O Deus disperso. escrita por Marzipan


Capítulo 4
Capítulo 04 - Como um cordão vermelho!


Notas iniciais do capítulo

Melhor capítulo da história e vocês já já saberão por quê. (risos~)
Esse capítulo é essencialmente romance. As tretas vão acontecer depois Q
Espero que gostem! ♥



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– Tenjin-sama cortou nossos laços? Você tem certeza? – Hiyori, pensativa, enquanto falava com Yato pelo celular – Não era pra eu e você nos esquecermos?

– Sim. – Respondia no celular enquanto o colocava em viva voz para Yukine ouvir também.

– Eu não entendo! Por que ele fez isso?

– Você não contou pra ela, Yato? – Yukine, com tom de desaprovação.

–... Como eu contaria se nem eu sabia? – Irritou-se.

– Não disso! Da outra coisa! – Irritou-se também.

– Do que eu deveria saber? Me respondam! Ei, meninos! Vocês estão aí? Alô?

– Pera aí. – Yato respondeu desligando o telefone enquanto ela ainda falava.

– Por que você desligou na cara del-

Yato teleportou ambos até o quarto de Hiyori. Ela gritou de susto, se escondendo atrás da coberta.

– VOCÊS DOIS QUEREM ME MATAR DE SUSTO OU O QUÊ?! – Gritando ainda.

Hiyori, está tudo bem aí, filha? – O pai de Hiyori falou do andar de baixo.

– S-Sim, papai! Entraram dois insetos no meu quarto! Está tudo bem! - Assim que ouviu o okay de seu pai, voltou para os dois. – Por que vocês vieram pra cá sem avisar? Eu podia estar pelada ou coisa pior!

– Achei que seria melhor falar pessoalmente. – Yato respondeu sério, deixando os dois sem reação.

Yukine sentou na cadeira da escrivaninha de Hiyori, enquanto Yato permaneceu em pé. Hiyori estava sentada na sua cama, de pijama, enquanto ouvia o que ele queria dizer.

– Na verdade, eu não sei como te responder. – Parecia chateado – Tenjin disse que eu sou a causa pros ataques constantes de ayakashis que você tava sofrendo.

– Mas... Como isso é possível se você não estava falando comigo?

– Você não ficou incomodada com isso?

Hiyori pensou antes de responder, enquanto Yukine parecia não querer prestar atenção na conversa.

– Fiquei. – Cabisbaixa.

– Foi por isso que os ayakashis estavam te atacando. Você ficou vulnerável... – pausou – Me desculpe por isso.

– Não desculpo.

– Eh? – Yato e Yukine se surpreenderam com a resposta.

– Você ainda não me respondeu por que você parou de falar comigo de repente.

Yato ficou em silêncio. Yukine sabia a resposta, mas queria ver se Yato teria coragem de responder.

– Olha pra mim! – Hiyori repreendeu Yato, que olhava corado pra janela – Me responde!

Depois de hesitar muito, ele respondeu bem baixo e devagar, quase impossível de se ouvir.

– Não quero falar.

– YATO! – Yukine e Hiyori se levantaram.

– Tá! Se acalmem! – Tímido, sentou na cama de Hiyori e ela sentou-se ao seu lado.

Yato respirou bem fundo antes de (finalmente) falar algo.

– Eu não quero que o Yukine ouça.

– AH, PELO AMOR DE DEUS! – Yukine já estava enlouquecendo esperando – EU TAMBÉM QUERO SABER!

– VOCÊ VAI SABER DEPOIS! – Yato transformando numa briga de quem grita mais alto.

Yukine foi para a sala de Hiyori, nos quais estavam os pais dela. Como ele era um espírito, eles não o perceberiam ali se ele ficasse quieto na poltrona, do jeito que estava enfezado.

– Tá, agora você pode me falar? – Hiyori já estava perdendo a paciência.

De cabeça baixa e de cara chateada, ele olhava para as mãos sobre suas pernas.

– Eu estou te causando muitos problemas. – Falou rápido e melancólico.

– Claro que não está!

– Estou sim. Tudo aquilo no hospital dos seus pais foi por minha causa.

–... Foi por causa do seu pai, não sua.

Yato virou-se para ela, dessa vez com um olhar perturbado.

– E como você acha que meu pai soube de você? Foi por minha causa que ele te atacou.

Hiyori parou de responder. Os dois ficaram em silêncio por uns minutos.

– Eu... – Yato pausou -... Não posso quebrar sua promessa.

– Minha promessa...? – Olhando para ele, admirada.

– Você desejou que queria estar comigo pra sempre. – Corado, olhando para baixo.

– Eu sei. – Começou a olhar para baixo, igual a ele.

– Eu tenho a obrigação de realizar seu desejo, Hiyori. – Virou-se para ela – Essa obrigação não é porque é necessário realizar tudo que pedem. Deuses podem escolher simplesmente ignorar pedidos. Eu vou realizar seu desejo porque eu quero que ele se torne real.

Hiyori olhou para Yato, ambos corados. O coração de Hiyori começou a bater rápido (e o de Yato também, psicologicamente).

– Eu não tenho coragem de separar você de mim. Tenshin só fez isso porque eu e nem você quisemos fazer.

– Mas...

– Deuses e humanos não podem, em hipótese nenhuma, permanecerem em contato e criarem laços. – Yato falava com dor nas palavras.

– Por quê? – Preocupada, o olhava com lágrimas nos olhos.

– Eu estou cansado de me forçarem a ser o que não sou. – suas palavras começaram a ter um ar determinado – Eu não quero mais ser um deus que cause dor a ninguém. Não faria sentido eu trazer dor a todos, se tudo que eu quero é trazer alegria pra você!

Hiyori ficou boquiaberta com Yato, tanto que não conseguiu respondê-lo.

– Yato...

– Eu não quero mais que me obriguem a fazer o que eu não quero, e eu não quero ser impedido de ter laços com você!

Novamente, Hiyori não tinha o que responder. Quando se deu conta, já estava com lágrimas nos olhos.

– Mas... Eu não tenho escolha! – Dessa vez, quem estava com lágrimas nos olhos era Yato. Hiyori pareceu ter ficado assustada – Humanos que passam tempo demais com o outro mundo acabam indo para ele, seja com deuses ou com fantasmas.

– C-Como assim?

– Seu corpo real morre. Sua alma fica solta próxima da margem, como você já fica quando sai do seu corpo. A diferença é que você sabe que morreu e continua mantendo suas lembranças. Quem passa por isso sempre vira um ayakashi... A depressão os consome. Por isso, manter laços com humanos é proibido.

– Mas eu sou meia ayakashi! – Começou a chorar – Isso não seria proibido, né?

– Não sei, não recebi nenhuma obrigação de cortar meus laços com você. O Tenshin deve ter feito isso pra evitar coisa pior. – Colocava sua mão no rosto para apoiar sua cabeça.

– Isso já aconteceu com mais gente, né? – Preocupada.

– Já, e todos morreram por ficarem mais expostos aos fantasmas. Mas você não corre perigo porque você está com a gente.

– Então...

– Então...? – Repetiu Hiyori, olhando pra ela.

– Eu desejo que você corte laços comigo! – Chorando.

– Quê?! – Levantou rápido – Você perdeu o juízo?!

– Eu não quero que você seja punido por minha causa! – Cobrindo os olhos com as mãos.

– Não me faça desejos que você não quer que sejam cumpridos! – As lágrimas de Yato voltaram aos seus olhos – Eu me recuso!

Os dois, nervosos e chorosos, voltaram a se olhar.

– Você percebeu... Que mesmo cortando nossos laços, a gente continuou se lembrando de tudo? – Hiyori se acalmou, voltando a corar e a sorrir.

Yato sentou, novamente, ao lado dela.

– Percebi.

– O que isso quer dizer...? – Voltou seu olhar para as estrelas através da janela.

– Acho que é porque o laço não pode ser cortado. – Por algum motivo que Hiyori desconheça, Yato parecia muito envergonhado.

– Um laço que não possa ser cortado...? Você quer dizer que...? – Corou igualmente – Aquela lenda é real?

Ambos se referiram ao Akai Ito. Essa lenda japonesa é muito antiga e ela diz que existe um laço vermelho que une duas pessoas para sempre. Esse laço não pode ser cortado por nenhum tipo de deus, nunca.

– Quase todas as lendas são reais, só que não do jeito que contam. E essa do laço não é literalmente um cordão amarrado no dedo, mas sim os laços entre as pessoas que todos nós temos.

O silêncio voltou e Yato parecia muito chateado com alguma coisa.

– Yato...

– Hum?

– Se você nunca se esquecer de mim, eu nunca vou me esquecer de você também.

As palavras de Hiyori ecoaram pelo quarto.

– É impossível, Hiyori... É impossível que você se lembre de mim pra sempre. – Dizia pesadamente.

– Isso é um desejo meu. Realize ele! – Disse, com o seu rosto perto do dele.

Os dois ficaram com os olhares presos um no outro, sem resposta. Sentiram que suas pálpebras ficaram pesadas conforme seus rostos se aproximavam lentamente. Hiyori já conseguia sentir a respiração quente de Yato no seu rosto. Fechou os olhos enquanto seu coração batia cada vez mais rápido. Sentiu a mão de Yato no seu rosto e, logo depois, sua boca.

Yato e Hiyori permaceram assim por alguns segundos até que Yato recuou devagar. Os dois abriram seus olhos ao mesmo tempo, sem dizer uma única palavra. Dessa forma, Yato voltou e a beijou de novo. E de novo.

[...]

– Yukine, você já pode voltar. – Yato apareceu meio sem jeito com as palavras na sala.

– Vocês brigaram ou algo do tipo? Demorou quase uma hora inteira! – Indagou-se.

– Não... Não brigamos. – Respondeu com um pequeno sorriso no rosto, que tentou segurar.

Yato voltou pra o santuário com Yukine enquanto olhava a pequena moeda de 5 ienes que ganhou nesta noite.


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Notas finais do capítulo

Já tava doida pra postar isso AISUAOUSAOISIU
Não ficou tão legal como eu gostaria (se fosse num desenho ficaria mais legal, é muito chato descrever beijos com palavras), mas espero que tenham gostado! ♥
Próximo capítulo vai ter treta!