Flashback on

Porque eu fui a única a não ser convidada? Porque é sempre assim? Eu nunca faria mal a ninguém... Eu nunca fiz mal a ninguém! Mas desde o tempo do colégio eles me excluem, sempre a ‘tchurminha’ favorita de todos. Todo mundo queria fazer parte, até eu! Mas eles não davam espaço, o tempo inteiro com seus segredinhos, namoros, festinhas... Ora, eu sabia muito bem qual tipo de ‘festa’ aquele povinho se metia, me assusta que eles tenham se encontrado em pares, já que ali era uma troca de casais danada, rolava de tudo! E quando eu digo tudo, é TUUUUUDO mesmo.

Mas depois de um tempo vi que aquela não era turma pra mim, preferi me dedicar à artes ocultas do que à artes do sexo. E vejam bem, não me arrependo! Estou muito melhor agora, conheço muito mais do que todos aqueles tontos podem imaginar. É certo que nunca usei meus talentos para o mal, mas depois dessa tá na hora de me vingar por todo o desprezo que me dão até hoje. Depois de todo esse tempo, finalmente poderei dar o troco... Eles não perdem por esperar!

Flashback off

Por um breve instante, todos acharam que a tampa do bueiro tinha explodido ou algo do tipo, a fumaça e o odor estavam tão fortes que a maioria das pessoas ficou mais desorientada do que já estava.

À medida que a fumaça foi se dissipando (o cheiro permaneceu!) as pessoas passaram a ver uma sombra que ia ganhando cada vez mais contorno, até que...

– VIVIANE!– Disseram em um coro assustado.

– Para vocês é Bruxa Viviane! Não sejam tão irreverentes ao me dirigir a palavra, seus insolentes!

– O que aconteceu? Porque você apareceu aqui dessa maneira? – Perguntou a Dona Luíza ainda se apoiando no marido.

– Porque sempre que nos encontramos vocês estão assim nessa situação de embriaguez?! Conheço um ótimo AA que adoraria recebe-los.

– Deixa de enrolar, Viviane, bruxa, ou seja lá o que for! Vai dizer porque chegou assim aqui sim ou não? Porque se não, temos que voltar pra festa e você, já que é feiticeira acaba com esse mau cheiro aqui!– Seu Antenor falou já bastante bravo.

– Ora, ora, ora... Quer dizer que você não gosta de mau cheiro, não é? Interessante...

– Maxxxx que papu maix ridícuo! Eu nãm tô entendendu maix porra nenhuma! Vuxê vai entrrrarr cagente ou nãm?– Sim, o Seu Cebola estava muito, muito bêbado.

– V-você tá me con-convidando pra entrar? – Falou uma Viviane muito assustada. – É BRUXA VIVIANE PRA VOCÊS!

– Que mulher confusaaaa! Vem logo boba! Vem se divertir!– Dona Lili resmungou em voz alta.

– NÃO! Vocês querem me confundir! Querem que eu não leve meu plano adiante... Mas não vai funcionar, ouviram? NÃO VAI!– E entrou decidida pela porta principal já procurando pelas crianças.

Viviane – COMO É QUE É?! – Digo, a Bruxa Viviane começou a procurar pelas crianças dentro do salão, mas só conseguiu encontrar copos, comidas e bebidas, além de peças de roupas, espalhados por todos os lados. Ela estava começando a achar que seu plano iria por água abaixo quando de repente escutou um choro nos fundos. Seguindo o som extremamente irritante que começava a aumentar, a feiticeira acabou encontrando sua origem.

Ao olhar dentro da sala, viu sete berços enfileirados, dentro de um deles Denise berrava com toda sua força. A Bruxa Viviane, – Agora sim, narrador idiota! – usando sua mágica, fez com que a menina se calasse.

Começou a caminhar olhando dentro dos berços e viu aqueles sete pares de olhos vivos e curiosos em sua direção, eles eram tão lindos, tão inocentes! Talvez não devessem pagar pelos erros de seus pais; a propósito, eles estavam tão bêbados que nem se deram conta que o perigo espreitava tão perto os seus pequenos.

A Bruxa já começa a amolecer seu coração, até que ouviu um gemido baixo vindo da porta ao lado. Curiosa, caminhou em silêncio até a porta e a abriu cuidadosamente para não alardear quem estivesse lá dentro. Qual não foi sua surpresa quando percebeu que a garota do alto de seus 18 anos estava muito distraída com o celular numa mão e a outra... Bem, a outra mão estava habilmente tocando suas partes íntimas.

A feiticeira ficou lá, bem quieta espreitando Xabeu fixamente, até que percebeu que a garota tinha dando conta de sua presença no lugar. A partir daí as coisas ficaram bem estranhas...

– Sai daqui, narrador insuportável! Volte dentro de uns trinta minutos e já terei tomado minha decisão. – disse-me uma Bruxa Viviane muito chata e irritada.

Passados os trinta minutos, ninguém sabia ao certo o que tinha acorrido naquela sala separada, mas a mulher que caminhava com passos duros, finalmente decidiu o futuro das crianças. Com sua magia, conduziu os berços até o salão principal, à vista de todos, e com um estampido fez com que sua atenção se voltasse para ela.

– Meus amigos, não tão amigos assim, hoje vocês testemunharão os primeiros feitos de meu poder. Prestem atenção e, talvez, vocês lembrem o que aconteceu aqui essa noite!