Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 17
A Ursa e a Águia


Notas iniciais do capítulo

OI :D
Boa leitura e leiam as notas finais, por favor!



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Astrid e Lupe desceram para dentro da árvore, escorregando e sujando as vestes de terra até alcançarem o solo. A latina disse, cerrando os dentes:

— Dá para sair de cima de mim, lindona? Osso pesa.

Astrid saiu de cima da amiga e se levantou, ficando curvada para não bater a cabeça no teto do que parecia um caminho subterrâneo de terra escuro e imundo, provavelmente uma passagem que a levaria para onde sentia que devia estar.

— Devíamos ter tentado mais alguns feitiços ao invés de sairmos pulando galhos até aqui. – Lupe se levantou também, passando a mão em um corte que havia ganhado no cotovelo, cortesia do Salgueiro Lutador. Seus cabelos negros estavam bagunçados e cheios de nós.

Além do corte na bochecha, Astrid estava com os joelhos ralados e seus pés doíam. Ela tirou a varinha das vestes e disse:

Lumus.— Guadalupe fez o mesmo, e as duas começaram a caminhar – Poderia ter sido pior... E você é bem flexível e uma ótima ginasta, se machucou bem menos que eu. Pare de reclamar.

— Quem diria que participar da equipe de ginástica iria me ajudar em alguma coisa, não? – Lupe riu.

Quando as duas fizeram uma curva para a esquerda, o som de um uivo cortou o silêncio da noite. Lupe abafou um grito e os pelos da nuca de Astrid se arrepiaram. Rachel está por perto, ela podia sentir. É ela, eu sei que é. Então, se sentiu confusa. Pensou que estivesse seguindo Belle e Sapphire, mas acabou que tudo o que ela sentia dentro de si a trouxe para Rach. 

Lembrou-se de que Lupe – que agora estava paralisada de medo - não sabia sobre o segredo de Rach. Astrid abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer:

— Lupe, você vai precisar ter coragem agora. – a loira media cuidadosamente suas palavras – Há algo que eu não posso te contar... Mas de qualquer forma você vai acabar descobrindo, já que estamos aqui.

— Do que você está falando? – sussurrou Lupe – Trid, é melhor irmos embora. Vamos esquecer isso, pelo amor de Merlin.

— Eu não posso dizer nada. – murmurou Trid, mordendo o lábio inferior – Mas você precisa acreditar em mim quando digo que esse som não é de um monstro, e que precisamos ajudar uma amiga que está aqui por perto. Você confia em mim?

Hesitante, Lupe assentiu com a cabeça e começou a andar na frente sem dizer mais nada. Isso era o bastante para Trid. As duas seguiam o som dos uivos. Quando chegaram mais perto do destino, Astrid e Guadalupe se entreolharam ao ouvirem outro som: um ronco de urso. Depois de um pequeno intervalo de tempo, os barulhos cessaram.

Depois de andarem por alguns minutos, pararam aos pés de uma escada. Os sons vinham do fim dela, de trás de uma porta. No segundo degrau estava pousada uma belíssima águia branca, de olhos peculiarmente verdes.  Ao notar a presença das duas, a águia voou até o último degrau, piando e se esquivando ao passar por uma pequena fresta da porta. 

As duas garotas subiram as escadas correndo. Sem mais delongas, Astrid abriu a porta devagar e entrou com Lupe em seu encalço. As duas olharam ao redor da grande sala retangular: Era suja e com móveis antigos, muitos deles quebrados. Havia apenas uma pequenina janela que exibia a luz da lua cheia (onde a águia pousou com elegância), e ao lado desta, repousando em um sofá arranhado e com as molas saindo, repousava uma enorme ursa negra. Ela despertou com o rangido da porta e encarou as duas visitantes por alguns segundos, antes de caminhar até elas com rapidez. 

Lupe, aterrorizada, apontou a varinha para ela e estava prestes a dizer um feitiço quando Trid interrompeu-a:

— Não, Lupe. Espere um segundo.

A ursa virou as costas para as duas garotas e ficou parada na direção de uma pilha de travesseiros e cobertores sujos, em posição de ataque.

— Ela está nos protegendo de algo. – Astrid disse, perplexa.

Lupe estava prestes a questionar, mas se calou quando a pilha se mexeu. Da confusão de travesseiros, uma criatura esguia, lupina e peluda esticou o pescoço, farejando até encontrar as duas visitantes. Saiu da pilha silenciosamente, rosnando em tom baixo.

— Puta que pariu. – Lupe segurou o braço da amiga – Esse bicho deve ter comido a pessoa que viemos ajudar.

— Na verdade... Esse bicho é a pessoa que viemos ajudar, Lupe. 

Lupe riu nervosamente, mas ao olhar para o semblante sério de Astrid, percebeu que não era uma piada. A criatura tentou avançar em direção às garotas, mas a ursa derrubou-a, jogando o animal para longe com a pata esquerda. Enquanto o bicho se recuperava do golpe, a ursa empurrou Astrid e Lupe desengonçadamente para trás do sofá.

A criatura levantou-se e, com um uivo irritado, correu até a ursa e arranhou seu peito, fazendo-a urrar e tombar no chão. A águia voou da janela e pousou nas costas da loba, arranhando suas costas. O animal, por sua vez, deitou de costas para o chão e espantou a águia com as patas. As duas garotas assistiam a luta silenciosamente.

A ursa tentava se levantar com dificuldade e a águia desviava das patas da loba, mas não conseguiria distraí-la por muito tempo. Desesperada, Astrid sussurrou para Lupe:

— Não podemos deixar que se matem. Precisamos ajudar, mas sem machucá-los. – ela mordeu o lábio inferior – Me dê cobertura, eu vou me aproximar.

Lupe assentiu – sem hesitar dessa vez - e, com um aceno de varinha, apontou para a loba torcendo para que funcionasse:

Confundus.

Por alguns instantes, a criatura parou de atacar a águia e virou-se para o outro lado, atordoada.

Astrid caminhou lentamente até a loba, concentrando todas as sensações que haviam na trazido para aquele local enquanto olhava fixamente para a criatura. A garota não sentia medo; não havia motivo para isso. Não era só porque conhecia a mulher loba, mas sim porque algo dentro dela a incitava a avançar. Quando enfim o feitiço que Lupe havia feito cessou e a loba ergueu os olhos para encarar Astrid, não avançou um passo sequer. As duas ficaram ali paradas, contemplando uma a outra. Por um instante, Trid entendeu que Rach, naquele momento, estava sã e compreendia o que estava acontecendo. A loba voltou o olhar para a águia – com a asa esquerda ferida - pousada na janela, depois para a ursa, que se contorcia de dor. Desatou a uivar um choro triste e caminhou até o animal maior, lambendo suas feridas.

De repente, a grande ursa negra começara a encolher, perder os pelos rapidamente e tê-los substituídos por pele humana, pele negra. O focinho desapareceu, dando lugar a um nariz achatado. Cabelos negros cresceram-lhe na cabeça; Trid e Lupe puderam reconhecer Sapphire. O peito da garota sangrava e ela dizia algo com uma voz fraca:

— Está tudo bem, Rach... Não é culpa sua.

— Rach? – Lupe saiu de perto do sofá, arregalando os olhos – Você quer dizer que... – apontou para a loba – ela é Rachel? Nuestra Rachel?

Antes que Astrid pudesse dizer algo, uma voz familiar resmungou da janela:

— Sim, nossa Rachel. E se você abrir a boca vou mandar ela te lascar uma mordida, sua idiota. – disse Belle, correndo até Rach e Sapphire. Astrid e Lupe a acompanharam. – Vocês tinham que se meter, não é mesmo? Nós estávamos segurando bem as pontas, mas vocês vieram e descontrolaram ela!

— Então você era a ave... – Lupe, ainda hesitante, mantinha certa distância da loba.

— Não sabíamos que eram animagas. – disse Astrid, franzindo a testa.

— Surpresa. – disse Sapphire, ofegante. – Agora me ajudem, por favor.

Astrid afagou o pelo da mulher loba, fazendo com que esta se virasse:

 - Está tudo bem, Rach. Nós cuidamos dela a partir de agora.

A loba, como quem consente, afastou-se de cabeça baixa. Antes mesmo que Astrid pudesse executar algum feitiço, a porta se escancarou com violência, assustando as garotas.

Aurelia Oberlin entrou sem pedir licença, correndo até Sapphire com uma expressão séria. A loba virou-se para a mulher, preparada para avançar. A senhora acenou com a mão para Rach e ela caiu desmaiada em segundos. Ficou de joelhos e tirou a varinha das vestes, primeiro apontando para o braço de Belle:

Férula. – bandagens se enrolaram ao braço de Trid, imobilizando-o.– Por Merlin... Que bagunça aconteceu aqui.

— Quem é você? – perguntou Isabelle. – O que fez com a minha amiga?

— Eu esperava que você fosse dizer “Obrigada”, mas essa é uma boa frase também. – disse Aurelia sarcasticamente – Não se preocupe comigo, sou só a pessoa que apareceu na hora certa. E a sua amiga vai ficar bem... Você, ela e a garota que fala espanhol precisam sair daqui. Levem a garota loba para a enfermaria como de costume. – voltou o olhar para Sapphire – Isso está muito feio... As pessoas vão perguntar. Você vem comigo, vou cuidar de você. E quanto a minha jovem talentosa... – voltou-se para Astrid – Virá conosco. É que hora de entender o que está havendo, antes que mais pessoas queridas se machuquem. 

Astrid assentiu com a cabeça firmemente. As outras jovens encaravam Aurelia com uma expressão que era um misto de confusão e desconfiança.

— Eu estou aqui para ajudar, para conter a fera antes que coisas ruins aconteçam. – disse a senhora, com uma expressão impaciente – Dumbledore já está ciente do que houve aqui e foi o mesmo, em pessoa, que pediu para que eu viesse. Vão logo, crianças, antes que amanheça.

— Ela está com a gente. – disse Astrid com determinação. – Eu explico depois.

Lupe assentiu silenciosamente, e Astrid moveu os lábios agradecendo a colaboração. Belle bufou, mas decidiu concordar também, fazendo Trid prometer que iria coloca-la a par de tudo.  Sapphire concordou sem pestanejar, não é como se eu fosse sair correndo daqui, ela disse com amargura.

— Muito bem, vamos sair daqui agora. – Aurelia disse.

— Acho que não é o mais adequado aparatar... Não sei se notou, mas a garota ali está sangrando com feridas abertas. – disse Belle, ironicamente. – E não se pode aparatar sem autorização em Hogwarts.

— Aparatar é brega, minha querida. Eu posso fazer mais que isso. – e, com a varinha na mão esquerda, traçou um círculo de linha dourada. Ele começou a se preencher de uma energia intensa da mesma cor, que parecia querer atrair a todos para dentro de si.

— Se alguma de vocês contar o que aconteceu hoje a alguém, serei obrigada a invadir seus mais profundos pesadelos, ouviram vadias? – a velha resmungou e as garotas assentiram instantaneamente, engolindo em seco.

— As mais jovens primeiro. – disse Aurelia, com doçura.

As garotas ajudaram Sapphire a se levantar. Astrid deu a mão para a garota e as duas trocaram um olhar cúmplice. 

— Se essa velha tentar algo, eu vou quebrar os ossos dela. – sussurrou Sapphire, cerrando os dentes enquanto caminhava em direção ao portal.

— Melhor pensar de novo, Sapphire. Acredite em mim, ela sempre está um passo na nossa frente. Você vem com uma Caixa de Sapos de Chocolate, e ela contra-ataca com a Dedos de Mel inteirinha.

Assim, as duas garotas chegaram perto o bastante do círculo e foram puxadas por ele, caindo em uma escuridão profunda.


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Notas finais do capítulo

Comentem se estiverem gostando... E uma pergunta: Se pudessem escolher um pretendente para Astrid, quem seria?
1- Harry
2- Draco
3- Fred
4- Outro (Qual?)