The New Start escrita por SparrowJackson


Capítulo 43
Epílogo 2


Notas iniciais do capítulo

oi de novo... estou tao triste de postar esse cap, serio, eu chorei tanto escrevendo ele e espero que voces chorem tambem! kkkk boa leitura!



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5 anos depois

 

A vida é o bem mais precioso que uma pessoa pode ter. Ela é uma peça de teatro que não permite ensaios, uma música sem o botão de replay. Muitas vezes desvalorizada e jogada de lado de um jeito desprezível. Eu mesma já fiz isso tantas vezes que perdi a conta. Dias em que eu só queria que a dor passasse. Mas se não fossem essas dores eu nunca teria chego onde estou. Me pego pensando se eu tivesse feito qualquer coisa diferente , poderia mudar o meu destino, mas ele sempre esteve traçado, e não tem nada que eu possa fazer para impedir que ele se concrete.

É de manhã e eu me ausentei do café da manhã. A brisa suave entra pela janela aberta e faz com que as cortinas batam em mim, mas isso não me incomoda. É como se, em apenas algumas palavras, minha vida tivesse finalmente feito sentido. Tudo o que fiz, o que falei, me leva a esse momento. Eu prometi para mim mesma que não leria a carta a menos que fosse estritamente necessário, e aqui estou. O estritamente necessário já passou, mas só agora eu tive a coragem de sentir o papel ameaçado em minha mão. O conteúdo não me surpreende, mas me maravilha.

Estou tão perdida em meus próprios pensamentos que não noto a presença de Brad no quarto.

—Você está bem?- ele me pergunta claramente preocupada. Abro o sorriso mais sincero e honesto que já fiz na minha vida.

—Nunca estive tão bem.- respondo e ando em sua direção. A tensão em seus ombros se dissolvem em segundos e eu o abraço com todas as minhas forças.

—O que houve com você?- ele estranha minha atitude.

—Não posso abraçar meu marido?

—Claro que pode, e só que... tudo bem.- ele desiste de falar o que pensava.- Vai comigo ver o meu pai?- eu assinto e saímos do quarto.

Harrison está doente faz alguns meses. Câncer eu acho. Muitos aqui acham que ele vai tarde, que ele merece pior depois de tudo o que fez, mas eu não. Independente de quem seja, você merece dignidade e o máximo de amor possível em seus últimos momentos. É assim que eu gostaria de morrer, cercada por todos aqueles que eu amo e com as memórias da minha vida. Harrison provavelmente não terá esse feito, afinal, ele não amava ninguém. Eu consegui convencer Bradley de que visita-lo em seu leito é o certo a se fazer, e é para onde vamos agora.

Hoje é ano novo e por isso ele está em nossa enfermaria em vez de estar em seu país. Todos tem a esperança de que ele esteja doente demais para conseguir atrapalhar todas as comemorações. Enquanto caminhamos pelos corredores olho para o lado e encontro com os olhos de Bradley que analisam o chão. Sei como é difícil para ele fazer isso, Harrison foi o carrasco de sua vida, perdoa-lo foi a coisa mais difícil que ele fez na vida, mas eu me orgulho dele ter feito. Eu só espero que meu sogro não arruine o último momento.

—O que você está fazendo aqui?- Harrison pergunta arrogante e vira a cara.

—Soube que está morrendo. Queria dizer umas coisas antes disso acontecer.- Bradley responde ainda incerto. Eu lhe dou um empurrãozinho e ele se senta do lado da cama. - Eu sei que você me odeia, eu só quero saber porquê.- O ex rei solta sua risada sarcástica habitual.

—Eu não odeio você.- ele di divertido e eu tenho certeza que a cara que Brad fez foi exatamente igual a minha. Susto e terror.

—Não?

—Não.- Harrison afirma.- Você é meu filho e eu amava a sua mãe mais do que tudo. Ela conseguiu ver uma coisa em mim que ninguém nunca conseguiu ver. Bondade. Então eles tiraram de mim a única coisa que me dava felicidade.

—Eles?- eu pergunto de longe e Harrison me nota pela primeira vez. Seu rosto se torna frio e ele me ignora. Vira de volta para o filho e abre um sorriso triste.

— A Inglaterra.- ele responde.

—Espera, está dizendo que William e Mary mataram minha mãe?- ele pergunta transtornado. Os dois se transformaram em sua família, foram por muito tempo tudo o que ele tinha. Mas Harrison também não é a mais confiável das fontes.

—Não foram os dois. Agora eu vejo isso.- meus músculos relaxam e consigo ouvir Bradley soltar todo o ar que prendia.

—Então como a Inglaterra a matou?- ele faz a mesma pergunta que me ronda. Depois de vinte e cinco anos descobrimos a real verdade sobre toda a trama de esquemas de Harrison e Clarkson.

—Quando se é uma família real, pessoas querem te assassinar. Existem seguranças para impedir isso, e naquele dia, eles fizeram seu trabalho muito bem.- Bradley escuta a história com fascínio. Acho que ele nunca ouviu tanto sobre a mãe, principalmente vindo do pai. Nós nunca fomos casados, então ninguém sabia sobre nós, se soubessem talvez ela teria sido salva.- instantaneamente, ele começa a tossir. Bradley se inclina para frente, mas não a tempo de impedir que o sangue escorra pela boca do pai. Barulhos e bipes da máquina alertam os médicos de que algo está acontecendo e eles correm até nós, desesperados para salvar o rei.- Não. Eu preciso disso.- ele diz baixo e os médicos vão embora, nos deixando com um Harrison à beira da morte.

—Você precisa deles! Porque está despachando as pessoas que podem salvar sua vida?- Bradley grita pelos médicos desesperadamente, mas ninguém aparece.

—Eu não quero viver. Não tenho motivos. Fiz tantas coisas ruins na vida, o mínimo que posso fazer antes de morrer é terminar a história.- ele diz e olha fundo nos olhos do filho. Pelo menos eu acho que olhou né, estou longe demais para ver. Uma lágrima escorre por minhas bochechas. De felicidade. Quem poderia imaginar que Harrison seria aquele que se tornaria bom no final da história? Que se se desculparia e se arrependesse de tudo. Sei que tenho que dar um momento para os dois, mas eu simplesmente não consigo me mover.

—Ela era uma consultora de arte, trabalhava em um museu em Londres. Foi onde a conheci. Você parece tanto com ela que é mais do que assustador.- ele abre um sorriso sincero- Por algum motivo, os reis foram visitar o museu. Era a abertura de uma nova ala, eu não sei, só sei que alguns rebeldes revolucionários acharam que aquela era a hora mais oportuna para atacar. E o que é uma guerra sem casualidades?- ele ri seco- Sua mãe ficou no fogo cruzado. Ninguém correu para salva-la, ninguém a socorreu, estavam ocupados demais em salvar os reis.- ele tosse novamente e consigo ver as linhas do aparelhos diminuírem. Bradley chora, e não é para menos. Ele passou sua vida inteira odiando o pai, achando que ele tinha matado a namorada. - Não cometa os mesmos erros que eu. Não os culpe pelos meus erros. Eu ia pedi-la em casamento na semana seguinte. Se eu tivesse feito isso antes, quem sabe o que poderia ter acontecido. Eu a amava, eu te amo mais do que...- então o aparelho lança seu último bipe e as linhas se tornam retas e Harrison fecha os olhos.

 

O resto do dia se passou como um borrão, principalmente pra Bradley que praticamente não saiu do quarto o dia inteiro. Consegui ouvir aleluias e gritos de felicidade pelo castelo assim que a notícia da morte foi anunciada. Ninguém ficou muito comovido ou chorou, todos estavam ocupados demais se preparando para a festa de ano novo.

Todos já chegaram durantes e a semana e nossa casa não podia estar mais cheia. Eu dei folga para todos os funcionários, hoje é ano novo e todos merecem a oportunidade de ficar com sua família. É assim todos os anos. As garotas se juntam na cozinha e fazem os jantar, enquanto os garotos fazem coisas de coisas de garotos.

—Então Melanie, quando Jhon vai nascer?- eu pergunto animada. Maxon vai ter seu primeiro filho homem.

—Fevereiro.- ela responde feliz.- Tem tanta coisa para preparar ainda em tão pouco tempo.- ele bufa de cansaço.

—Vai valer a pena.-Lyra entra na roda. Ela manteve silêncio durante quase toda a conversa, e apesar de Maya estar ao seu lado, isso não a impede de dizer sobre sua não vontade em ter filhos.

—Eu nunca quis ter um filho, mas foi o melhor coisa que me aconteceu. - Ela olha para a filha que a abraça. - Só torça para seu filho não ser louco igual a minha é.- todas nós rimos e Maya faz cara de insultada.

—Foram só alguns meses!-ela tenta se defender.

—Foram só alguns meses atravessando a África de bicicleta!- Lyra completa e Maya fecha a cara. - Esse é meu trabalho como mãe, ser chata.

—Então Melanie,- eu interrompo Lyra- tem alguma notícia de Kriss?

As duas não tem nenhum conflito ou assuntos pendentes. É como Bradley e Maxon, que viraram amigos depois de tudo isso, impressionantemente. Eu admiro a capacidade deles em esquecer. Eu não tenho esse privilégio.

—Ela virou uma professora, como era seu sonho. Eu acho que ela se casou, mas não tenho tanta certeza. Posso perguntar para Maxon depois e te digo direitinho.

Kriss merece um final feliz. Para mim isso não é verdade, mas em sua cabeça, ela perdeu vinte ano de sua vida com nada. Independente se tenha dado certou ou não, um relacionamento, uma amizade sempre vale a pena. Você simplesmente segue o seu coração, não importando se você o quebre no final.

—E você Celeste, nenhum bebê no caminho?- Camille entra na conversa e Celeste pula de susto com a pergunta.

—Eu? Filho?- ela solta uma risada histérica.- Sem crianças na minha barriga agora e nunca.- ela jura.- Celeste Newsome não pode ficar gorda!- ela afirma e nós rimos.

Ela enfim resolveu seguir o meu conselho e se casou com George. Para alguém que sempre quis ser o centro das atenções, ela não quis uma grande festa de casamento. Ela mora na Irlanda agora e assim como Marlee, que voltou para Illéa e Lyra que continua viajando, eu raramente as vejo. Os feriados e aniversários são os únicos momentos em que nós nos reencontramos.

Nós continuamos conversando por bastante tempo. Eu perdi a noção do horário e por incrível que pareça, os homens tiveram que aparecer e nos dizer que já estava quase na hora marcada para o jantar. Pela primeira vez, e última, eu me atrasei.

Puxo Lyra para um canto enquanto todo correm de volta para seus quartos.

—Ei!- ela se exalta- O que houve?

—É só que eu percebi que eu nunca agradeci você adequadamente.

—Para de gracinha America.- ela diz e se vira para ir embora, mas eu a puxo de volta.

—Eu estou falando serio. Eu não sei o que teria sido da minha vida se você nunca tivesse me encontrado. Você mudou tanto, nós duas mudamos. Eu provavelmente teria morrido de fome dois dias depois, ou de qualquer outra coisa. Você não tem ideia do quanto você é importante na minha vida.- eu faço o meu máximo para não chorar, mas assim que vejo as lágrimas descerem dos olhos de Lyra, eu desabo também. - Eu... eu... eu te...- Nos abraçamos e eu tento dizer mais, mas simplesmente não consigo.

—Não precisa dizer nada. Eu sei.

 

—Você está melhor?- pergunto para Bradley assim que chego no quarto. Impressionantemente, ele já está pronto.

—Sim. Henry me obrigou a ir para o jogo e isso me distraiu bastante. Eu só fico imaginando porque ele nunca me contou isso antes.- ele se senta na beirada da cama e eu o abraço.

—Hoje é ano novo e isso significa um dia feliz. Então abre esse sorriso e tenta aproveitar o máximo, pode ser?- pergunto e ele assente.

Tento me arrumar o mais rápido possível, e assim que estou pronta vou até o quarto das crianças.

O dia passou tão rápido hoje e tão cheio de revelações, que por um momento eu esqueci da carta que li hoje de manhã. Fico feliz que eu tenha esquecido, quero aproveitar o dia de hoje como se não houvesse mais nenhum, como se fosse o último dia da minha vida. Ao longo do dia escrevi cartas, para todas as pessoas que tiveram uma importância na minha vida, mesmo que miníma. Quero que todos eles saibam o quão grata sou e o quanto eu os amo. Já está tudo pronto e espero que eles possam ler cedo.

Ouço o barulho dentro do quarto. Estou na porta do quarto de Shalom, que geralmente é o mais calmo. Ele ainda é uma criança e não entende a vida, mas enfim entenderá e quero que ele esteja preparado para tudo. Ele é tão doce e carinhoso, com apena dez anos é mais responsável do que os outros dois. Estranho barulho dentro do quarto e, tomada pela curiosidade, giro a maçaneta. Assim que todos me notam, largam tudo o que está em suas mãos e me encaram. James larga as baquetas e me olha assutado Acho que não tenho o costume de ir em seus quartos. Vitoria, Katerina e Shalom brincam de guerra de travesseiros em cima da cama. Tenho o impulso de brigar com as duas por estarem fazendo isso, afinal uma tem 24 e a outra 19, enquanto o irmão é muito menor, mas eu mesma me repreendo. William larga o controle do videogame e me lança um olhar de raiva por ter feito com que perca o jogo.

—O que está acontecendo aqui?- pergunto assustada com a bagunça.

—Uma reunião.- James responde ainda sem parar de me encarar.

—Vocês chamam isso de reunião?

—Sim. -todos respondem um uníssono.

—Fazemos isso toda vez em que nos encontramos.- Victoria explica e volta para o chão.

—Toda vez? Como eu não sei disso?- pergunto agora assustada com o fato de eu não conhecer meus filhos assim tão bem.

—Bom, nós nunca contamos mamãe.- Shalom corre em minha direção e pula em meu colo.- Brica com a gente mamãe!- ele pede e eu não hesito em responder que sim.

—Estou tão orgulhosa de vocês, todo todos vocês. Estão tão bonitos, felizes e juntos. Quero que façam uma promessa para mim e eu brinco com vocês.- eles assentem.- Quero que prometam estar sempre um com outro e que independente do que acontecer, vocês vão sempre se apoiar e não deixar que nada os separe.- eu digo e eles me olham sem entender o motivo de todas as palavras sentimentais, mas rapidamente prometem.

 

Eu tive que tomar outro banho depois de sair do quarto das crianças. Passar esse tempo com eles me fez voltar no tempo, para quando eu tinha essa idade. Me fez lembrar da saudade que estou do meu pai e de Kota. Nós conversamos um pouco nos último anos, mas nada demais. Ele não mudou e mesmo sendo meu irmão e eu tendo o perdoado, ele nunca mais apareceu. Se tem uma coisa que me arrependerei até minha morte, é de nunca ter feito as pazes com ele.

A festa já tinha começado quando entrei no salão. Celeste já estava bêbada e todos já dançavam no centro. Quando jovem, sempre considerei minha família grande. Ter cinco irmãos não é pouco, mas agora eu entendo realmente o que é uma família grande. Todos que estão hoje aqui presentes são minha família. Se não fosse por eles eu não seria quem eu sou hoje, eu não teria o que tenho e não seria feliz como eu sou. Admiro da escada enquanto cada um faz as suas coisas. Vejo Maxon beijando a barriga de Melanie, vejo Aspen novamente correndo atrás dos filhos e Lucy que fotografa a ocasião. Todos eles, tão felizes e amados que poderia ficar aqui para sempre, simplesmente observando a vida daqueles que amo. Todos eles tiveram uma parte tão importante em minha vida, que só posso esperar que eles se sintam assim em relação a mim. Me sinto realizada Tudo o que eu poderia fazer da minha vida, todos que eu poderia conhecer, eu fiz tudo o que sonhava e tudo o que eu nunca imaginava querer. Se eu morrer hoje a noite, morrerei com um sorriso no rosto, porque não tem coisa melhor do que saber que sua vida valeu a pena.

Estou sentada na mesa com Celeste, Marlee e minhas antigas criadas. Nosso tópico preferido é sobre a seleção. Foi o momento de nossas vidas em que mais nos conectamos e formamos nossas amizades, então acho justo. Anne e Mary se casaram, mas nenhuma das duas teve filhos. As duas ainda trabalham comigo, foram as únicas que permaneceram no palácio até hoje.

—Sei que é ano novo e não queremos lágrimas, mas eu preciso terminar o ano dizendo o quanto eu amo cada uma de vocês. - eu começo e discurso por bastante tempo. Sei que disse sem lágrimas, mas foi impossível conte-las depois de tudo. Eu simplesmente devo minha vida para essas garotas.

Eu não precisei conversar com a minha mãe, ela veio até mim. Ela estava chorando pelo papai. Quando ela bebe, fica emotiva. Ela disse que queria conversar com ele uma vez, que tinha tantas coisas que queria dizer para ele, mas que nunca conseguiu. Então eu juntei nossa pequena família(May, Gerad, Kenna, Astra, James e até mesmo Aspen), e fomos para o jardim. Lembro de dizer mais do que era o objetivo. Comecei falando sobre papai e acabei dizendo sobre todos presentes. Foi como se eu tivesse fazendo o meu máximo para guardar cada um deles em minha mente. Tudo se passou como um borrão, não sei se foi pela quantidade de lágrimas que encobriam meus olhos, o porque eu simplesmente estava emotiva demais. Só sei que voltei para a festa arrasada.

Achei que dança seria o jeito mais fácil de esquecer o que aconteceu alguns minutos atrás, mas não conseguia encontrar Brad em lugar nenhum. Quando enfim consegui enxergar seu péssimos passos de danças, percebi que ele já tinha acompanhante. E foi quando Maxon apareceu do meu lado.

—Me daria a honra?- ele estende minha mão e me leva para o centro da pista.- Como nos velhos tempos.- ele diz pensativo.

—Não parece com os velhos tempos. Tanta coisa mudou que fico até tonta de tão desorientada que fico quando relembro o passado.

—Nossas vidas foram realmente muito interessantes- ele comenta.

—De fato foram.- eu concordo- Mas eu não mudaria nada.- digo e olho para seus olhos.

—Eu também não. Podemos ter tido tropeços no meio do caminho, mas alguma hora sempre nos encontramos.

 

A festa ainda não tinha acabado e eu estava mais cansada do que jamais estive. Eu andei pelo salão inteiro e conversei com todos os presentes. Dancei com quase todo mundo e pisei em mais pés do que posso contar. Me sento na escada e vejo enquanto Bradley anda em minha direção.

—Feliz ano novo.- ele diz e se senta ao meu lado.

—Feliz ano novo.- digo de volta e o abraço. Ficamos em silêncio por um tempo enquanto ouvimos os sons dos fogos de artifício e o grito de Celeste se destacar na multidão. Observamos enquanto todos voltam para dentro do salão para continuar com a festa, mas continuamos assim.

—Eu queria que eles estivessem aqui.- ele corta o silêncio.

—Quem?

—Todos os que não estão. Aqueles que deveriam estar aqui.

—Eles estariam orgulhosos de você. De todos nós. Eu tenho certeza.

—A saudade diminuiu ou fomos nós que envelhecemos?- ele me pergunta ainda sem me olhar.

—A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.- eu respondo e ele fica em silêncio.

—Porque estamos aqui? - ele me pergunta.

—Queria um lugar calmo para pensar.- digo evasiva.

—O que quer fazer agora então?

—Podemos ir para casa?- ele se assusta com a minha pergunta.

—Nós estamos em casa.

—Quis dizer nossa casa, não nosso palácio.- explico e ele parece me entender.

—Vou pegar o carro.- ele diz e sai pela porta.

A viagem foi toda em silêncio. Não havia muitos carros na rua, provavelmente todos estão dormindo ou curtindo as festas ao redor da cidade. Assim que piso no antigo prédio velhas memórias passam diante dos meu olhos e eu me toco de que a hora está chegando. Eu só quero mais tempo, mas não vou ter.

A casa está praticamente vazia. Todos os quartos estão vazios, tudo. Só tem uma cama no centro da sala e mais nada. Tiramos tudo ao longo dos anos, esse lugar virou o meu refúgio. Venho aqui sempre que estou deprimida, com raiva, ou simplesmente quando quero pensar.

Bradley dorme profundamente e eu não consigo dormir de jeito nenhum. Sei que a hora está chegando e que os sintomas são claros, mas eu tenho a esperança de que o diagnóstico esteja errado. Assim que sinto a primeira pontada, uma primeira lágrima desce pelas minhas bochechas. Me viro na cama e me inclino na direção de Bradley. Delicadamente e fazendo o meu máximo para não acorda-lo, lhe beijo a bochecha e me levanto.

—Eu te amo.- sussurro uma última vez

A história da minha vida está pintada nessas paredes, no chão e no teto. Esse é o meu diário particular e não tem jeito melhor de ir embora do que olhando para toda a minha vida, literalmente. As pessoas dizem que quando você está a à beira da morte, você vê sua vida passando diante dos seus olhos, eles nunca estiveram tão certos. Nos poucos minutos que se seguem eu entro em todos os cômodos e me relembro de cada momento importante da minha vida. Eu vejo Aspen terminando comigo, o sorteio para a seleção, meu primeiro e vários encontros com Maxon, vejo o dia da escolha e a minha fuga. Vejo Lyra salvando a minha vida, o dia da livraria, o primeiro dia de aula. Vejo os nascimentos dos meus filhos, nosso casamento e o de nossos amigos, vejo todos os natais e ano novos, vejo os aniversários e qualquer outra data que tenha sido minimamente importante. Então eu me sento no chão, cercada pela história da minha vida. E assim como você abre os olhos quando acorda e deixa que a luz te invada, os meus se fecham e permitem que a escuridão me leve. Dessa vez para sempre.

Existem algumas vezes na vida em que a dor é tanta que a única coisa que você deseja é a morte, mas ela nunca chega. É como se ela soubesse que depois da tempestade vem o sol, como se ela risse da nossa cara por estar achando que morrer é a melhor opção, por não sabermos o que o futuro nos aguarda. Existem outros momentos em que você simplesmente esquece que existe a possibilidade de partir para a outra vida. Então ela enfim vem para você. Foi isso o que aconteceu comigo.

Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer o que tem de ser dito. O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas. Eu escolhi a segunda opção.

 

 


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Notas finais do capítulo

bom gente.. esse é o fim da fic... realmente espero que tenham gostado da jornada e tudo. Eu realmente tinha pensado em parar de postar aqui e ficar so no spirit, mas ai a Sophia Cullen Grey Riddle, a yaskara gontijo , Julie Frost e a Ludimila Lima começaram a comentar eu eu me animei em continuar! Entao muito obrigada a todas, mas principalmente voces, voces me fizeram continuar a escrever! Muito obrigada!



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