— Por que é mesmo que eu não posso ficar em casa sozinha mesmo tendo 19 anos de idade? – Cassie indagou colocando a última caixa no porta malas do carro de sua mãe.

— Já disse que não é questão de deixar ou não você sozinha Cassie. É questão de... – A morena revirou os olhos e começou a falar com a mulher um pouco mais baixa.

— É questão de ser uma chance única para a minha vida e blá blá blá. Eu já entendi, mas eu não estou afim de ir. – Cruzou os braços. Cassie, ou Cassandra como preferir, era uma garota de 19 anos, magra e alta, cabelos escuros e olhos caramelos esverdeados, magras com belas curvas e com o sonho de se tornar Jornalista.

— Você não está a fim de ir por que não quer mais seguir essa carreira ou por causa de um certo jovem da sua idade? – Indagou ela cruzando os braços do mesmo jeito que a filha. A mulher era como ela, um pouco mais velha na verdade. Mas os traços no rosto eram idênticos, apenas os cabelos que estavam tingidos de um tom avermelhado a tornava mais diferente de sua menina. E ela tinha razão, Cassie não ligaria de passar 4 meses na casa da melhor amiga de sua mãe, já havia ido lá antes e isso não era um problema, ainda mais quando se tratava de ter ganhado um estágio de 4 meses em um dos maiores jornais dos Estados Unidos; New York Times. O problema era o filho dela, que destruiu seu coração quando tinham apenas 13 anos, e depois disso ela nunca mais quis vê-lo, e realmente, não o viu.

Já fazia uma semana que Cassie estava na casa de Nancy, iria embora em breve e ela não queria se arrepender de nada. Respirou fundo. Ela sabia que depois que fosse embora nunca mais teria coragem de dizer o que sentia para aquele garoto, o filho da melhor amiga de sua mãe; Ethan. Então ela tomou coragem quando ouviu o barulho dos pés sobre o solado de madeira, entrou na sala e em quase um fiozinho de voz chamou por Ethan que se virou para a garota um pouco (bem pouco mesmo) mais baixa que ele. Ela tinha os fios em cachos bem formados e longos até quase a cintura. Seu rosto era angelical, ela tinha 13 anos, mas parecia ter 10, talvez a falta de corpo ajudasse. Já ele tinha os fios em um loiro escuro, bagunçados, como se não penteasse a dias, tinha pele branca, e olhos azuis. Sua face era despreocupada, e se não fosse seu corte de cabelos, ele teria cara de 15 anos tendo apenas 13, assim como Cassie.

— Escute.... Eu preciso te contar uma coisa. – Ela disse baixo e desviou o olhar para o chão sentindo o rosto ruborizar. – Eu acho que eu te amo. – Disse rápido, como se falasse um palavrão. Não era verdade, ela nem sequer sabia o que era amor, ou o tamanho do significado dessas três palavras, mas ela o achava bonito, e era somente ele que conseguia fazer seu coração bater tão forte que parecia que explodiria em confetes a qualquer momento, então para ela, era amor, mesmo não sabendo o que isso significava. Apenas parecia o certo contar a ele o que sentia, e ela esperava que ele dissesse que sentia o mesmo como nos filmes, e depois disso eles teriam o primeiro beijo juntos, mas ao invés disso, ele deixou escapar uma risada amarga que fez o mundo de Cassie congelar. Ela levantou a cabeça para o olhá-lo.

— Você é patética. – Ele se virou e subiu o primeiro degrau das escadas. Os olhos de Cassie se encheram de lágrimas, ela não havia entendido, qual era o seu nível de azar?

— P-por que está me dizendo isso? – Ela disse alto o suficiente para ele ouvir, sentindo os olhos transbordarem de lágrimas. Ele parou no primeiro degrau que havia subido, olhou para o teto e suspirou como se estivesse cansado de passar por essa situação constrangedora.

— Olha para você. É como todas as outras garotas da sua idade, ou até mais velhas. Qualquer garoto com um rosto bonito e que sabe fazer piadas e vocês se apaixonam. Não sabem viver sem procurar um namorado. – Ele rio novamente, e virou um pouco para olhá-la. – Isso te torna tão patética... – Ele subiu mais um degrau sem olhar para trás dessa vez. – Além do mais, você nem é tão bonita assim. – Foi o suficiente, ela estava acabada, humilhada, se virou e saio tremula da sala, sentou-se no primeiro banco da cozinha e chorou como uma criança de 6 anos chora quando recebe um “não” dos pais. Ela o odiava. E queria ir embora dali o mais rápido possível.

Os anos passaram, e ela conheceu outros caras, e reconheceu que sua mãe estava certa quando disse que nenhuma dor é para sempre. Ela nunca mais gostou de alguém como gostou de Ethan, e quando ele vinha passar um final de semana na casa dela, ela dormia na casa de uma amiga. E só ia para a casa de Nancy quando tinha certeza que ele não estaria lá. Fazia exatos 7 anos que ela não o via e nem queria ver também.

— Eu amo jornalismo mãe, mas não quero dar trabalho para a tia Nancy e muito menos ter que ver aquele imbecil. – Foi a vez de sua mãe revirar os olhos.

— Qual é Cassie, já fazem 7 anos desde que aquilo aconteceu e você nunca mais o viu. Ele deve ter mudado, crescido e amadurecido. Ta cansada de saber que homens gostam de se crescer, provavelmente na época ele ouviu alguém falando aquelas coisas e achou que dizer aquilo o tornaria legal. – A mãe de Cassie tentava sempre o defender, e fazer com que Cassie esquecesse aquilo, mas nunca aconteceu, até agora.

— Mãe...

— Já sei o que vai dizer Cassie, e a única coisa que vou te dizer é: Quer realmente desistir dessa maravilhosa oportunidade por causa do cara que te deu um fora aos 13 anos de idade? – Ela indagou e isso fez com que Cassie ficasse em silêncio. Ela suspirou. Não queria admitir, mas sua mãe tinha razão, ela não podia perder a oportunidade que Nancy arrumou para ela por causa de um imbecil como Ethan.... E quem sabe ele não tenha realmente mudado?

— Tudo bem, eu vou. – Disse por fim fazendo sua mãe abrir um longo sorriso.

— Essa é a minha garota. – Abraçou Cassie.