Apenas um sonho escrita por Florrie


Capítulo 2
Sansa


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo.
Obrigado a todo mundo que comentou ;D



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Pouco tempo depois de chegar ao pequeno salão a comida lhe foi servida. Carne suculenta com ervas e especiarias, pão, sopa e até mesmo tortinhas de limão. Ela comeu como se não o fizesse há anos e nem mesmo o olhar estranho de Sandor a intimidou. Depois da comida bebeu duas taças de vinho, seu pai nunca permitia mais do que uma, porém ela estava com tanta sede. Uma criada, a mesma de antes, apareceu com um sorriso e lhe estendeu uma carta.

– Chegou mais cedo milady. – Sansa não se lembrava da ultima vez que recebeu uma carta ou algo parecido. Sorriu e pegou o pergaminho reconhecendo rapidamente o selo dos Greyjoy das Ilhas de Ferro. – Meu senhor disse que eu deveria lhe dar assim que acordasse.

– Agradeço.

Quando a mulher se retirou Sansa abriu o lacre e leu curiosa.

Querida Sansa,

Eu falei com Theon sobre seu convite, ele ainda está tímido em aceitar, você sabe que ele não se sente muito confortável saindo das Ilhas de Ferro. Não se preocupe, tentarei convencê-lo, tenho certeza que ele dirá sim. Será bom para os meninos, Garret vive me perguntando sobre Winterfell, Asha diz que ele está mais interessado nas historias do tio do que nas Ilhas de Ferro. Jonas também quer muito conhecer o Norte e fala sem parar sobre treinar com vossa irmã e conhecer os lobos gigantes.

Eu tenho certeza que os meninos vão adorar o seu garotinho, serão grandes amigos como nós duas somos.

Gostaria de lhe falar também sobre o novo bebê de Asha. Você estava certa, é uma menina. Minha cunhada esteve terrivelmente mal humorada nessa gestação e o seu marido, pobre homem, precisou ouvir coisas que não me atreveria em escrever aqui. Foi um parto longo e cheio de gritos, Theon comentou que ele parecia prestes a desmaiar no corredor. Tudo ficou bem no final e quando a pequena Alannys chorou pela a primeira vez foi como se toda Pyke se iluminasse. Ela é a coisinha mais linda que já vi, Asha está encantada, mas ninguém parece amar mais aquela menina do que o pai, o homem fica mais com ela do que sua própria ama. Preciso brigar com ele para poder segurá-la.

Estou ansiosa para vê-la novamente.

Com amor, Jeyne da Casa Greyjoy.

– Boas noticias? – Sandor perguntou quase que cordialmente. Ela deu um pulo na cadeira, tinha esquecido que o homem continuava ali.

– Sim. – respondeu sem saber ao certo o que pensar. Aquela Jeyne só poderia ser Jeyne Poole, certo? A ultima vez que tinha visto à amiga foi em Porto Real, depois do ataque dos Lannister. Ela esteve no quarto comigo até que a levaram e eu nunca mais tive noticias suas. Jeyne tinha sido sua amiga mais querida e era uma lembrança de tempos melhores.

Ela assinou como uma Greyjoy. Aquilo não fazia muito sentido.

Nada naquele sonho tinha lógica de qualquer maneira.

– Eu gostaria de ir até lá fora. – falou ao se levantar. – Minha irmã está no pátio, certo?

– Sim.

– Eu... – Sansa foi interrompida por um gritinho infantil que encheu o salão. Ela conhecia aquele som, era tão familiar quanto o riso de Bran e o olhar gentil de sua mãe. Como era possível?

– Mamãe.

Ela girou o corpo e assistiu quando um menininho de talvez quatro ou cinco anos correu em sua direção com os bracinhos abertos. Tinha certeza que nunca o viu na vida, mas ao mesmo tempo seu rosto lhe era conhecido. Seu coração se aqueceu de uma forma que nunca tinha feito antes quando a criança abraçou suas pernas com um sorriso.

– Mamãe. – Ele a chamou novamente. Mamãe, ele me chamou de mamãe!

O garoto estendeu as mãos querendo colo, mas ela estava petrificada e não foi capaz de mover um membro sequer. Seus olhos o analisaram com cuidado, ele tinha os cabelos escuros cheios de grossos cachos, suas bochechas tinham duas covinhas quando ele sorria e os olhos eram azuis, iguais aos seus.

– Pequeno lorde, não assuste sua mãe desse jeito. – uma mulher mais velha aproximou-se sorrindo. – Descupe milady, mas o jovem Benjen esteve ansioso por vê-la desde que acordou.

– Benjen. – O nome escapou dos seus lábios.

O menino parecia impaciente por não ter seu desejo realizado.

– Mamãe.

– Sua mãe acabou de acordar Ben.

Mãe, Deuses, ela era uma mãe?

– Você está doente mamãe? – Benjen perguntou parecendo, agora, preocupado.

– Eu... Eu... – Ela estava tonta. Seu corpo começou a suar frio e sua cabeça girou e girou e girou. Pontos negros surgiram na sua visão e antes de tudo apagar ela sentiu um par de mãos lhe segurar as costas.




Olhe para o céu Sansa, olhe os dragões.
Ela olhou, mas tudo o que viu foi um rastro de fogo perfurar as nuvens.




Estava deitada e alguém fazia carinho na sua cabeça. O afagou trouxe um sorriso para os seus lábios e ela se aninhou como um gatinho a quem quer que estivesse do seu lado. Myranda ou Mya, pensou, sendo mais provável se tratar da primeira. Queria abrir os olhos e contar tudo sobre seu sonho estranho em Winterfell, mas então se lembrou que não podia. Sou Alayne Stone agora.

– O que acha que ela tem? – perguntou uma voz masculina.

Sansa conseguiu conter o susto. Não era Randa ou Mya ao seu lado e nem mesmo Petyr. Eu conheço essa voz, estava um pouco diferente, mas ela reconheceria aquela voz.

Jon.

– Me parece ser apenas um mal estar meu senhor. – outra voz disse.

– A criada me relatou que Sansa parecia confusa quando acordou e Sandor disse algo semelhante.

– Nós só saberemos quando ela acordar. – o outro homem respondeu. – Agora é melhor deixá-la descansar.

– Pode se retirar, diga a Rickon e Arya que ela está bem e que eu ficarei ao seu lado até que acorde.

– Sim meu senhor, o que devo dizer ao pequeno Benjen? Ele está impaciente pela mãe e as gêmeas e o bebê acordaram há pouco tempo.

– Mantenha-os afastados, peça que as amas os entretenham por enquanto.

– Como quiser.

Ela ouviu a porta abrir e então fechar novamente.

Seu coração batia descompassado enquanto sentia as mãos do homem ao seu lado continuar a afagar sua cabeça. Não pode ser Jon, ele está na Muralha, não no Vale. A não ser que... Não, era impossível. Seu sonho estranho tinha acabado e agora era hora de acordar. Abriu os olhos lentamente e levantou a cabeça.

– Sansa?

Ela demorou um pouco os olhos no rosto dele. Os cabelos escuros e os olhos cinzentos ainda eram os mesmo, no entanto, sua aparência era diferente, como se ele fosse mais velho. A ultima vez que tinha visto o irmão bastardo ela não passava de uma menina e ele ainda caminhava para se tornar um homem crescido. Jon parecia maior e mais forte, tinha também uma cicatriz no rosto, mas a marca não era o suficiente para tirar sua beleza. Em um estranho impulso ela levantou uma das mãos e tocou a cicatriz. Por que fiz isso? Suas bochechas coraram e ela retirou a mão rapidamente.

Tentou se levantar, mas a tontura voltou e ela logo foi aparada pelos braços dele.

– Não tente se mover tão depressa. – Jon disse. – Venha, deite-se, eu ficarei com você até que se sinta melhor.

– Eu... – estava agora sentada na cama observando o irmão que estava em posição semelhante. Demorou um pouco até que pudesse formar uma frase coerente. – Como você chegou aqui?

– Aqui? – o rosto dele foi de preocupação para confusão. – Como assim Sansa? Eu estou sempre aqui.

– Você não está no Vale.

– Nem você está. – respondeu ele. – Estamos em Winterfell, nossa casa. – Jon aproximou-se dela e pegou sua mão. – Volte a deitar, eu estarei com você.

– Mas... Mas isso não pode ser apropriado. Dois irmãos se deitando juntos.

– Irmãos? – ele soltou sua mão um tanto chocado e então a analisou demoradamente. – Sansa, do que está falando? Do que você lembra?

Ela demorou a responder. Do que se lembrava? Oras, de tudo. De Porto Real e de Joffrey sendo cruel, do banquete real, do rei morrendo engasgado no próprio sangue e de Petyr a esperado pronto para ajudá-la a fugir. Também se lembrava da sua chegada no Vale, de Mya e Myranda e das promessas de Mindinho.

– De tudo. – disse por fim.

– Então se lembra da guerra?

– A guerra dos cinco Reis?

– Não, a guerra que veio depois dessa. – ele falou cauteloso. – A guerra que trouxe os dragões... Sansa, do que exatamente você lembra.

– Do... Do Vale. – respondeu nervosa. – Isso é um sonho, certo?

– Você não está sonhando.

Impossível.

– Mas eu estava no Vale, tenho certeza disso.

– Você estava no Vale, mas isso foi há dez anos. – ele respondeu. – Você voltou para Winterfell e agora os Stark estão aonde pertencem.

– Dez anos? – quase gritou. Sua cabeça voltou a doer e ela sentiu lagrimas encherem seus olhos. Os braços dele a envolveram com cuidado e então ele a puxou contra seu peito. Ela se sentiu inexplicavelmente segura. – O que está acontecendo?

Como algo assim poderia acontecer? Como ela poderia simplesmente acordar e descobrir que se passaram dez anos? Dez anos... Então ela não era mais uma menina de treze, mas sim uma mulher de vinte e três.

– Você aparentemente teve uma perda de memória, mas não se preocupe, vai ficar tudo bem.

As mãos dele voltaram a afagar seus cabelos. Aquele gesto era estranho e familiar ao mesmo tempo.

– Por que está aqui? – perguntou subitamente.

– Como?

– Por que está aqui Jon? Eu nunca fui uma boa irmã para você. – ela nem mesmo o chamava de irmão, sempre foi meu meio irmão.

– Nós não somos irmãos.

Ele passou a mão pelos cabelos nervoso e desviou o olhar para parede.

– O que somos?

– Eu... Nós... Levando em consideração sua condição atual talvez seja melhor explicar as coisas com mais calma.

Sansa se afastou dele, agora impaciente.

– Diga-me, o que nós somos? Por que está com tanto medo de me dizer isso? – ela o olhou inquieta. – Eu acordo e me dizem que tenho um marido e um filho, agora você fala que eu perdi a memória... Nada do que me disser vai me deixar mais surpresa.

Ele hesitou, mas então respondeu:

– Eu sou seu marido Sansa.




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Notas finais do capítulo

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