Simples Desejo escrita por Nah


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas cheguei! Espero que gostem!!



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À grande sala de estar, uma cena típica de uma tradicional – e rica – família inglesa. O senhor e a senhora Herman sentados ao sofá, ela em seu habitual livro, ele em seu jornal. A única coisa que a diferencia dessa tipicidade é o fato da ausência da tão comum frieza – esta quebrada por olhares e sorrisinhos trocados por entre as folhas.

Sei que coro ao sentir seu olhar sobre mim, e que vez ou outra meu olhar se demora sobre ele mais do que deveria. Alexandre apenas sorri, provocando o mesmo em mim. É involuntário, e sinto-me extasiada pela sensação que isso me traz.

De repente, sou puxada, deslizando com facilidade pelo sofá até estar ao seu lado. Alexandre inclina-se sobre mim, a intenção clara de me beijar. Tento esquivar-me, mas tenho suas mãos muito bem presas ao meu corpo, impedindo-me a fuga.

– Alguém pode chegar. – tento soar critica, mas há um sorriso estupido em meu rosto.

– Eu não ligo. – Alexandre ronrona próximo ao meu ouvido, transferindo um beijo logo abaixo dele, eriçando todos os meus pelinhos. Em seguida, tenho seu rosto próximo ao meu, sua boca pairando sobre a minha. Até que há um pigarro.

Clement está parado junto à porta, sem encarar-nos. Afasto-me depressa de Alexandre, que tem um sorriso presunçoso nos lábios, parecendo totalmente satisfeito com a situação. Balanço a cabeça em negativa para ele, e seu sorriso aumenta.

– O que foi, Clement? – percebo pelo tom não tão amistoso de Alexandre que Clement não é um de seus criados favoritos, e creio que a culpa disso seja minha.

– A senhorita Herman, senhor.

Alexandre franze o cenho. – Deixe-a entrar.

Ele olha para mim, em confusão. Clarice surge na grande sala, aparentando exuberância em seu vestido branco, o cabelo levemente dourado, igual ao do irmão, preso em um penteado alto.

Levantamo-nos para uma rápida reverencia, e Clarice sorri abertamente para mim. Por um momento suspenso no ar, parecemos cumplices de algum segredo, e Alexandre estreita os olhos para nós.

– A que devo sua visita, Clarice?

– Desculpe-me vir assim, mas precisamos conversar. Sobre a mamãe.

– Mais bilhetes?

– Não, felizmente.

Alexandre opta por conversarem ao ar livre, ordenando uma criada a servir o chá.

– Vou para o quarto. – anuncio para Alexandre quando Clarice não está mais no nosso campo de visão.

– Não, venha conosco. – ele mantem a mão suspensa no ar, estendida para mim.

– Não quero intrometer-me nos assuntos da sua família.

– Mas você é da família agora.

Seguro, um pouco incerta, a sua mão, e seguimos para a área externa casa. Há uma pequena mesa e algumas cadeiras a sua volta, e, assim que a criada termina de servir o chão, Clarice desata a falar.

– Mamãe está muito estranha desde aquele bilhete. Bem, na verdade, já estava antes. Mas piorou.

– Estranha como? – Alexandre parece genuinamente preocupado, assim como Clarice.

– Está quieta, pelos cantos, mal conversamos agora, parece assustada. E está saindo muito, Alexandre. Dei graças aos céus que ela parece estar fazendo isso às escondidas, pois não há comentários entre as pessoas. Imagine, como sujaria nossa reputação se mamãe fosse vista caminhando sozinha pela cidade, ainda mais a noite.

Alexandre leva a mão ao queixo, seus dedos esfregando ali, enquanto ele encara um ponto fixo no nada, parecendo ponderar algo. Beberico meu chá, meu olhos presos em seu rosto bonito, onde admiro cada detalhe. Quando desvio meu olhar para Clarice, noto que fui pega encarando meu marido. Ela tenta sufocar um sorrisinho, mas falha. Meu rosto queima. Pega outra vez.

– Você faz alguma ideia de para onde ela está indo? – Alexandre diz, enfim.

– Não. Já tentei perguntar, mas ela não diz, sempre desconversa. Tentei pagar um dos criados para segui-la, mas são uns incompetentes. Creio que devem ter medo de mamãe os demitir.

– Será que o bilhete realmente tem algo a ver com isso?

– Bem, eu não sei. Mas desde então os fluxos de saída aumentaram. Eu sabia que ela estava escondendo algo, mas agora ela está com dificuldade até mesmo em não demonstrar isso.

Alexandre olha rapidamente para mim, o ar tenso e preocupado ali, e sei o que está passando em sua cabeça. Subitamente, sinto uma fisgada de culpa. É a mim que o Hugo quer. É por minha causa que ele está fazendo isso.

– Vou tentar conversar com ela, e mandarei meus homens ficarem de olho pela cidade, para o caso de ela se descuidar.

Clarice assente, um sorriso se desenrola em seus lábios. – Fui convidada para mais um baile. Espero ser cortejada por um bom partido logo.

Alexandre revira os olhos, com carinho.

– Para mim, você sempre será nova demais para casar.

Ela faz uma careta, sorrindo ironicamente para o irmão. – Então a Rosie também era nova demais para casar?

Alexandre direciona o olhar para mim, e está sorrindo novamente.

– Bem, podem me condenar, mas eu não poderia esperar mais um dia para tê-la.

*

No mais tardar da noite, depois de deslizar em meu robe de dormir, estou em frente ao espelho escovando meus cabelos. Alexandre entra em seguida, vindo de seu escritório, creio. Estou perdida em pensamentos, a escova perpassando mecanicamente sobre os fios.

– Por que esta expressão no rosto?

Não respondo de imediato. Termino o trabalho em meus cabelos, e quando viro-me, deparo com o peito desnudo de Alexandre. Desvio o olhar rapidamente para seu rosto, tentando concentrar-me em minhas aflições.

– Creio que eu deva partir. – falo de supetão, o surpreendendo.

– O que disse? – o encaro sugestivamente. – Ficou maluca? Você não irá a lugar algum.

– Isso tudo está acontecendo porque estou fugindo. É a mim que o Hugo quer. Talvez se eu for vocês terão alguma paz, e evitará problemas futuros.

Alexandre balança a cabeça, incrédulo, e parece não encontrar as palavras certas.

– Esse idiota mexeu com a minha família muito antes de você aparecer em minha vida, Rosie. E infelizmente eu não pude fazer nada, mas isso não vai acontecer com você. Ele não irá encostar um dedo em ti porque eu não irei permitir.

– Mas não me agrada a ideia de ser a causadora de tamanha desordem, ou de ser a solução e estar aqui, sem fazer nada.

Alexandre nega seguidas vezes com a cabeça, capturando a minha em suas mãos. Seus olhos cravados nos meus agora marejados.

– Pare. Você não é a causadora de nada, Rosie. Você não tem culpa. – nos encaramos por infinitos segundos, há tantas coisas cravadas em seu rosto que não consigo distinguir. – Eu olho para você e não consigo livrar-me do sentimento de quão preciosa você se tornou para mim, mesmo em tão pouco tempo. Trouxe-te para cá, jurando a mim mesmo que iria te proteger, e irei morrer fazendo jus a minha promessa.

Pisco, e uma lágrima teimosa escorre pelo meu rosto. Antes que ele consiga captura-la com sua mão, lanço-me sobre seu corpo. O abraço com tamanha força, como se estivesse afundando e ele fosse meu bote salva-vidas, de repente inundada pela sensação de que sem ele estaria perdida. Sensação esta que aumenta o medo de perdê-lo que eu provara antes diante da ameaça naquele bilhete.

Soltando-o, o guio para a cama, onde nos sento frente a frente, mudando um pouco o rumo de nossa conversa.

– Por que essa relação não tão afetuosa com sua mãe?

Ele suspira, parecendo cansado. – Não consegui lidar com o sofrimento dela com a ida do meu pai. Eu não conseguida lidar com o meu próprio sofrimento, e ver tantos sofrimentos alheios... Sentia-me desesperado. Precisei me afastar, e isso esfriou nossa relação. Acredito que, em parte, porque ela não insistiu.

– Você acredita que o comportamento dela tenha a ver com o Hugo?

– Eu não sei, é difícil de acreditar. Ela não sabe sobre ele. – Alexandre faz uma pausa, e analisa-me com apreensão. – Meus homens o viram, em Londres.

Sinto algo desagradável no estomago. De repente, se tornou tão ruim falar sobre ele. É como um lembrete constante de que fui enganada.

– Ainda há chances de ter sido ele que deixou o bilhete?

– Sempre há, mas não estou tão certo disso.

– O que posso fazer para isso acabar logo?

– Pode prometer que ficará aqui, quieta, sem mais ideias estupidas de ir embora. Deixe-me cuidar de você.

Sorrio um pouco. – Vou ver o que posso fazer pelo senhor.

E minha boca encontra a sua.

*

No dia seguinte, meu humor não está tão agradável devido às preocupações do dia anterior. Mas, apesar disso, tenho uma manhã aprazível à cozinha na companhia de Margaret. Ao final da tarde, quando estou a atravessar o salão, sou capturada de supetão por mãos, e em seguida, estou nos braços de Alexandre. Não o vira todo o dia, e meu peito inflama de uma sensação boa ao ver seu sorriso presunçoso.

Afastando-se um pouco, Alexandre inclina-se, convidando-me a dançar com ele. Franzo o cenho, mas estou sorrindo estupidamente quando junto minha mão a sua. Começamos então uma dança silenciosa, presos ao nosso próprio mundo.

– Devo dizer que a senhora é uma das mais belas damas que já vira em toda minha vida.

Reprimo um riso e entro em seu jogo. – É deveras prazeroso ser cortejada por alguém como o senhor.

– Seria um descuido de minha parte deixar passar a oportunidade de convida-la a me acompanhar amanhã no festival da colheita na cidade. Eu, como bom marquês, creio que não deva falhar com este compromisso, e agora, creio que você também não deva.

– Nada me daria maior prazer.

– Sei de varias coisas que te dariam maior prazer, e todas elas me envolvem.

Transfiro uma bofetada em seu braço, rindo. – Você não perde uma, não é?

– Jamais.

Inclino-me em sua direção, ansiando pelo contato de nossos lábios. Alexandre para e ergue uma sobrancelha.

– Alguém pode chegar. – há sarcasmo em sua voz, uma ironia a minha frase do dia anterior. Rio um pouco, aproximando-me mais.

– Eu não ligo.


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