Rose Weasley

Foi uma das piores cenas que eu já vi na minha vida.

Até mesmo quando Lily caiu da vassoura e ficou com uma fratura no braço terrivelmente exposta, não foi tão ruim quanto o que eu vi naquela sala, naquele maldito dia.

A cena do osso exposto de Lily não me machucou tanto - pena que Lily não podia dizer o mesmo.

Desde o meu terceiro ano, eu namorava um dos caras mais bonitos de Hogwarts. De um lado, o grifinório Oscar Wood, o bonitão do time de quadribol de sua casa, o rapaz gente boa e atencioso com todo mundo. Assim como eu e grande parte da minha família, Oscar era bem popular por conta da fama de seu pai. Do outro, tinha eu. Rose, uma Weasley, da sonserina, que não fazia metade do que meus pais fizeram quando tinha minha idade - principalmente porque nenhum dos dois havia ido para a Sonserina..

Numa época em que ninguém achava mais graça na filha dos heróis, Oscar se aproximou de mim e começamos a nossa história juntos. A gente começou a se pegar, tínhamos o mesmo círculo de amigos e no nosso sexto ano, com apenas uma semana que as aulas haviam recomeçado... Eu havia o encontrado dando beijos mais que quentes na asquerosa Jhulie Finnigan. Ele tinha feito com que virássemos amigas.

E agora tinha feito aquela... Merda. Graças ao bom Merlin e à maravilhosa Morgana, eu os peguei ainda na fase de beijos quentes e esfrega-esfrega. E eles só me notaram ali, porque eu deixei escapar um belo "ARGH!".

Uma garota não acha que será traída até o momento em que isso realmente ocorre. Para falar a verdade, ela só acredita mesmo depois que flagra tudo e ainda está pensando sobre isso.

Depois de ver o que eu vi, eu nem chorei - só tremi muito. Foi algo mais do tipo... Vocês estão rindo do meu cabelo. E óbvio, saí dali correndo. Eu tinha certeza que iria vomitar. Eu só não vomitei, porque não tinha jantado ainda. 

A maioria das garotas, teria chorado, gritado e talvez até descesse o braço na cara daqueles dois. Mas eu não fiz nada disso! Sendo bem sincera, fiz o que mais me pareceu sensato.

Eu fui pra biblioteca e deitei no meio de um dos corredores. Era o corredor menos visitado, por isso eu deitei ali. Quem passasse por ali, evidentemente me levaria para a enfermaria. Mas como eu disse, ninguém ia até ali.

Eu não queria conversar com ninguém. Não queria que sentissem pena de mim. Não queria ouvir frases motivacionais. Eu só queria ficar ali... Deitada no chão.

A cena se passou um milhão de vezes na minha cabeça, me fazendo ficar tonta sem sair do lugar. Oscar a beijava com tanta intensidade, que parecia um dementador. Ele nunca tinha me beijado daquela forma.

Depois de passar horas ali, comecei a sentir vontade de chorar. Meus olhos começaram a marejar quando pensei que havia sido substituída. Oscar havia a procurado porque sentia falta de alguma coisa.

Levantei de supetão e saí como uma águia dali. Precisava o encontrar e conversar. Oscar iria me escutar e me dizer o que diabos encontrava naquela piranha.

Enquanto passava pelos corredores em busca dele, as pessoas me olhavam e cochichavam. Elas com certeza já sabiam. Seus olhares de pena diziam isso. Senti tanta raiva que fiquei ainda mais determinada em encontrá-lo e colocar os pontos em seus devidos lugares.

Depois de rodar quase todo o castelo e começar a querer chorar outra vez, o encontrei perto do quadro da Mulher Gorda, sentado no chão sozinho no corredor. Ele parecia pensativo.

Fiquei bem em sua frente e o chutei, fazendo-o me olhar. Tentei permanecer com uma expressão dura no rosto, mas aqueles olhos conseguiam derrubar toda a minha muralha de ódio.

— Precisamo conversar — falei, me odiando por minha voz sair tão vacilante

— Rose, por favor só me escute — Oscar se levantou rápido e tentou encostar em mim, mas eu rapidamente recuei.

— Você é quem vai escutar, Wood — tentei parecer magoada e durona ao mesmo tempo, mas não sabia se daria certo — Eu falo e você apenas confirma, sem comentários extras ou desculpas desnecessárias.

— Eu só...

— Temos um acordo? — o interrompi. Oscar suspirou derrotado e concordou com a cabeça — Muito bem. Primeira pergunta: foi a primeira vez? — Oscar negou com a cabeça, a abaixando. Meu coração acelerou e eu quis o largar ali mesmo, mas prossegui — Hm... Ela é melhor do que eu?

— Ninguém é melhor que você, minha Rose — ele tentou outra vez me tocar, mas o afastei

— Não é o que parece, Oscar. Você me trocou por ela e sequer negou que foi a primeira vez.

— Você queria a verdade e eu lhe disse. — ele retrucou e respirou fundo — Quero basear nosso relacionamento apenas em verdade a partir de agora, amor.

— Você por acaso pensa pra falar? - tive vontade de lhe socar a cara — Não me venha com essa de verdade, porque você é apenas um maldito mentiroso. Desde quando esconder que estava de saco cheio de mim é verdade? Não percebe que você está se contradizendo? — passei as mãos pelo cabelo nervosa e o encarei furiosa, deixando de lado o meu plano inicial — Você me trocou. Sabe como eu me sinto ao saber que você me trocou? Me sinto como se não fosse boa o suficiente. Quando a pessoa trai, significa que ela encontrou coisa melhor... O que ela tem de melhor, Oscar?

Antes que eu o empurrasse outra vez, Oscar me abraçou e estranhamente me derreti em seus braços. Ele me beijou no topo da cabeça e eu o apertei em meu corpo.

— Eu estou tão arrependido, meu amor — Oscar acariciou meus cabelos —Eu não sei onde estava com a cabeça quando te troquei. Me perdoe por favor...

— Não está de saco cheio de mim? — perguntei

— Nem um pouco. — ele afirmou — Foi apenas uma recaída e eu prometo que não vai se repetir. Você é a única garota que eu quero ficar agora. Ninguém pode substituir uma Rose.

Olhei profundamente em seus olhos. Olhá-los me deixava completamente zonza e boba.

— Se eu estiver falhando em alguma coisa, me fale — acariciei seu lindo rosto — Sou capaz de mudar tudo para lhe agradar.

Oscar sorriu e se aproximou para me beijar.

— E a chifruda é uma burra outra vez! — alguém disse ao nosso lado. Eu reconheceria a voz irritante de Jhulie de longe — Você ficou louco, Oscar?

Oscar se separou de mim rapidamente e eu o encarei perplexa.

— Estamos bem outra vez, Jhulie - falei amarga — Agora eu vou conversar é com você.

— Oscar, o que essa maluca quer dizer com isso? — Jhulie me ignorou completamente — Você não está dizendo que...

— Jhulie... — Oscar tentou se aproximar da garota, mas pareceu se lembrar que eu estava ali e parou — Rose...

— Vamos sair daqui, Oscar. — pedi e ela me olhou como se eu fosse retardada.

— Será que você poderia apenas calar a boca e sumir? — Jhulie continuou me encarando.

— Jhulie, por que não conversamos depois? — Oscar mordeu os lábios

— Não, você não vai conversar com ela, amor — tentei apelar para nosso apelido — Ainda estamos num retorno sensível, se lembra?

— Retorno sensível? — Jhulie gritou estridentemente — Retorno sensível? Se enxerga Weasley! Não tem essa de retorno. Oscar e eu agora estamos namorando. Nada de relações escondidas. Namoro público.

Namoro público.

Oscar e Jhulie.

— Jhulie! - Oscar gritou — O que... Rose, ainda precisamos conversar.

— Não! — Jhulie empurrou Oscar que tentou se aproximar de mim — É isso mesmo, Água de Salsicha. Oscar me pediu em namoro logo após termos terminado com aquilo que você começou a ver — ela disse sorridente e maliciosa — Você foi trocada por uma versão bem melhor, Weasley.

Encarei Oscar mais uma vez e eu me senti uma completa estúpida quando vi que ele estava sem jeito. O que ela dizia era verdade e ele estava apenas tentando me enganar outra vez.

— Ele não estava aqui pensativo por sua causa, Rose. Estava me esperando. — ela o olhou zangada — E pelo o que me parece, ele iria me colocar em segundo plano outra vez. Mas eu não vou deixar.

— Jhulie...

— Pra você, é Finnigan — ela me cortou — Será que você não percebe? Não entende quando perde? Céus, você fracassou como namorada, Weasley. Foi ruim a ponto de ser substituída!

— Eu não entendo... — murmurei — Oscar, o que essazinha tem que eu não tenho?

— Essazinha trouxe pra ele as melhores noites, depois que a namoradinha ia dormir. Ela também se mostrou confiante, sabendo guiar uma relação e satisfazendo um cara que não via mais graça na namorada que tem medo até mesmo de respirar em público — Jhulie sorriu — Você é ridícula, Rose. Na sua idade, sua mãe ajudava a salvar o mundo bruxo. E você? Sequer consegue salvar seu namoro, porque existe alguém melhor que você em todos os sentidos. Você está mais parecendo seu pai. Não é ele que tem a fama de medroso?

Eu não era confiante. Eu não era tão poderosa quanto ela. Ninguém olhava quando eu passava. Ela era uma das garotas mais fantásticas que eu conhecia.

Mas ainda tinha alguém ainda melhor. Na verdade, cerca de quatro garotas eram melhores que Jhulie e eu queria ser como elas.

Queria que Oscar implorasse para me ter novamente. Queria que ele visse quanta falta eu fazia. Aí sim eu voltaria. E eu sabia que apesar de ser uma ideia bastante louca, eu sou Rose Granger Weasley. Esse cérebro com certeza serve para alguma coisa.

Respirei fundo, com os dentes bem trincados.

— Meu pai com todo o seu medo ajudou a salvar o mundo bruxo — falei, sentindo o sangue bombear mais rápido. Ninguém fala de minha família — O seu é um mero personagem secundário em uma história. — me virei para Oscar — Você é um maldito insensível, Oscar. — respirei fundo segurando as lágrimas e me voltei para Jhulie — Fique a vontade, Finnigan. Vocês são decepcionantes.

Me virei e saí, deixando escapar uma lágrima que fiz questão de limpá-la sem ser percebida. Ignorei completamente os gritos de Oscar para que eu esperasse.

Eu iria atrás da minha ajuda. Iria atrás de quem poderia me socorrer.

O garoto dos negócios, também conhecido como Albus Potter e meu primo, me ajudaria a negociar com elas.

As garotas da Máfia Malfoy.