Há 18 anos, num bairro chamado Limoeiro, nasciam, no mesmo ano, sete crianças, cada uma muito esperada e amada por seus pais que planejaram tudo para suas chegadas. Por serem amigos desde o tempo de colégio, acabaram decidindo por dar uma grande festa convidando o bairro inteiro quando o último bebê nascesse e assim foi feito.

O primeiro bebê, filho de Cebolácio e Dona Cebola, ganhou o nome de seu pai, mas era chamado carinhosamente pelo diminuitivo, Cebolinha. Um garoto esperto, de olhos vivos, mas muito desconfiados e atentos, mãozinhas espertas e pequenos dedos ágeis. Também parecia ser dotado de uma inteligência fora do comum para um recém-nascido, pontilhado por únicos cinco fios de cabelo que saiam de sua cabeça.

À segunda criança decidiu-se que iria atender pelo nome de Magali, filha de Seu Paulinho e Dona Lili, parecia ser uma bebê muito quieta e meiga, tranquila, passava enorme calma para aqueles que olhavam nos seus grandes olhos e sempre parecia que seria impossível negar algo a eles. Tirando o fato de que ela nasceu com uma fome um pouco excessiva, era encantadora.

O terceiro foi um garotinho engraçado, muito agitado, porém, durante alguns momentos essenciais do dia, ele se mostrava completamente arredio, como, por exemplo, durante o banho. Mas adorava vida boa e ser bem cuidado pelo Seu Antenor e Dona Lurdinha. Recebeu o nome de Cascão.

Filha do Sr. e da Sra. Frufu, era incrivelmente linda, loira e já nasceu em berço de ouro, pois, sua família era extremamente rica. Provavelmente, ela nunca precisaria de nada material da vida; como uma verdadeira Frufu, veio ao mundo com ares de quem já sabia disso; Carmem foi a quarta criança.

Marco Antônio, ou simplesmente Toni, assim como Carmem, veio ao mundo da alta sociedade, lindo, como um príncipe, amado por seus pais, mas esses nem sempre teriam tanto tempo para cuidar do filho, em virtude de seus negócios, então assim que nasceu, parecia que Toni já sabia e sempre tentava ser o centro da atenção dos pais.

O sexto bebê era uma garotinha engraçada e fofa, ganhou o nome de Denise, muito viva e inteligente, sabia como conseguir o que queria através de choro e esperneio, mas tinha a característica marcante de ser meiga quando queria.

Por fim, a última criança nasceu, filha querida e esperada por Seu Sousa e Dona Luíza, Mônica nasceu com uma força descomunal, os médicos não entenderam o porquê e nem como um bebê era capaz de quebrar mamadeiras ou entortar grades do berço, mas seus pais não se importaram, eles só conseguiam ver a imponente força, bem doce de sua pequenina.

Como prometido, a festa foi organizada, havia cantorias, danças, comidas e bebidas; todos os convidados estavam extremamente extasiados por nunca terem estado em uma festa tão maravilhosa. Era uma festa para celebrar a vida daqueles que no futuro deveriam se tornar grandes amigos; todos parabenizavam os pais e levavam presentes enormes e interessantes para as crianças. Cebolinha ganhou uma blusa verde, Magali um vestido amarelo, Cascão recebeu uma bola, Carmem... Bem, era difícil dar presentes para quem já tinha tudo! Toni ganhou uma coroa cravejada de pedras preciosas (de seus pais, claro!), Denise, por mais que fosse um bebê, se encantou por um espelho e Mônica recebeu um vestido vermelho e um coelhinho azul de pelúcia.

No auge da comemoração, muitos convidados estavam extremamente bêbados, cantando em voz alta com palavras desconexas, agarrando-se uns com os outros, talvez nem lembrassem o motivo da festa. Claro que nessa hora as crianças recém-nascidas estavam em uma sala separada com a babá, Xabel, que estava extremamente chateada por não ter idade para ver e participar do que estava acontecendo. No auge de toda essa loucura, uma perturbação do lado de fora do salão chamou atenção, mesmo bêbados, todos voltaram-se para a rua, ouviu-se uma forte explosão e, logo em seguida, um odor terrível de enxofre.