O dia em que Clarke descobriu que estava grávida foi um dos piores da vida dela.

A loira segurava o teste de gravidez na mão, com as mãos suadas segurando a cabeça. Esse já era o terceiro teste que ela fazia e ainda não acreditava no resultado, na verdade, se recusava a acreditar. Tinha que estar errado, ela não podia estar
grávida.

— Clarke, eu vim o mais rápido que pude. Por que você queria tanto que eu estivesse aqui? – Glass, sua melhor amiga, apareceu no batente da porta do apartamento de Finn. Assim que ela viu Clarke sentada na cama, com uma expressão totalmente chocada, franziu a testa. – Amiga, o que houve?

Glass e Clarke eram realmente parecidas, não só psicologicamente como fisicamente. Ambas eram loiras e possuíam olhos azuis, mas Glass tinha uma coisa diferente, algo como uma feição angelical que poderia convencer todos de qualquer coisa.

— G-Glass, eu... – Clarke não conseguiu dizer nada, apenas se jogou nos braços da amiga, já chorando.

Glass, mesmo sem entender nada, abraçou a amiga de volta, ajeitando a cabeça dela em seu peito. Demorou alguns segundos até que ela visse o teste na cama e então dizer:

— Ah, meu deus, Clarke....

Clarke não tinha a menor ideia do que fazer. Não tinha nenhum preparo para ser mãe, mal sabia cuidar dela mesma. E ela não podia ter um filho ali, muito menos quando seu relacionamento com Finn estava completamente destruído.

Mais tarde naquele mesmo dia, Finn e Luke, que era o namorado de Glass, entraram no apartamento discutindo por algum motivo que ela nem se lembrava mais. Eles estavam tão envolvidos no assunto que nem repararam nas duas garotas ali, completamente paradas e com os olhos cheios de lágrimas.

Clarke e Glass trocaram olhares cúmplices, então Clarke anunciou:

— Eu estou grávida.

Os dois garotos pararam de brigar, com os queixos completamente caídos. As duas loiras cruzaram os braços, como se esperassem uma resposta de Finn.

No começo, ele aceitou melhor do que ela esperava. Tudo ia bem nos primeiros meses, mas... No sétimo mês, ele nem dormia mais em casa. E parte dela apreciava isso por que a última coisa que ela queria era ficar no mesmo lugar que aquele idiota.
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E, de volta ao presente, tudo aquilo voltava para a mente da garota, enquanto ela via as mãos de Finn entrelaçadas nas de Raven.

— Ah, muito prazer. – Octavia disse, o abraçando. A vozes deles soavam abafada nos ouvidos de Clarke, que sentia a cabeça doer.

Os olhares chocados que ela e Finn trocaram foram o suficiente para fazê-la se levantar.

— Clarke, aonde vai? – Raven perguntou, franzindo a testa, quando a loira pegou Jake no colo e se encaminhou até a porta. – Você e o Finn tem que se conhecer, sério, vão se dar muito bem.

Ela se sentiu totalmente impotente, vendo todos os olhares sendo direcionados à ela. O de Bellamy era o que a deixava mais curiosa, ele olhava para ela como se soubesse que havia alguma coisa errada. Era impossível. Não tinha como ele saber.

— Não, eu... Eu não estou me sentindo muito bem. Talvez outra hora. – ela gaguejou, apertando Jake no colo e saindo do quarto o mais rápido possível.

Ela cruzou o corredor e desceu as escadas rapidamente. Sua cabeça rodava e seu coração estava completamente disparado.

Clarke se sentou no sofá, respirando fundo. Deixou Jake ao seu lado, apoiado à uma almofada, enquanto percorria as mãos pelo rosto, tentando se acalmar.

Ver Finn de novo trazia todas as memórias ruins da vida dela de volta e ela odiava cada momento daquilo. Trazia de volta as vezes em que ela ficou de frente ao espelho, olhando a própria barriga, pensando quanto tempo levaria para começar a crescer, ou todas as vezes que chorou no quarto, sabendo que tudo ia dar errado de cara.

Foi um momento péssimo da vida dela e ela só queria esquecer tudo aquilo.

— Chorando, princesa? – ela ouviu a voz curiosa de Bellamy e percebeu que o moreno estava apoiado no arco da porta, olhando diretamente para ela. Se não o conhecesse, diria que estava preocupado.

O rapaz se lembrava que, enquanto Raven falava sobre Finn no quarto, os olhos de Clarke estavam cheios de lágrimas, enquanto ela olhava para baixo. Ela estava, sim, chorando e tudo que Bellamy queria agora era saber o porquê.

— Não. – ela respondeu, passando as mãos pelas bochechas a fim de secar as lagrimas que ela nem mesmo notara que haviam caído. – E não me chama disso.

— Tudo bem, princesa. – ele esboçou um sorriso. Se sentou na mesa de centro, ficando de frente para ela. Continuava a olhar para ela como se soubesse de tudo e quisesse descobrir todos os seus outros segredos. Clarke desconfiava que, se ele a encarasse mais profundamente, iria perfurar seu crânio. – Qual é o problema?

Ela abaixou a cabeça, sem conseguir sustentar o olhar do mais velho:

— Por que você se importa?

— Não me importo. – ele deu de ombros. Não sabia direito porque estava tão curioso para saber aquilo, tampouco. – Só que eu não sou idiota. Vi o jeito que você olhou pra ele, assim que entrou no quarto.

— Ele? O quê? – ela arregalou os olhos. Bellamy não tinha como saber, tinha? Ela e Finn não trocaram nem uma palavra. – Do que está falando?

Bellamy franziu a testa. Não sabia como e nem por que caralhos, mas ele sentia que havia alguma coisa errada com a garota, mesmo que soubesse que não deveria se importar nem um pouco. Não era um problema dela, afinal?

— Me deixa sozinha, Bellamy. – pediu, se virando para Jake, querendo ocupar sua mente com a única coisa que realmente importava para ela.

O moreno assentiu, se levantando. Se ela não queria ou não estava pronta para contar, não fazia sentido continuar insistindo naquele assunto, por mais que fosse o que ele queria fazer. Porém, antes de sair da sala, ele sorriu:

— Se isso serve de consolo, eu também não fui com a cara dele.

A loira deu um meio sorriso sem nem perceber. Pelo menos por hoje, Bellamy estava menos... Bellamy.

(X)

— Quem é a loirinha? – Miller perguntou, olhando para Clarke, que estava na cozinha, de uma forma nada discreta.

— Clarke. Ela tá passando um tempo aqui agora. – Bellamy disse, distraído com o programa que passava na televisão. Ele finalmente reparou o que Miller queria dizer com a pergunta, quando Murphy sorriu. Estreitou os olhos. – Por que?

Os três eram amigos há muito tempo, então normalmente um entendia o olhar do outro. Então, quando Miller perguntou quem era Clarke, isso obviamente queria dizer que ela estava interessado nela.

— Gostei. – ele comentou, ainda sem tirar os olhos das pernas da garota, que falava no telefone, completamente distraída. – Vocês dois são amigos? Você podia...

— Não. – Bellamy falou, sequer desviando sua atenção da televisão. Miller e Murphy o encararam, franzindo a testa.

Falar aquilo foi totalmente involuntário. Ele nem mesmo pensou antes, só disse, como se a ideia de Miller e Clarke juntos o incomodasse. Mas Bellamy não podia ficar incomodado com aquilo, já que nem amigos ele e Clarke eram.

Muprhy pensou por um tempo, antes de sorrir:

— Ah, já entendi. Miller, ele chegou primeiro. Vamos deixar o cara com a garota nova.