Ela matou a saudade de sua tia Nancy com um abraço apertado e carinhoso no aeroporto, Cassie morava á 6 horas dali de carro, e 1hra de avião. Sua mãe achou conveniente mandar Cassie de uma forma que ela demorasse menos para se arrepender, a morena era mais alta do que Nancy, que tinha os cabelos bem mais vermelhos do que os de sua mãe. Elas se separaram com um grande sorriso no rosto.

— Como foi a viajem? – Indagou ela acariciando o braço de Cassie que se preparou para responder, mas foi interrompida. – E sua mãe? – Ela passou a olhar ao redor.

— Ela foi para Atlanta, tem alguns desfiles para cuidar por lá, vai ficar 4 meses. Por isso disse que quando voltar vem me buscar pessoalmente.

— Menos mal, achei que ia ter de busca-la. – Disse revirando os olhos. Ambas começaram a andar em direção ao estacionamento onde o carro de Nancy estava. O caminho foi tranquilo, Cassie se sentiu nostálgica observando pela janela enquanto conversava com Nancy e foi assim até chegarem a sua casa. Era uma casa como as outras do bairro, porém, a única pintada de um azul bem claro. Nancy mostrou o quarto de hospedes que Cassie iria se hospedar e pediu para que descesse após o banho, e foi assim, quando era quase 4hrs da tarde, Cassie desceu as escadas com o cabelo molhado, um short confortável e uma regata branca.

— Esse cheiro está maravilhoso. – Ela comentou entrando na cozinha e Nancy sorriu fechando a geladeira.

— Achei que não ia descer nunca. – Comentou pegando alguns pratos no armário.

— E pensei em dormir naquela cama lá mesmo, mas meu estômago começou a roncar. – Fez bico e Nancy gargalhou.

— Olha, sei que ainda está cansada da viagem, mas vamos lá; Thomas pediu para que você fosse lá na New York Times amanhã bem cedo com seus documentos, ele está ansioso para te conhecer depois que leu aquele seu artigo. – Cassie sorriu sem graça e suspirou.

— Um artigo que eu fiz aos 16 anos sobre amor, pelo amor de Deus tia, que vergonha! – Exclamou e Nancy se apoiou no balcão com um sorriso bobo no rosto.

— Era um artigo com muito conteúdo, um artigo que vai te abrir as portas para o sucesso! – Ela disse com os olhos brilhando. – Afinal, você sabia que o recepcionista é super gato? – Ela disse e Cassie sorrio. Sentia saudade do jeito de Nancy.

— Não estou atrás de um namorado tia – Disse cruzando os braços e Nancy deu de ombros.

— Quem falou em namorado? Falei que ele é gato... – Ela entregou um dos pratos na mão de Cassie. – E quando tem um cara gato em sua zona de conforto você pega! – Ela ditou como se fosse uma regra internacional das mulheres. Uma luz se acendeu em sua mente, ela limpou a garganta. Não havia visto Ethan desde que chegou e Nancy também não havia tocado em seu nome. Achou que talvez, devesse perguntar sobre o rapaz, tentar mostrar que está tudo bem, embora Nancy nunca soube do que aconteceu a 7 anos atrás, ela devia desconfiar de um mau acontecimento pelo fato de Cassie estar sempre fugindo de Ethan. Então depois de algumas garfadas do maravilhoso macarrão com queijo de Nancy, Cassie tomou coragem e resolveu perguntar.

— Tia.... E o Ethan? – Indagou e Nancy a encarou por alguns segundos.

— Bom.... Ele está bem. – Ela disse voltando sua atenção para o prato, e então abriu um sorriso. – Ele criou uma personalidade igualzinha à de Michael. – Ela falava com um peso na voz. Michael era seu ex noivo, pai de Ethan e o pouco que Cassie ouvirá falar sobre ele, era um verdadeiro idiota festeiro. – Quer dizer, Ethan tem um bom coração, me ajuda quando eu preciso, me respeita.... Mas não para em casa, nunca trouxe uma namorada descente para casa, vive chegando bêbado dos lugares.... Eu não sei porque, mas ele cresceu assim. – Ela olhou para Cassie que ouvia tudo calmamente, sem saber o que dizer “É tia, o seu filho realmente é um idiota, mas olha, a culpa não é sua”.

— Deve ser fase. – Nancy sorrio.

— Nenhuma fase dura tanto tempo assim – Ela encarou Cassie que comia o resto do macarrão. – E antes que eu esqueça, ele vai agir como o idiota que é com você, então, ignora. Não leva a sério por que não é pessoal, se quiser pode até dar uns tapas, não vou me importar. – Cassie rio prevendo que iria ser meses difíceis. – Ele só volta amanhã, então pode ficar tranquila e aproveitar tudo bem? Eu vou lavar a louça e depois estender umas roupas no varal. Descanse, ou dê uma volta, fique à vontade. – Ela disse puxando o prato vazio de Cassie que se levantou dando a volta no balcão.

— Eu lavo tia, pode deixar. – Disse pegando os pratos e Nancy é claro não queria deixar, mas acabou concordando quando Cassie disse que queria comer bolo de laranja, Nancy correu para o mercado e concordou em deixar Cassie lavar os dois pratos, talheres e copos. O barulho da porta abrindo e se fechando fez Cassie sorrir, sabia que a tia saiu tão avoada que acabaria esquecendo algo. – O que foi tia, esqueceu... – Ela parou na entrada da cozinha encarando aquele rapaz alto, cabelos bem cortados em um loiro claro e natural. Branco, olhos azuis e uma barba malfeita. Ele estava ali, encarando ela com um ponto de interrogação enorme na testa e ela estava do mesmo jeito encarando ele, se perguntando quem era. Passaram questão de um minuto se encarando sem dizer nada, e poderia ser apenas um minuto, mas parecia bem mais.

— Por que está me olhando desse jeito? – Ele cortou o silêncio colocando as mãos no bolso fazendo ela se mexer.

— Eu não estou te olhando de jeito nenhum. – Ela disse cruzando os braços. – Eu só estava tentando lembr... – Antes que ela terminasse de falar ele passou por ela, a ignorando e subindo as escadas, e aquela cena de 7 anos atrás apareceu em sua mente claramente.

— Só fica longe do meu quarto. – Ele disse com desdém, grosso, não estava nem aí para ela, e isso definitivamente a incomodava.

— Pronto, eu voltei. - A porta abriu e se fechou e Cassie ficou parada no mesmo lugar. Olhando o vazio na escada. Era ele. E ele estava lindo. – Cassie? – Chamou-a fazendo ela se virar. Ela não estava ali para ser humilhada. Ela não era mais uma criança, era simples, ela iria fazer o seu estágio e quem sabe conseguir uma carreira? E ela iria se manter longe do quarto dele, das coisas dele, dele. Se ele procurasse briga ela revidaria sem medo. – O que foi querida? – Ela indagou preocupada e Cassie sorriu.

— Nada. – Respondeu pegando a sacola das mãos de Nancy. – Ethan chegou, disse Boa noite e subiu. – Começou a tirar as coisas da sacola e colocou, sobre o balcão.

— Ele disse Boa noite? – Ela ficou surpresa, mas Cassie insistiu nessa ideia e depois mudou de assunto, quando achou uma oportunidade disse boa noite e subiu as escadas. O desdém de Ethan pesava sobre seus ombros, mas ela fazia questão de ignorar, não o viu mais naquela noite, e nem sequer fazia questão de ver, queria dormir, tirar o peso de seus ombros e iniciar o estágio no dia seguinte.