Sonho x Realidade escrita por M1ssingN0


Capítulo 4
Capítulo Quatro – Dúvida




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–Erika. – Isso me surpreendeu, ele disse meu nome... – Te vejo amanhã. – sorriu. O rosto dele, com aqueles olhos penetrantes e sorriso amedrontador, o que está tramando Diego?

– Diego... Ah? – o despertador está tocando alto demais, um sonho? Não, foi apenas a lembrança do que aconteceu ontem. – Porque acordei dizendo o nome desse idiota?

Provavelmente foi por pensar demais antes de dormir, meu primeiro dia na escola e foi tão desgastante, e ainda com aquilo que aconteceu. – Ficar pensando nisso não vai adiantar nada. – me levantei e fui tomar banho, coloquei o despertador mais cedo porque não queria ser acordada bruscamente por minha mãe de novo, isso evita certo estresse logo pela manhã, ontem cheguei tão atordoada que nem comi, alimentei minha gata e cachorra, fiz meus deveres de casa e a lição e vim direto para cama, aposto que minha mãe vai me encher de perguntas.

Vesti o uniforme, hoje decidi ir com o cabelo solto, ele está um pouco abaixo dos ombros em comprimento com uma cor castanho mel, fiz uma franja de lado uma semana antes das aulas começarem, minha mãe acha que devo fazer um corte moderno e pintar com uma cor que combine mais com minha pele pálida, mas isso não me preocupa, peguei minha bolsa e desci até a cozinha, ao chegar lá ela estava sentada tomando café da manhã. – Bom dia, e aí? – ela estava me fitando, esperando uma resposta para o que eu já imagino. – E aí o que mãe?

– Quero saber como foi o seu dia ontem, foi dormir mais cedo que de costume, quando eu e seu pai chegamos já estava deitada. – bom isso também foi propositalmente, não queria ser interrogada depois de tudo– Foi tudo bem, já fez amigos? – insistiu.

– Foi tudo bem. – respondi – Ainda tem aquelas panquecas? – eu não queria me aprofundar, ela percebeu meu desvio de assunto, mas ela também sabe que não sou de falar muito, ainda mais se tratando de problemas, o que ela não sabe que tenho muitas vezes.

– Não tem, ontem eu e seu pai comemos tudo.

– Nossa mãe– resmunguei– Eu não consegui comer nenhuma.

– Ninguém mandou ficar enrolando, eu fiz torradas se quiser.

– Não gosto de torradas– e você sabe disso– Acho melhor comer na escola. – quando me levantei em direção a porta minha gata apareceu, seu nome é Luna, tem 1 ano e meio, seu pêlo é todo branco, as pontas de suas patas são pretas junto com seu rabo, eu e meu pai a encontramos abandonada na rua em frente à minha antiga escola, então a trouxemos para casa. Me abaixei para fazer carinho nela, então minha mãe disse; – Você não vai mesmo me contar se aconteceu alguma coisa? – não tem jeito, preciso dizer alguma coisa senão ela vai insistir até me vencer pelo cansaço.

– Bom, conheci uma menina, Letícia, ela é legal. – embora ainda tenha certos mistérios que envolvam ela e Diego– Não posso dizer muita coisa, afinal foi meu primeiro dia. – e que dia!

– Humm, se você diz, vou acreditar em você. – disse duvidosa.

– É claro que vai, eu nunca dei motivos para duvidar de mim de qualquer forma. – ela sorriu. – Tchau mãe.

Sai de casa, rumo aquele lugar, ao encontro do maligno chamado Diego, sei que ele pretende fazer alguma coisa contra mim, aquele sorriso... Ele pensa que me engana, se fazendo de compreensivo levando em consideração a situação daquela menina, tenho certeza que é tudo pose, mas lá no fundo um plano diabólico contra mim é planejado. Chegando ao portão de entrada cumprimentei o porteiro, senhor Pedro, até agora é o único aparentemente normal por aqui, passei direto para o refeitório, estava morrendo de fome, chegando lá optei por tomar um suco de laranja com um enorme pedaço de bolo de nozes.

Me sentei em uma das mesas, quando de longe avisto uma figura familiar, era o menino do corredor, Júnior, me senti desconfortável quando notei que vinha em minha direção. – Bom dia– sorriu– Como você está hoje Erika?

– Normal, e você? – que pessoa mais inconveniente, não percebe que estou comendo?

– Melhor agora que estou com você, o que acha de passar o intervalo de hoje comigo? Vamos nos conhecer melhor.

– Não sei– respondi sem jeito– Talvez eu fique com a Letícia de novo. – sua expressão mudou quando a mencionei, o que será que aconteceu entre eles?– Posso fazer uma pergunta?

– Claro. O que quiser. – sorriu.

– Por que vocês dois não se dão bem?

– Nossa você é bem direta. – ele pareceu surpreso– Bom o caso é que eu e ela somos como água e óleo, ela realmente não vai com a minha cara.– admitiu.

Isso ficou bem óbvio ontem, pelo que ela disse ele deve ter feito alguma coisa, e que não é uma pessoa muito confiável, ele não foi muito claro com sua resposta também, apenas disse o que eu já havia notado, mas o motivo ainda é desconhecido. – Entendo.

– Mais alguma pergunta? – ele se debruçou sobre a mesa me encarando.

– Não, era só isso mesmo. – respondi logo em seguida bebendo meu suco de laranja.

– Não quer saber se tenho namorada?

– Isso não me diz respeito. – ele demonstrou surpresa, o que ele espera com essas perguntas? Deve estar me testando... – Haha, você é tão indiferente, meu coração não aguenta assim. – disse fazendo bico.

– Você deve estar acostumado a outro tipo de menina, sinto muito, mas não espere de mim o que normalmente espera delas. – eu tento ao máximo não ser rude com as palavras, mas quando percebo insistência de pessoas assim prefiro cortar o mal pela raiz.

– É exatamente por isso, – ele se levantou ficando com o rosto bem próximo ao meu- Que eu gostei de você. – dito isso ele beijou minha testa, se levantou e foi embora, isso me surpreendeu, não tive tempo de reagir. – Qual é a desse garoto?

Isso me deixou envergonhada, havia algumas pessoas no refeitório, terminei meu suco com bolo quando olhei no celular e vi que faltavam 5 minutos para bater o sinal, decidi ir para sala, quando cheguei ao corredor em direção às escadas ele estava lá, Diego com o amigo, seu nome é Victor se não me engano, os dois notaram que me aproximava, isso está me deixando nervosa. – Bom dia. – Diego disse. O que?

– O que? – respondi confusa.

– Bom dia Erika. – falou Victor sorridente. Algo está errado.

Fiquei encarando Diego, nada de foras ou respostas ignorantes? Apenas me dizendo bom dia, ele notando meu olhar desconfiado sorriu e foi de encontro a outras pessoas, o que aconteceu ontem não o deixou irritado? Talvez eu tenha pensado demais sobre isso, sendo que ele não dá a mínima, se for isso por mim tudo bem, espero que meu julgamento em relação a ele esteja errado e ele seja apenas um idiota cheio de si. Subi e fui em direção a sala, Letícia já estava lá, ficou me dizendo que eu havia esquecido de passar meu número ontem.

Quando o sinal tocou, o restante dos alunos entraram junto com Diego, ele não se atrasou hoje, sentou-se e cumprimentou Letícia normalmente o que também a deixou desconfiada, não me provocou uma hora sequer e passou a maior parte do tempo falando com Victor e algumas meninas da sala, seu comportamento gigolô continuava, mas isso não me era prejudicial, na verdade até fiquei aliviada, se continuar assim parece que não terei problemas, será apenas um ano tranquilo.

–Hey Erika. – me chamou Letícia – Não acha que tem algo de estranho com o Diego? Quero dizer, ele está muito "normal"...

É claro que eu percebi isso, o que também me assusta um pouco, não sei o que esperar, toda essa dúvida está me deixando maluca. – Você acha? –me fiz de desentendida– O que está de tão diferente nele assim? – perguntei, Letícia o conhecia há mais tempo, se ela está notando algo errado talvez minhas dúvidas tenham fundamento.

– Sim, ele foi bem gentil comigo, sendo que ele é todo bruto. – apoiou o rosto sobre as duas mãos enquanto fitava Diego logo à frente em uma roda de amigos. – E também ele nem mexeu com você hoje.

– Isso é tão estranho assim? Talvez ele tenha percebido que foi exagerado e se arrependeu...

– Diego se arrepender?– sorriu– Você não o conhece Erika, esse aí não dá ponto sem nó.

Então ele está mesmo tramando alguma coisa, não posso me descuidar, sabe-se lá o que ele pode fazer.

A aula seguinte seria de educação física, todos descemos para nos trocar, o uniforme das aulas eram um short um pouco acima do joelho da cor azul escuro, com uma camiseta de mangas branca para as meninas, e para os meninos a mesma coisa com o diferencial de uma bermuda. Nunca fui muito boa em esportes, sou muito magra e fraca fisicamente, embora eu pratique exercícios e caminhadas, minha resistência sempre foi baixa.

A aula de hoje seria futebol, feminino e masculino, depois de conversar com o professor e pedir para ser a técnica, tive uma folga quando o jogo feminino terminou, os garotos estavam fazendo a escolha de seus times enquanto as meninas foram liberadas para ir ao banheiro e beber água, todas foram na minha frente porque estava passando algumas anotações sobre o jogo para o professor.

Fui em direção ao bebedouro mais próximo, todas as meninas estavam no banheiro se lavando e trocando de uniforme, quando de repente ouço uma voz. – Erika, quero falar com você. – uma voz que não queria ouvir...

Me virei para olhá-lo, seu rosto estava impassível. – Sobre o que? – perguntei duvidosa, ele notando minha insegurança esboçou um sorriso esnobe.

– Não precisa ficar assim, eu não vou te morder... Não muito forte. – sorriu.

Não tive reação alguma, fiquei em silêncio esperando me dizer o que queria comigo.

– Qual é, foi brincadeira, que cara emburrada e feia é essa?

– Me diz logo o que quer. – respondi, quando notou que não estava aberta as provocações o clima mudou imediatamente.

– Quero que me acompanhe até a sala de aula, preciso te dizer algo importante. – dito isso ele se virou e foi andando, queria que o seguisse, isso me deixou incomodada, o que eu deveria fazer? O que ele quer me dizer na sala de aula, onde não tem ninguém no momento, seria apenas nós dois... Ele não me machucaria, isso traria muitos problemas para ele, certo?

Vários pensamentos e suposições invadiram minha cabeça em questão de segundos, mas eu não queria fugir, criei coragem e fui atrás dele, quero resolver isso de uma vez. O segui em silêncio até a sala de aula, chegando lá ele abriu a porta me indicando para entrar, entrei e ele veio logo em seguida, fechando a porta após isso.

– E então? – perguntei.

Ele andou pela sala e foi até nossos lugares, sentou em minha carteira e então olhou para mim. – De agora em diante quero que seja minha serva.

Francamente, ele me trouxe até aqui para fazer piadas?– Sem brincadeiras, por que me chamou aqui?

– Como eu disse, quero que seja minha serva, vai fazer tudo o que eu mandar e como eu mandar, se não será punida. – sua voz estava calma e fria, até parece que não está dizendo nada demais.

– E porque eu faria isso? Perdeu o juízo garoto?

– Sabe, a ameaça que me fez ontem, não me agradou muito. – disse se levantando, vinha em minha direção. – Então para me compensar, deve aceitar sem reclamar. – quando chegou perto de mim senti uma sensação esmagadora, ele estava me intimidando, tentando me assustar.

– Eu não tenho medo de você. – disse com a voz fraca. – Ou se esqueceu que posso contar sobre o que eu vi ontem? – era isso, eu só precisava ser mais intimidadora do que ele, aposto que ele não quer prejudicar aquela garota.

– Você tem razão, mas o que eles pensariam a respeito de uma aluna trazendo drogas para escola?

– O qu-fui interrompida quando ele pegou meu braço com força. – É isso mesmo, trazer drogas para escola é uma coisa bem grave, resultaria até em sua expulsão, e o pior, poderia até ir presa por estar oferecendo aos seus colegas de classe. – ele estava sorrindo, com um olhar amedrontador, meu braço dói.

– Eu não fiz nada disso se é o que está insinuando. – tentei me libertar, porém em vão.

– Ah não? Então como me explica sua bolsa estar com um pacote bem suspeito? – questionou, foi aí que eu entendi, ele planejou tudo, a aula de educação física, ninguém na sala, me chamar aqui para cima sozinha. Dizendo isso ele soltou meu braço, estava vermelho onde ele apertou, fui em direção a minha bolsa, quando abri lá estava, um pacote com uma erva que acredito ser maconha, esse cara... O quão traiçoeiro ele pode ser, olhei para ele com raiva.

O sinal tocou, ouvi vozes se aproximando, eram as meninas da sala, a porta foi aberta e todos começaram a entrar, fechei minha bolsa rapidamente para que ninguém visse aquilo, quando voltei a olhar para ele, estava sorrindo...

– Começamos amanhã, Erika.

[...]


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