B. A. D -Hiatus escrita por mazu


Capítulo 8
Promessa cumprida


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, ficou gigante. Me perdoem, mas é que eu tive muita inspiração pra esse capítulo então peguem uma pipoca e aproveitem u-u



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As coisas voltaram ao normal em Muda Agen, continuamos indo ás aulas, treinando até ficarmos muito cansados e irmos dormir.
Já faz uma semana desde que eu, A e D tentamos fugir. Nunca mais ouvi falar do D, provavelmente jogaram o corpo dele em algum lugar.
Acordamos a uns 15 minutos e estamos no refeitório, terminando o café da manhã.
–Hey B... Como que é lá fora? -G pergunta baixinho.
–Olha, é bem estranho. Tem uma espécie de pátio gigante e nele há várias coisas, inclusive uma nave gigante bem no meio dele.
–Uau! É serio? -I pergunta encantado.
–Sim, e também haviam crianças trancadas em celas mas não eram qualquer tipo de crianças... Elas tinham poderes. Uma ficava invisível, a outra levitava e a terceira conseguia se comunicar usando a mente.
–Ohhh. -Eles fazem em conjunto.
–Calma B, é muita coisa de uma vez só. -Alan diz enquanto segura a minha mão por baixo da mesa.
–Tem razão. Depois se quiserem eu conto mais. -Digo e todos balançam a cabeça positivamente.
Terminamos o café da manhã e quando saímos do refeitório somos levados ao jardim.
–Os instrutores vão demorar a chegar então vocês podem esperar aqui. -O monitor responde e se encosta numa parede enquanto começávamos a nos dispersar pelo jardim.
–Porque você escolheu o relógio? -Pergunto pro Alan que andava ao meu lado.
–Certo... Eu vou te explicar. Você por acaso já ouviu algum pássaro cantar aqui? -Ele pergunta baixinho.
–Não.
–Já viu chover, ou ao menos fazer frio?
–Não também.
–Lá dentro não há janelas, só sabemos se é dia ou noite se virmos aqui fora... Falando nisso, você já veio do lado de fora alguma vez à noite?
–Nunca.
–Então, é aí que está... O tempo todo é dia, toda hora. Não temos noite e esse relógio é minha prova.
–Como assim?
–Olhe. -Ele diz e aproxima o relógio do meu rosto. A hora marcada nele é 8: 40 da noite.
–Mas como? Estamos de dia... Tem certeza que a hora disso está certa?
–Sim, a Kate consertou pra mim e usou a hora do relógio dela. Ela não andaria por ai com o relógio errado.
–Faz sentido.
–Então isso quer dizemos que estamos presos numa...
–Redoma. -Respondo e ele balança a cabeça.
–Exato.
–Ahhhh minha cabeça dói, é muita coisa pra processar.
–Nem me fale, eu só queria deitar em posição fetal e ficar assim pra sempre.
Ele diz e nós nos sentamos em uma das mesas, um de frente pro outro.
–Você acha que o D sofreu muito? -Alan me pergunta.
–Acho que no começo sim mas foi bem rápido então não por muito tempo.
–Entendo... Você acredita em vida após a morte? -Ele pergunta enquanto brincava com uma das minhas mãos. -Não sei, só espero que tenha uma cama bem confortável pra valer a pena a expressão "descansar eternamente".
Ele começa a rir e eu também. Continuamos a conversar por um bom tempo até o monitor começar a nos chamar. Voltamos à fila e ele começa a fazer a chamada.
Agora que reparei que ele ainda não havia feito a chamada.
–A.
–Presente.
–B.
–Presente.
–C.
–Presente.
–E.
–Presente.
Fico triste quando ele pula o D, se eu tivesse voltado talvez eu teria conseguido salvá-lo, é uma sensação de impotência muito forte.
A chamada chega no fim e estávamos prontos pra andar. Quando o monitor estava prestes a se virar escutamos alguém protestar.
–Heeeeey! Você esqueceu meu nome. Sou tão insignificante assim? -Escuto uma voz familiar perguntar e quando me viro pra trás vejo que um dos garotos saiu da fila. Vejo respingos de sangue na lateral de sua camisa.
–Quem é você? -O monitor pergunta.
O garoto levanta a cabeça e eu tomo um susto. D estava ali, encarando o monitor com um sorriso psicótico.
–Meu nome é Denny, seu merda. -D diz, levanta a camisa e vejo várias armas presas ali. Ele pega uma delas e começa a atirar no monitor. Nós nos encolhemos por causa do barulho e antes que eu conseguisse processar tudo aquilo o D começa a empurrar a mim e o Alan.
Ele nos leva até a lateral de Muda Agen que estava vazia.
–D? Mas como? -Pergunto e antes que ele respondesse eu vejo dois garotos de uniformes pretos entrando naquele corredor junto conosco. Eles também estavam sujos de sangue e fortemente armados.
–Sou o Alpha e ele é o Gama. -Um dos garotos diz.
–Vou ter tempo de explicar depois agora vamos sair daqui. -D diz ainda mantendo seu sorriso enquanto os outros dois garotos saíam do corredor e eu ouvia barulhos de tiro. D dá uma arma pra mim e outra pro Alan e sai. Nos dois o seguimos enquanto ele entrava em Muda Agen.
–Vamos até a sala de energia e vamos deixar esse lugar no escuro, assim o portão vai se abrir e vamos conseguir fugir. -Ele explica e um guarda aparece na nossa frente. Antes que eu pudesse atirar o Gama que estava no corredor ao lado atira primeiro.
Andamos pelos corredores eliminando todos os guardas que víamos no caminho. Logo chegamos na sala de controle da energia, mas ela estava trancada.
–Vamos precisar achar a chave. -Alpha diz e D finalmente tira o sorriso.
–Alpha, Gama... Vão procurar na sala da Diretora, se ela estiver lá a prendam, se não estiver venham até a sala do Diretor. -Ele ordena e começa a andar.
Eu e Alan o seguimos e chegamos na sala do Jared. D abre a porta num chute e quando entramos vemos o Jared e o Lay encolhidos.
–ISSO É TUDO SUA CULPA, JARED. -Lay grita erguendo os braços em forma de rendição.
–VOCÊ CALA A SUA BOCA, EU TE TIREI DA RUA QUANDO A MÃE NOS ABANDONOU! EU SALVEI A SUA VIDA. -O outro grita repetindo o gesto.
–É, MAS EU QUE NÃO FUI IRRESPONSÁVEL AO PONTO DE TER UMA FI...
–CALA A BOCA, ELA NÃO SABE.
–Senhores, eu peço muita calma. -D diz num tom debochado. -Eu preciso de chaves e não pretendo matar ninguém, mas se não coperarem... POW! A Barbara morre. -Ele diz e aponta a arma pra minha cabeça.
–VOCÊ TÁ LOUCO? -Alan grita e aponta a arma pra cabeça dele.
–NÃO! -Jared grita enquanto o Lay fechava os olhos e balançava a cabeça frenéticamente.
–Entrega essa maldita chave, Jared! Ele vai matar a Barbara.
–Eu... Eu levo vocês lá, tá legal? Ninguém precisa morrer. -O Jared diz tremendo e pega as chaves que estavam no bolso.
–Desculpa, é que você é a fraqueza deles. -D responde, tira a arma da minha cabeça e se aponta ela pro Jared. -Anda, vamos e você também.
Voltamos a andar em direção á porta trancada. Alan apontava a arma pro Lay enquanto D apontava a arma pro Jared.
–Eu não estou entendendo, D. Porquê eu sou a fraqueza deles? -Pergunto.
–Primeiro, meu nome é Denny... Segundo, eles não te contaram? -Ele pergunta indignado.
–Desculpa Barbara, mas eu te disse. Eu e sua mãe éramos muito novos, não sabíamos como lidar com a situação. -O Jared diz e vejo que ele está chorando.
Algo dentro de mim se quebra, sempre quis ter pais, e eles estiveram sempre perto de mim. Meus pais são os Diretores, meus pais me colocaram aqui.
Eu simplesmente abaixo a cabeça e fico quieta enquanto fazemos nosso caminho. Chegamos na porta e o Jared a abre, logo atrás de nós vejo Alpha e Gama vindo, trazendo a Diretora, ou Kate... Minha mãe... Sei lá, junto.
Denny e Alan entram na sala enquanto eu fico do lado de fora, apontando as armas pro meu pai e pro Lay.
–Não precisa disso, Barbara. Não vamos te atacar nem nada.
–Vocês já foram monstros suficientes me mantendo aqui por 14 anos, vocês são capazes de coisas piores.
–Somos sua família, eu sou seu tio, Jared é seu pai, Kate a sua mãe. Não queríamos nos afastar de você mas também não tinhamos como cuidá-la.
–E POR ISSO ME DEIXAM AQUI PRA SOFRER? ÓTIMA DECISÃO! Como podem ser tão egoístas? -Pergunto e começo a chorar.
–Filha... -Kate ia dizer mas eu a interrompo.
–Não, você não me chama de filha... Você não tem esse direito. -Digo e de repente o corredor fica completamente escuro. Eles conseguiram. Os dois voltam pro corredor.
–Temos 5 minutos até o sistema reiniciar. Vamos! Gama e Alpha vocês ficam aqui e garantem que eles não irão nos seguir.
–Certo. -Os garotos respondem, os arrumam em fileiras e apontam as armas para eles.
–Barbara. -Jared chama a minha atenção antes que eu virasse as costas.
–Tem uma coisa pra você no meu armário, pegue, isso vai ajudar vocês na viagem. -Ele diz e me entrega uma chave. Eu a pego e saímos correndo.
Voltamos á sala do Jared e eu vou até o armário. Destranco e vejo que lá dentro há um bolsa. A pego e nem verifico o que tem dentro, só a coloco nas costas e voltamos a correr.
Assim que chegamos na porta vemos algo que não gostaríamos. Vários soldados com a bandeira dos EUA estampada no uniforme estavam lá na frente, nos esperando.
–E lá vamos nós de novo... CALMA! NÃO PRECISA DISSO. NÃO VAMOS FAZER MAL A NINGUÉM... -Denny grita e enquanto os soldados estão distraídos ele joga uma bomba neles.
–CORRAM! -Denny ordena e eu e Alan obedecemos.
Era tiro pra tudo quando é lado, um quase atravessa o meu quadril.
Alan me puxa pelo braço como se eu fosse um criança.
Um soldado vem na minha direção mas eu atiro no pé dele e ele cai.
–O DENNY... Eu não estou vendo ele. -Digo assustada.
–Não podemos parar agora. -Alan responde e só continuamos a correr. Quando chegamos ao portão que estava aberto olhamos pra trás e vemos dois soldados segurando o Denny.
–DENNY! -Grito e aponto a arma pros soldados.
–VAI EMBORA... EU SÓ ESTOU CUMPRINDO A MINHA PROMESSA. -Ele grita e os soldados o põe de joelhos no chão.
–MERDA, A! TIRA ELA DAQUI! E PELO AMOR, NÃO ME ESQUEÇAM SEUS NARCISISTAS NOJENTOS. -Ele grita e o Alan me puxa, ele não quer que eu veja a cena.
De novo, essa mesma situação. Nós dois correndo e o D ficando pra trás pra morrer. Agora é de verdade, não há volta.
Assim que tomamos certa distância a energia volta e o portão se fecha, impedindo que os soldados viessem atrás de nós. Eu e Alan corremos novamente até aquele pátio e depois que chegamos nós paramos e nos escondemos atrás de umas caixas que haviam lá.
–Qual é o plano? -Pergunto pra ele.
–Não sei... O que tem nessa mochila?
Tiro a mochila e a abro. Dentro dela haviam 500 doláres, uma chave de um quarto de hotel e umas roupas dobradas. Eu tiro as roupas e posso ver que são uniformes militares, junto com eles vem um bilhete.

"Barbara

Me perdoa, filha. Eu estou sendo ameaçado pelo Governo, sou forçado a fazer isso. Como sempre imaginei de um dia você conseguir fugir eu deixei essa bolsa pronta. Fuja e arrume um jeito de acabar com Muda Agen, esse lugar deve cair imediatamente. Me perdoe por não ser o melhor pai do mundo, mas quando isso tudo acabar eu vou te provar que posso ser o pai que você sempre sonhou.
PS: Seu tio mandou fazer os uniformes com as suas medidas. É um ótimo disfarce.

Jared D. "

Ele não é tão monstro, afinal.
Eu e Alan vestimos os uniformes. Em mim fica certinho mas nele fica um pouco apertado. Ele coloca o dinheiro no bolso e eu guardo as chaves no meu. Escondo meu cabelo no quepe e quando os dois estão prontos saímos de trás das caixas. As pessoas estão tão ocupadas com seus trabalhos que não tem tempo de reparar em nós. Nos uniformes haviam uma pequena faixa escrita "Duquette". Ótimo, somos dois militares baixinhos que tem o mesmo sobrenome.
Algumas das poucas pessoas que nos reparavam prestavam continência a nós quando passávamos. Aquele lugar continuava bizarro, aquela nave enorme ainda estava lá e várias pessoas andando de um lado para o outro. Macas, animais... Tudo o que se pode imaginar.
Conseguimos chegar até a sala dos documentos e dessa vez conseguimos ver que há duas portas no final dela, uma de cada lado.
Enquanto andávamos pelo corredor outros oficiais do exército nos cumprimentávam. Quando chegamos entre as duas portas vejo uma mulher loira vindo na nossa direção. Ela presta continência e nos encara.
–Oficial Young se apresentando senhores.
–Descansar. -Alan diz tentando parecer o mais natural o possível.
–Você é Barbara Duquette? -Ela pergunta me encarando.
–... Sou. -Digo já me preparando pro pior.
–Ótimo, sou Aly e... Sou sua tia, irmã da Kate. É um prazer conhecê-la, é muito bonita mas precisamos ir agora se quisermos ter chances. -Ela diz e eu concordo.
Ela assume a dianteira e nós a seguimos.
Não consigo nem descrever os lugares pelos quais passamos. Mas o pior de tudo foi o laboratório. Haviam vidros enormes que aprisionavam todo tipo de criatura que você pode imaginar. Era desesperador ver o sofrimento delas enquanto os cientistas se divertiam com suas canecas de café. Doentio.
Por fim, chegamos a uma escada enorme que leva até uma porta lá em cima.
–É aqui que nos separamos. A porta vai levar vocês até a entrada do complexo, é um pequeno café na beira da estrada. Peçam informação á Rose, um mulher ruiva, como são "do exército" ela vai os ajudar.
–Obrigada Aly. -Digo e a abraço. O Alan agradece também, segura a minha mão e juntos começamos a subir as escadas.
(...)
Depois de alguns minutos finalmente chegamos ao topo e atravessamos a porta. Realmente, a entrada dessa loucura toda é um café. Fechamos a porta e vamos indo mais pra frente do estabelecimento. De repente somos interrompidos por um ruiva sorridente.
–Olá! É uma honra recebê-los aqui no meu café. Meu nome é Rose, bem vindos á Great Coffee, como posso ajudá-los? -Ela pergunta.
–Ah, olá. Eu sou o Oficial Duquette e essa é a minha irmã. Gostaríamos de saber aonde fica esse hotel. -Ele diz, tira a chave do meu bolso e mostra pra ela.
–Ahhh, é a três quadras daqui. Temos taxis lá fora, eles podem os levar.
–Ótimo, muito obrigada. -Agradeço e saímos, indo em direção a um dos carros amarelos que estavam parados lá fora. Em cima dele estava escrito "Táxi" então não tem erro. Havia um senhor lá dentro que abre a porta pra nós. Entramos, Alan fecha a porta e diz o nome do hotel pra qual queremos ir. Depois que o carro começa a andar eu me encosto no Alan e ele me abraça. Conseguimos fugir, não consigo nem acreditar e tudo graças ao Denny. Ele podia ter ido embora e nos deixado, mas prefiriu voltar. Eu jamais o esquecerei. Jamais.

Continua...


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