Itsumo escrita por Cactus Stories


Capítulo 2
A cobra.




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Acordei mais cedo do que o normal, com o meu despertador do Nyan Cat tocando, tinha programado para mais cedo exatamente pelo fato de que era o primeiro dia de aula, e eu precisava estar pelo menos apresentável. A coisa que eu menos queria era chegar no primeiro dia de aula parecendo uma mendiga.

Uma mendiga atropelada.

Arrumei o cabelo, coloquei o uniforme, que eu havia passado na noite anterior, peguei minha mochila, coloquei meus fones de ouvido, tomei café e saí de casa. Entrei no metrô, saindo na estação próxima à escola, andei as duas quadras que faltavam e chegue no colégio, a música era minha barreira, com ela, eu não precisava escutar as buzinas, ou os gritos, palavrões, nem nada do tipo, só eu, meus fones, e minha música.

Até chegar no colégio.

Fui direto para a minha classe, tomando o cuidado para passar longe da Nakata, ela era a garota mais insuportavelmente metida e ridícula daquela escola, e todos amavam ela. Me sentei no canto da parede, onde eu podia apoiar a vontade, ás vezes eu queria poder ver um Death Note cair na minha frente, ou conhecer um Shinimgami, ou virar uma Jinchuuriki, algo do tipo. Gostaria de ter um pouco mais de magia presente aqui.

Nem que fosse somente uma gota...

– Ohayo, Todashi-san. - cumprimentei o professor de Matemática, entediada.

Copiei toda a matéria do quadro, resolvi os exercícios e fui dispensada, eu fui a primeira a sair, até porque eu não estava conversando com ninguém, eu nunca converso com ninguém, os outros vivem me chamando de anormal, mas, eu nem ligo.

Fui comprar alguma coisa para o lanche na cantina da escola, peguei um suco de caixinha, de uva, e um anpan de geleia de morango, eu ia pegar um pedaço de kasutera, mas tinha acabado. Fui comer no pátio, perto de uma árvore, uma ameixeira, quando percebi dois garotos falando algo sobre "pegar a cobra que tinham visto", olhei para eles, conseguindo enxergar a situação.

Eles estavam encurralando uma cobra branca de olhos vermelhos, dentro do oco da ameixeira, e estavam tentando matá-la usando gravetos afiados, o oco era encostado com o chão, então, eles estavam abaixados.

– Vamos logo, Haru! - o moreno falou para o loiro, que estava abaixado, tentando espetar a cobra.

– Estou indo, Akira-kun. - reclamou, tentando acertar a cobra mais uma vez. - Que bicho nojento, eu tenho mesmo que fazer isso?

Chutei a mão do garoto, fazendo o graveto voar longe, ele se virou pra mim, irritado, e eu lancei um olhar mortal para o mesmo. Ele se levantou, mostrando ser bem mais alto do que eu, mas eu continuei encarando, agora com a cabeça levantada.

– O que você pensa que estava fazendo? - ele perguntou. - Minha mão está doendo!

– E eu com isso? - falei, fria. - Vocês deveriam se envergonhar, são ridículos, não sabem que as cobras brancas são mensageiras divinas? Além disso, era só um animalzinho indefeso, e ele estava assustado!

– Você tem problema... - ele riu, irônico. - Era só um animal estúpido.

– Só consigo ver dois animais estúpidos aqui, - olhei para os dois garotos. - e eu posso te dar a certeza de que nenhum deles é uma cobra.

Peguei a cobra, tomando cuidado no começo, mas ela parecia entender o que eu tinha feito, pois se enroscou no meu braço, amigavelmente. Examinei a mesma para saber se estava machucada, e fiquei aliviada ao perceber que eles não tinham acertado nenhuma parte do corpo da mesma.

– Bem, eu vou te deixar em paz, agora. - sorri para a cobra, soltando-a no chão.

Ela sibilou, se afastando, olhei para as pessoas em volta de mim, pareciam assustadas, olhavam como se eu fosse uma louca. Me levantei, limpei a poeira da saia e entrei na sala, me sentando no meu lugar. Ignorei os cochichos próximos, até que, no final do horário, Nakata se levantou e veio falar comigo.

– Você é mesmo estranha, hein, garota-cobra? - ela riu.

– Pelo menosss cobrasss não humilham osss outrosss. - puxei o "s" nas palavras, só para esfregar na cara dela que eu não me importava com o apelido.

"Ei, as cobras não falam assim!" uma voz masculina ecoou na minha cabeça."Desculpe, estava só provocando..." pensei, na esperança de que essa tal voz escutasse, acho que ela escutou, porque não reclamou mais, de qualquer maneira, ela poderia simplesmente estar me ignorando.

Espera, uma voz falando comigo por telepatia? E eu estava respondendo?! Estou ficando mais louca do que o normal! Acho que preciso de um médico, urgentemente! Me levantei, ignorando Nakata, e fui para a saída, estava andando na direção do metrô, quando senti alguém me puxar, eu não entendi o que estava acontecendo direito, afinal, estava escuro, e eu estava sendo puxada, mas, de qualquer maneira, tentei ver o local onde me encontrava, um beco.

No instante em que entendi o que estava acontecendo, as coisas passara como flashes, um homem estava me segurando, falando alguma coisa no meu ouvido, e ele estava prestes a fazer alguma coisa, quando arregalou os olhos e paralisou, olhando para o pé. Logo após isso, ele me soltou e desabou no chão.

Segui o olhar do homem, parando em seu pé, e, estranhamente, lá estava a cobra, com os dentes enfiados na perna do homem. Me abaixei, fazendo a cobra se virar para mim, por algum motivo, sabia que ela não ia me atacar.

– Arigatou Gozaimasu. - sorri, fazendo carinho na cabeça da cobra.

Me levantei e corri para pegar o metrô, chegando em casa, tomei um banho demorado, aquele dia foi estranho, primeiro, eu salvo uma cobra, segundo, uma voz na minha cabeça, terceiro, a cobra que eu salvei algumas horas atrás me salva. Eu estava tão assustada com tudo isso...

Jantei um lammen instantâneo, afinal, estava com preguiça de fazer algo melhor, assisti alguns episódios dos meus doramas e fui dormir, estava ficando tarde, e, no dia seguinte, eu também não queria ir para a escola parecendo uma mendiga.

Principalmente se fosse uma mendiga atropelada.


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