Os 7 Pecados Capitais escrita por Talyssa


Capítulo 31
Liberdade!


Notas iniciais do capítulo

Gente, já tá me dando vontade de chorar só por saber que esse é o capítulo final dessa história que me acompanhou por pouco mais de um mês! Sinto cada personagem como parte de mim, além de sentir cada um de vocês como amigos que estão ao meu lado dando forças para continuar a escrever :3
Como disse capítulo passado, MUITO MUITO OBRIGADA! Sem vocês escrever não seria tão maravilhoso assim.
Espero que gostem do último capítulo *-*
Ps: Tem surpresinhas para vocês no final :3



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– Um novo plano? – Ela perguntou curiosa.

– Exato! Um novo plano! Não vamos cumprir pena nessa comunidade. – Toni respondeu sorrindo e com os olhos brilhando.

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– Como assim não cumpriremos pena? Pirou foi? – Carmem perguntou sorrindo, mas um pouco alarmada.

– Pra quê cumprir pena se podemos nos divertir por aqui? – Ele respondeu com outra pergunta. – Isso não precisa ser uma punição, faremos disso uma coisa legal.

– Aaaaaah, entendi! – Um olhar aliviado de compreensão passou em seu rosto, aparentemente o amigo tinha encontrado um bom caminho também.

Os dois se dirigiram ao centro comunitário e foram procurar a coordenadora, ao chegar, Toni expôs sua ideia que foi recebida muito bem. Os três andaram juntos até as crianças, algumas delas pareciam muito pobres, Carmem empacou lembrando que tirou algo necessário para aquelas pessoas, não entendia como havia sido capaz.

– Você tá bem? – Toni perguntou à loira que tinha os olhos cheios de lágrimas.

– Como a gente conseguiu fazer isso? – perguntou deixando cair as mãos.

– Acredita em mim, eu ainda tenho pesadelos com isso, mas tá na hora de deixar pra trás, ficar ai chorando não muda nada, mas fazer alguma coisa por eles pode amenizar o que a gente aprontou.

A menina assentiu e seguiu esperando que aqueles olhinhos atentos não a julgassem, sentia medo.

– Crianças! CRIANÇAS! – Todos pararam de falar e correr no segundo chamado da coordenadora. – Esses dois jovens serão nossos novos monitores, por favor, obedeçam a eles, tudo bem?

– SIM, TIA SANDRA! – gritaram todos de uma só vez.

Ao ficarem a sós com os pequenos quem tomou a frente foi Toni.

– Oi, crianças, meu nome é Toni e essa aqui é a Carmem, nós viemos pra cá só pra ajudar e atender vocês, então tudo o que precisarem é só pedir, ok?

– SIIIIIIIM! – novos gritos.

Uma menininha de uns seis anos puxou a barra da blusa de Carmem que se assustou, ao olhar para baixo percebeu que a garotinha era uma das mais pobres dali, sentiu pena, embora soubesse que não deveria.

– Tia, sua roupa é muito bonita. – falou a menina com o dedo polegar na boca.

Carmem suspirou e disse: - Mas nem se compara ao seu estilo de moda, esse vestidinho é babado em qualquer lugar, sabia? – a mocinha sorriu feliz com o elogio e correu para perto das amigas segurando a mão de Carmem e a puxando.

Toni se reuniu com os meninos e começou a contar os planos para super torneio de futebol que estava querendo organizar, todos ficaram muito empolgados, já formavam os times e queriam saber quando começariam a treinar. O novo monitor contou-lhes que veria se podia contar com dois grandes treinadores amigos dele, Cascão e Cebola, com toda a certeza aquele torneio seria um dos melhores daquela comunidade.

Carmem, já sabendo da ideia, quis saber com as meninas o que elas achavam de serem animadoras de torcida no jogo dos meninos, a maioria começou a dar gritinhos e pensar nas roupas e danças.

– Ah tia, eu queria era jogar bola! – falou Lia, uma garota de uns 17 anos muito bonita, segundo as meninas, era a mais velha entre as garotas.

– Futebol é coisa pra menino, garota, vê se aprende! – respondeu uma de suas amigas. Lia já partia para cima da menina quando Carmem interrompeu a briga.

– Opa, opa! Calma lá, meninas. Olha só, não tem essa de “pra menino” ou “pra menina” não, viu? Quem quiser jogar futebol vai jogar sim! Hoje as mulheres podem estar onde elas quiserem.

Um dos meninos ouvindo a conversa retrucou em voz alta:

– Fala sério, tio, a gente vai ter que jogar com a Lia?

– Você fala isso porque sabe que eu jogo mil vezes melhor do que você. – Toni riu da língua ferina da garota.

– Ela pode jogar, é claro, não vejo problema nenhum. – respondeu piscando para Carmem.

– Bom, então Lia, vai lá com o tio Toni para saber mais sobre o torneio e quem mais quiser sinta-se a vontade. – Duas outras garotas saíram em direção ao grupo de meninos e sorriram para Lia quando se aproximaram da rodinha. – Mais alguém? Não? Então vamos começar a ensaiar nossa animação!

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Duas semanas depois chegava o dia do torneio, a quadra da comunidade estava com as arquibancadas lotadas de pais, amigos, professores, todos queriam torcer. A turma inteira também estava lá, afinal, Cebola e Cascão foram treinadores dos garotos junto com Toni e Denise ajudara Carmem com a coreografia das líderes de torcida, a menina sentia-se bem melhor e, como se fosse um milagre, a quimioterapia tinha voltado a fazer efeito e o transplante de medula já não era necessário.

Mônica e Magali chegaram atrasadas, ofegantes pela bancada.

– Arfh, arfh, já começou? – quis saber Mô apoiando-se nos joelhos.

– Não, ainda nem entraram. – respondeu Aninha sorrindo.

Cebola se aproximou pelo lado de dentro da grade e puxou uns fios de cabelo da namorada para lhe chamar atenção, ela virou e deu-lhe um beijo.

– Finalmente, donzela! Pensei que vocês não vinham mais. – disse brincando com o cabelo da menina.

Não demorou muito e Carmem entrou na quadra com as meninas, elas estavam com um uniforme rosa e preto de líderes de torcida, presente de Denise, e ficaram em suas posições para a apresentação.

Ao terminar foram muito aplaudidas, os meninos assoviavam, principalmente porque Carmem tinha dançado também e arrancara suspiros dos garotos ali presentes. Logo Toni, Cebola e Cascão entraram com os times que se posicionaram para entoar o Hino Nacional e dar inicio as partidas.

Enquanto os garotos jogavam, as meninas gritavam palavras de incentivos. Lia marcara dois gols pelo seu time e levou eles a final contra o time que tinha outra das meninas. O último jogo foi para os pênaltis, a menina de língua ferina cobrou o último e deu a vitória para seu time que a carregou jogando-a para alto.

Passados os jogos, todos estavam comendo nas mesas que foram colocadas no centro da quadra, Lia se aproximou dos treinadores e deu um beijo no rosto de cada um deles, Mônica e Magali olharam com uma expressão mortal e Cê e Cas coraram loucamente com aquela demonstração de afeto, Toni nem se importou, a garota o cumprimentou por último e sentou-se em suas pernas lhe dando um beijo na boca que ele correspondeu.

– O que foi? Eu não contei que a gente tá saindo? – disse quando viu os olhares de todos na mesa voltados para ele. Lia o puxou para conhecer seus pais. – Mas já? O-olha só, a-a gente nem s-se...

– Nem vem com essa de me enrolar, loirinho! Já era! – ela respondeu e continuou o caminho. A turma ficou mandando frases como “Vai conhecer o sogrão!”, “Acabou já, mano, tá preso!”, e ficaram rindo do nervosismo do amigo que estava há umas mesas de distância.

Cascão levantou da cadeira e pediu a atenção de todos os amigos, Xaveco fez o mesmo do outro lado, juntos puxaram uma caixinha do bolso e ajoelharam-se na frente da Magá e da Denise, as meninas coraram na hora, Magali tinha lágrimas nos olhos.

– Hei, minha linda, eu sei que demorei pra fazer isso... Mas eu juro que achei que tivesse feito. – falou coçando a cabeça. – Ainda bem que o Careca me lembrou. Enfim, antes tarde do que nunca... Você aceita namorar comigo?

– É claro, Cas! – Magali ficou toda sorriso e abaixou-se na altura do enfim namorado para dar-lhe um abraço e um beijo.

– É... Dê... E-eu...

– Aceito! – respondeu a menina antes do Xaveco concluir sua fala, todos riram e ela puxou o menino do chão lhe dando um beijo. – Mas eu tenho que casar na igreja, tá? Toda de branco, véu, essas coisas!

– A-ã, amor, eu te pedi em namoro, certo? – perguntou o loiro assustado.

– Ah sim, eu sei, mas você já fica sabendo desde então. – E continuou o beijo.

Cebola puxou Mônica para fora da quadra, lá de onde estavam o pôr do sol estava perfeito, ele também tinha algo pesado num dos bolsos.

– Você viu que fofos, Cê? Ah, eu tô tão feliz e... – ela parou de falar quando viu a caixinha aberta na mão do Cebola. – V-você j-já me pediu em na-namoro, Cê. – gaguejou pra ele.

– E quem disse que esse é um pedido de namoro? – falou se ajoelhando na frente da menina. – Mônica Souza, você aceita ficar do meu lado pra todo o sempre? Casa comigo?

Naquele momento passaram milhões de coisas pela cabeça de Mônica, era muito nova, seus pais nunca iriam aceitar aquilo, mas no seu íntimo sabia que não importava quantos anos passassem até o grande dia, com toda certeza seria o Cebola para toda a eternidade.

– Aceito! – E eles se beijaram iluminados pelo sol que se punha no horizonte.

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Muitos anos depois

– Vai, vovô, come só um pouquinho, você precisa ficar forte! – dizia a moça para Cebola que se recusava a colocar mais uma colher de mingau para dentro do estômago.

Mônica vinha entrando na sala, caminhando lentamente e sorriu para o marido.

– Ei, veja, é minha linda esposa! – O velhinho disse para a garota com o prato de mingau na mão.

– Vovó, ele não quer comer de novo, desse jeito vai ficar muito fraquinho. – falou com uma expressão preocupada. A idosa pegou o prato com delicadeza das mãos da neta e tomou seu lugar.

– Vamos, coma, só mais um pouquinho, é a última. – Cebola balançava a cabeça com os olhos cheios de lágrimas. – Vamos, meu velho, por mim. – Ele abriu a boca devagar e comeu mais umas três colheradas. – Isso, assim que eu gosto. – limpou a boca dele delicadamente com um guardanapo e deu-lhe um beijo.

A campainha tocou e a neta foi atender.

– Mamãe! – falou abraçando a mulher na porta.

– Cadê seus avós, querida? – perguntou.

– Eu tô aqui, meu amor. – respondeu Mônica indo abraçar a filha, elas sentaram-se no sofá em frente a cadeira de rodas do Cebola, ele não reconhecia mais a mulher, mas disse a mesma frase de sempre quando a viu, “Essa é minha linda esposa!”.

– Como ele está, mãe? – perguntou preocupada.

– Ah, filha, tá cada vez mais esquecido, o Alzheimer progride tão rápido... Eu tô com medo.

Elas continuaram a conversar, alheias ao velho que fitava o nada, ele queria tanto falar, mas não entendia o que o prendia dentro da própria cabeça.

FLASHBACK ON

– É o grande dia, meu amigo! Ainda dá pra desistir. – Cascão brincava ajeitando a gravata do amigo.

– Jamais! Tô pleocupado é dela não apalecer, já tá atlasada não é? – falava nervoso.

– Calma, Cê, elas sempre parecem que não vem, mas acabam vindo! – riu e nesse exato momento a marcha nupcial começou a tocar. – Eu não disse?

Mônica entrava num vestido branco longo, simples, mas muito bonito, com a costas em renda, apertado até as coxas e abrindo num estilho sereia, estava belíssima e ele com cara de tonto.

Quando o padre o declarou marido e mulher, foi a primeira vez que disse “Essa é minha linda esposa!”.

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Estava de terno e gravata frouxa na maternidade, assim que acabou o casamento de Magali e Cascão, do qual ele e Mônica foram padrinhos, a moça entrou em trabalho de parto.

Nesse momento andava de um lado para outro, a gravidez tinha sido de risco e o parto dos gêmeos seria cesáreo, o que não impediu de Mô sentir dor. Seus pais e os da menina também estavam ali, os amigos até queriam, mas o voo para a lua de mel seria logo depois da festa, então, provavelmente já estavam embarcando, como Cascão só podia tirar férias junto com os alunos da escola em que dava aula, não podia perder a oportunidade.

Um enfermeiro veio ao seu encontro.

– Os quatro estão muito bem e nasceram super saudáveis! – disse sorrindo.

– Graças a Deus! – disse suspirando aliviado, mas logo se deu conta. – Pera aí, quatro? Não seriam três? A Mô e os gêmeos?

– Ah sim, na verdade, eram trigêmeos, mas todos passam bem. – Escuro.

– Filho, filho? – acordou com a mãe dando tapinhas leves em seu rosto, seria pai de dois meninos e uma menina.

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As crianças corriam por todos os lados na quadra de esportes, Cebola estava doido correndo atrás dos gêmeos enquanto Mônica dava comida para a menina, que para surpresa de todos tinha vindo com a fome da madrinha.

– Milla, já chega, filhinha. – pedia Mônica.

– Mas eu tô com fome, mamãe. – replicava a garotinha de quatro anos.

– Essa daí é a cara da Magali, sem dúvida nenhuma! E aqueles dois são iguaizinhos os anjos que eram o Cebola e o Cascão! – falou Denise se divertindo.

– É mesmo? Não fala muito porque daqui a pouquinho nasce o seu! – disse Magali jogando uma bolinha de papel na amiga, dava de mamar para sua princesinha, enquanto Cascão segurava a mais velha que tinha adormecido em seu colo.

Não demorou muito e os anfitriões da festa entraram no palco improvisado.

– Senhoras e senhores, muito obrigado por terem comparecido a inauguração de mais uma sede do nosso projeto. – falou Toni animado enquanto recebia os aplausos da plateia.

– É uma honra tê-los aqui e ainda é melhor porque todos vocês fizeram parte de alguma forma da realização do nosso sonho, obrigada de verdade. – disse Carmem emocionada, a garota tinha tomado o lugar do pai na frente da ONG e fazia um ótimo trabalho junto com o seu melhor amigo e braço direito, Toni, e sua noiva Lia.

– Agora preparem-se para a grande apresentação que nossa crianças e jovens prepararam para vocês! Espero que gostem!

Denise levantou-se com sua mega barriga em direção ao palco onde as meninas já estavam preparadas, mesmo com os seus sete meses de gravidez, fez questão de acompanhar e fazer os passos da apresentação junto com suas monitoradas. Logo depois foi a vez de alguns dos mais velhos dançarem hip hop num ritmo alucinante e a noite acabou com muitos aplausos, choros de crianças e a felicidade da turma reunida novamente.

FLASHBACK OFF

Cebola despertou das lembranças com um beijo cálido em seus lábios, a filha estava na cozinha preparando alguma coisa cheirosa para os outros irmãos que haviam chego com os demais netos, Mônica sentava-se na cadeira de balanço ao seu lado, segurando sua mão e repetiu para que ouvisse.

– Esse é meu lindo esposo!


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Notas finais do capítulo

Sim, amigos, chegamos ao fim dessa fic :')
Mais uma vez lhes agradeço por terem chego até aqui comigo, espero muito que tenham gostado do final.
Baseei na história dos meus avós que ficaram juntos até o fim, quando meu vô partiu. Também é em homenagem a minha tia linda que sofre com essa doença, mas que NUNCA esqueceu do rosto do meu tio e tenho certeza que o ama até hoje.
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Hora da surpresa!
Segue o link do trailer da nova fic e a sinopse tá lá também, se gostarem ou não gostarem comentem lá ou aqui! Com vocês:
Depois do Fim *-*
https://www.youtube.com/watch?v=o6DsbpRCrIg&feature=youtu.be