Os 7 Pecados Capitais escrita por Talyssa


Capítulo 12
Traição do sangue


Notas iniciais do capítulo

Obrigada, muito obrigada por estarem aqui novamente ♥



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Casa da Mônica, terça-feira

Mônica passou a madrugada pensando numa forma de falar com Magali, queria muito pedir desculpas, mas não sabia como chegar na amiga. Ela fez vários testes na frente do espelho, onde imaginou formas diferentes de entrar no assunto, mas acabava se dando respostas que a Magá daria e desistia da abordagem.

Assim que os primeiros raios de sol saíram, foi para o banho e se vestiu com uma calça jeans normal e uma regata branca, não estava com muita vontade de se arrumar para ir à faculdade, estudava no período da tarde, mas precisava consultar a biblioteca para fazer um trabalho. Localizou sua mochila jogada ao lado da cama e ao pegá-la viu algo caindo, se abaixou para pegar o objeto e o viu cintilar refletindo a luz do sol.

Flashback on

Era a terceira vez que estava saindo com o Cebola desde que ficaram a primeira vez e como sempre seus nervos estavam a flor da pele, o estômago estava dando voltas e as roupas estavam espalhadas por todo o quarto. Mônica se encontrava, dramaticamente, sentada sob os joelhos com as mãos no rosto reclamando que não tinha roupa. Dona Luíza ia entrando no quarto e vendo a filha correu para ajuda-la, achando que era algo grave, quando soube do que se tratava deu um sorriso compreensivo para a filha e disse que ficasse calma, pois talvez tivesse a solução. Arrastou-a até o quarto ao lado e indo até seu guarda-roupa puxou um dos vestidos mais lindos que Mônica havia visto. A menina abriu um grande sorriso.

Vinte minutos mais tarde a campainha tocou, seu Souza atendeu e viu o garotinho troca-letras parado com uma dúzia de flores nas mãos, piscou umas vezes e esfregou os olhos, então pediu para um Cebola onze anos mais velho que entrasse para esperar a filha.

Cebola já ia cruzando a soleira, quando Mônica apareceu na sala. Ela estava maravilhosa, tinha o cabelo preso, mas com umas mechas caindo pelo pescoço, usava um salto alto com uma fina tira que acabava em seu tornozelo, mas o que mais impressionava era seu vestido, ele tinha frente única, sem alças, apenas preso ao pescoço, vinha justo até um pouco acima da cintura e soltava um pouco até o meio das coxas, o que chamava atenção era a cor, parecia que a garota estava vestida como noite lá fora, coberta com o céu enfeitado de estrelas.

Mônica riu da expressão boba do Cê e um pouco envergonhada colocou uma mecha de cabelo que caiu solta atrás das orelhas; foi até ele e lhe beijou. Embora tenha parecido um beijo rápido, só se afastaram ao ouvir o pigarro do seu Souza.

É... São pla você. – disse o menino nervoso entregando as flores. O cheiro delas era incrível! Parecia com o perfume que ela mesma usava. Passou as flores às mãos da mãe e se despediu dos pais dizendo que voltava no máximo às onze.

Cebola ainda não tinha seu próprio carro, então havia emprestado o de seu pai, levou Mônica a um restaurante no Bairro da Laranjeira e lá tiveram uma noite muito agradável com direito à jantar à luz de velas e músicas românticas.

Na saída, ele decidiu levar Mô para passear na beira de um lago.

E aí, Mô, gostou do jantar? – perguntou ansioso para que a resposta fosse positiva. – Foi incrível! Nunca tinha vindo num lugar assim... Você deve ter gastado uma grana alta, devia ter aceitado rachar a conta. – Nem pensar, garota! Além disso, venho ganhando uma boa grana fazendo a manutenção de uns computadores, celulares, essas coisas. – disse o menino dando de ombros.

Cebola colocou seu blazer na grama para eles sentarem, daí ficaram apreciando a companhia um do outro e o luar. Mônica percebia que o cinco fios queria dizer alguma coisa, mas toda vez que abria a boca desistia e continuava a olhar pro céu. Isso seguiu até que ela decidiu:

Cê, quer namorar comigo? – o garoto a olhou com uma expressão de quem não estava esperando por aquela pergunta, na verdade, ele ainda estava tomando coragem para fazê-la. Recuperado do susto e vendo que Mônica aguardava uma resposta finalmente a deu. Claro, Mônica! – e a puxou para um beijo que não iriam esquecer, aquela era sua garota, forte e decidida.

Conversaram e namoraram durante algum tempo, até que a menina percebeu que já havia se passado uma hora a mais do horário que disse que chegaria em casa. Eles levantaram apressados e foram para o carro. Chegando na porta da casa da dentucinha, Cebola puxou uma caixa do porta-luvas e a deu para a namorada, ao abrir Mô se deparou com um colar bem fininho de prata com um pingente com uma coroa e uma lua entrelaçados, Rei da Lua. - ela disse sorrindo, – E eu tenho um com um coelhinho. Assim que comprar meu carro, ele vai ficar para onde eu for, pendurado no meu retrovisor.

Demorou cerca de dois meses para ele ganhar um carro do pai, mas cumpriu sua promessa e levava um colar com pingente de coelho no retrovisor.

Flashback off

Mônica lembrava da cena com lágrimas nos olhos, parecia que tinha vivido isso anos atrás, mas na realidade tinha acontecido há onze meses, no dia do pedido oficial de namoro. Balançou a cabeça, esfregou os olhos e guardou o colar na gaveta de meias, não iria se preocupar com o sofrimento pelo término do namoro, o importante agora era pedir desculpas à amiga, pois ela ainda acreditava muito nas palavras de Vinícius de Moraes que diziam: “Eu poderia, embora não sem dor, perder todos os meus amores, mas morreria se perdesse todos os meus amigos”.

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Casa da Denise, terça-feira.

Denise ouviu o despertador tocar, mas acabou decidindo que era melhor ficar na cama mais um pouco. Geralmente acordava cedo para começar a se arrumar para a faculdade que era apenas no horário da tarde, mas naquele dia não estava muito afim de fazer nada.

Sentia-se um pouco cansada e fraca, provavelmente pelo dia anterior corrido, a dor de cabeça também não havia passado desde que chegara em casa. Decidiu ligar para Carminha, precisava falar com ela sobre os últimos ocorridos e, para ser sincera, queria ser mimada sempre que se sentia doente.

Carmem atendeu no sétimo toque.Alô... – Denise logo percebeu a voz de sono. – Oi, ami, sou eu. – Quem morreu, garota? – Credo! Ninguém, né. – Então porque raios você tá ligando essa hora da madrugada? – Que madrugada, Carmem, tá louca? São dez da manhã, camarão que muito dorme a maré leva, gatz. Então levanta dessa cama e vem aqui pra casa, tenho que te contar uns... – A próxima coisa que ouviu foi a linha sendo desligada pela amiga.

Começou a pensar no dia anterior toda enrolada nas cobertas fofas da cama. Ainda não entendia o porquê de se enrolar com o Cebola daquela maneira, pelo menos tinham usado proteção, disso ela lembrava, só o que faltava era um bebezinho melequento e chorão, seja de qual for o pai, atrapalhando seus planos de ser modelo e famosa. Mas o que mais a deixava encucada era o fato de ter achado que não estava com o Cê e sim com outro cara, isso era impossível! Será que estava ficando louca? Balançou a cabeça com esse pensamento, afinal o Cê também tinha acreditado que ela era a Mônica. Agora onde já se viu confundir ela com a Mô? Tá certo que a garota tinha lá seus atributos, mas, por favor, teria que ser muito lesado para não reparar que as curvas do seu corpo não se encaixavam.

A confusão que a Bruxa Viviane aprontou tinha sido muito grande mesmo e por enquanto, ninguém desconfiaria tão cedo de que ela tinha não só um dedo, como a mão inteira nessa briga da turma.

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Casa da Carmem, terça-feira

Pelo menos para uma coisa a ligação de Denise tinha servido, Carmem não conseguia mais pegar no sono e resolveu começar a colocar o plano de Toni em prática aquela manhã mesmo. Tomou banho, se vestiu, respirou fundo e seguiu para o escritório de seu pai, batendo a porta, entrou e lhe deu um beijo.

Bom dia, pai. Como está? – Sr. Frufu a olhou meio desconfiado, não estava acostumado a demonstração de atenção vinda da filha, mas respondeu com um sorriso. – Estou bem, meu amor. E você? Deseja alguma coisa? – Nossa, papai, eu não posso nem vir lhe ver que o senhor já supõe que eu queira algo. – Ah, então você não quer nada? Tudo bem, me desculpe. – falou com uma expressão um pouco irônica no rosto. – Bom, na verdade, eu quero sim... Mas dessa vez não é para mim. – o homem se ajeitou na poltrona, coçou o queixo e esperou, essa sim era uma novidade! – É que um tio de um grande amigo meu está precisando muito de um trabalho e como eu sei que você é um ótimo ser humano, vim lhe pedir para ajuda-lo. Será que não tem uma vaga na empresa? Ou até mesmo na ONG? – Ora, Carmem, você sabe que o quadro da empresa está completo, não tem possibilidades. E na ONG, só tenho um lugar vago, mas não daria para qualquer pessoa, é um cargo que exige que eu confie totalmente na pessoa. – ela ficou parada olhando o pai, como se estivesse considerando o que ele acabara de falar.

Papai, esse senhor está realmente precisando de trabalho, o pior é que ele parece ter uma formação acadêmica incrível, é formado em contabilidade e economia, mas teve que mudar de cidade em virtude do tratamento de saúde da esposa que precisa vir para São Paulo. Lhe dê uma chance, pelo menos uma entrevista. – o homem nunca tinha ouvido a filha pedir por alguém com tanto empenho, esse “amigo” devia ser muito importante para que ela já estivesse intercedendo por seu tio. Certo, filha, ouça: traga seu amigo e o tio dele para um jantar em nossa casa essa noite, assim aproveito para observar como ele se porta e se poderá ter uma vaga em uma de minhas instituições. Essa noite, papai? Tem certeza? Não é melhor no fim de semana, não sei... – Escute, você quer ou não quer a vaga para esse tio de seu amigo? Sim, pai, desculpe. Marcarei com ele agora mesmo e mais tarde lhe trago a resposta. – Deu um beijo no pai e saiu do escritório já com o celular na mão: Oi, Toni. É essa noite!

Maior do que qualquer traição, era aquela que estava para se desenrolar aquela noite. Uma traição do próprio sangue.

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Mônica desceu para tomar o seu café da manhã e encontrou sua mãe colocando a mesa. – Bom dia, filha, senta pra tomar café? – disse sua mãe. – Claro que sim, mãe. Cadê o pai? – Ele teve que ir para o trabalho mais cedo hoje. Mas estou te notando tão tristinha, aconteceu alguma coisa? – Mônica contou para sua mãe tudo o que tinha acontecido, desde a cena na casa do Cebola até a discussão na Magali. Dona Luíza ouviu tudo atentamente, tentando esconder a decepção com a traição no namorado da filha, ela realmente gostava do menino.

– Filha, eu sei que uma traição é complicada, para falar a verdade, meu início de namoro com seu pai foi um pouco conturbado... Mas, eu posso perguntar o que o Cebola disse quando você os pegou?

– Mãe, pra falar a verdade, eu não deixei falar nada...

– Ai filha, ele está muito machucado? Eu vou já ligar pra Lúcia pra saber se ela precisa de ajuda com as despesas médicas e...

– Desencana, mãe. Eu não bati no Cebola! – disse a menina revirando os olhos.

– Ah não? Bom, essa é uma novidade que eu recebo muito bem, filha.

Elas continuaram conversando por um tempo sobre a traição, Dona Luíza aconselhou a filha a não falar com Cebola até que estivesse calma, disse que sabia que estava doendo, mas que o tempo curava tudo e que estava apenas nas mãos da filha a decisão de perdoá-lo ou não e que ninguém teria nada a ver com isso. Mônica se limitou a ouvir a mãe, porém, não imaginava como seria capaz de perdoar o ex-namorado, por hora, não queria nem vê-lo.

O assunto passou a ser a Magali, combinaram que era melhor a Mô primeiro saber se a amiga queria falar com ela ou não, só quando a Magá estivesse preparada para ouvi-la é que pediria desculpas.

Mônica decidiu enviar uma mensagem para a amiga assim que acabou o café.

MENSAGEM ON

Oi, Magá. Tudo bem? Eu quero muito falar com você assim que puder e explicar a cena de ontem. Manda uma mensagem quando quiser me ouvir. Te amo, beijo ♥

MENSAGEM OFF

Mônica se despediu da mãe com um abraço, agradecendo pela conversa e indo mais tranquila para a faculdade. Ainda não tinha carro e com o fim do namoro também não tinha mais carona. Decidiu ir à pé até o ponto de ônibus e esperar a condução, já havia se passado uns dez minutos, quando um carro preto parou perto da garota.

– Eu não posso te dar uma carona? – disse o rapaz baixando o vidro fumê e destravando a porta para que ela entrasse.

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Casa da Magali, terça-feira

Magá tinha se dado ao luxo ficar na cama até um pouco mais tarde, às terças suas aulas eram apenas no período da tarde. Como a cada dia que passava se sentia mais cansada, agradecia aos céus poder ficar de bobeira na cama.

Estendeu a mão e pegou o celular na mesa de cabeceira, viu que já passava das dez. Abriu o whatsapp para checar suas mensagens, seu coração deu um pulo quando identificou a primeira mensagem do Cascão.

MENSAGEM ON

Cascão: Oi, linda. Só passando pra desejar um bom dia! Adivinha quem acordou cedo? Dã, eu né. Mas adivinha qm ñ tem q ir pra aula hj já q vc ñ vai? EU TAMBÉM! ÊÊÊÊ! Bom, passo ai mais tarde pra ver como cê tá. Beijos :*

Magali: Bom dia, Cas. Vc ñ deveria faltar aula só pq eu ñ vou. Vai acabar reprovando se continuar faltando assim. Você sabe que seus pais se matam pra pagar a facul, não decepciona eles! Sem beijos pq não tá merecendo.

Cascão: Ah não! Sem beijos? Qual é, Magá! Cê sabe que meu dia ñ começa bem sem beijos.

Magali: Bobo! Passa aqui depois. Precisamos dar um jeito de ajudar a Mônica e o Cê.

Cascão: Sem beijos, sem ajuda!

Magali: ...

Cascão: Esperando...

Magali: Tá, Cas. Mas não demora.

Cascão: Já fui!

MENSAGEM OFF

Magali olhava para a tela do celular com um sorriso bobo no rosto. Até que ponto seria capaz de levar aquela amizade sem se machucar? Salvou a conversa e já ia largando o celular quando recebeu uma notificação de mensagem. Voltou os olhos rápido para o aparelho pensando que era o Cas, mas teve uma grata surpresa quando leu a mensagem de Mônica, respondeu que ela poderia passar em sua casa à noite.

Magá foi para o banho e começou a cair sua enxurrada de pensamentos, pensava na amiga, ainda estava muito chateada por ouvir tudo aquilo da boca dela, mas sabia que no fundo não havia sido intencional, há muito tempo, Magali procurava desculpas para o jeito impulsivo dela, porém, ficava cada vez mais difícil de ajudar. Se não soubesse que Mônica tinha acabado de ver o garoto que amava desde a infância a traindo, sentia que mesmo gostando muito da gorduxinha a amizade delas ficaria abalada por algum tempo.

Queria poder ficar um pouquinho mais chateada, não queria que Mônica achasse que era só estalar os dedos que tudo o que havia dito teria se apagado, mas era difícil, no seu íntimo já tinha perdoado a amiga sem nem ela pedir perdão. Será que era tão ingênua como o Cascão dizia?

Sobre o Cascão, já tinha decidido que não conseguiria afastá-lo, mas não queria se atirar para ninguém e nem poderia fazer isso. Estava conformada em viver uma amizade colorida só nos seus pensamentos.

Finalizado seu banho, se vestiu e desceu para o café da manhã, a ideia inicial era comer apenas algumas frutas e um pãozinho, mas quando viu a mesa farta, acabou comendo a quantidade que deveria ingerir pelo dia inteiro. Infelizmente seus pais não percebiam o que acontecia depois disso e, por um tempo, nem mesmo ela notava. O sentimento que vinha após comer exageradamente era a culpa, Magali começava a odiar a si mesma por não conseguir se controlar e acabava sempre no banheiro com sua escova de dentes no fundo da garganta.

Por certo tempo, e até agora, conseguiu manter seu peso normal, o que possibilitava que todos a achasse “saudável”, essa imagem iludiu até a ela própria logo no início. Mas agora, ela começava a perceber a parte ruim da mia, a fadiga, os dentes e ossos frágeis, os vasos sanguíneos do rosto dilatados, fazendo com que ela necessitasse estar constantemente com maquiagem, fora outros problemas que tinha certeza que apareceriam. Magá sabia que estava doente, porém, ainda não tinha coragem de pedir socorro; em sua cabeça, conseguiria abandonar aquilo quando quisesse, pura ilusão.

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Mônica olhava sem acreditar para o motorista do carro, mas era muito cara-de-pau mesmo.

– O que te faz pensar que eu entraria nesse carro, Cebola? – perguntou respirando fundo, falando pausadamente, tentando controlar a raiva que começava a borbulhar no estômago. Já tinha chorado muito, ficado triste e o próximo estágio, é claro, era a vontade de esganar o traidor.

– E-eu só achei q-que você fosse plecisar de calona pala chegar à facul, só isso. – começou Cebola já nervoso, talvez não tivesse sido uma boa ideia.

– Não, não preciso, obrigada. Quem sabe a Denise vá amar uma carona pra facul mais tarde, passa lá. – falou já andando e fazendo sinal para o ônibus que finalmente chegava.

Cebola viu a Mônica subindo no ônibus e também arrancou com seu carro, não tinha sido uma boa ideia tentar falar com a garota agora, é claro que ainda estava querendo mata-lo. Era melhor seguir com o plano e ir para a casa de Magali, ela havia dito que o ajudaria a reconquistar a Mô, mas que com certeza isso levaria tempo.

Estacionou o carro na entrada e tocou a campainha, Magá estava com cara de doente, como se tivesse acabado de passar mal. Ele questionou se estava tudo bem e, uma vez mais, a amiga mentiu dizendo que sim. Não demorou muito e o Cascão também chegou.

Cebola disse que não tinha muito tempo, pois tinha que estar na facul às duas da tarde e já foi se convidando para almoçar na casa da amiga; Cascão aproveitou e fez o mesmo. Eles então sentaram-se à mesa da cozinha para conversar enquanto Dona Lili acabava de preparar o almoço; Magá avisou que Denise tinha enviado uma mensagem dizendo que não se sentia bem e, por isso, não iria à reunião; “É chave!”, falaram os três juntos e começaram a rir, a menina estava precisando ouvir esse som.

Conversaram durante algum tempo e chegaram à conclusão de que a primeira parte do plano seria dar um tempo para a Mônica, ela precisava disso para poder se encontrar e descobrir se seria capaz de perdoar o Cebola. A segunda fase era fazer com que ela ouvisse alguém de confiança, Magali, que explicaria a história do ponto de vista do Cê, era difícil de acreditar, eles concordavam, mas não tinha outro jeito além da verdade; quem sabe ouvindo da melhor amiga a Mô não poderia dar o benefício da dúvida para o troca-letras.

Magá deixou claro que era importante o Cebola se manter afastado de Denise durante esse tempo, se não tudo poderia ir por água a baixo. A oportunidade dos dois ficarem a sós viria dentro de um mês, no aniversário da Magali, onde toda a turma tinha sido convidada a passar o fim de semana na casa de praia do Xaveco.

Depois do almoço, Cebola se despediu dos amigos, mais contente de ter um plano traçado, isso lhe trazia esperanças, e foi para a faculdade sentindo-se mais leve. Até ficaria um pouco mais com os dois, mas tinha a sensação de que queriam ficar sozinhos, além disso, às terças tinha aula de Algoritmos e Técnicas de Programação, não entendia porque os amigos ficavam tão ansiosos nessa aula, era besteira para ele, inclusive gostava muito dos assuntos apresentados, com certeza fecharia o semestre com uma nota ótima nessa disciplina.

Assim que o Cebola saiu, Magá e Cas foram para a sala da casa assistir a um filme do Cosmo Guerreiro, herói do Cascão. Eles tinham acabado de almoçar, mas Magali já trazia um balde cheio de pipocas e refrigerantes para dividirem. No meio do filme, o celular da Magá deu sinal de notificação, era a Mônica avisando que chegaria às seis na casa dela.

Magali se divertia vendo as reações do Cascão com o filme que já tinha assistido no mínimo vinte vezes. O garoto não prestava atenção em nada do que acontecia ao seu redor, se tivesse olhado para o lado, teria visto a menina rindo completamente apaixonada para ele.

Quase no fim do filme, Cascão notou que a amiga havia dormido no sofá ao seu lado, esquecera que nem todo mundo conseguia assistir um único filme tantas vezes quanto ele. De repente o filme já não era tão interessante, ele virava constantemente da TV para a garota, em certo momento já tinha esquecido-se do Cosmo Guerreiro, Magali estava dormindo tão serena que ele passou a se concentrar nos seios da garota que subiam e desciam conforme sua respiração, sentiu vontade de lhe acariciar a face e foi isso que fez. Magá se mexeu um pouco, mas indo em direção ao peito do Cas e se acomodando bem ali, devagar, ele passou um braço ao redor dos ombros dela e conseguiu sentir o aroma que emanava dos cabelos recém-lavados, “Melancia...”, pensou rindo.

O filme acabou e junto com ele todos os créditos. Assim que a música chegou ao fim, Magali espantou-se e percebendo que o Cas estava a abraçando não quis se mexer, ela até não poderia fazer nada concreto, mas quem lhe julgaria se tivesse feito tudo dormindo? Só que acontece uma coisa estranha quando você está tocando em alguém sobre o qual tem plena consciência que não é tão normal fazê-lo, quando você percebe o que faz, tenta ficar o mais quieto possível e é exatamente isso que lhe denuncia.

Magá preferiu fingir que estava acordando e levantou pedindo desculpas para o amigo, que por sua vez disse que não tinha sido nada. – Desencana, Magá. Não teve problema nenhum, você só pegou no sono e se mexeu um pouco. – disse o sujinho fingindo dar de ombros, mas na verdade tinha se importado muito sim com aquele gesto, tinham sido bons minutos. – Bom, ainda bem que não incomodei... Agora Cas, daqui a pouco a Mô tá por aqui e se ela te ver de novo comigo pode gerar mais confusão, então... – Não precisa explicar, Magá, já tô indo. – disse já levantando para ir.

Magali levantou para leva-lo até a porta de casa, mas antes de chegarem Cascão subitamente virou e ficou frente a frente com ela. Ele diminuiu a distância que havia entre os dois, estava muito perto, perto até de mais. Colocou os braços na cintura da Magá e a puxou para si, sentia que cada parte do seu corpo que encostava na menina estava em brasa. Pela cabeça do Cascão passavam milhões de coisas, tinha acabado de terminar com a Cascuda e a Magá tinha namorado, o que estava fazendo? Ao invés de desistir ele preferiu abaixar a cabeça, fechar os olhos e dizer a poucos centímetros da sua boca: - Eu acho que alguém me prometeu beijos hoje de manhã... – falou com uma voz baixa e calma, sentindo a respiração da Magá bem próxima. A comilona sentia seu coração acelerando, quase saindo pela boca, já não sabia o que fazer, decidiu então fechar os olhos e simplesmente cumprir sua promessa.


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Notas finais do capítulo

Confesso que eu estou ansiosa para postar o próximo capítulo, mas vou aguentar até amanhã ;D
Beijos



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