Os 7 Pecados Capitais escrita por Talyssa


Capítulo 22
Consequências


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todas as visualizações, acompanhamentos, favoritos! Vocês são muito legais ♥



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Os pais de Carmem deixaram os meninos sentados no sofá e se retiraram para o escritório para decidirem o que fariam, enquanto isso, deixaram os dois seguranças que haviam contratado para ficarem de olho nos delinquentes juvenis, na verdade, estavam receosos que Toni fugisse; o menino tentou alegar que aquilo era cárcere privado, mas não obteve êxito em abandonar o lugar.

A garota apenas fixava o olhar no chão, agora que tinham sido descobertos era muito mais complicado aceitar que realmente havia traído seus pais, como tinha sido capaz? Deixou o ganância e avareza a cegar, permitiu que o dinheiro fosse mais importante na sua vida do que os laços familiares, não era melhor do que o podre do Feitosa, na verdade, se considerava bem pior do que ele.

– O que você acha que eles vão decidir? – perguntou Toni não aguentando mais o silêncio, mas aparentando ficar muito nervoso.

– Seja o que for, eu tô preparada pra sofrer as consequências. – respondeu a menina em voz baixa.

– A cor desse teu cabelo deve tá afetando teu cérebro, só pode! Carmem, a gente pode ir preso, sacô?! E EU NÃO POSSO IR PRESO! – falou exasperado passando as mãos pelos cabelos loiros.

A menina preferiu voltar a ficar em silêncio. Passada quase uma hora, seus pais saíram do escritório e foram dar a notícia de sua decisão para os dois, assim que os viram ficaram de pé.

– Eu e sua mãe conversamos e... – o pai caiu no choro, não conseguindo terminar o que queria falar.

– Nós decidimos – disse a mulher apoiando o marido – que é melhor para vocês se o denunciarmos para a polícia.

– C-como assim isso pode ser melhor?! – Toni agora não tentava esconder mais o nervosismo, seus pais iriam lhe matar se fosse preso.

– Nós não podemos deixar esse tipo de situação passar, vocês deverão suportar as consequências dos seus atos. – disse olhando para os meninos.

– Eu pensei... Eu pensei que vocês fossem amigos da nossa família! – cuspiu Toni.

– Nós já ligamos para os seus pais, Antônio, eles deixaram a decisão em nossas mãos, ficaram arrasados, assim como nós, mas disseram que tomariam a mesma atitude. Não pagaremos advogados para nenhum dos dois, decidimos que ficarão muito bem arranjados com a defesa do Estado. Agora, Carmem, vá para o seu quarto e, por favor, não saia de lá até segunda ordem. Antônio, seus pais mandarão um carro para vir buscá-lo. – disse já recuperado o homem da casa.

– Eu e seu pai iremos à delegacia agora, não nos espere para o almoço. – avisou a mãe da menina e saiu com o Sr. Frufu.

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O delegado que atendeu o Sr. e a Sra. Frufu explicava quais seriam as medidas que a polícia tomaria nas investigações e tudo mais, disse que mandaria um aviso a todos os aeroportos e rodoviárias do estado com a foto e descrição do Feitosa, caso ele decidisse fugir seria pego.

– E os senhores têm certeza que irão denunciar sua filha como cúmplice? Uma vez que conste nos altos do processo isso terá que ser levado até o fim. – avisou-lhes o delegado.

– Queremos sim que ela pague pelos seus atos e entenda a gravidade da sua ação. – declarou o Sr. Frufu decidido.

– Então hoje mesmo começaremos a agilizar todo o processo e... Er... Bom, senhores, eu sinto muito que tenham que passar por isso.

Os pais de Carmem estavam realmente muito abalados por aquela situação, não entendiam quais foram seus erros para justificar aquele comportamento, ainda preferiam acreditar que eles foram os culpados do que pensar que a própria filha tinha os traído. E agora com o processo, tudo seria um prato cheio para a mídia, além disso, por se tratar de seu filha, poderia levantar suspeitas de que o Sr. Frufu tivesse tentando desviar dinheiro da ONG para sua conta pessoal. No fim das contas, o que mais lhe preocupava era como faria para ajudar todas aquelas pessoas que contavam com ele?

Chegaram em casa tristes e cansados, a mãe pensou em bater no quarto da filha, mas decidiu passar direto para o seu quarto. Carmem ouviu os pais pararem à porta e seguirem adiante, “O que foi que eu fiz?”, pensava.

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Cascão já procurava emprego há uma semana inteira, mas sempre escutava as mesmas respostas: “procuramos alguém com experiência”, “nosso quadro de profissionais está completo”, “você ainda não pode estagiar conosco”, entre outras respostas, mas não desanimava, pediu a ajuda do Careca para criar um currículo legal com as mais prováveis variantes para cada empresa e saiu distribuindo, mas ninguém queria contratar um garoto tão jovem e sem a menor experiência.

O menino seguiu procurando uma oportunidade e, já cansado e todo suado de andar o dia todo, decidiu parar na padoca para um lanche rápido antes de continuar, estava determinado a voltar para casa e dar uma boa notícia aos pais. Era quase duas horas da tarde e a padaria estava lotada como sempre, o pai do Quim corria para todos os lados e sua ajudante Aninha estava na mesma situação, Cascão precisou esperar quase meia-hora para ser atendido e outras meia-hora para receber seu pedido, estava quase desistindo quando foi servido.

– Ai, Cas, desculpa a demora, é que depois que o Quim viajou pro curso dele fora do país, isso aqui ficou uma loucura! – disse Aninha o servindo correndo.

– Relaxa, Aninha, eu entend... Uia, já foi! – Cascão devorou seu lanche em menos de dois minutos, pensou sorrindo na Magá, talvez tivesse quebrado o recorde da comilona, afinal, ela agora tentava ser mais comedida na alimentação.

Se dirigiu ao balcão para se despedir de Aninha e foi aí que teve a ideia, aumentou o ritmo dos passos e já estava na frente da amiga que assustou-se quando deu de cara com ele.

– Aninha, linda amiga, você disse que sem o Quim isso aqui virou uma loucura, não foi? – perguntou tentando jogar um charminho.

– Sim, Cas, mas agora não posso conversar, desculpa! – disse a menina já virando para atender os outros pedidos.

– O que você acha de mais um ajudante aqui na padoca? – perguntou Cascão rápido antes que a garota se afastasse.

Aninha parou no ato, refletiu dois segundos sentindo-se feliz, mas deixou a felicidade murchar quando lembrou que não era responsável pelas contratações do estabelecimento, virou para o Cas e respondeu:

– Ain Cascão, eu queria poder fazer isso mas...

– CONTRATADO! Começa agora! – disse seu Quinzão já jogando avental e touca para o menino que o olhou assustado.

Aninha comemorou numa dancinha silenciosa e logo voltou correndo para atender os clientes. Cascão ainda não acreditava em sua sorte, conseguira o trabalho, mas e agora? Não esperava começar no emprego imediatamente.

– Menino, o que tu estás a fazeres aí parado? MECHAAAA-SE! – gritou o novo patrão no ouvido do Cascão o tirando da imersão de seus pensamentos. O garoto rapidamente colocou o avental, lavou as mãos, pôs a touca e já começou a ajudar Aninha a servir os pedidos, respirou aliviado, ainda não tinha acertado com seu Quinzão o horário e o seu salário, mas esperava que fosse o suficiente para pagar a faculdade.

Olhou para a porta e viu Cebola, Xaveco e Titi entrando na padoca, era a mesa que Aninha deveria servir, mas a garota pediu ao Cas que atendesse os meninos, pois tinha tido uma briga com o namorado e sabia que ele havia ido no seu trabalho só para provoca-la. Cascão já estava acostumado com as brigas do casal, mas mesmo assim atendeu ao pedido da amiga, pois sentia-se muito feliz por ter conseguido o emprego.

– Boa tarde, senhores, o que vão querer? – perguntou com um ar sério para os meninos.

– Ó, anota aí três... Cascão?! – perguntou o Cebola admirado.

– Não, cara, é o Capitão Feio! – respondeu o sujinho revirando os olhos. – Digam logo o que vão querer que aqui tá lotado hoje!

– Você tá trabalhando mesmo aqui? É sério? – perguntou Titi olhando com cara de bobo para o amigo.

– Pessoal, vocês vão pedir logo ou continuarão fazendo essas perguntas idiotas? – disse já impaciente o menino trocando o peso de uma perna para a outra.

– A gente vai querer cinco pãezinhos carecas com muita manteiga, uma dúzia de pães de queijo, três sucos de laranja e... Hum... Traz também uns pasteizinhos pra tirar gosto. – finalizou a conversa Xaveco.

– Caraca, vocês só querem isso mesmo ou mais alguma coisa? – disse Cascão sendo irônico, anotando os pedidos e já correndo para levar a comanda para a cozinha.

– Queremos que você sente aqui e explique isso tudo muito bem! – gritou Cebola para o amigo.

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Seu Antenor e Dona Lurdinha conversavam na mesa da cozinha, falavam do filho, o garoto não tinha nem se abalado com a reprovação na faculdade, achavam que nem se quer se importou quando os dois decidiram não pagar mais seu curso, ficaram pensando por horas no porquê do filho ser tão desinteressado até no que parecia lhe interessar! A prova de que ele não ligava nem um pouco de abandonar a facul estava no fato do menino ter passado a maior parte da semana inteira fora, mal conversara com os dois, só queria saber de sair com os amigos e aquilo tinha que mudar.

Cascão saiu da padoca às sete horas da noite totalmente esgotado, havia contado aos amigos o que o motivou a começar a trabalhar, Cebola lhe passou o maior sermão quando disse que ele havia repetido o semestre, mas apoiou o amigo quando viu que queria se redimir. Seu Quinzão ofereceu um salários e mais alguns benefícios, Cas aceitou no ato, mas teria que passar a fazer seu curso a noite e como começava às sete, precisava sair pelo menos uma hora mais cedo do trabalho. O pai do seu antigo rival aceitou, pois se tratava dos estudos do garoto, então iria dar uma força.

Chegou todo empolgado em casa para contar a novidade, talvez aquilo amenizasse todo o clima pesado, na verdade, ele mal falara com os pais naquela última semana, sentia vergonha de si mesmo, mas agora já tinha mais coragem de encarar os dois novamente. Entrou na cozinha e assustou-se com os dois sentados à mesa conversando baixinho.

– Ora, ora... Era exatamente o senhor que nós esperávamos. – disse-lhe o pai com uma expressão séria. – Decidiu voltar a dar o ar de sua graça em casa de novo?

– Er... Eu só andei meio ocupado porque... Er... – disse o garoto coçando a cabeça.

– Sente! – ordenou seu Antenor interrompendo a fala do filho. O menino nem esperou segunda ordem, sentou-se logo e ficou calado encarando os pais.

– Eu e sua mãe conversamos e decidimos que você terá que dar seu jeito de arrumar um emprego. Se não quer estudar, vai saber o que é trabalhar de verdade e deixar essa vida mansa que nós damos a você. A partir de amanhã, seu Cássio Marques, você sairá para procurar emprego até na China se for preciso. – concluiu o pai.

O menino ficou olhando para os dois com um ar de riso até que sua mãe não aguentou.

– E ainda fica com essa cara cínica? Ai meu Deus, Antenor, o que a gente vai fazer com esse menino?

– Calma aí, coroa, eu tenho uma novidade pra vocês. – esperou os pais falarem algo, como ficaram calado, ele prosseguiu. – Eu já tenho um emprego.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, beijos e até amanhã



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