Enquanto eu estava tendo este conflito interno, Misty finalmente saiu de trás da árvore e cara, eu devo ter ficado com uma cara de tonto, pois a ouvi me chamar pelo menos umas três vezes para prestar atenção no que ela dizia. Sabe aquelas cenas típicas de anime em que alguém aparece muito bonito e o fundo está todo brilhando? Misty parecia como se estivesse numa cena daquelas.

Eu confesso que nunca vi algo tão lindo em toda a minha vida. Não me importo se isso é um pensamento estranho em relação à Misty. Ela estava linda como nunca com aquela barriga falsa, que pensando bem, não parecia tão falsa assim....

“E então?” ela me perguntou, começando a ficar vermelha e nervosa “ Pareço uma completa idiota, não acha?”

Completamente ao contrário, quase falei. Vi poucas mulheres grávidas na minha vida, mas nunca vi algo tão belo quando aquela garota que estava na minha frente; seus cabelos estavam soltos e ela usava um vestido azul claro todo trabalhado com rendas.

“Acho que você está… Perfeita. Parece legítimo.” Dei um pequeno sorriso e Pikachu soltou um “Pikachu-pi” bem alegre.

Aquilo pareceu tirar um peso de cem quilos de suas costas, pois Misty pareceu ficar bem mais calma e relaxada depois de ouvir que estava aparentemente bem. E mais, ela parecia satisfeita e muito feliz com o elogio.

Ficamos espiando até a policial Jenny trocar de turno com outra policial Jenny e fomos para lá. No meio do caminho, percebi que Misty realmente decidiu SER uma grávida, pois até no jeito de andar parecia legítimo. Ela andava com certa dificuldade e com a coluna curvada para trás, como se a barriga estivesse muito pesada. Aquilo me fez sorrir e, como um bom cavalheiro, me ofereci para carregar sua mochila.

Chegando lá, a policial Jenny me falou uma coisa que quase caí pra trás:

“Sejam bem-vindos ao festival das mães e filhos! Nome do pai, por favor?”

E-era comigo isso? Era comigo com quem ela estava falando?! Eu tinha me esquecido completamente de que, se Misty estava fazendo papel de uma mãe, eu provavelmente teria que fazer o papel de PAI! É agora que vou ter um ataque cardíaco…

Misty percebeu que eu fiquei totalmente atônito com a pergunta e como sempre, me ajudou. Me pergunto se por acaso ela já sabia de que eu seria o “pai” da situação. E se sabia, por que não disse nada?

“O nome dele é Ash Ketchum, policial. E eu sou Misty.”

“Muito obrigada, senhora Ketchum! Podem entrar e aproveitem o festival! Ah, e meus parabéns pelo bebê!”

OPA, OPA, OPA! QUE HISTÓRIA É ESSA DE SENHORA KETCHUM?! ISSO QUER DIZER QUE MISTY FOI INTITULADA COMO MINHA… ESPOSA?!?! EU SEI QUE ESTAMOS FINGINDO, MAS ISSO É ALGO GRANDE, GALERA!

Graças a Deus que Misty me deu um empurrão e eu consegui sair do lugar, mas ainda não tinha caído a ficha de que em cinco minutos, me casei e virei pai.

Eu não acabei de dizer de que não tinha visto muitas mulheres grávidas durante a minha vida? Então, retiro o que disse. Havia tanta mulher grávida e crianças num lugar só que nunca vi igual. Misty parecia estar no paraíso. Seu sorriso estava tão aberto, que iluminava todo o caminho. Barraquinhas com coisas de bebês enchiam as ruas e havia até um pequeno parque de diversões improvisado no centro da cidade.

Eu estava me sentindo muito estranho. Aquilo não era uma coisa com o que eu estava acostumado, obviamente. Todos pareciam estar olhando para nós, mas é claro que quem estava chamando atenção era a minha espos- digo, Misty. Por favor, não conte para ninguém, mas se Misty fosse realmente minha esposa, me sentiria muito orgulhoso. Ela estava radiante!

Mas, senti que algo estava faltando. Então eu pensei: já que estávamos fingindo que estamos casados, vamos fazer isso direito. E casais prestes a ter um bebê - um dos passos mais importantes da vida - não andam de mãos separadas. Mas eu preferia ter cinquenta batalhas Pokémon do que tentar pegar a mão de Misty. Como algo poderia ser tão difícil?

Suas pequenas mãos estavam quase encostando nas minhas, será que ela também queria? B-bom, eu não quis dizer de que eu queria segurar sua mão, ou será que queria?

Criei vergonha na cara e entrelacei meus dedos nos delas. Aquilo foi ao mesmo tempo, a melhor coisa e a mais estranha de que já fiz nos últimos tempos. O que deu em mim? Eu nem ao menos perguntei se Misty me deixava fazer isso...

Mas, para minha felicidade e alívio, ela não disse nada, somente olhou para mim e abriu um sorriso tão grande que agora tenho certeza de que ela queria isso tão quanto eu. Sim, não consigo segurar, confesso que queria segurar sua mão. E queria fazer isso há muito tempo, tá legal?! Feliz agora?!

Misty quis parar em uma barraquinha para ver roupas de bebês e não me opus. Não queria contrariá-la, mas misericórdia, nunca vi tanta variedade de roupas para um serzinho tão pequeno como um bebê! Ela me apontava para as roupas que gostava e concordo de que ela tinha bom gosto. Uma senhora vendedora baixinha e gordinha muito simpática chegou perto nos disse:

“Meus parabéns ao casal! Como o bebê vai se chamar?”