The New Start escrita por SparrowJackson


Capítulo 42
Epílogo 1


Notas iniciais do capítulo

oi genteeeeee desculp a demora!! Eu resolvi separar o epilogo pq ele ia ficar muito grande.. espero que gostem!E



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20 anos depois

 

Olho para as paredes brancas da enfermaria e lembro do quanto parece com o céu. Estou sentada em uma das camas, a espera do médico. Abaixo meu olhar e vejo meu rosto refletido no espelho mais perto. Mesmo com toda a maquiagem, o cansaço ainda é perceptível. Apoio meus cotovelos em minha perna e minha testa nas minhas mãos. O casamento provavelmente já deve estar começando e eu estou aqui. Achei que seria a melhor hora para não ser notada. Já perdi a contagem do tempo que espero pelos resultados dos meu exames. A espera é excruciante, mas assim que o doutor passa pelas portas e caminha em minha direção, percebo o quão tensa e preocupada eu estava.

—Antes de entregar o resultado, gostaria de saber se existe algum caso parecido em sua família.

—Sim.- respondo baixinha para mim mesma.- Meu pai.- continuo e o homem anota alguma coisa em uma prancheta. Em poucos minutos já estou com um envelope na mão, mas sem a coragem de abri-lo. O conteúdo da carta pode mudar não só o rumo da minha vida, como o de toda a minha família. Decido ver só depois da festa, não quero estragar o clima de todos. Até agora, a notícia é boa.

 

Fecho as páginas do livro e o ponho em cima da cama assim que ouço o barulho da porta se abrindo. O rosto de Bradley aparece no vão da porta e assim que olho para seu olhos vibrantes, é como se eu me esquecesse de todos os meus problemas. Ando em sua direção e dou uma rápida olhada para trás. A carta está muito bem escondida no livro.

—Não devia estar no altar?- eu pergunto assim que nos separamos.

—Você não devia estar no altar?- ele replica com seu sorriso habitual.- Acho que você deve falar com James.- ele me aconselha e lanço um olhar de interrogação que ele não responde.

Esse fim de semana é o máximo de férias que eu consegui em anos. Eu precisava parar de pensar nos resultados. Parar de pensar no que poderá acontecer. Eu precisava desse fim de semana. Esparecer e decidir o que virá em seguir. Já conseguia imaginar passar esses dias aflita com a notícia. Não conseguiria desligar minhas emoções assim tão facilmente.

O som da bateria dentro do quarto de James interrompe meus pensamentos. Olho para Bradley em busca de apoio e ele sorri me encorajando. Me entrega a caixa e abre a porta para mim.

James sempre se interessou mais pela música do que qualquer outro filho meu. Quando sonhei que um dos meus filhos seria músico, eu esperava o piano, ou o violino, não uma bateria. Mas independente do que ele tenha escolhido, eu estou orgulhosa. Jamie sempre foi o mais responsável dos cinco. O perfeito príncipe, o perfeito namorado, o perfeito filho. Mas ao mesmo tempo, uma pessoa tão descontraída e animada que é praticamente impossível acompanhar. Ao longo de seu crescimento, acompanhar sua personalidade florescer foi basicamente entender a vida dos falecidos James e Victoria. Ele consegue ser uma mistura dos dois que até dá medo.

Assim que percebe a minha presença, meu filho para de bater e me abraça forte. Ele é muito mais alto do que eu, mesmo com saltos.

—Você não precisa fazer isso.- eu me sento em sua cama e o olho.- Não é sua obrigação.

—Eu sei, mas eu quero.- ele responde convicto de sua atitude.

—Porque? Porque faria isso meu filho?

—Eu não sou como você mamãe, ou como o papai, que não carregaram esse peso nos ombros desde pequeno, eu não saio pelo mundo conhecendo garotas. Eu tenho poucas chances, e quando elas aparecem eu tenho que pegar. Se existe a mínima probabilidade de que eu serei feliz, eu vou correr atrás dela.- ele diz seguro de si mesmo e uma lágrima escorre pela minha bochecha.

—Sem choros mamãe. Eu nem fui embora ainda.- ele ri de mim e me abraça novamente.

—É só que Victoria já foi embora e você irá hoje a noite. Quem vai cuidar de mim?- eu pergunto chorosa.

—William, Shalom e Katerina ainda estarão aqui.

—Eles são crianças ainda. Como vocês crescem rápido. Lembro do dia em que você nasceu. Tão pequenininho.- nos afastamos e me lembro do real motivo para estar aqui. Me levanto e pego a caixa que deixei em cima da mesa. Ele me olha sem entender o que era aquilo.

—O irmão do seu pai era muito parecido com você. Ele se casou com a irmã do Tio Henry, do mesmo jeito que você está fazendo agora com Camille. Ele não a amava, nem a conhecia praticamente. Antes do casamento ele a deu esse colar de pérolas como um presente para que pudesse amenizar o humor dela. Eles eram uma das pessoas mais maravilhosas que eu já conheci e tenho certeza de que você teria adorado ele se tivesse o conhecido. Em pouco tempo eles se apaixonaram e nem dava para perceber que o casamento deles um dia foi uma simples aliança. Eu quero que dê isso para Camille. Uma chance e uma esperança de felicidade para vocês dois. Porque eu desejo de todo o meu coração que você encontre nela o seu felizes para sempre, assim como o outro James encontrou.- eu termino com os olhos marejados e ele toma o colar em suas mãos.

—Obrigada mamãe. É lindo. Porque papai não veio?

—Seu tio é um assunto delicado para ele. Ele não conseguiria fazer isso sem terminar chorando e borrando toda a sua maquiagem.- eu respondo com um sorriso.

—Eu vou... vou encontrar minha noiva.- ele diz tímido e sai pela porta.

 

Meu pai morreu três dias depois do meu casamento. O abraço no altar, foi nosso último abraço. Ele aguentou e lutou o máximo que pode para conseguir ver sua filha enfim encontrando a felicidade. Pode parecer egoísmo da minha parte, mas se ele não aguentou esse tempo todo, porque não lutar mais? Porque não ficar com sua família uma última vez, dizer adeus adequadamente. Mas depois de um tempo eu finalmente percebi que ele já tinha tudo o que ele poderia querer. Ele realizou todos os seus sonhos, tudo o que ele almejava e para ele, era só o que importava. Nós voltamos da nossa lua-de-mel para o enterro e eu embora eu saiba que ele sempre estará aqui comigo, me vigiando e me protegendo, eu sinto tanta falta dele que nem palavras conseguem descrever. Eu só gostaria de ver ele novamente.

Victoria me encontra no meio do caminho até a Igreja e caminhamos juntas.

—Onde está seu marido?- eu pergunto curiosa. São raros os momentos em que eles não estão juntos. Vivem grudados praticamente. Victoria mudou completamente quando começou a namorar com ele. Ela sempre teve esse gênio do avô, sempre se pareceu muito com Harrison. Kyle neutraliza essas parte e traz para fora suas melhores qualidades.

—Está no jogo de futebol com o resto dos homens. Papai está lá também.- ela diz estranhando o fato de eu não saber disso e percebendo minha cara de susto se repreende.

—Jogo de futebol? Eles estão em um jogo de futebol? Falta uma hora para o casamento do seu irmão e eles estão jogando futebol?- Pergunto apavorada e perco o ar.

—Agora me lembrei da primeira regra do jogo.- ela diz para si mesma e ri.- Nunca conte, em hipótese nenhuma, para America o que está acontecendo. Ops.- ela termina e sai correndo pelo corredor. Me deixando sozinha com a minha ira.

As pessoas me olham estranho assim que passo pelo corredor. Provavelmente porque me viram a pouco tempo com um sorriso de orelha a orelha e agora com essa cara de raiva. Só continuo andando até o campo na parte de trás do palácio. Paro na janela e olho para a grama onde todos os homens correm sem camisa. Uma memória me vem em mente. Eu, Celeste e as outras garotas assistindo o treino dos guardas. Se não estivesse tão brava, provavelmente riria. Bradley está lá com as crianças, assim como Maxon, Aspen, Carter e Henry. Todos eles, mais alguns guardas, correm desesperadamente de um lado para o outro atrás de uma bola. Nunca entendi esse jogo.

Assim que me vêm praticamente marchando até o campo, todos param e ficam imóveis, esperando para ver o que farei. Eu dou tão medo assim?

—Eu não acredito nisso!- grito para eles que me ouçam.- Primeira regra, nunca contar para America?- eu pergunto e quase que imediatamente todos apontam para Bradley, quase que involuntário.

—Nossa, obrigada gente.- ele responde sarcasticamente.

—Até você Lyra?- eu pergunto assim que noto ela escampando de fininho. Assim que nota minha voz ela para. Como se estivéssemos jogando estátua. Engraçado como algumas pessoas permanecem crianças mesmo depois desse tempo todo. Ela olha para mim com aquela sua cara de arrependida, mas eu não amoleço.- Não devia estar com sua filha?

—Maya não vem mais. Está em algum lugar escalando uma montanha alta e aparentemente inascalável.- ela dá de ombros. Lyra e Henry praticamente conheceram o mundo inteiro. Eles chegam em casa sem nos avisar com suas histórias fantásticas dos lugares que visitara, das pessoas que receberam. Só de ver o sorriso alegre deles em mostrar as fotos, meu coração se enche de alegria em ter aceitado virar rainha. Eles não queriam um filho de jeito nenhum. Sempre disseram que nunca iria acontecer, mas aconteceu. Maya é uma das pessoas mais aventureiras que conheço. Sempre atrás de esportes radicais e novas aventuras.

—Vocês tem trinta minutos para se arrumarem e estar na Igreja. Sem atrasos!- grito novamente e saindo de seus transes, eles correm para dentro, sobrando só eu e Bradley.

—Porque fez isso?- pergunto chateada

—Porque joguei bola ou porque não te contei?- ele me responde com outra pergunta

—Porque não me contou.

—Porque eu não queria que ficasse assim. Sei como tem estado cansada e preocupada nos últimos dias. Você acha que eu não vejo, mas eu percebo. Eu só não queria te deixar mais nervosa ainda.- ele tenta se explicar- Quem contou?

—Victoria.- falamos juntos e rimos.

—Tenho que aprender a nunca contar nada pra essa pestinha.- ele completa.

Bradley mudou tanto nos últimos anos que eu até me assusto. Ele continua o mesmo brincalhão de sempre, mas com o peso da coroa, ele teve que amadurecer muito rápido. Com o tempo, fui descobrindo coisas sobre ele que eu nunca poderia imaginar, conheci todos os seus lados e me impressionei cada vez mais com sua personalidade.

Foi um choque para todos nós a morte de William. Estávamos em uma viagem para o Caribe quando recebemos a informação de que ele teve um ataque cardíaco. Até hoje ninguém sabe os motivos para isso, mas eu só tenha a esperança que ele tenha passado seus últimos dias com as pessoas que ele ama. A reação da população foi tão grande, que eu só posso esperar ser amada assim por eles.

 

Foi um alívio entrar na Igreja e ver que todos conseguiram chegar a tempo. Se bem que uma parte de mim gostaria muito de ter podia dar bronca neles. James está em pé no altar, tremendo igual uma cadeira vibratória. O lugar está lotado e assim como eu meu casamento, eu não conheço metade das pessoas. Deveria conhecer, mas não me recordo da maioria.

—Fiquei sabendo da sua entrada triunfal no campo- Marlee murmurra para mim antes de entrarmos na igreja.

—Porque todo mundo fica sabendo das coisas menos eu?- pergunto visivelmente irritada.

—Você é muito neurótica.- ela diz como se não fosse nada. Não entendo o que ela quis dizer com isso.

—Você devia tirar umas férias.- ela diz simplesmente e entra na igreja.

Marlee e Carter tiveram mais uma filha, seu nome é Josie. Marlee virou minha dama de companhia e é sempre um prazer a ter do meu lado. Quem diria que nossos filhos um dia se casariam. Kyle é um ótimo genro e uma pessoa maravilhosa.

 

 

—Como foi com o presente? -Eu sussurro para ele antes que a música mude e a noiva entre.

—Ela adorou.- ele responde orgulhoso de si mesmo.- Muito obrigada mãe, por tudo.- ele diz e rapidamente se vira para a linga francesa que entra pelas portas.

Todos se levantam e não consigo prestar atenção na noiva, olho para cada um dos meus amigos, para cada familiar e penso no longo caminho que nos trouxe aqui. Depois de desistir de se casar com Henry, Daphne encontrou sua alma gêmea, um poeta. Nem de longe o homem que seus pais aprovariam, mas depois de muito esforço, eles se casaram e Camille nasceu. Uma garota doce como o pai e forte como a mãe.

 

—Você, Celeste, é a pessoa mais idiota que eu já conheci.- digo pela quinta vez nessa noite.

A festa de noivado já está acontecendo. Posso ter sido obrigada a aprender a dançar nos últimos anos, mas do mesmo jeito, ainda piso no pé de Bradley. E vice versa. Então fico sentada conversando e olhando a festa e todos ao meu redor.

—Eu não sou idiota!- ela tenta se defender, mas nem ela parece convicta disso.

—Qualquer pessoa que enrole o namorado por vinte ano, é idiota.- Maxon diz chegando até nós.

—Eu não estou namorando George!- ela grita. Celeste não se casou com George. Apesar dos vários pedidos de casamento. E quando digo vários, são vários mesmo. Os dois vivem juntos, mas sempre negam que exista algo entre eles.

—Vocês já terminaram mais vezes do que eu posso contar. Vocês vão e voltam por 20 anos. Porque simplesmente não aceitam que se amam?- pergunto já farta da conversa. Eu quero ajudar minha amiga, mas ela é terrivelmente estúpida. Então ela bufa e me deixa lá com Maxon.

—E quando vai ser o casamento?- pergunto animada e a feição de Maxon muda quase que imediatamente. Seu rosto se ilumina e ele abre um largo sorriso.

—Daqui a pouco.- ele responde sem tentar conter o entusiamo.- Mando os convites depois.

—E onde está a linda garota que te conquistou?

—Ela não pode vir.- ele diz triste e eu desanimo. Estava com curiosidade para conhece-la logo.- Vocês vão se conhecer logo. Vai adora-la.

Maxon se separou de Kriss faz dois anos. Eles realmente tentaram e tenho certeza, que por um momento, Maxon a amou do jeito que ela a amava. Eu realmente torcia para que os dois dessem certo, mas se os dois dizem que foi para melhor, só me resta torcer por suas felicidades. Eles tiveram duas filhas, Cassandra e Alyssa. Alyssa era uma das garotas que James colocou em sua lista de pretendentes. Então ele conheceu Melanie, uma criada do palácio no último ano. Independente do que esteja acontecendo entre os dois, nunca vi Maxon tão feliz. Tem tempo que não ouço falar de Kriss.

Somos interrompidos de nossa conversa por duas crianças desesperadas que correm pelo salão uma atrás da outra. Rio com a imagem. Atrás das duas crianças ativas, está um Aspen visivelmente cansado e irritado. Ele grita pelos dois, mas não dão ouvido. Ele desiste de perseguir os filhos e se senta conosco.

—Porque filhos tem que ser tão difícil?- ele diz cansado.- Como você aguenta Meri? Cinco é muito!- ele diz com um tom de admiração.

—Daqui a pouco você acostuma.

Aspen e Lucy não tiveram filhos. Depois de muito sofrimentos eles descobriram que ela não podiam ter filhos, então eles adotaram. Quatro crianças totalmente diferentes uma das outras. De cores, raças, natalidades e religiões diferentes. Mas isso não importa para eles. Eles são uma família linda, vivem aqui.

O tempo se passou e nada dos noivos chegarem. Eu tinha a esperança de poder dizer tchau para meu filho antes dele ir embora. Muitos passaram pela minha mesa, mas nenhum ficou por muito tempo. Até que as trompetas começam, a música e os dois aparecem no alto da escada. Olho para meu filho e noto o brilho em seu olhar. O mesmo olhar que vejo em Bradley toda vez que me olha, o mesmo que James costumava lançar para Victoria. Amor. E é pelo amor que eu prometo para mim mesma que não vou abrir o envelope até que seja necessário.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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