Sem nem mesmo pensar, respondi: “William”.

Misty respondeu: “Yasmin”.

Por um momento, olhamos um para a cara do outro e no meio de muitos gaguejos, acabamos respondendo que estávamos esperando gêmeos. Olhem só que tipo de situações eu consigo me meter.

É claro que saímos correndo da banca antes que a vendedora começasse a mostrar seu leque de roupas para irmãos gêmeos.

Parece que eu tinha estragado tudo. Por que fui abrir minha boca para dizer o nome que talvez (confesso) eu gostaria de dar para meu futuro filho? Devia ter ficado quieto e deixado somente Misty responder.

Parece que ela não conseguiu aguentar o constrangimento e acabou perguntando se queria passar numa lanchonete para comer uns hamburguers e batatas fritas. Sem nem mesmo pensar, concordei e paramos numa lanchonete na próxima esquina.

O silêncio ainda estava no ar. Essa tensão nunca aconteceu entre nós dois.

Pedi meu hamburguer e minhas batatas fritas e, como boa mulher “grávida”, Misty pediu uma salada de frutas balanceada que a lanchonete fazia para as gestantes.

“E então”, Misty quebrou o gelo, dando um leve sorriso “William? É um nome muito bonito.”

“É…” respondi, sorrindo sem jeito “Sempre achei esse nome bem bacana e se um dia eu tiver um filho, gostaria de que se chamasse assim.”

“Eu gosto”, ela respondeu, fingindo estar olhando para outra mesa, como quem não quer nada. Não queria que nosso dia terminasse assim. Estava tudo fluindo tão bem até eu abrir minha boca enorme. Eu precisava fazer alguma coisa...

“E-eu acho Yasmin um nome muito bonito também... E-está aprovado!” respondi olhando nos olhos dela.

APROVADO?! O que eu quis dizer com aprovado? Quis dizer se, por acaso ela realmente tiver uma filha iríamos chamá-la de Yasmin? Como se eu fizesse parte desse tipo de decisão?

O humor de Misty estava muito bom hoje e ela deu uma boa risada, me respondendo com algo que eu nunca, nunca esperaria depois de um desastre como esse:

“William também está aprovado.”

Ok! Por favor, vocês perceberam o que acabou de acontecer? Eu e Misty estamos sentados, aprovando nome de FILHOS. Estamos numa situação em que estamos tecnicamente CASADOS e esperando um não, mas DOIS BEBÊS! Dá pra ser mais esquisito e engraçado ao mesmo tempo?!

Fiquei extremamente satisfeito que, depois dessa resposta, a tensão foi quebrada e voltamos a conversar normalmente, e forrar o estômago nos deu uma nova energia. Paguei a conta e saímos pela cidade para passear mais um pouco. Sim, perdemos o foco de nossa missão, quer dizer… Misty perdeu o foco da nossa missão, mas não consegui resistir em deixá-la ser feliz ao aproveitar todas essas coisas de mãe que ela gosta.

Deixei ela vendo uma barraca de decoração de quartos de bebês e fui dar uma volta pela rua para ver mais coisas desse Mundo da Maternidade - sim, soa muito estranho eu dizer algo como isso – e vocês não vão acreditar no que eu encontrei.

Havia um senhor bem humilde que fazia diversos tipos de artes em conchas do mar. Inclusive, ele escrevia nomes nas conchinhas. Eu olhei para aquilo e tive a ideia mais maluca de todas. Contei minha ideia para Pikachu e meu amigo aprovou sem nenhuma objeção.

Quando executei minha ideia maluca, fui ao encontro de Misty. Vendo-a de longe, olhando para mim com um sorriso no rosto e me esperando, me fez pensar que talvez a minha ideia não seja tão maluca assim, afinal.

Estendi um pacote para ela e, quando ela o abriu, revelou-se uma concha do mar escrita “Yasmin”. Sim, eu fiz isso mesmo e sou corajoso o suficiente para dizer de que não me arrependo nem um pouco.

A reação de Misty foi muito melhor que eu esperava, ela cobriu a boca com a mão e seus olhos encheram de lágrimas ao olhar para a conchinha. Ela olhou para mim, e disse num tom tão carinhoso que nunca irei esquecer:

“Ash, isso foi um dos presentes mais lindos que já ganhei. Você é um amor” ela enrolou seus braços no meu pescoço, me dando um abraço terno enquanto dizia no meu ouvido “Obrigada, querido”.

Não sei se ela me chamou de ‘querido’ pelo fato de realmente achar que ‘seu querido’ ou se ela estava fazendo papel de esposa de mentirinha ao chamar o marido de ‘querido’. Mas realmente espero em ser a primeira opção.

O que pude fazer era somente retribuir com um abraço apertado e bem demorado e dizer que fiquei muito feliz que tinha gostado do presente. Depois disso, toda aquela tensão que estava sobre nós parecia ter saído com certeza e continuamos andando de mãos dadas até a saída da cidade.

Após passarmos o portal da cidade e continuarmos nosso caminho para Fuchsia, olhei para Misty e, dando uma risada descontraída, disse:

“Ei, já estamos quase chegando e você não tirou a bola de praia da barriga.”

Ela olhou profundamente nos meus olhos e com um sorriso, respondeu:

“Ei, já estamos quase chegando e você não soltou minha minha mão.”

Olhei para as nossas mãos entrelaçadas e… Aquilo me trouxe uma grande paz.

No meio de tantas confissões durante essa, hum… Podemos dizer que foi uma aventura? Gostaria de confessar uma última coisa: eu não me importaria nem um pouco se meu futuro fosse parecido com isso que fingimos ser quando passamos por Vermilion. Acho que não preciso visitar o cardiologista quando chegar em casa, pois descobri que acabei tomando o melhor remédio de todos e agora estou curado.