Me sentei na cama e encarei o vestido a minha frente, eu não estava com ânimo nem vontade para ir ao baile da escola hoje, mesmo com todos os protestos que fiz, minha mãe insistiu que era bom esquecermos isso um pouco. Como esquecer que três dos meus amigos estavam mortos? Que havia mais um corpo encontrado? Que minha melhor amiga estava quebrada? Não havia como esquecer nada disso, as fotos no meu mural fazia a questão de me lembrar cada vez que eu olhava para ele.

— Clari querida, você está pronta? — mamãe perguntou entrando no quarto — Ainda não se vestiu?

— Não quero ir — falei — Não quero estar lá. Algo me diz que não devo estar lá.

— Clari, não é pecado e nem crime se divertir e esvaziar a cabeça.

— Eu não devo está lá — falei desesperada enquanto lágrimas começavam a cair.

— Steven — mamãe gritou — Ela está tendo um ataque de pânico. Clari meu amor, está tudo bem, tudo bem.

Vi meu pai adentrar o meu quarto com uma seringa e logo sentir a mesma ser injetada em mim e assim como o desespero veio, ele foi embora… De repente.

— Você está bem querida? — ele perguntou.

— Estou — falei sorrindo de lado.

— Se arruma — mamãe falou estendendo o meu vestido — Você precisa se distrai, todos vocês precisam.

Não havia como contestá-la ela não mudaria de ideia, peguei meu vestido e caminhei até o banheiro para me trocar.

Me olhei no espelho assim que amarrei o vestido, a três meses atrás eu acharia aquele vestido perfeito, mas agora, eu não consigo achar nada. O vestido era vermelho, em cima era coberto por uma renda vermelha que se amarrava no pescoço e sua parte de baixo era rodada em babados. Meu cabelo estava preso em um coco alto e um pouco bagunçado, minha maquiagem também era bem simples, apenas um lápis de olho e um batom rosa claro. Eu estava pronta.

Peguei minha bolsa e sair do quarto, a casa estava silenciosa como sempre, a Alex já deveria ter ido com seu par, mamãe deveria ter ido visitar a Sra. Castle como todas as sextas-feiras. Sair de casa apenas com a chave da porta, resolvi andar até o colégio, sempre me ajudava a pensar e era o que eu precisava no momento.

Estava passado pela floresta que tinha a uma quadra do colégio quando fui puxada bruscamente para dentro dela, pensei em gritar a plenos pulmões mais quando vi os cabelos negros da Liz apenas respirei aliviada, ali estava a Liz, o Mark, a Ceci e o Charlie.

— Pra que isso? — perguntei quando a mesma retirou a mão de minha boca.

— Recebi uma mensagem da Alex pedindo para todos estarem aqui antes do baile — Mark respondeu.

— Por que ela não me falou nada? — perguntei confusa olhando todos eles.

— Porque irmãzinha, eu queria você fora dessa — ouvi a voz de Alex e o olhar assustado dos meus amigos, me virei.

A Alex estava com uma arma na mão, ela tremia - eu podia ver mesmo com a pouca luz daquele local - seu rosto estava vermelho, ela havia chorado, mais seu olhar estava vazio. O que havia acontecido?

— Alex larga essa arma — pedi.

— Eu recebi uma ligação hoje — ela começou a falar como se eu não tivesse dito nada — Meu namorado estava morto, sabe por que? Porque o idiota do seu namorado não disse o que ele fez — ela gritou para a Liz que foi puxada para trás pelo Mark.

— Alex, por favor abaixa a arma — pedi novamente.

— Sabe Liz, eu sabia o que Dean tinha feito, mais não achei necessário contar, porque eu sabia que você ia ser idiota pra voltar pros braços dele — ela deu de ombros — Mas ai o filho da puta do assassino me liga e diz que as mortes são culpa sua e de todos vocês. Eu rir, eu juro que rir e muito por sinal.

— O que você está falando Alexia? — Liz perguntou assustada.

— Estou falando que a morte de Lucas foi apenas o começo, Honey – ela deu de ombros — Você achou mesmo que eu deixaria barato a morte do Lucas? Achou que eu deixaria passar em branco isso?

— Alexia — falei sem entender.

— Eu procurei cada pequeno segredo de vocês e adivinha, eu achei cada um mais interessante que o outro — ela riu — O diabo teria orgulho de vocês, acredite.

— O que o Dean fez? — Liz por fim.

— O que seu namoradinho assassino fez? — ela riu debochada — Ele matou o Lucas. Agora e sua vez de morrer, vadia.

Tudo foi muito rápido, a Alexia levantou a arma e sem pensar em nada atirou em direção a Liz, mas quem havia levado o tiro em seu lugar foi Charles que caiu no chão arfando.

— Charlie — Ceci e a Liz gritaram.

Corri em sua direção e me abaixei, ele estava com a mão no peito arfando.

— Charlie, você está bem? — perguntei preocupada com o sangue que tomava conta da sua blusa branca — Mark liga para uma ambulância agora.

— Me desculpa — Charlie pediu baixo.

— Por que está me pedindo desculpa, Charlie? — perguntei sem entender.

— Por que eu… — ele começou a torci e de sua boca saiu sangue — Não ter dito que te amava antes, agora estou a beira da morte te dizendo isso. Que clichê — ele riu com a boca coberta de sangue e sua respiração irregular.

— Você não vai morrer — falei colocando a mão na boca para impedir o choro que escaparia a qualquer momento.

— Não precisa ser médico para saber isso, Clari — ele sorriu de lado — Me desculpe também por… por — ele simplesmente parou de falar e seus olhos perderam o brilho.

— Não — gritei deixando finalmente as lágrimas caírem.

Eu tremia, a Alex estava assustada com o que aconteceu ela não conseguia dizer nada que fizesse completo sentido, assim como todos a Alex havia chegado ao seu limite, ela havia sido quebrada como vidro.

— Eu não queria — ela falou baixo olhando para o corpo de Charlie — Eu não queria.

— Alex está tudo bem — falei a olhando e fui em sua direção para abraçá-la.

— Não — ela gritou quando eu a toquei e logo em seguida riu — Vocês são tão desprezíveis, eu tenho nojo de vocês.

— Alex do que você está falando? — perguntei assustada enquanto era puxada para trás pelo Mark.

— Eu amei, juro que amei muito matar a Cathy — ela riu loucamente — Eu sei que sempre vem as loiras, mas as vadias têm sempre o mesmo patamar. A vida te fez de burra por si só Liz, seu namorado está morto, sua amiga te traia com ele e advinha só o Lucas te odiava.

— Você está tendo um ataque, Alex — falei — Me deixe te ajudar.

— Eu não estou louca Clarissa, muito pelo contrário — ela sorriu de lado — Eu estou muito bem.

— Alexia você matou a Cathy e o Charlie, e não duvido que tenha sido você a mandar matar o Dean — gritei enquanto lágrimas inundavam meus olhos — Você precisa de ajuda, por favor Alex, me deixe te ajudar.

— Te deixar me mandar pro hospício, você que dizer — afirmou me olhando irritada — Acredite, eu não vou pra lá. Ah, e a propósito, você esqueceu de mencionar o Thiago.

O som da sirene da polícia foi ouvida e logo em seguida de uma ambulância, eles estavam atrasados, era tarde de mais agora.

Passos de pessoas correndo foram ouvidos por todos, mas somente eu tive reação para olhar naquela direção. Sr. Castle olhou alarmado para o corpo no chão e para os filhos que pareciam em choque, logo em seguida chegou o Policial Mathews que ao ver o filho morto se deixou cair ao chão em desespero.

Eu queria sentir que tudo havia acabado ali, mais eu não conseguia, a voz no fundo da minha cabeça gritava que isso era apenas o começo, o começo dos segredos que nos envolvia… O começo dos nossos segredos mais obscuros.