— O que você faz aqui John? - Pergunta Verônica firme.

— Vim para casa, ver meus filhos. - Diz ele se sentando a mesa. Logo Tom e Victória se levantam e se afastam da mesa.

— Você não tem permissão de pisar nesta casa depois do que você fez.

— Você quer mesmo ter essa conversa na frente deles? - John ri. - Você não tem medo do que essa conversa possa revelar sobre o seu passado. - Ele conclui pegando a jarra de suco na mesa e enchendo um copo.

— Vai embora daqui John! - Grita Verônica batendo na mesa. - Ou eu vou chamar a polícia. Eles ainda estão a sua procura sabia?

— Tudo bem! - Diz ele bebendo o copo de suco e levantando-se. Eu só vim para avisar que estou de volta a cidade e não tenho pressa de ir embora. - Ele termina saindo pela porta da frente. Tom, Verônica e Victória se sentam a mesa novamente porém nenhum deles diz uma palavra. Verônica então se levanta e vai para seu quarto em silêncio.

Amanhece em Santa Maria e Tom já se encontra na faculdade. Ele fecha seu armário e vai para sala de aula, entra e senta na mesma cadeira que vem sentando todos os dias da semana desde o início das aulas. Logo em seguida, Bernardo entra e senta a sua frente.

— Bom dia Tom!

— Bom dia.

— Ta tudo bem? Você não veio ontem.

— Ta sim, eu tive um problema familiar. Perdi muita coisa?

— Não, não, depois te passo a matéria.

— Valeu. - Agradeceu Tom e então Bernardo se virou para frente enquanto o Professor Matthews entrava na sala.

— Bom dia. Todos fizeram o trabalho que passei ontem? - Pergunta o professor, porém recebe silêncio como resposta. - Que isso pessoal! Alguém pode me responder pelo menos o porquê de não terem feito.

— Estava muito complicado professor. - Diz uma aluna.

— Como complicado? Certeza que se eu procurar na internet eu acho. - A turma fica em silêncio novamente. - Vamos fazer o seguinte. Teste surpresa!

— A não professor! - A turma resmunga em coro.

— Está vendo como é ruim quando as coisas não seguem o cronograma? Eu esperava chegar aqui e encontrar os trabalhos prontos. - Ele ri. - Vamos fazer o seguinte, façam o trabalho em dupla até amanhã se não passarei um trabalho ainda pior para o final de semana. Agora vamos para a aula de hoje. - Conclui Matthews se virando para escrever no quadro.

O sinal toca anunciando o fim da aula, Tom se encaminha ao seu armário acompanhado de Bernardo que está falando sobre a matéria que ele perdeu ontem. Até que Emily chega e interrompe os dois.

— O que houve com você? Edu disse que passou na sua casa e sua mãe informou que você já tinha vindo. - Questionou Emily.

— Problemas em casa. Depois te explico - Respondeu Tom.

— Mas você está bem?

— Sim. - Quando Tom termina de falar, se ouve um burburinho no corredor da faculdade.

— Olha, é ela mesmo. - Disse um garoto.

— Nossa, é ela mesmo. Ela é tão linda. - Disse uma menina enquanto um corredor de alunos se abria dando passagem a uma menina alta, de cabelos e pele negra, olhos cor de mel e rosto incrivelmente delicado. Ela estava acompanhada por dois guarda costas de terno, causando alvoroço entre os alunos. Ela chegou até o armário de Tom parando ao seu lado.

— Oi Tom! Oi Emily. - Disse ela.

— Sierra! Exclamou Emily e logo em seguida a abraça.

— Espera. Vocês conhecem a Sierra Mendes? - Perguntou Bernardo.

— Sim, somos amigos de infância. - Respondeu Sierra ao abraçar Tom.

— Isso antes dela ir para Hollywood e ficar metida. - Brincou Tom.

— Mentira! - Ela riu. - Eu não fiquei metida.

— Mas o que faz aqui na faculdade Sierra? - Indaga Emily.

— Eu passei na casa de Tom e a Tia Verônica me disse que ele tava aqui. Queria conversar com ele.

— Ah sim. - Emily ri. - Eu vou achar o Edu. - Até mais Sierra, foi muito bom te ver. - Emily sorri e bate em Bernardo com o braço.

— Claro, também tenho que ir. Depois te dou a matéria de ontem Tom. - Os dois saem deixando Sierra e Tom sozinhos. A moça pensa em falar algo, mas é interrompida por uma menina com um caderno em mãos.

— Com licença, senhorita Mendes, pode me dar seu autógrafo?

— Claro! Posso sim. - Diz ela pegando o bloco da mão da jovem, escrevendo nele e logo devolvendo.

— Obrigado. Sou sua grande fã. - Diz a jovem ao abraçá-la. Sierra sorri e a menina sai entusiasmada abraçando seu caderno.

— Vem. - Diz Sierra ao pegar na mão de Tom e levá-lo para fora da faculdade. Os dois entram num carro preto completamente fechado e saem pela cidade.

Sierra e Tom estão na encosta de um morro, admirando a vasta paisagem de Santa Maria. Um pouco mais afastado deles, se encontra o carro onde vieram com dois seguranças parados.

— Esse lugar me trás tantas lembranças. - Disse Sierra.

— A mim também. - Enquanto eles falavam, quatro crianças passaram brincando bem na frente deles: uma menina de cabelos avermelhados aparentando ter oito anos; um menino loiro e alto, por volta dos seus dez anos; uma menina de pele negra de oito anos e um menino loiro com oito anos também. A imagem era transparente, como se fossem fantasmas.

— Parece que fiquei uma vida longe daqui. - Diz Sierra com olhar distante.

— E como foi viajar pelo mundo? Ser famosa! - Indaga Tom Sorrindo.

— Cansativo! Quem dera se fosse só viajar pelo mundo. Tem entrevistas, com perguntas que te deixam de saia justa. Tem que arrastar multidões mesmo se for no cinema. Não poder sair com alguém sem que digam que está namorando.

— E você está? - Corta Tom. Ele abaixa a cabeça constrangido e então continua. - É que eu vi uma notícia na internet.

— Não! - Ela responde rápido. A morena olha para Tom e esboça um sorriso constrangida. - São sempre amigos. Eu to sozinha.

— Ah. - A palavra sai de Tom como um suspiro.

— E como estão as cosias aqui? Acabei nem vendo o Edu.

— Ele está bem.

— Ele e a Emily ainda estão juntos?

— Às vezes. - Tom ri.

— Então nada mudou. - Sierra ri também. Os dois permanecem deitados na grama por um tempo fitando o por do sol preencher o céu de Santa Maria.

— Eu senti sua falta. - Diz Tom baixo sem tirar os olhos do céu. Sierra vira sua cabeça para ele, fita seu rosto por um tempo e logo volta seus olhos para o céu novamente.

— Eu também. - Responde a morena no mesmo tom. Não demora muito e suas mãos se tocam e logo se entrelaçam. Sierra encosta sua cabeça no ombro de Tom e os dois permanecem ali a admirar à noite cair.