Sonho x Realidade escrita por M1ssingN0


Capítulo 45
Capítulo Quarenta e Cinco




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Já se passaram quatro dias... Quatro dias esses que mais pareceram metade de uma vida, pois é exatamente como me sinto agora, fraca, desgostosa com a vida e sem forças. — É melhor comer logo—alertou-me— Eles não gostam de esperar, por nada nem ninguém.

Em outras ocasiões nunca recusaria o que comer, mas a incrível visão da mesa farta com coisas deliciosas para o café da manhã me causava náuseas, e minha garganta estava tão áspera como uma lixa. — Melhor não, será um desperdício se vomitar depois. — afastei o prato com mamão e granola.

Ele encarou-me com desagrado— Não diga coisas desnecessárias enquanto eu como, sua minhoca.

Minhoca? Essa é nova, em condições saudáveis isso me irritaria, mas não agora, permaneci quieta observando Diego enquanto terminava seu café da manhã, o tempo todo com os olhos no celular, como se eu não existisse, ao terminar ele soltou o talher no prato e afastou a cadeira, rindo e digitando algo no aparelho.

— Querido, acha que aquela mulher estará lá? — falou Mônica adentrando a grande sala de jantar ao lado de Henrique, de braços dados e ambos vestidos elegantemente.

— Provavelmente, afinal ela é mulher do Artur. — sorriu com gentileza.

Eles parecem atores de filmes americanos, a casa e tudo ao redor dessa família me deixa reprimida, eu não faço parte desse mundo rico e traiçoeiro.

— Eu não a suporto, uma pessoa tão antipática e cheia de si. — disse com aparente desagrado.

Ora não acho que você seja diferente, Sra. Mônica.

— Diego, Erika, já terminaram? — perguntou Henrique avaliando nossos pratos.

— Sim— Diego levantou-se indo para a saída sem desviar a atenção do celular.

Ao mesmo tempo a empregada junto com o motorista desciam as escadas com algumas malas, aquilo me fez pensar, não iriamos apenas visitar um casal amigo dos pais dele por um dia? Tantas coisas seria o suficiente para uma semana. Levantei-me pegando minha pequena bolsa pendurada na cadeira e fiquei ali esperando eles irem na frente.

— Como se sente hoje? — indagou Mônica me engolindo com os olhos.

— Estou melhor. — sorri sem graça.

Isso não é uma verdade, minha garganta está horrível, mas a febre já baixou, e como Diego disse, prefiro evitar os remédios que ela me dá, o sonho que tive aquela noite não sai da minha cabeça. — Então vamos logo. —Henrique disse.

Eles caminharam até a saída ainda de braços dados, como um jovem casal apaixonado que não se solta por um minuto. Isso me aparenta que Mônica e Henrique têm uma relação saudável e feliz, embora não possa confirmar nada, as aparências enganam, e o filho é a prova viva disso. Fomos até o portão e o motorista terminava de guardar as coisas no porta-malas , a empregada voltava para dentro quando vejo Diego sentado no banco de trás com fones de ouvidos e uma cara nada feliz.

Parece que o idiota tá de péssimo humor.

Não é novidade depois da discussão que tiveram mais cedo, quando Henrique disse que queriam visitar um velho amigo e que Diego e eu iriamos também.

O garoto deu chilique, gritou como maluco e ficou totalmente transtornado enquanto eu só pensava no porque de tanto nervosismo, eu estava tão feliz quanto ele imaginando o que estaria por vir, mas no fim, eles venceram e cá estamos. — Eu vou dirigindo, você pode tirar o dia de folga. —falou Henrique com um sorriso tocando o ombro do homem, visivelmente surpreso.

— Obrigado, senhor. — agradeceu mais que contente.

Após uma conversa de cinco minutos com o motorista Henrique entrou no carro seguido de Mônica, ele deu partida e começamos nossa viagem.

O dia estava quente, céu com poucas nuvens, uma ali, outra aqui, o caminho todo Diego ficou em uma janela e eu na outra, nem sequer nos olhamos e isso me agradou, tem vezes que preciso ter uma folga dele, de tudo o que é ele. Seus pais também não demonstraram muito interesse em nossa distância, ou fingiram não ver, isso também foi bom pra mim.

Pelo que notei no caminho saímos da cidade e ficamos um tempo na pista até entrar em outra pequena cidade, de interior e também a beira mar, tão linda quanto a outra, adentramos algumas ruas até parar em frente um enorme edifício, bonito parecendo ter sido construído recentemente, e também de alta classe. Henrique entrou no estacionamento subterrâneo e estacionou rapidamente.

Ao sairmos do carro um ar quente e abafado inundou meu nariz, parecia estar muito mais quente— Deixe as malas aí, depois alguém vem pegar. — disse Henrique batendo a porta.

— Tem certeza? Esse ar quente me deixa toda suada e grudenta, como se tivesse entrado em uma banheira com água cheia de sal, preciso de um banho. — exclamou Mônica desgostosa.

— Quanta frescura, mãe— disse Diego pela primeira vez desde que saímos.

— Ora, nosso filho ainda sabe falar? — indagou irônica— Por que ficou o caminho todo calado?

— Sabe muito bem o porquê, eu detesto vir aqui— respondeu irritado— A filha deles é um chute no saco.

—Olha esse palavreado rapaz— repreendeu Henrique— Sabrina sempre foi fascinada por você... — disse olhando-o sério— E não tente se passar por vitima, a culpa é exclusivamente sua! Agora vamos.

Sabrina? Outra garota que caiu nas garras desse aí.

É incrível como eles conversam entre si ignorando o fato de que também estou aqui. Esse pensamento me fez rir, talvez isso seja algo positivo, evito a fadiga de me envolver em problemas que não são meus. Caminhamos até chegar ao elevador, entramos e Henrique pressionou o número treze, algumas vezes o elevador parava, entrava alguém, logo depois saia, enquanto continuávamos subindo. Todas as pessoas com ar superior, apenas uma senhora sorriu para mim e trocou algumas palavras conosco, ela parecia ser muito simpática.

Finalmente chegamos ao andar esperado, os três saíram na frente e eu fiquei parada por um momento, olhando em volta, o andar era rodeado por paredes de vidro onde mostrava a vista lá embaixo.

Bem alto!

Escuto uma campainha tocar atrás de mim e em seguida vozes com saudações, cumprimentos e risos, eu nunca gostei muito de situações assim, até porque sou como uma ervilha perdida em um pote de azeitonas aqui. Quando sinto uma mão pegar em meu braço— Vamos logo. — disse Diego com aquele tom mandão.

— Eu prefiro ficar aqui— sussurrei olhando para as pessoas a porta.

— Eu também, mas não temos escolha, se eu vou sofrer naquele inferno vou levar você comigo, não tenha dúvidas. —terminou puxando-me com certa aspereza.

Os passos até lá pareciam bem lentos, como se evitando o máximo que podíamos para respirar antes de ficar embaixo d’água, sufocados e deprimidos— Ora, se não é meu querido Diego, vem cá.

Gritou um homem alto de cabelos grisalhos abraçando Diego com fervura, fazendo com que ele soltasse meu braço.

Valeu aí tio!

Massageei o local com marcas vermelhas de seus dedos, percebi Diego bem desconfortável com aquilo tudo.

— E aí, tudo bem Artur? — deu um sorriso forçado.

— Garoto como você cresceu! — falou surpreso— E está muito mais bonito, que alegria em revê-lo. — terminou o abraçando novamente.

Quando por fim o homem soltou Diego, ele virou-se para mim me olhando como se esperasse algo— E quem é a senhorita?

— Ah, sou Erika, prazer. — estendi a mão em cumprimento.

Ele olhou minha mão, depois meu rosto e abraçou-me fortemente me surpreendendo— Prazer Erika, sou Artur.

— Pr-prazer— respondi com dificuldade.

— É uma grande alegria vê-los, todos vocês! — falou com a voz alta. — Entrem, entrem.

Ele nos deu passagem para entrar, o local era enorme mesmo sendo um apartamento, com tudo decorado ao estilo clássico, a parede para o mar era de vidro assim como no corredor e tomava a sala inteira— Sentem-se. Não acredito, faz quanto tempo? Dez anos, a sim, dez longos anos meu amigo— sorriu feliz— Você continua linda como sempre Mônica.

— E você galanteador como sempre, Artur. — respondeu com simpatia.

A habilidade deles em mudar o personagem de acordo com o cenário sempre me intrigou, conseguiam passar de demônios para anjos em instantes— Me diga Artur, onde está Sheila e Sabrina, você disse que elas estariam aqui, quero ver como sua filha cresceu também. — disse Henrique sentando ao lado de Mônica.

Artur sentou-se em uma poltrona preta e aconchegante que parecia ser de couro de frente para os dois, Diego me puxou para seu lado no sofá a esquerda de Artur.

— Sheila quando ficou sabendo quis preparar tudo, saiu para fazer compras e preparar um almoço incrível para vocês— disse olhando todos nós— Você sabe que ela adora cozinhar, e faz isso muito bem. Sabrina foi com ela para comprar alguma coisa também.

— Com certeza— afirmou Henrique contente. —Estou ansioso para vê-las.

— Tsc... Ninguém merece— sussurrou inclinado para mim. — Em breve chega a dupla de loucas.

— Você já pode soltar—remexi a mão em meu colo— Tá doendo, gigolô. — sussurrei tão baixo quanto ele.

Diego então apertou mais forte ainda fazendo-me arquear os ombros— Eu preciso me distrair.

— Quebrando minha mão? — puxei com força o obrigando a soltar, ele olhou para os lados vendo se ninguém havia notado.

—Tá maluca? — sussurrou irritado— Não faça nada estúpido.

Eu mereço mesmo, acho que nasci para sofrer nas mãos desse cretino.

— E então— falou Artur para Diego— Quem é essa linda jovem?

— A como sou distraído, me esqueci de apresentá-la. — sorriu— Essa é minha namorada.

— É mesmo? Meus parabéns Diego, ela parece ser uma menina legal e gentil, além de linda. — exclamou fitando-me— Quem não irá gostar muito é Sabrina, você sabe... — disse divertido.

— Eu sei Artur, eu terei uma conversa com ela. Mas a vida é cheia de surpresas, e eu me apaixonei por essa aqui. — disse puxando-me para perto de si.

Mas que mentiroso chefe.

Artur fez cara de surpresa olhando para Henrique e Mônica que sorriam calmamente fingindo acreditar em tudo que o filho dizia— Seu filho cresceu, Henrique!

Henrique riu sem graça mudando de assunto, virei para Diego avaliando bem seu rosto sereno e amigável, quando na verdade por dentro estava puro ódio e irritação— Você não presta mesmo, ein? — falei baixinho. — Senhor chefe mentiroso.

Ele encarou-me com o rosto ainda sorrindo, mas sua expressão era vazia e indiferente, quando sinto seus dedos apertando meu braço com força— Nunca mais diga isso, entendeu? — repreendeu sombrio.

O que... Mas que cara é essa?

— Dizer o que? Que você não presta ou senhor chefe mentiroso? — perguntei criando coragem.

Seus olhos estavam assustadores, não do tipo que já estou acostumada quando ele tem intenção de me fazer algo, mas do tipo de olhar cheio de maldade e rancor.

— Senhor chefe... — disse aproximando seu rosto— Nunca mais repita isso, Erika. — sussurrou em meu ouvido me causando arrepios.

 

O que significa isso para ele ficar assim?

 

 

 

[...]

 


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