Jockers escrita por KxZim


Capítulo 6
♦ Valete de Ouro parte III




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Já era a quarta noite que havia sonhado com ele. Com a mesma cena. No mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas. Não aguentava mais. Acabei passando o dia trabalhando. Quando as corridas terminaram, fui dar uma caminhada sozinho. Precisava pensar. Havia ainda dois endereços não resolvidos naquelas cartas. Uma, eu sabia o que iria acontecer, a outra não. Por isso achei melhor ir dar uma olhada.



Pensava sinceramente que seria um parque. Tinha que ser um parque. Mas a verdade deu uma pontada em meu cérebro e o fez doer. Era uma fachada. Tinha um parque, de fato, mas era somente no nome.

Não demorei para conseguir achar o local. O endereço era bem fácil e já tinha rodado bastante por ele, só que nunca tinha me tocado que o parque, na realidade era o:

Atrações parque Motel.”



Aí que minha cabeça começou a trabalhar com violência. O segundo endereço me leva para a casa de Aoi, e o terceiro para o Motel.

Tiraria aquela história a limpo. Não estava acreditando no que estava acontecendo. Minhas mãos suavam frio no volante. Joguei minha cabeça para trás e o resto do ar que eu tinha se perdeu e tive que lembrar como respirar. Certo Uruha. Você vai lá, e fala pro cara que ele é louco sádico e você não tem nada a ver com isso.

Agora.


♠♣♥♦

Não dava onze da noite, estava eu sentado na soleira da casa dele. A jaqueta que cobria os meus braços era uma ótima distração. Desfiava as mangas dela, fiapo por fiapo. Contei duas horas para que Shiroyama chegasse em sua casa. Ele me viu sentado ali, e me chamou com o dedo para dentro de seu carro. Um camaro preto. O cara tinha grana, e tinha estilo, tinha que admitir.

Eu fui. Mas fui no intuito de finalmente resolver as coisas com ele sobre aquelas malditas cartas e endereços estranhos!



–Como você descobriu minha casa, Uru?

–Ora, pela ultima carta que você me mandou. -Disse, fechando a porta do carro.

–Mas eu não mandei carta nenhuma.-Ele me olhou surpreso.

–Então quem mandou? Todas as outras cartas que tenho e inclusive essa que tem o seu endereço?

–Oi? Espera..Você está com ela aí?

–Não.-Respondi ríspido.-Sério. Você me dá uma arma, me manda ir atrás do cara que tava dando trabalho no seu bar, depois a sua casa e depois um motel!? O que você quer comigo!?

–Hã!? A carta que te mandei tem apenas um endereço. -Ele disse, em um tom completamente diferente. Ele também estava preocupado agora.

–É, tem três endereços na ultima carta que me mandaram. Contendo aquela praça, essa praça na frente da sua casa, e “parque atrações motel”!

–Eu não sei quem manda as cartas, tá legal? Vamos, me mostre onde é esse motel.


♠♣♥♦


Dei o endereço para ele e fomos. Engraçado como ele sabia fingir bem, ou gozado demais para não ser ele que me manda cartas. A primeira, com certeza veio dele. Mas já comecei a duvidar sobre o restante.

E não demoramos para chegar. Ele estava lá, e era o endereço que havia na carta. E a única coisa que tinha a ver com praça ali.



–É aqui.



Saímos do carro e fomos para a recepção do local. Ele perguntou tudo o que pode para a mocinha que estava nos atendendo.



–Takashima, vamos. Ela não sabe nada.

–Takashima? Takashima Kouyou? -Ela perguntou, olhando para mim.

–Eu.

–Deixaram algo para você.

–Quê?



Ela me entregou uma chave, e disse que estava no quarto. Uma pessoa que havia alugado o quarto passou algumas horas ali e depois saiu, deixando o recado e a chave. Ela disse que não teve mais nada que pudesse falar porque, nem mesmo a pessoa tinha dado informação. A única coisa que havia dito foi:

“Se ele aparecer, diga que tem algo para ele no quarto.”

E foi embora sem mais. Ela disse também que não se lembra do rosto porque ele estava olhando para baixo e tinha um óculos e um chapéu grande tapando qualquer vestígio de identidade.


Olhei para Shiroyama e fomos, depois da explicação da garota. Subimos algumas poucas escadas e procuramos a porta com o respectivo número que havia na chave. Abri a porta do quarto do motel.

E para a minha surpresa.

Nada.


–Aoi, diga a verdade, a primeira carta, veio de você!

–Sim, mas eu não mandei todas, mandei apenas duas. Eu sabia que aquela moça era sua mãe e sabia que sua relação com ela não é das melhores.

–E porque diabos você manda uma carta toda estranha pra eu ir lá falar com ela?

–Era o único jeito, que eu vi, que poderia dar um jeito nela. -Ele deu uma pausa e olhou para mim-Ela não parava de reclamar e já estava me enchendo o saco. E desde que você apareceu e falou com ela, agora sua mãe parece um pouco mais feliz.

–Entendi. Mas e as outras cartas? Os outros endereços e tudo mais?

–Não faço ideia.-Aoi suspirou

–Ótimo! Então é quem?! E o que tem aqui?! Droga!

–Se exaltar não adianta nada Uruha!



Olhei inquieto e nervoso para ele. Pela primeira vez Aoi calou-se e se sentou na cama, cruzando as pernas e os braços. Finalmente percebi que, ele havia mudado do preto, para jeans. Mas por que reparar nisso? Tinha coisas mais importantes agora.

Ou não.

Me sentei do outro lado da cama pensando e tentando reparar em tudo que tinha naquele quarto. Senti a cama se mover e logo o corpo de Aoi estava na minha frente. Seus braços tocaram meus ombros e meu corpo foi empurrado para trás.



Não havia tempo. Não havia como parar, eu já estava retribuindo seu beijo. Sentindo seu calor novamente e o peso de seu corpo. Sua língua finalmente contra a minha, sem ser um sonho. Suas mãos em minhas coxas puxando minhas pernas contra seu quadril. Rolamos na cama e Yuu começou a beijar meu pescoço. Igual. Igual no sonho. Ele me sentou em seu colo e puxou minha camisa para cima. Ele tomou meu corpo rapidamente com sua boca. E como no sonho, pude gemer, e alto. Sem nenhum bobo da corte voando, ou cartas ou qualquer coisa. Sua língua rodeava meu peito, e minhas mãos, sua camisa. Quando dei por mim, mordia seu lábio inferior, puxando seu piercing com vontade. Seu corpo por cima do meu. Me agarrava a ele com as pontas dos dedos em suas costas. Seu membro me penetrava sem nenhum tipo de dor. Poderia ter tido no começo, já que, nunca havia feito aquilo. Mas com ele, não era como diziam.

Yuu me sugava o pescoço e minha boca gritava seu nome. Trocamos de posição algumas vezes, até que ambos chegassem em seus limites. Caímos cansados na cama, ofegantes. Olhando para o teto. E como sempre...

Uruha não lembrando de mais nada.

Apenas um preto, e um vazio por dentro. Antes, um braço me aconchegando.



…♠♣♥♦


Quando acordei, ele não estava mais lá. O que estava do meu lado, era um travesseiro e um vazio. E não só do meu lado mas, dentro de mim. Que merda era aquilo hein? Porque me importava agora com esse..gelado em mim? Não era normal. Nunca foi.



♠♣♥♦

Voltei para casa, chamando um táxi. E não demorou para que Reita me buscasse. No caminho, contei o que havia acontecido. Ele riu. Ele riu o caminho todo.



–Uru, você e aquele lá? Ontem?

–Sim. E cara, eu to muito mal agora.

–Porque? Não foi bom? -Ele segurou a risadinha. Eu percebi.

–Eu não sei explicar, Reita. Apenas, eu me sinto mal, falou?

–Quando chegarmos, vou te levar para conversar com o Nori.



Dito e feito. Bati o maior papo com Takanori sobre aquilo. Porém, nem mesmo ele conseguiu me entender. Ou era eu que estava me expressando mal.



–Eu não entendo. Você dá para o cara que tá afim, que acha legal e tal e tá aí, triste? Não entendo.

–Não é que to mal, eu sei lá, o cara depois me apagou e foi embora.-Disse novamente.

–Olha Uru, esse Yuu aí deve estar gamado demais em você e tem medo de se machucar. Só pode.

–Não mesmo. Mas deixa, Nori. Acho que eu vou ter de entender comigo mesmo, é.

A gente se despediu em um abraço. Reita ficou mais um pouco. Aqueles dois, estavam pior do que eu e aquele maluco.



Mas aquilo..Aquilo, talvez..apenas talvez.. poderia significar algo que eu temia.



♠♣♥♦

Voltei para casa. Chequei minha correspondência. Não havia nada ali. Procurei pela casa e não havia cartas. Apenas as que eu tinha.

De uma coisa eu sabia, ou o trabalho estava incompleto, ou eu já havia terminado eles. E torcia pela segunda opção. E que não me chegasse mais cartas. Estava cansado e..dolorido.

Tomei um banho rápido e preparei macarrão instantaneo. Era o que eu tinha no momento para comer e descansar. Fiquei vendo tv por algum tempo até terminar de comer e pegar no sono, sentado em meu sofá.

♠♣♥♦

Mesmo que alguns dias haviam se passado, nada era como antes. Visitei minha mãe, por educação. Paguei as contas e fiz as compras do mês. Continuei trabalhando junto com Akira e nada de anormal acontecia. Aquilo era terrível. Me sentia completamente..estranho?

Chegando em casa, depois de um turno completo no Táxi viagens, liguei o rádio e peguei umas cervejas na geladeira. Bebi sozinho. Ouvindo uma baladinha de rock. Depressivo? Talvez. Mas precisava. Aquilo era a salvação as vezes.



Não sei exatamente se era para minha felicidade ou tristeza, mas alguém tocou a campainha da minha porta. Não atendi mas, não era necessário. Olhei para ela e por debaixo um envelope preto.

Me levantei e peguei. Voltei para o sofá, tomando mais uns goles de cerveja e abri o envelope.



Ainda não acabou.

Volte seus passos, corra atrás.

Não é exatamente ele, mas sim, você.”



Era isso que dizia na carta. Um rei de copas. E logo eu que, pensava ter acabado tudo isso. Precisava pensar com calma. E não era dia para isso. Talvez amanhã.


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Notas finais do capítulo

Espero que a leitura não tenha ficado cansativa, fiz um capitulo grande :s
Mas de qualquer forma, obrigada por ler/ver
E me desculpem a demora.



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