Contato escrita por Aleksa


Capítulo 5
Surpresas




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                            Capitulo 5 - Surpresas

 

 

 

 

Na segunda-feira eu não queria nem ao menos OUVIR FALAR no nome de Yura, eu estava me sentindo uma besta, em vários aspectos, um por que eu tinha me deixado levar pelo momento e esqueci de enxergar que Yura era um manipulador, além de ótimo ator. Dois por que eu estava com ciúmes desse mesmo manipulador mentiroso, três por que eu estava fugindo desse manipulador mentiroso do qual eu tenho ciúmes...

- Alice. – Cristine disse correndo na minha direção na porta do colégio.

- Oi Cristine... – eu disse desanimada.

- Hum? O que foi Alice, você não parece feliz...

- Não é nada, só meu final de semana que foi péssimo...

- O que aconteceu?

- Não quero falar disso Cristine.

- Ah, então esta bem... Depois se quiser conversar...

- Pode deixar...

Pra melhorar tudo minha primeira aula era literatura contemporânea, aula que eu fazia com o manipulador mentiroso do qual tenho ciúmes e estava fugindo, lindo começo de semana...

- Bom dia alunos! – saltitante e sufocante professora de literatura contemporânea disse ao entrar na sala.

Eu passei a aula explorando todos os possíveis sentidos de “cego como uma porta”, o que se compunha basicamente de fingir que nada estava acontecendo, mas, tinha uma coisa que eu precisava fazer antes de ignorar Yura pelo resto da eternidade, perguntar quem era a mulher ao telefone...

E para selar a minha indiferença para todo o sempre, eu fui encontrar Yura no fim do dia, tirar essa duvida e fingir que nada disso nunca tinha acontecido, mesmo que isso custasse toda a minha paz dentro daquela faculdade. Conhecendo Yura como eu imagino que conheço, ele deve estar na biblioteca agora...

- Yura... – eu disse ao entrar na biblioteca e ver Yura sentado em uma das mesas segurando um livro com uma das mãos e apoiando-se na outra. Ele parou a leitura olhou pra mim e disse:

- Sim?

- Eu fiz uma decisão.

- Que seria?

- Antes de fingir pro resto da minha vida que você não existe, eu quero saber.

- Diga. – ele disse ignorando a parte do “fingir que você não existe”

- Qual era o nome da mulher no telefone?

- Margaret.

- Hum, sim. E quem era ela?

- Há! Como se você fosse acreditar se eu dissesse.

- Tente. – eu já começava a pensar em alternativas pra essa resposta.

- Minha mãe.

- Tem razão, eu não acredito.

- Eu sabia.

- É justamente por isso que eu vou ouvir.

- Hum?

- Você mente muito melhor do que isso. Se fosse pra me enganar, você contaria uma mentira muito melhor que essa.

- Hump, é verdade.

- Então?

- E por que eu tenho que me explicar?

- Por que talvez seja a ultima vez que conversamos, não seria um jeito ruim de terminar uma conversa.

- Então está bem.

- Estou ouvindo.

- Minha mãe me ligou por que semana que vem é meu aniversario, eu posso provar.

- Como?

- Quer meu RG, certidão de nascimento, confirmação sanguínea?

- Dessa vez quero.

- É tão difícil assim acreditar em mim.

- É, porque se fosse um motivo decente, o que levaria você a dizer que estava sozinho?

- Ah, então é isso?

- O que?

- Então é ciúmes.

- O que?!

- Eu sabia. – ele disse sorrindo maliciosamente.

- Não mude de assunto!

- Quem está mudando de assunto é você.

- Mas esse não era o tópico da conversa!

- “Era” é uma palavra no passado sabia?

- Pare de desconversar e me responda!

- Haha, está bem, como você espera que eu explique pra minha mãe POR QUE tinha uma mulher na casa do lindo e puro filho dela?

O pior de tudo é que o que ele estava dizendo fazia sentido, e agora eu já não sabia mais o que era verdade ou mentira, como eu poderia decidir? eu precisaria de provar concretas...

- Agora me fala. Quem você achou que era? Amante, namorada, esposa?

- E eu lá sei Yura! Não sei o que se passa nessa sua cabecinha poluída!

Yura começou a rir, eu não entendo que poderia haver de tão engraçado, era verdade! Eu realmente não entendia!

- Mas é verdade!

- Eu sei... – ele disse ainda rindo. – É por isso que é legal...

- Eu não saber quem é você, é legal?!

- É. – ele completou secando os olhos.

- E eu posso saber por quê?!

- Pode.

- Hum...?

- Lembra quando eu disse que seria obrigado a fazer você parar de me odiar?

- Lembro... O que é que isso tem a ver?

- Eu também disse que faria isso te fazendo sofrer.

- Sei...

- Você está sofrendo... E você me odeia? – ele disse olhando nos meus olhos. – Não minta pra mim, eu vou saber.

- Eu detesto admitir... Detesto mesmo... Mas não, não odeio...

- Eu sabia. – ele disse rindo.

Nesse momento eu me pus a pensar, talvez, se eu deixasse as coisas acontecerem da forma como deviam, fosse mais fácil, se eu não pensasse demais no assunto, com o tempo tudo isso se tornasse normal... Quem sabe? Acho que não custa tentar...

- Nenhum comentário? – Yura perguntou esperando um de meus rotineiros momentos de indignação, um daqueles em que eu começo a discutir sobre como isso tudo era detestável e blá blá blá...

- Eu acho que não... – eu disse ainda pensando em qual seria a reação adequada para o momento, se eu devia simplesmente deixar que tudo acontecesse, e ver como isso iria acabar... Será que isso era correto? E se eu me arrependesse depois? E se... Eu acabasse me apaixonando pela pessoa errada...?

- Alice? – Yura disse olhando pra mim já se perguntando por que os meus olhos vidrados encaravam o vazio com tanta insistência.

- Hum?

- Você está bem?

- Eu... Não sei ainda. Estou pensando nisso.

- Certo... – ele disse com uma aparecia um tanto confusa.

- Eu acho que é melhor eu ir agora...

- Você vai chegar em casa? – ele disse perguntando se minha saúde mental permitiria que eu me lembrasse do caminho.

- Creio que sim, de qualquer forma...

Minha mente estava cogitando a possibilidade de deixar essa confusa e até então muito perturbadora relação se desenrolar da forma que fosse, isso parecia até certo ponto compreensível, não existe nada de mais, mesmo que... Ele fosse uma pessoa que esconde de tudo e de todos a sua real personalidade... Isso não soava direito... Mas, havia algo de extremamente fascinante em Yura, algo que não me deixava simplesmente deixar isso de lado, de alguma forma, eu queria conhecer que Yura de REALMENTE, não aquilo que ele mostrava a todos... E, mesmo que isso queimasse minha vida toda de uma só vez, era isso que eu iria fazer...

  


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