The New Start escrita por SparrowJackson


Capítulo 44
Love: Alive or Dead?


Notas iniciais do capítulo

oi gente SURPRESAAAAAAAAAAAAAAA kkkk o pessoal do spirit pediu que eu postasse mais um cap entao se posto la, posto aqui kkkk Espero que gostem!!!



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Eu nunca pensei na frase "Viva o hoje como se fosse o último dia". Na minha cabeça, meu último dia parecia estar muito longe e remoto pra até mesmo pensar nele. Pode parecer egocentrismo, mas sempre tive a certeza de que eu teria uma vida longa pela frente.
      Depois da morte repentina do meu irmão, minha fé foi abalada. Mas então eu cheguei a conclusão de que depois de tantas mortes súbitas como a de Katerina e Victoria, seria azar demais que outra estivesse programada. Agora eu me arrependo de não acreditar no ditado. Se eu tivesse vivido a minha vida como se fosse o meu último dia, tantas ações seriam repensadas, tantas brigas teriam acabado e muitas palavras teriam sido ditas.
      Um adeus nunca é fácil, mas quando a pessoa se vai sem aviso prévio, a sensação é ainda pior. Tantas coisas que eu ainda gostaria de dizer, de fazer e de expressar e seu único desejo é mais um minuto com essa pessoa, uma segunda chance de falar tudo o que estava entalado. 
    Eu perdi tantas chances de me despedir. Essa é a história de como eu descobri que pelo menos uma vez na vida eu vivi como se não houvesse amanhã e de quando eu descobri ter uma segunda chance para me despedir.
        -//-
  
  31 dezembro, noite de Ano Novo.
    Faziam cinco anos desde que America me jurou estar curada. Cinco anos acreditando que eu viveria mais muitos ao lado da mulher que amo. Cinco anos acreditando em uma mentira. Hoje em dia me pergunto como fui burro ao ponto de não perceber o que estava acontecendo, uma raiva me sobe e brigo com ela mentalmente por ter escondido a verdade de mim por todos esses anos. Outras vezes simplesmente choro de tristeza em pensar nela sofrendo sozinha e tendo que aguentar esse fardo  por anos, então a raiva volta, e depois a tristeza. Em um ciclo vicioso que não parece ter fim.
    Aquela noite de Ano Novo me pareceu igual a todas as outras. Se eu tivesse prestado o mínimo de atenção eu teria percebido tudo de diferente que estava acontecendo ao meu redor. Levar America para casa foi o último sinal de que alguma coisa estava errada. Nós nunca vamos para lá, a não ser que algo ruim tenha acontecido e a vontade de lembrar dos momentos, onde as coisas eram tão simples, chegue. Nem mesmo quando ela me disse todas aquelas coisas bonitas antes de dormirmos, eu desconfiei.
    Estava entorpecido, imóvel em decorrido do sono, mas nada me impediu de ouvir suas palavras suaves em meu ouvido.
    _Eu te amo.- ela sussurrou. Eu tive a enorme vontade de responder, de dizer o quanto a amava também, mas nenhum som saía da minha boca. Então senti seus lábios em minhas bochechas e ainda assim pensei que nada acontecia. 
    O silêncio se instalou completamente no cômodo, e foi quando eu reparei que alguma coisa estava errada. Até mesmo os carros do lado de fora ou a chuva pareceram parar nesse momento. Sou tão acostumado a dormir no meio do barulho e do caos do palácio, que estar em um lugar quieto é atordoante.
    Abro os olho subitamente e praticamente pulo na cama. Estou suado e meu coração bate forte. Não sei o que aconteceu, ou porque de estar tão alarmante, simplesmente me veio a sensação, um sentimento ruim. Olho para os lados e vejo o chão pintado, o nascimento de Shalom. Sorrio com a cena e me viro para America.
    Em seu lugar está o lençol amarrotado e o edredom parcialmente no chão, mas sem sinal dela. Ainda sonolento me levanto e cambaleio em direção da parede onde acendo as luzes. 
    _America. America!- eu a chamo, mas ninguém respondeu. No começo não achei que fosse nada demais, ela estaria no banheiro, simples assim. Mas depois de checar a ver que ela não estava lá, segui para a cozinha, mas nenhum movimento vinha do cômodo. Então me desesperei. O apartamento não era grande, mas me cansei de correr por todos os cantos a sua procura. Sala de estar, banheiro novamente, lavanderia, quarto de hóspedes
      Já tinha praticamente desistido da ideia de que ela poderia estar ali, se estivesse, teria me ouvido correr desesperado e me acalmaria, mas isso não aconteceu. Abro a porta entreaberta do meu antigo quarto e ouço enquanto a porta range. A luz está apagada, mas esse é o único cômodo onde a luz externa consegue entrar e iluminar pelo menos uma parte do quarto. Sempre me orgulhei de como a luz deixava a pintura mais bonito nesse lado da casa. Mesmo vendo parcialmente borrões, acendo a luz.
      Se eu não estivesse desesperado, com certeza teria achado a cena bonita, artisticamente falando. A luz da lua, que agora aparece perfeitamente no centro da janela, entra no cômodo em um único feixe, iluminando uma única reta, permitindo que o resto do quarto se afunde na escuridão. No fim do feixe, quando a luz ilumina uma só imagem, uma garota permanece deitada. Seu rosto está virado de um lado e consigo alcançar seus olhos azuis praticamente sem vida. Um dos braços está estendido para frente, em uma tentativa falha de se agarrar a parede. Sua posição é estranha, como se estivesse se engatinhando para chegar até aquele canto. Seu rosto não exala medo, não transmite preocupação, ao contrário, o singelo sorrio em seus lábios me faz querer correr e abraça-la. É exatamente o que eu faço.
      O som dos meus passos ecoam em meu ouvido, mas não consigo assimilar nada. É como naquelas cenas de filme, onde o tempo parece parar ao seu redor, onde você parece estar em câmera lenta e a única coisa que parece existir, é o aqui. 
      Me jogo no chão e tomo America em meus braços. Seu pulso é praticamente inexistente, seu corpo está mole e seu rosto mais pálido que o normal. Seus olhos mar, sempre tão vivos e brilhantes, agora já perderam toda a vida, mas não deixo de perceber para onde suas pequenas mãos apontam.  
    Olho para a imagem do dia em que nos conhecemos e milhares de lembranças me vem a mente. Não sei se alguma vez a disse que eu precisei de todas as minhas forças e coragem para falar com ela aquele dia. Eu tinha acabado de falar com o meu pai. Brigamos, como de usual. Então eu realmente entendi. Ela não tentava se agarrar a parede, ou apontar para alguma coisa, ela já estava exatamente onde queria. Cercada das pessoas que ama, da história da sua vida e principalmente e literalmente, ao meu lado.
    Uma vez ela me disse que gostaria de morrer rodeada da família e dos amigos. Que não queria que as pessoas chorassem por ela, que todos deviam se lembrar dela do jeito que ela um dia já foi, e repassar na mente todos os momentos em que passaram juntos. Eu respondi que ela bobeira pensar nisso naquele momento, que pensar em morte não era uma coisa boa para se fazer. Mal sabia eu que ela sempre esteve tão perto. 
      Me agarro ao seu corpo vazio e deixo que as lágrimas rolem. Sei que devo ligar para alguém, para a ambulância ou a polícia, mas é demais querer um momento com a minha falecida esposa antes de todos aparecerem e não me deixarem me despedir do amor da minha vida? 
    Está tarde e eu me sinto mais do que perdido. Parece que estou caindo em um buraco de coelho, caindo para sempre, sozinho e sem chão. Talvez nós tenhamos nos perdido no caminho, mas mesmo com tudo desmoronando ao meu redor, eu gosto de acreditar que existem outras possibilidades, que o que está acontecendo não é real
    A noite anterior me vêm a cabeça e entendo o sentido de todas as horas de ontem. A maldita carta que eu nunca pude ler, a tarde com nossos filhos, as choradeiras e palavras bonitas. Lyra, Celeste, Marlee, Aspen, Maxon e sua família. Não eram simples palavras de agradecimento, era a sua despedida, suas últimas palavras, seu próprio adeus. Ela nos deu o que sabia que precisávamos, nada de fins inacabados. Pela primeira vez eu consegui dizer o que queria, eu disse adeus e me despedi, mesmo que não soubesse na hora. 
      Assim que a água se esgota e, mesmo tentando, nenhuma lágrima sai, sei que é hora de ligar para ajuda. Carrego seu corpo, já frio até a cama e numa mistura de loucura e esperança, a enrolo nos cobertores, com a fé de que alguma hora ela acordará. Enquanto digito os números no telefone, lanço diversos olhares para a cama, mas nada se mexe.
      _Lyra.- eu digo acabado. 
      _Porque está me ligando a essa hora da madrugada Chamberlain?- ela pergunta claramente irritada. Consigo escutar os resmungos de Henry do outro lado da linha, mas não me importo com isso. 
      _Aconteceu... aconteceu uma coisa e... e- eu tento contar a história, eu tento dizer o que acabou de acontecer, mas a frase simplesmente não consegue sair pela minha boca. Dizer que ela realmente está morta é dizer que é verdade. E eu não consigo acreditar nisso.
      _O que aconteceu? Bradley!- ela grita do outro lado da linha, agora preocupada em vez de irritada- Me diz o que aconteceu!- ela demanda.
    _ É a America. Ela... Ela...
    _Ela o que caramba?!
    _Ela morreu Lyra. Ela morreu.
      O silêncio se instala do outro lado da linha. Não ouço vozes ou qualquer movimento. Nada
      _Estou indo até ai.- ela diz e desliga antes que eu possa falar alguma coisa. Deixo que o telefone caia no chão e me encaminho para a cama.
      Não sei quanto tempo se passou, ou se ele ao menos passou. Estou tão absorto em meus próprios pensamentos que não percebo a movimentação dentro do apartamento. Pode parecer louco, mas eu só consigo olhar para seus olhos, agora fechados, e imaginar o quão angelical é seu rosto e imaginar se tudo o que aconteceu não é somente um pesadelo e ela irá acordar daqui a pouco, abrir todas as cortinas e me obrigar a levantar também. Ela me arrastaria para a primeira padaria que encontrasse na rua e me faria ficar horas deitado no parque, simplesmente ouvindo e vendo a movimentação. Hoje eu não reclamaria de fazer tudo isso. Eu daria tudo por uma segunda chance de poder dizer o quanto a amo e como já sinto sua falta. 
      Olho para a janela em meio a movimentação de pessoas que passam em meu campo de vista, fecho meus olhos e imagino uma estrela cadente passando por ali. Então faço o meu pedido. Minha segunda chance.

    _Bradley!-ouço meu nome ser gritado em algum lugar ao meu redor. Levanto minha cabeça pesada a tempo de ver Lyra correndo e tropeçando em seu próprio pé enquanto tenta chegar até nós.
    _O que aconteceu?- ela me pergunta novamente, ainda sem olhar para o corpo inerte da amiga. Olho por trás de seus ombros e vejo quando Henry, Aspen e todos os outros entram pela porta e ali ficam. O medo e a preocupação visíveis. Sei que eles provavelmente não estão entendendo nada e que preciso explicar, mas isso não é o mais importante para agora.
    Eu não a respondo. Em vez disso olho em seus olhos por um tempo para depois abaixar meu olhar para America. Lyra segue meu olhar enquanto retiro todos os cobertores de seu corpo.
    Todo o resto se passou como um gigante borrão de caos e gritaria. Vejo Lyra chorar e ser amparada por Henry. Os paramédicos nos interrompem e dizem que tem que a levar para o hospital. Eu teimo e tento os convencer de que a enfermaria do palácio é tão boa quanto. Sou colocado em um carro e separado de todo mundo, somente com Lyra. De acordo com eles eu tenho um comportamento auto destrutivo quando estou triste. Grande bobagem.
    _Quer que os mande embora? - alguém me pergunta, mas eu não presto atenção. Me viro para Lyra com cara de desentendido e ela bufa.
    _O que? 
    _Meu amigos. Os que disse que viriam hoje visitar. Quer que os mande embora? - ela diz calmamente.
    _Ahh. Pode deixar eles ficarem. Novos ares. As vezes eles trazem a alegria de volta para esse lugar.- eu  digo e volto para minha reclusão, com a cabeça encostada no vidro molhado.
    Não troquei mais nenhuma palavra com Lyra, ou qualquer outra pessoa.

      -//-

      _Vocês não podem simplesmente desistir! - eu grito completamente desesperado. A raiva me sobe a cabeça e não sei nem o que sentir. Tenho certeza que eu pareço um louco nesse momento, e agora entendo o que eles quiseram dizer com auto destrutivo na tristeza.- Ela é sua rainha!- grito novamente tentando atrair a atenção dos médicos que estão ao redor da cama onde America está deitada. Eles simplesmente viram a cabeça e não dizem nada.- Eu ordeno que salvem ela!- digo em passos duros e marcho em direção do doutor mais próximo. Estou fora de mim, não penso nas consequências ou o que estou fazendo, simplesmente faço. O empurro até a parede e o seguro pela gola de sua camisa, praticamente o levantando do chão. Consigo ouvir a movimentação ao meu redor, as pessoas me mandando ficar calmos e soltar o homem, mas eu tenho um objetivo, e não vou desistir dele.- SALVEM ELA! - berro  na cara do homem que simplesmente se encolhe assustado. Respiro fundo várias vezes, mas nada consegue fazer meu coração parar de bater rapidamente. 
    _Chamem os guardas! Qualquer pessoa! Alguém tire ele daqui!- gritam do outro lado da sala e em pouco tempo sinto quatro braços fortes me segurando e me distanciando da parede. Vejo o médico desabar no chão, mas não me importo. 
    _Me soltem! Me larguem agora!- eu grito, mas nenhum dos guardas me soltam. Aproveito o momento de distração de um deles e lhe dou uma cotovelada na barriga. Ele dá uns passos para trás e arqueia de dor, mas se recupera rapidamente. Chuto o segundo em sua parte íntima e soco o seu nariz. Imediatamente cai no chão, ainda consciente. Corro em direção do primeiro que acaba de se levantar. Consigo ver o olhar hesitante em seu rosto, ele não quer bater em seu próprio rei. Mas assim que soco sua bochecha esquerda, ele esquece das formalidades e começa a me bater com a mesma força. Rolamos no chão por um tempo. A adrenalina me domina e não consigo sentir a dor, mesmo sabendo que estou cheia de ferimentos e hematomas. 
    _Parem com isso! - uma voz feminina entra na sala- Parem com isso agora!- ela ordena. 
    O guarda, que estava prestes a me socar outra vez, para o punho no ar e olha para a mulher que aparece na porta. O rosto de Lyra está indecifrável.
    _Solte ele.- ela demanda e o guarda sai de cima de mim. Ela caminha em minha direção e me ajuda a levantar. Só agora percebo todo o estrago que causei na enfermaria. As camas estão todas foras do lugar, aparelhos médicos destruídos no chão. Sangue mancha quase todo o tapete. Todos me olham com uma mistura de choque e medo. Olho para mim mesmo e só agora percebo que perdi um dos sapatos no meio da confusão. Minha blusa está toda desabotoada e amaçada, minha calça rasgada e suja de vermelho.
    _O que aconteceu aqui? - Lyra demanda e eu permaneço em silêncio.- Por favor tratem de cuidar dos dois- ela aponta para os dois guardas- eu tomo conta desse daqui.- ela me olha sinto um frio na espinha. Ela me empurra para o corredor e fecha a porta atrás de nós. Suas narinas inflam, e se a ocasião não fosse essa, eu com certeza teria rido de sua feição.
    _Qual o seu problema Chamberlain? Ela está morta! E não tem nada que você, que eu, ou que eles possam fazer para mudar isso.- o tom raivoso e irritado agora já é calmo e triste.- Só temos que aceitar que ela nunca mais vai voltar.- ela termina em um sussurro e sai andando pelo corredor. Me deixando sozinho com meus ferimentos, minhas inseguranças e minha tristeza.
    Me encosto na parede e depois de um tempo me permito sentar no chão. Colo minha cabeça em uma pintura pendurada qualquer e fecho os olhos. Ninguém me incomodou no começo. Tenho certeza de que o banco e a árvore falsa encobriram meu esconderijo. Tantas coisas se passaram por minha mente, mas eu não conseguia me concentrar em somente uma. Aposto que eu teria cochilado ali mesmo se o garoto não viesse falar comigo.
      _Alteza, o senhor está bem?- eu levanto minha cabeço lentamente e encontro seu olhar de preocupação. O garoto não tem mais do que vinte e sete anos, provavelmente o filho da amiga da Lyra que veio visitar. -Acho que não, pelo jeito.- comenta e se senta ao meu lado.
    _Como percebeu? Pela roupa rasgada, pelas manchas de sangue ou os ferimentos no meu rosto?- pergunta irônico.
    _Seu pé. Suas meias são de cores diferentes.- ele diz com um olhar distante eu solto uma risada.
    _Estava ocupado hoje de manhã.
    _Quer conversar sobre isso?- ele me lança um olhar preocupado e eu me encolho mais no chão.
    _Imaginava se tornar o piscólogo particular do rei?- desconverso.
    _Não.- é a única coisa que ele responde.
    _A imprensa vai saber de qualquer jeito, então qual o problema de dizer. - respiro fundo e tomo coragem- minha esposa faleceu.- o silêncio e a tensão se instalam. O jovem abre a boca várias vezes, mas nada diz.
    _É normal se sentir assim.- ele diz sem me olhar.- se quiser conversar, vou estar perdido no caminho até o meu quarto.- e assim ele se levanta e sai andando.
    _Espera ai!- eu grito e ele se vira no fim do corredor.- Qual o seu nome?- ele sorri, agradecido por ter que responder a pergunta.
    _Bradley.- e some na curva.

    
      Ando pelos corredores em direção do meu quarto. Sinto como se toda a alegria, toda a positividade tivesse sido sugada desse lugar. Nada parece ter mais graça. Até mesmo os guardas e as criadas que passavam por mim pareciam perceber o ar diferente que rondava pelo palácio.
    Abro a porta e sinto a leve brisa me tomar conta. Fecho os olhos e sinto o doce aroma que flutua pelo cômodo. Uma mistura de todos os perfumes que America costumava usar. Sempre reclamava do cheiro, porque sou alérgico, mas relevava no final. 
    Em passos lentos caminho até a cama, onde um livro se encontra em cima dos cobertores devidamente arrumados. Sem entender muita coisa, o tomo em minhas mãos e leio o título " Os Beatles". Sou tomado pela nostalgia e abro um sorriso sincero, cheio de saudade. Abro na primeira página e de dentro, um envelope flutua até cair no chão. Reconheço sua caligrafia e esqueço totalmente do livro em minha mão, rasgo o papel rapidamente e me dou de cara com uma carta. Meu primeiro instinto é devora-la, mas assim que meu coração se acalma, percebo que essas são suas últimas palavras e eu não quero que sejam as últimas. Mas a curiosidade é maior.

Brad,
Se você estiver lendo isso, quer dizer que eu me fui e que não estou aí para dizer que tudo ficará bem. Mas saiba que independente de onde eu esteja, eu sempre estarei do seu lado. Só queria dizer que eu te amo muito, muito, muito, muito. Gostaria que você soubesse que você é meu rei e que é digno de todo o amor do mundo.Você é o amor da minha vida. Gostaria de ter mais tempo, tem tantas coisas que eu ainda gostaria de fazer e de te falar, mas o tempo é curto e sei que você odeia despedidas, então resolvi não te contar o que realmente estava acontecendo. Sei que está bravo comigo, mas peço que me perdoe. Agora, isso é tudo o que nos resta e o tempo não pode ser parado. Eu sei que dentro do meu coração, ele será para sempre nosso.
Me lembro que anos atrás alguém me disse para tomar cuidado quando se trata de amor. Como se pode ver, eu não tomei. Mas agora tudo está terminado, não há nada que eu possa fazer. Eu me fui e você pode seguir em frente. Então diga a eles tudo o que eu sei agora, grite da torre mais alta, escreva no céu que eu fui feliz, que meu coração está mais do que despedaçado em partir.Você me fez experimentar algo que não posso comparar a nada e tenho esperança de que depois dessa onda você sobreviverá. O futuro que terá é tão incerto e vou apostar contra tudo que dará certo.
Eu achava que fosse impossível, encontrar um amor tão forte assim, mas você me mostrou que as coisas nem sempre acontecem do jeito que desejamos. Você me mostrou o que é a vida e eu sou eternamente grata.
Uma vez você me disse que era para eu seguir o meu coração, mesmo que ele se quebre. Agora eu te faço esse pedido. Sei que seu plano para o futuro é sentar e esperar pelo dia em que nos reencontraremos. Sei que abrirá mão de uma nova chance de felicidade por mim e meu único desejo é que você não faça isso. Não quero que sofra até o fim de seus dias por mim. Pense em sua família e em como quer que eles se lembrem de você, respire fundo e pense no que eu diria nesse momento. Você não quer morrer hoje a noite, tome mais um fôlego e limpe sua mente. Todos os momentos são importantes, o amanhã pode não chegar. Hoje é tudo o que existe. Sempre que estiver triste se lembre dessas palavras, se lembre de mim e continue forte. Não quero que se esqueça, simplesmente se lembre que meu último desejo antes de partir é a sua felicidade. Quebre as barreiras, deixe o paraíso entrar. Em algum lugar na eternidade, nós vamos dançar novamente.
Encontre sua segunda chance e não a largue.


Tenho dificuldades em terminar de ler as palavras escritas. As gotas escorrem por minhas bochechas e levemente caiem sobre o papel e mancham a tinta preta. Como é possível que uma pessoa te conheça tão bem assim, que mesmo já tendo partido, ela sabe exatamente o que você planeja fazer? Seu pedido é mais do que impossível. Eu não quero uma segunda chance, pelo menos não uma qualquer. Eu quero ela, eu preciso dela. Leio e releio suas palavras diversas vezes, nas esperança de que eu encontre algo novo, mas ela continua exatamente igual.
Me sento na cama, tonto, e fecho os olhos. O dia ainda nem clareou e eu já estou exausto. Só quero acordar desse pesadelo e ver que ela ainda está aqui comigo.
Não percebo quando durmo e também não me lembro o que sonhei, mas ouço as vozes em minha porta e me levanto.
—A mulher dele acabou de morrer!- um voz masculina diz- Realmente quer continuar aqui?
—Eu preciso ficar aqui!- uma mulher diz convicta- Ele merece saber a verdade, filho.
Caminho em direção da porta e, lentamente, giro a maçaneta.
—Ele pode saber a verdade depois!
—Quem pode saber a verdade depois?- eu me intrometo e o casal me olha, assustados pela intromissão. Olho para o garoto na minha frente e reconheço seu rosto. O garoto, Bradley, o que encontrei pouco antes de vir para meu quarto. Meus olhos ainda estão vermelhos e inchados, então tenho dificuldade em ter certeza de que a assombração que vejo em minha frente, é realmente de verdade. Seus cabelos castanhos longos caiem por seu ombro na mesma postura de 30 anos atrás.
—Katerina?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Eu estou com outra fic no spirit, se quiserem dar uma conferida, sao sempre bem vindas kkkk Beijos!
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-a-selecao-plane-crash-5058604