi bastante divertido, comigo fazendo papel de “irmã mais velha”, Yura entrou no esquema bem rápido, o poder de adaptação dele era assustador! Mas com o tempo, o dia passou. O sol estava se pondo, e era hora de eu, finalmente ir pra casa, depois de dias de tortura e distração, e iria pra casa com a consciência relativamente tranqüila.

- Lili-chan... – Yura disse me encontrando na saída.

- Ah, oi Yura.

- Bela atuação hoje. – ele disse sorrindo ironicamente como sempre.

- Eu agradeço. – eu disse retribuído o sorriso.

- Cansou de tentar me evitar? – ele completou agora olhando pra mim.

- Cheguei à conclusão de que seria inútil. Além do que, pode ser divertido.

- Divertido?

- Isso, bancar a irmã mais velha é bastante interessante afinal de contas.

- Haha, que bom que está se divertindo, facilita o meu trabalho.

- Ótimo.

- Mas de qualquer forma. Eis o meu celular.

- Celular?

- Uhum, como você espera de eu te atormente fora da escola também.

- Hump, você não vai mesmo me dar paz, não é?

- Nem perto...

- Imaginei...

- Te incomoda? – ele pergunta com os mesmos olhos daquele dia na casa dele.

- Hump, não, não me incomoda.

- Bom saber. – ele completou desviando o olhar.

- Acho que seria de bom tom se eu lhe desse o meu, não?

- Eu já tenho.

- Como é que... Espere não me diga, Cristine?

- Yep.

- Foi o que pensei... – eu disse suspirando.

- Eu vou te ligar.

- Só quero saber que horas.

- Se eu dissesse qual seria a graça.

- Nossa, você é mau.

- Eu sei... – ele disse sorridente.

Depois disso eu me despedi e fui pra casa, isso não iria acabar bem, eu estava dando muito espaço, tenho medo de que em algum momento de uma dessas conversas Yura se “entedie” e decida que quer “fazer alguma coisa mais legal”, eu, minha consciência, e meu bom-censo dizem que isso é bastante perigoso...

Naquela semana eu quis chamar minhas amigas pra passar uns dias em casa, uns três ou quatro dias, seria bom pra que parasse de passar o meu dia todo pensando em Yura, meu cérebro precisava se preocupar com outras coisas, e é isso que eu faria.

- Oi Alice! – Elas disseram com suas malas na minha porta.

- Oi, tudo bem?

- Tudo sim. – Elas disseram em uníssono.

- Que bom, e o que vocês querem fazer?

- Festa do pijama! – elas disseram empolgadamente.

- Então tá... – eu disse meio assustada com tanta vivacidade.

- Pra uma mala desse tamanho? – Sarah perguntou a Castel, que trazia uma mala tão grande que parecia que tinha fugido de casa.

- Eu precisava de todas as bugigangas de festa do pijama, de grampos a mascara de manga e revistas de moda.

- Nossa... – Cristine disse impressionada com o conteúdo da mala de Castel.

Ai meu telefone tocou, e do outro lado do telefone, uma voz bastante conhecida.

- Oi Lili-chan!

- Yura? – eu disse surpresa com o horário da ligação de Yura, afinal, apesar da empolgação das meninas na sala, já passava de meia-noite, o que ele poderia querer numa hora dessas... Santo Deus! Péssimo! Testemunhas demais!

- Lili-chan eu queria saber... – eu o cortei no meio da frase e disse:

- Espera, que eu vou pedir pras meninas na sala falarem mais baixo.

Ele parou de falar e esperou, eu subi as escadas, e me tranquei no meu quarto, uma coisa muito suspeita, mas eu pensava numa desculpa qualquer depois...

- O que foi Yura? Por que você está me ligando a uma hora dessas?

- Haha, que pânico todo é esse?

- Tem gente na minha sala, e você me liga a uma hora dessa! Como você espera que eu fique?!

- Uh, essa é uma das coisas que eu não posso dizer em voz alta...

Mas que raio de conversa era essa, e como assim “não pode dizer em voz alta”?!... Respire Alice, calma, ouça o que ele tem a dizer...

- Ok, então diga, por que você ligou?

- Como você já sabe semana que vem é meu aniversário, eu liguei pra perguntar se você vem?

- E você liga a ESSA hora?!

- Haha, claro, esse não seria o único motivo pra que eu ligasse... Mas enfim, você está ocupada, então, é só isso. Boa noite Lili-chan...

E Yura desligou o telefone, me deixando com a pergunta: “qual a outra coisa que ele ia perguntar?!” eu detesto quando ele deixa a lacuna pra eu preencher, a minha cabeça não concebe coisas boas...

- Alice você está bem? – Cristine e as outras perguntaram batendo na porta.

Eu abri a porta, e por sorte parecia que elas não tinham me visto atender o telefone... Que horror, eu me sentia uma louca, escondendo telefonemas, mentindo, tudo pra esconder um segredo que nem era meu...

- Ah, sim... Eu pensei ter ouvido chuva e subi pra fechar as janelas, só isso...

- Ah... Acho que você está sob muito estresse Alice, já começou a ouvir coisas... – Sarah disse brincando comigo.

- Talvez. – eu disse rindo também.

Depois disso, nós passamos o resto da noite na festa do pijama, elas ficariam mais uns dias, eu só precisava manter a minha saúde mental num nível aceitável, até lá, e depois eu poderia surtar, surtar dentro de casa não é um grande problema, mas enquanto tivessem visitas eu precisava me manter centrada.

Na manhã seguinte nós todas acordamos cansadíssimas, e fomos pra escola.No quinto tempo, nós teríamos literatura contemporânea, aula que eu freqüento com o objeto da minha tortura, Yura.

- Bom dia! – Yura disse acenando a todas nós, Castel, Cristine e Sarah como sempre. Ficaram babando pelo adorável garotinho de olhos azuis e sorriso simpático.

- Bom dia Yuriel. – elas disseram simpaticamente.

- Podem me chamar de Yura. – ele disse com um sorriso agradável, inclinando suavemente a cabeça pro lado.

- Tá... – todas elas disseram com olhos brilhantes e expressões ridículas.

- Bom dia Lili-chan. – ele disse dirigindo aqueles olhos azuis perfeitamente disfarçados, pra mim.

- Bom dia Yura.

- Lili-chan, você vem no meu aniversario, não é?

Ah, é por isso que ele estava sendo legal com Sarah e as outras, ele queria que elas fizessem chantagem emocional e me obrigassem a ir no aniversario dele na outra semana, é obvio que ele sabia manipular as pessoas,  ele só estava se certificando de que eu iria... Monstrinho...

- Vou Yura... – eu disse já com o olhar ameaçador de Sarah, Cristine e Castel sobre mim caso eu dissesse não...

- Que bom! – ele disse saltitando, se atirando em mim e me abraçando.

- Aww... – Sarah disse com olhos abobados.

Isso servia perfeitamente a imagem de irmã mais velha que elas já tinham de mim, e Yura era um irmão mais novo perfeito: fofo, comportado, educado, carinhoso e amável.

Era fácil notar como Yura estava se divertindo. Apesar de ser praticamente do meu tamanho, eu diria que ele tinha uns dois centímetros a menos, mas sua aparência infantil e as roupas que usava, faziam com que parecesse BEM mais novo, e ele sabia fazer uso de sua aparência indefesa, eu REALMENTE não queria ser inimiga de Yura, tenho medo do que ele iria fazer pra fazer da minha vida um inferno, se com seu interesse ele já fazia isso, com seu ódio, eu provavelmente acabaria morta ou algo assim. Me arrepia só de pensar...

 - Pensando no que? – Yura disse enquanto me acompanhava pra sala, e vendo-me arrepiar se mostrou-se bastante interessado no motivo.

Yura estava se controlando profundamente pra não transparecer o olhar maldoso que eu sabia que ele queria usar, até que chegamos em um dos corredores vazios do colégio, era época de prova, estavam todos dentro da sala, a nossa prova não era agora, seria um pouco mais tarde, as provas seriam naquele mesmo dia, depois sexta, então segunda, terça, quarta e quinta, sendo que, sábado era aniversario de Yura...

- Nada...

- Mentira.

- Yura, por que você sempre tem que saber no que eu estou pensando.

- Por que eu preciso saber se você está pensando em outro.

- Yura, que possessividade súbita é essa?

- Não é súbita, eu não admito que você seja de ninguém mais.

Yura tinha um olhar muito sério, pelo jeito que ele falava, ele realmente não iria perdoar se eu por acaso o “traísse” apesar de não termos nada, não havia nenhum laço ou vinculo que nos unisse de maneira nenhuma, mesmo que eu soubesse que isso só iria durar enquanto Yura estivesse interessado, depois disso, tudo iria acabar, e ele ia sair tão rápido da minha vida quanto entrou, eu quis chorar, mas... Isso não seria adequado.    

 


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