Insane World escrita por Isa


Capítulo 4
Bônus




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*** 2 ANOS ANTES ***

– E aí capeta, vai almoçar lá em casa hoje? - perguntei à Thomas assim que o sinal que anunciava o fim da aula tocou.

Thomas praticamente vivia lá em casa, a mãe dele é irmã da minha mãe (ou seja ele é meu primo, só para deixar claro) e minha mãe gostava dele mais do que de mim.

– Claro! - falou obviamente - Eu ainda tenho que te vencer no GTA.

– Vai sonhando... - cantarolei enquanto caminhava para o ponto de ônibus.

Chegando em casa fui direto tomar banho e mudar de roupa, descendo as escadas vejo minha mãe conversando animadamente com Thomas enquanto Noah estava vendo um desenho.

– Oi gata! - falo dando um beijo no rosto da minha mãe.

– Oi Sô - me responde dando um sorriso para mim.

Faço uma careta por causa do apelido tosco que ela insiste em me chamar, mas logo percebo que algo está errado.

– O que aconteceu? - pergunto olhando para as caixas e os retratos no chão.

– Nós vamos nos mudar! - fala Noah parecendo animado com a ideia.

– O QUE? - eu praticamente gritei, ele podia estar falando sério.

– Querida - fala ela carinhosamente - Eu sei que você tem 12 anos e tem amigas aqui. Mas está rolando uma epidemia, pessoas estão morrendo, e eu tenho que levar vocês à um lugar seguro.

– E a minha mãe? - perguntou Thom preocupado.

– Ela não quis deixar seu pai sozinho no hospital - o pai dele tinha sofrido um acidente de carro mês passado e tava de coma desde então - Mas ela implorou para que você fosse junto com a gente - acrescentou tristemente.

– Você vai querer ir? - perguntei receosa.

– Vou.

[...]

3 meses se passaram e adivinhem? Aquilo não era simplesmente uma epidemia, aquilo era A epidemia.

Os mortos começaram a voltar e a comer pessoas.

Com sorte eu e a minha família conseguimos achar um grupo de sobreviventes que nos ensinaram tudo o que se precisa saber para sobreviver durante um apocalipse zumbi, tipo como matar os andantes (o nosso grupo os chama assim).

Hoje eu acordei nervosa, ia ser a primeira vez que eu ia a procura de suprimentos sem a minha mãe, ela até tentou impedir mas eu queria aquilo, queria fazer a minha parte no acampamento, não queria ser só um peso morto.

– Olá Sonya - me cumprimenta o senhor Felps, ele era um velhinho bem legal, me tratava como se eu fosse sua neta favorita, eu tinha um carinho enorme por ele.

– Oi - cumprimentei de volta sorrindo.

– Sua mãe convenceu o pessoal de que você precisa ir acompanhada - revirei os olhos já sabendo que ela ia fazer alguma coisa dessas.

– Ótimo, quem vai ser meu companheiro - perguntei sarcásticamente fazendo o senhor Felps rir.

– O Newt - falou já sabendo que eu iria odiar a escolha.

Newt é sem sombra de dúvidas o garoto mais chato se eu já conheci, ele devia ser uns 2 anos mais velho que eu (devia ter uns 14 anos talvez), e o sentimento é recíproco, ele me odeia. Na verdade eu só o odeio porque ele me odeia.

– Fazer o que? - murmuro e vou em direção ao carro que ia nos levar a cidade.

– Ta atrasada - fala Newt já no banco do motorista.

Não falo nada apenas dou meu belíssimo dedo do meio para ele e entro no carro.

– Tomem cuidado! - gritou minha mãe enquanto Newt ligava o carro.

– Eu sempre tomo! - gritei em resposta já com o carro em movimento.

O caminho até a cidade foi feito em silêncio, nenhum de nós dois falou nada, chegando lá entramos em uma casa bem bonita e vasculhamos ela, eu achei apenas um zumbi no quarto e outro na cozinha, fora isso não tinha nada.

Fui checar os armários e vi que nós estávamos com a sorte grande, ele estava cheio de doces e comidas enlatadas, rapidamente enchemos nossa mochila e fomos em direção à outra casa. Fizemos a mesma coisa mais duas vezes.

– Merda - murmurou Newt enquanto eu estava enchendo minha outra mochila.

– O que foi? - perguntei indo pra perto dele.

– Olhe - me indicou a janela.

PUTA MERDA!!

Uma manada de zumbis estava se acumulando aos arredores da casa, eu sabia que as chances de sobreviver a isso eram mínimas. Quando me dei por mim Newt já tinha me puxado para um dos quartos e tinha trancado a porta.

– Precisamos ter calma - fala, mas pelo seus olhos eu vi que ele estava se cagando de medo.

– Calma? CALMA? COMO EU POSSO TER CALMA? - explodi - EU NÃO QUERO MORRER SEM NUNCA TER PELO MENOS BEIJADO ALGUÉM! EU AINDA TENHO QUE CUIDAR DE NOAH! O QUE VAI... - não pude completar a minha frase porque quando eu vi Newt estava me beijando.

Por impulso eu coloquei minhas mãos em seu cabelo enquanto ele apertava a minha cintura. Assim que o beijo acabou eu olhei para ele sem entender que merda tinha dado na sua cabeça para ele fazer isso. Ele deu de ombros e falou com um sorriso malicioso:

– Pelo menos agora você não vai morrer sem ter beijado ninguém.

– Babaca - falo dando um soco de leve no ombro.

Escutamos barulhos de vários passos no andar de baixo e nos entreolhamos.

– Vamos ter que pular - avisa Newt indo para a janela - Primeiro as damas.

– Nossa, que cavalheiro - falo sarcástica e em seguida pulo.

Cai de mau jeito e provavelmente torci meu tornozelo. Escuto um barulho e vejo Newt caído no chão com uma careta de dor.

– Você consegue se levantar - me pergunta parecendo preocupado.

– Claro - falei me levantado. Aliviada vi que eu não torci meu tornozelo e que dava para andar normalmente.

Fomos correndo em direção ao carro. Entramos nele e fomos rumo ao acampamento.

[...]

Eu não estava acreditando no que estava vendo, o que antes era um acampamento virou agora uma carnificina. Os zumbis invadiram e agora estavam devorando tudo o que viam pela frente.

Chocada sai do carro e fui correndo procurar a minha mãe, Noah e Thomas.

– MÃE! - gritei desesperada.

– SONYA! - gritou em resposta minha mãe vindo correndo na minha direção - Graças a Deus você está bem - falou me abraçado.

– Cade o Noah? - perguntei.

– Eu o deixe com o Thom, venha! - falou me puxando.

Estávamos indo em direção aos carros quando eu escutei um grito, virei apontado minha arma para trás e vi que o grito veio da minha mãe.

O que antes era o Senhor Felps estava segurando com força o braço da minha mãe na tentativa de morde-lo. Eu sabia que tinha que atirar mas eu não consegui, eu gostava muito do Senhor Felps para conseguir atirar friamente na cabeça dele.

Quando finalmente tomei coragem para fazer algo vi que o estrago já estava feito, o braço da minha mãe estava sendo devorado pelo zumbi.

– Mãe! - gritei chorando.

– Vá, encontre os garotos e saia daqui - falou também chorando.

Encontrei eles um pouco adiante e avisei que precisamos sair daqui imediatamente, eles não me perguntaram sobre a mamãe, imaginei que pela cara de choro dos dois eles já soubessem o que tinha acontecido.

Encostei minha cabeça na janela e comecei a chorar.

Em questão de minutos meu mundo desmoronou completamente.


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