Apenas um sonho escrita por Florrie


Capítulo 3
Sansa


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo :)



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Jon partiu depois do seu ataque de pânico e não voltou a aparecer pelo resto da tarde. O meistre apareceu pouco tempo depois e lhe fez uma dúzia de perguntas, mas ela só soube responder as primeiras. O homem também lhe examinou e deixou um frasco azul na cabeceira, para sua tontura, ele falou.

A porta do quarto só voltou a ser aberta horas depois por uma jovem mulher. Sansa estava encolhida na cama e assustou-se com a presença da desconhecida. Será que é alguém que conheço? A analisou com mais cuidado, ela era bonita e esguia, tinha os cabelos escuros presos em uma trança e olhos cinzentos como uma tempestade. Eu a conheço; tinha certeza disso, mas sua mente simplesmente não dizia de onde.

– Sansa? – a garota perguntou ao se aproximar da cama. Sansa rapidamente se sentou. – Como está se sentindo?

– Bem, eu acho.

De onde eu a conheço?

– Você se lembra de mim? – perguntou e ela corou envergonhada. – Acho que a sua cara já é resposta o suficiente.

– Eu sinto muito. – suspirou. – Eu gostaria muito de lembrar.

– O meistre disse que você lembra até seu tempo no Vale ou parte dele.

Sansa ficou calada.

– Você me conheceu antes disso, mas não lhe culpo por não me reconhecer, eu era uma garotinha magrela.

– Uma garotinha magrela? – os olhos dela focaram no seu. Cinzentos como os de... – Arya?!

A mulher sorriu.

– Estou um pouquinho mudada, é verdade. Eu cresci nos últimos anos.

– Deuses, você está tão... Tão diferente. – Arya riu com sua surpresa. – Está usando um vestido!

– Eu os uso de vez em quando. – ela respondeu.

– Você está linda.

– Obrigada. – Arya pegou sua mão e apertou com delicadeza. – Os anos também lhe fizeram bem, você é facilmente a mulher mais bonita do Norte.

Sansa corou com o elogio.

– Se ficou surpresa em me ver, espere até olhar para Rickon.

– Ele está mesmo vivo?

– Sim e já teria vindo caso eu não o tivesse convencido do contrario.

– Mas eu também quero vê-lo.

– Eu achei melhor vir antes, – ela respondeu, – e responder as várias perguntas que eu sei que você tem.

Ela de fato tinha muitas perguntas, mas não sabia se queria as respostas. Eu sei que tenho um filho e um marido, sendo este ultimo seu irmão, que aparentemente não era seu irmão de verdade. Sansa não conseguia imaginar como tinha chegado até aqui, casada com Jon, vivendo em Winterfell junto com Arya e Rickon. Ela fechou os olhos colocando seus pensamentos em ordem.

– O que aconteceu com você depois da morte do nosso pai? – perguntou momentos depois.

– É uma longa historia. – Arya suspirou. – Eu estava no meio da multidão quando cortaram a cabeça do pai, depois daquilo Jory me achou e eu me fingi de menino para viajar por Westeros junto com outros homens que estavam sendo levados para a Muralha. O plano era que eu encontrasse nossa mãe e Robb.

– Você os encontrou?

– Não... Muitas coisas aconteceram e eles acabaram morrendo antes que eu tivesse a chance. – sua irmã sorriu tristemente. – Eu ainda tive algumas aventuras fora de Westeros antes de voltar para vingar nossa família. Estive perdida na raiva por muito tempo, morte e sangue eram tudo o que eu conseguia imaginar no meu futuro, foram tantos anos de guerra e medo que eu tinha esquecido como era viver em paz.

– Jon falou sobre uma guerra, uma com dragões

– Esta começou quando Daenerys Targaryen voltou com seus dragões. Os Lannister não tiveram a mínima chance. – Sansa tentou se lembrar quem era Daenerys, mas não obteve sucesso. – Depois ela foi a todos os outros reinos, um por um, para punir aqueles que tinham traído sua casa. Dorne foi a primeira a apoiar a mãe dos dragões, principalmente depois que Aegon se aliou a ela. A Campina rapidamente se ajoelhou, nada surpreendente, afinal, ela tinha Margaery em seu poder.

– Margaery está viva?

– Viva e com a coroa que tanto queria na cabeça. – Arya respondeu. – Ela conseguiu conquistar o príncipe Aegon e se tornou sua segunda esposa.

– E o resto de Westeros?

– Os Frey governavam as Terras Fluviais na época, eles se renderam, mas duraram pouco tempo. Hoje tio Edmure é o Rei e os poucos Frey que restaram são simpatizantes da rainha Roslin. – ficou feliz em saber que ao menos a maioria dos Frey tinham encontrado o destino que mereciam. – Você ainda estava no Vale quando os dragões foram para lá. Petyr Baelish se dobrou a Daenerys, mas logo depois encontrou seu fim no fogo de Drogo.

– Petyr está morto? – perguntou surpresa.

– Sim, mas não antes de matar nosso primo Robert ou pelo menos é o que você diz. – pobre Robert. – O Norte estava sob poder dos Bolton, aqueles traidores, mas todos encontraram seu fim, especialmente aquele bastardo sádico, eu mesmo o matei. Rickon reapareceu e então havia um Stark para governar Winterfell. Você voltou para o Norte pouco tempo depois.

– Tudo isso parece tão irreal.

– Eu imagino que sim. – Arya olhou para a janela, as estrelas já brilhava no céu. – Aconteceram mais coisas depois disso. Daenerys voltou com seus dragões e um deles ficou frente a frente com Jon e não o queimou, foi depois disso que nós ficamos sabendo do segredo do nosso pai, Howland Reed era a única pessoa viva que sabia de tudo.

– Que segredo?

– Sobre Jon. – Sansa tornou a ficar inquieta. – Ele nos contou que Jon não era filho do nosso pai.

– Jon não é nosso irmão?

– Ele é nosso primo, mas bem, essa é outra historia longa que eu acho melhor ser contada depois.

Ela está certa, admitiu chateada. Sansa queria saber de tudo o que aconteceu, mas tantas informações já a estavam deixando completamente confusa.

– Como eu acabei casada com ele?

Arya pareceu nervosa com a pergunta, ela olhou para a parede como se procurasse nas pedras uma resposta para dar.

– Como eu disse, muitas coisas aconteceram, eu não acho que sou a pessoa mais indicada para responder isso.

– Mas eu... Eu o amo?

– Você não teria casado se não amasse.

Isso era tão estranho.

– Me fale sobre o garotinho Benjen.

O sorriso voltou aos lábios de Arya, aparentemente esse era um assunto mais agradável.

– Seu primogênito, uma coisinha maravilhosa. Ele tem cinco dias do seu nome, é muito parecido com Jon, mas tem os seus olhos. – Sansa sorriu involuntariamente. – Você o ama profundamente e Benjen a adora. Não sei como Jon conseguiu mantê-lo afastado do quarto por tanto tempo.

Eu tenho um filho, como poderia ter esquecido um filho?

– Depois de Benjen vieram às gêmeas, elas tem apenas quatro dias do seu nome, mas já dá para ver que serão tão bonitas quanto você. – Gêmeas, pensou abismada. Aquele menino não era seu único filho. – Nasceram com suas cores, os mesmos cabelos ruivos e os mesmos olhos azuis. – Arya riu. – Por fim tem o bebê Sam, com dois dias do seu nome.

Sansa passou a respirar com dificuldade e Arya ficou preocupada. Quatro filhos? Sentiu que poderia desmaiar de novo.

– Acho que falei demais – sua irmã parecia desconcertada – quem sabe com uma noite de sono você não se lembra de tudo? Talvez amanhã tudo isso pareça apenas um sonho. – Batidinhas impacientes foram ouvidas na porta. – Acho que não conseguiram mais segurar Benjen, o levarei para o quarto, não se preocupe.

– Não!

– Não?

– O deixe entrar.

– Tem certeza?

– Sim. – ela não tinha, mas se ele era seu filho, Sansa tinha que ao menos lhe dar um pouco de atenção.

Arya foi até a porta e então a abriu, segundos depois o garotinho de antes correu até sua cama e subiu agilmente.

– Papai disse que a senhora estava doente. – ele engatinhou até ela e a abraçou com cuidado. – A ama não me deixou vir mais cedo, eu precisei fugir dela para chegar aqui.

– Eu não estava me sentindo muito bem, mas agora estou melhor.

– Eu vou ter um irmãozinho? Ouvi as criadas dizendo que poderia ser um bebê.

Sansa corou fortemente e olhou para Arya procurando por ajuda. Sua irmã falou:

– Essa não é uma pergunta que se deva fazer Ben.

– Eu posso escolher o nome? Eu quero que seja um menino e nós podemos chamá-lo de Drogo como o grande dragão negro... Não! Eu não quero que ele se chame Drogo, eu posso mudar meu nome para Drogo?

Arya estava rindo.

– Benjen é um nome especial, pare de reclamar sobre ele. – sua irmã disse.

– Mas Drogo era um dragão!

– Você vai notar rapidamente que ele é louco por dragões. – Arya lhe disse e Sansa sorriu. – Venha querido, deixe sua mãe dormir.

– Mas a mamãe tem que me contar uma historia antes. – ele falou.

– Eu conto uma historia para você.

O menino estava prestes a reclamar novamente quando outra pessoa entrou no quarto. Jon tinha um semblante sério e assim que se fez ser notado o pequeno Benjen se calou obediente.

– Deixe sua mãe descansar Ben.

Sansa apertou o menino em seus braços relutante em deixá-lo ir.

– Ele pode ficar aqui comigo. – disse. – Não tem problema.

Arya e Jon trocaram um olhar preocupado.

– Sansa... – sua irmã começou, mas foi interrompida por Jon.

– Posso conversar com você? A sós? – ele perguntou a ela. – Leve Ben para o quarto Arya, por favor.

– Venha rapazinho. – o menino foi até Arya sob o olhar constante de Jon. Sansa observou os dois irem embora, quando a porta foi fechada suas mãos passaram a tremer.

Inicialmente Jon tentou se aproximar, mas ele deve ter notado seu olhar apavorado e então desistiu. Ao invés de vir para a cama ele pegou uma cadeira e a arrastou até o seu lado. Sansa estava quieta, pensava no que poderia falar para ele. Nunca foram especialmente próximos como ele tinha sido com Arya, eu nem ao menos me despedi da ultima vez que o vi, nunca tiveram longas conversas ou partilharam segredos. Mas tivemos algumas boas lembranças, recordou-se, como no dia em que ela o ensinou que ele deveria elogiar o nome de todas as garotas que conhecesse ou mesmo no dia em que ela tentou ensiná-lo a dançar e ele ficou sério como se estivesse travando uma batalha. Você não vai agradar nenhuma moça com essa sua cara, tinha ralhado com ele, a memória lhe trouxe risos, mas esses risos rapidamente morreram.

Jon, o homem que esteve do seu lado, não era o irmão que se lembrava da infância.

– Como está se sentindo?

Confusa, perdida, com medo...

– Bem.

Ele suspirou.

– Eu conversei com o meistre, ele não sabe dizer o que aconteceu. – ele passou a mão pelos cabelos frustrado. – Disse que pode ser passageiro ou não.

O silêncio que se seguiu não foi agradável. Sua mente se tornou um turbilhão de pensamentos e emoções. Foi como se só naquele momento o peso da realidade caísse sobre ela. Não era um sonho, ela não iria acordar no Vale e encontrar Myranda ou Mya, ela não iria mais olhar para Mindinho e tentaria deduzir seus planos, ela não iria mais casar-se com Harry Hardyng e marchar com o exercito do Vale para tomar o Norte de volta.

Sansa tentava se lembrar de qualquer pedaço da historia que Arya havia lhe contado. Qualquer fragmento de memória que pudesse lhe ajudar. Nada. Branco total.

– Eu posso ficar assim para sempre?

– Eu... – a mão dele correu para alcançar a sua, mas parou na metade do caminho. – Talvez com o passar dos dias você vá se lembrando do que aconteceu.

Ele olhou para a janela onde o céu estava escuro.

– Durma, quem sabe amanhã você não acorda com suas lembranças?

Ele se levantou e partiu depois de hesitar alguns segundos.

Sansa se cobriu com suas peles e depois de algum tempo se revirando na cama conseguiu dormir.




São dragões Sansa,
Randa falou apontando para o céu, será que a tal rainha está montada em um deles?

Sansa não respondeu. Estava abismada demais olhando para o fogo brilhante no céu.

Lorde Petyr dobrará os joelhos. Falou Mya. Ele não pode vencer os dragões.

Lorde Petyr deixaria tudo queimar caso pudesse reinar sobre as cinzas.


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Notas finais do capítulo

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