De repente pai escrita por Thaynara Dinucci


Capítulo 15
Capítulo 15




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Joshua

Estava eu e Nathalie na fila pra pagar nossos pedidos e meu telefone apita estranho porque eu disse que já estaria indo encontrar com Julia, será que aconteceu algo? Nath me olha interrogativamente enquanto olho a mensagem. Tenho vontade de gritar, socar o ar, e fazer uma dancinha fodidamente ridícula. Começo a rir ao ler a mensagem de Alex avisando que ele está na consulta com Julia.

"Estou na consulta com Julia. Espero que ela não me mate. Precisamos conversar depois, eu a deixo em casa. E cara, obrigado mais uma vez por me abrir os olhos." Termino de ler em voz alta pra Nathalie e ela me olha com os olhos pegando fogo.

"O que esse idiota acha que está fazendo? Ele acusa minha amiga de ser aproveitadora, e depois quer dar uma de papai super preocupado e chega sem mais e nem menos na consulta?" ela está quase gritando.

"Ei, ei amor, calma." Eu digo e passo a mão suavemente pelas suas costas "eles são um casal complicado, temos que nos acostumar com isso. O Alex realmente é um idiota, mas um idiota que ama a Julia, e ela o ama também."

"Tudo bem. Eu vou aceitar isso, porque sei que é o que Julia precisa no momento." ela diz enquanto pago a mulher do caixa e continua "mas eu juro Joshua, que se ele aprontar mais uma vez com Julia e o bebê, eu arranco suas bolas e as sirvo em uma bandeja de prata." e sorrir ao terminar de falar.

Começo a rir e aproximo minha boca da sua orelha e sussurro"sabia que você fica sexy quando está com raiva?" Vejo os pelos dos seus braços se arrepiando e ela morde o lábio inferior. Eu estou há quatro dias sem sexo, e não vejo a hora de me enterrar em Nathalie, e ela ainda me provoca mordendo esse lábio delicioso.

"Fico, hum?" ela pergunta e me puxa pra fora da loja. Quando chegamos na calçada ela diz "Mande uma mensagem pra Alex, avisando que depois iremos passar na casa da Julia pra saber notícias." ela gesticula com a mão e eu apenas a encaro, ela aproxima sua boca da minha e passa seus lábios no meu e sussurra "e nós dois, iremos pra casa, pois agora você me deixou com tesão." e me beija.

Deus, obrigado por essa mulher quente.

Sem pensar duas vezes mando uma mensagem rápida pra Alex, arrasto Nathalie pro carro e cuido da minha morena sem pensar duas vezes.

Julia

Eu estou até agora tentando entender o que Alex está fazendo. Como será que ele descobriu que hoje seria minha primeira e consulta, e pior ainda, como ele descobriu o endereço da minha médica. Ah, claro, logo lembro de Joshua. Eu amo meu amigo, mas a minha vontade agora é de matá-lo por ser tão boca grande. Assim que entramos a Dra. Nora pede que sentemos e nos parabeniza pelo bebê. Vejo Alex digitando furiosamente no celular, e quando a Dra. fala ele sorrir e agradece. Consigo ver um brilho nos seus olhos, ele tenta reprimir um sorriso mas é em vão. O que ele está aprontando pra estar com esse sorriso idiotamente lindo? Tenho vontade de estapear sua cara. Saio dos meus devaneios quando Dra. Nora começa a fazer perguntas.

"Julia, como eu vi essa é a sua primeira gravidez" ela diz e começa a fazer umas anotações e prossegue "Eu gostaria de primeiro aferir sua pressão, e depois iremos saber de quanto tempo você está, então, poderemos saber quais vitaminas você irá precisar." Ela diz, se levanta e vem em minha direção. Alex está atento a tudo o que está acontecendo na sala. Ela pega no meu braco e coloca o esfigmomanômetro (aparelho de aferir pressão) em volta do mesmo e diz que está tudo bem, e espera que continue assim. Ela volta pra sua mesa, me pergunta sobre enjoos e eu digo que tive apenas nos primeiros dias, mas devia ser por conta do estresse que estava passando. Vejo quando Alex se mexe desconfortavelmente na cadeira e me olha, como se me pedisse desculpas com o olhar. Me sinto culpada, mas a culpa some assim que lembro de suas palavras. Ah querido, você vai passar por tudo o que eu passei e mais um pouco.

"Julia, agora iremos saber como esse pequeno serzinho está. Preparada?" ela pergunta com um sorriso acolhedor, eu assinto e ela prossegue "vá até aquela sala" ela aponta pra pequena porta "fique totalmente nua, e coloque a roupa descartável que está pendurada atrás da porta. Eu e o Alex, iremos te esperar na outra salinha." ela diz e eu sigo em direção a porta que ela me indicou.

Quando chego lá começo a tirar a minha roupa e ouço burburinhos do lado de fora, e logo sei que Alex está conversando com a médica. Eu juro que estou tentando entender o motivo dele está aqui, mas não consigo chegar a nenhum resultado. Em momento nenhum ele me pediu desculpas, apenas disse que iria me acompanhar e que depois deveríamos conversar. Eu estou com tanta raiva, que sinto vontade de chorar. Onde será que Nathalie e Joshua se meteram? Eles deveriam estar aqui comigo, não o Alex. Coloco a roupa descartável e vejo que ela me deixa com o traseiro de fora. Maravilha, murmuro com sarcasmo. Saio da salinha e vejo Alex e a Dra. conversando, eles param o assunto na hora que me notam. Alex vem em minha direção e sorrir, e eu apenas o olho. Quero que ele saiba que estou puta e irei continuar assim por um bom tempo.

Quando vou em direção a mesa, sinto Alex vindo atrás de mim, ele aproxima sua boca da minha orelha e sussurra "consigo ver todo o seu maravilhoso traseiro com essa roupa". Ele rir assim que fala. Eu coro. Eu o encaro com raiva e ele apenas da de ombros e se senta numa cadeira ao lado da cama.

"Julia, deite-se na cama por favor e coloque suas pernas abertas em cima dos apoiadores." Pede a Dra., enquanto ela se senta em frente a uma tela de computador com vários botões. Ela pega um aparelho que mais parece uma banana, e explica que pelo feto ser muito pequeno, só conseguiríamos captar sua presença com essa sonda. Ela reveste sonda com uma camisinha e me olha.

"Pronta?" ela pergunta.

"Como nunca doutora." sorrio e vejo Alex do meu lado.

"Apenas relaxe, tudo bem? Não vai doer, e em minutos poderemos conhecer o seu bebê." ela sorrir amigavelmente enquanto lentamente introduz a sonda em minha abertura.

Sinto uma pontada, seguida de um desconforto, mas logo passa. Fecho meus olhos e sinto as mãos de Alex na minha, aceito sua mão e a aperto. Ele retribui o aperto e me olha com um brilho no olhar. E eu me pergunto o que esse brilho quer dizer. Depois de movimentar um pouco a sonda, a Dra. pede que olhemos pro monitor e circula um borrão na tela e eu fico tentando entender o que é. Será o meu bebê? Será que eu sou uma péssima mãe por não conseguir identificar meu filho?

"Papai e mamãe, estão vendo aqui?" apronta a Dra. pro monitor.

"Sim" respondemos em uníssono.

"Esse pequeno borrão como chamamos, é o seu bebê, e pelo tamanho estimo que ele tenha aproximadamente quatro semanas. Os tamanhos estão bons, e temos tudo aqui pra ter uma gravidez sem riscos." ela sorrir e tira a sonda de mim. "Vão querer fotos?"

"Com certeza" Alex diz com entusiasmo, e pela primeira vez desde que o vi, eu consigo abir um sorriso.

Alex

Quatro semanas. Meu filho tem quatro semanas. Isso indica que, Julia possivelmente engravidou assim que começamos a sair. Sorrio com esse pensamento. Sei que é meio machista, mas tenho vontade de gritar aos quatro cantos que eu sou foda! Que eu engravidei a minha mulher na primeira foda. Eu tenho certeza que tem um sorriso fodidamente grande congelado no meu rosto. Pedi que a médica imprimisse cinco cópias da ultra, uma com toda a certeza do mundo iria pra minha mesa no escritório. Quem diria, há quinze dias atrás eu estava surtando com a ideia de ser pai, e hoje eu estou aqui me sentindo o ser mais idiota do mundo por saber que, logo terei uma criança. Eu sou um fodido sortudo, e preciso agradecer a Joshua por ter aberto meus olhos, ou então, eu perderia o momento mais mágico que um homem pode presenciar. É uma alegria fora do normal você conseguir enxergar uma pessoinha que ainda nem cresceu direito, e melhor ainda é poder ter fotos pra comprovar tal fato. Saio dos meus devaneios quando vejo Julia vindo e sentando do meu lado. Ela também está feliz, consigo ver isso de longe. Sei que ela não ficou feliz quando me viu aqui, eu realmente não tiro sua razão, ela com certeza deve me odiar agora, mas farei o que for possível pra conseguir o seu perdão e ter a minha mulher e o meu bebê de volta comigo.

"Julia, você pode ter pequenos sangramentos por conta da transvaginal, mas nada fora do comum" a médica explica a Julia e eu presto atenção em cada recomendação que ela dá. Eu hoje com certeza passarei o resto do meu dia com ela, não a deixarei sozinha por nada. A médica também receita algumas vitaminas e pede que voltemos no daqui há um mês. Ela calcula que o bebê nascerá entre Janeiro e Fevereiro. Ok, posso conviver com isso. Será que é loucura da minha parte que o tempo passe logo pra que eu possa ter o meu filho em meus braços? A médica entrega a receita a Julia, e rapidamente eu pego da sua mão. Agradecemos a Dra. Nora, e seguimos em direção a saída com a promessa de voltar daqui há um mês.

Quando chegamos na calçada Julia pergunta por Joshua e Nathalie, eu explico que mandei mensagem pros dois dizendo que queria um tempo a sós com ela, e que depois poderíamos nos despender de algum tempo com eles. Mas antes de tudo, tínhamos que passar na farmácia e comprar os remédios de Julia. Ela com muito contra gosto, entra no meu carro e seguimos até a farmácia.

Depois de tudo comprado, Julia pede pra que eu a deixe em casa, e o caminho até a sua casa é torturante e silencioso. Ela não diz uma palavra, não me xinga, apenas olha pra frente. Parece que ela não gosta mais de ficar na minha presença. Sorrio tristemente ao constatar esse fato. O que você fez, seu maldito babaca? E se eu nunca mais conseguir o seu perdão? E se ela quiser me afastar do meu filho? Me perco em pensamentos e quando dou por mim, já estamos em frente a sua casa, mal estaciono o carro e Julia pula pra fora dele. É, hoje o dia será longo. Eu ando atrás dela, ela entra em sua casa e deixa a porta aberta, eu entro logo atrás. E antes que eu possa falar algo, ela cospe as palavras em cima de mim.

"O que você foi fazer lá Alex? Foi apenas me dá falsas esperanças pra depois começar a me insultar, ou apenas ter certeza se esse filho era realmente seu? Me diz Alex, por que sinceramente, já cansei das suas mudanças de humor, cansei de tentar ser uma boa pessoa pra você e não receber nada em troca além de ingratidão. Você nem se quer se desculpou comigo. Você age como estivesse tudo bem, mas não está. Você está agindo como se fossemos um casal, e nós não SOMOS A PORRA DE UM CASAL." ela grita o final. Com suas mãos apoiadas em seu quadril ela me olha com ódio. Tudo bem, eu mereci ouvir cada palavra. Doeu, porra, como doeu, mas eu sei que nada se compara a dor que eu infringi a ela.

Eu a encaro e respiro fundo, é agora ou nunca. Ando até ficar na sua frente, e digo o mais calmamente que consigo "Desculpa baby, por favor, eu antes de qualquer coisa preciso que você me desculpe." eu imploro a ela "eu já estava disposto a me redimir com você. Eu cheguei a vir aqui em sua casa pra te pedir perdão, mas na hora eu vi você e Joshua saindo abraçados e eu novamente tirei conclusões precipitadas e Deus sabe que eu nunca vou me perdoar por isso." Eu pego em sua mão e aperto suavemente, ela apenas me olha e eu não consigo decifrar o que ela está pensando ou sentindo. "Eu já tinha aceitado nosso bebê. Eu sei Julia que você nunca fez nada pra que eu duvidasse de você, mas eu sou assim, um babaca que irá errar muito com você, mas eu preciso de você comigo pra que eu possa ser uma pessoa melhor. Desde que meus avós e minha mãe morreram, eu não sei o que é ser amado. Eu sou sozinho no mundo, eu tenho apenas Joshua comigo. E quando você apareceu, eu fiquei sem rumo" respiro fundo e continuo "a primeira vez que me apaixonei, eu me entreguei e fui apunhalado pelas costas, e eu prometi nunca mais me entregar novamente, mas aí você apareceu e colocou todas as barreiras que eu construí ao longo dos anos abaixo. Pela primeira depois da minha primeira decepção eu me apaixonei, e eu estraguei tudo. E eu me arrependo dia após dia por isso. Eu quero ser um bom homem pra você, quero ser um bom pai pra essa criança que vai nascer." Eu automaticamente levo minhas mãos até a sua barriga e acaricio a mesma. Sinto Julia prender a respiração, quando eu a olho, vejo que ela está chorando.

"Você tem meu perdão Alex. Me desculpe também por ter..." ela começa a falar entre soluços mas eu a corto. Ela não fez nada de errado aqui. Apenas eu fui o babaca.

"Shhh." eu digo e coloco meu indicador sobre seus lábios. "Você não tem que se desculpar por nada. Eu fui o único que desde o inicio errou com você, e farei o que for pra consertar tudo" Aproximo meus lábios dos dela e a beijo carinhosamente. Deus, que saudade eu senti desses lábios. Nosso beijo tem gosto de saudade, paixão.

"Eu te amo Julia e amo esse bebê que você está carregando. Nós seremos muito felizes, e eu passarei todos os dias da minha vida me desculpando com você e com o nosso filho" eu digo. Me abaixo e beijo sua barriga. Pela primeira vez na vida eu disse essas três palavras a uma mulher, tirando minha mãe e minha avó. E pela primeira vez isso pareceu tão certo, como dois e dois são quatro.

"Eu também te amo Alex Ruppert." ouço ela dizer. E tomo mais uma vez seus lábios.


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