Mônica abriu os olhos muito cansada no hospital, tinha a impressão que não dormia a dias! Ao olhar para o lado viu sua mãe na poltrona ao lado do leito, não é que não tenha se sentido feliz, mas esperava ver outra pessoa lhe fazendo companhia também. Dona Luíza percebeu que a filha havia despertado e sorriu-lhe.

– Oi, filhinha, como você está se sentindo? – quis saber ansiosa e preocupada.

– Um pouco cansada, mas estou bem, mamãe. – olhou por trás da mãe, achando que havia mais alguém escondido na sala.

– Meu amor, você dormiu os últimos dois dias direto, pensei que estivesse super descansada. – replicou rindo da expressão de espanto de Mônica. – E quem você tá procurando só foi tomar um café com seu pai na lanchonete, logo logo vai tá aqui.

Mô sorriu, de repente sentindo-se mais alegrinha. Não demorou muito e dois homens entraram no apartamento. O mais novo correu para ela ao ver seus olhos atentos.

– Calamba, Mô, eu fiquei aqui todo esse tempo te espelando acoldar e você faz isso logo quando eu saio por cinco minutos? – disse Cebola passando os dedos por seu rosto, a menina sorriu e fechou os olhos sentindo aquele toque.

– Desculpa. – respondeu.

– Fala sério, é brincadeira! Você não poderia controlar a hora que ia acordar, né?

– Não, não digo por isso... – olhou para os pais que logo perceberam a deixa e saíram do lugar silenciosamente. – Eu sinto muito por não ter acreditado em você. – disse corando.

– Aaah, por isso... Bem, eu não posso negar que fiquei triste por todo esse tempo, mas você não tinha como saber, além disso, aquela cena seria meio complicada de engolir mesmo...

– Mas eu errei, Cebola, e se você não puder me desculpar vou entender. – falou cabisbaixa.

– Você me deu um susto muito grande, sabia? Eu não posso pensar em te perder nunca mais... – Disse olhando sério para a menina e se aproximou para um beijo.

Bateram na porta e os dois se sobressaltaram, era o médico e os pais da menina que já foram entrando sem esperar resposta.

– Srta. Mônica Souza, você nos pregou um grande susto, mocinha. – ela apenas observou-o, mas não disse nada, tinham interrompido o beijo que ela queria dar há muito tempo. Porém, Cebola fez a pergunta que tanto queria assim que teve a oportunidade.

– Ela vai ficar bem, não vai?

– Claro que sim. Mas curiosamente nossa paciente tão novinha teve um ataque cardíaco e agora precisará se controlar muito bem, pois isso foi ocasionado por estresse, raiva, preocupações, enfim, daqui pra frente tem que ficar bem, mas bem mais calma. – Mônica corou loucamente, mas se comprometeu em tentar levar uma vida mais tranquila dali em diante. O médico fez alguns exames básicos, umas anotações e disse:

– Não sei se fui apenas eu, mas tive a impressão que atrapalhamos alguma coisa. – riu-se para Seu Souza e Dona Luiza. Eles voltaram a sair da sala para conversarem mais a respeito de Mô. Ao se verem a sós, Mônica e Cebola deram um longo beijo, não iriam se separar mais e já sabiam disso naquela hora.

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Magali queria muito ver a amiga naquele dia, mas tinha consulta com o psicólogo e não podia perder. Acordou cedo, passou uma mensagem de bom dia para o Cas e saiu sem esperar uma resposta.

Chegou e disse um olá alegre para a secretária que a recebeu, a moça pediu para a menina esperar um pouco, pois, o chefe estava atendendo outro paciente naquele momento. Magá assentiu e pegou uma revista para folhear enquanto esperava, sentiu o celular vibrar, duas mensagens, uma do Cebola avisando que a Mônica teria alta aquela manhã e lhe esperava em casa a noite, outra do Cas respondendo seu bom dia e a convidando para pegar um cinema no sábado. O garoto era realmente ocupado tendo que trabalhar e estudar, mas lhe dava tanta atenção quanto podia e eles sempre estavam juntos aos fins de semana, embora nada de pedido oficial, Magali estava convencida de que ele gostava muito dela e deu-se por satisfeita. Foi chamada para sua consulta.

– Com licença, bom dia! – disse batendo a porta e entrando em seguida.

– Bom dia, Magali, como se sente hoje?

– Hum, bem.

Estava habituada às consultas e tinha seu psicólogo como um amigo. Era inegável a evolução que tinha feito na luta contra sua doença, já não mais vomitava, fazia muito tempo desde a sua última recaída e agora seguia uma dieta balanceada. Às vezes saia com o Cascão ou com os amigos e se dava ao luxo de comer alguma bobagem, mas não mais exagerava, seja porque os companheiros não permitiam ou porque ela mesma havia se conscientizado que não podia dar mole para seu problema voltar novamente.

A consulta terminou rápido, o Dr. estava muito contente com o desempenho de sua paciente e marcou a próxima consulta para dali a um mês, cada vez mais as visitas se distanciavam até que chegaria uma hora que Magá não precisaria mais delas.

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Cascão trabalhava muito bem humorado na padoca, atendia os clientes e conversava animadamente com Aninha quando podia, os dois davam-se muito bem e o Titi já havia até dava uns pequenos ataques de ciúme de vez em quando, mas acaba em nada, pois, o menino era louco por sua ex-comilona e a garota era maluquinha pelo Titi.

Aqueles dias estavam sendo muito bons, embora cansado, Cascão tinha tudo o que queria naquele momento, um emprego legal que lhe pagava o suficiente para investir em seu futuro, a faculdade que ia bem melhor do que no ano passado, tinha obtido ótimas notas naquele semestre que estava quase no fim, os professores até assustaram-se, além de tudo isso, tinha a Magá, com toda a certeza a menina era um dos pontos altos naquela etapa da sua vida e ele esperava que fosse assim para o resto dela.

Seus pais estavam felizes com sua evolução, parece que o fato de ter que pagar a faculdade com o próprio dinheiro fez com que valorizasse muito mais e redobrasse sua responsabilidade, estavam confiantes que o filho teria um futuro brilhante. Também haviam ficado felizes pelo namoro com a Magá, ainda mais agora que a menina já não comia como antes. As coisas estavam indo realmente bem para o Cascão.

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Alguns meses depois

Carmem ganharia sua liberdade aquela manhã, não conseguia se conter de tão feliz que estava em finalmente poder sair daquele lugar. Todas as noites desde que entrou ali orava prometendo nunca mais fazer aquele tipo de coisa, também pedia desculpas por ter prejudicado a tantas pessoas. Mas finalmente havia chego a hora de deixar aquilo para trás, decidira que não faria o resto de sua punição na comunidade.

Toni acordou o mais cedo que podia e ficou atento esperando o carcereiro vir libertá-lo daquele lugar que era um pesadelo, nunca mais queria voltar ali. Ao sair deu de cara com os pais que o esperavam do lado de fora, correu para aquele abraço e chorou emocionado com os dois.

Carmem e Toni se encontraram no dia seguinte na comunidade que prestariam trabalho voluntário, tinham que estar ali todos os dias das oito da manhã até às cinco horas da tarde e voltar para casa.

– Preparada? – O loiro deu um abraço na amiga assim que se reencontraram.

– Digamos que sim, um pouco de receio, mas estou sim. – Ela respondeu retribuindo o abraço.

– Não precisa se preocupar, vai dar tudo certo pra gente! – Disse com uma cara matreira.

– Um novo plano? – Ela perguntou curiosa.

– Exato! Um novo plano! Não vamos cumprir pena nessa comunidade. – Toni respondeu sorrindo e com os olhos brilhando, Carmem retribuiu o mesmo olhar com o nariz empinado.